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terça-feira, 27 de novembro de 2018

SÃO TIAGO, o mutilado, mártir (+ 411 d.C) - 27 de novembro.

        


       São Tiago, dito: "o mutilado", pertence ao rol dos santos e santas que tiveram os nomes retirados da liturgia santoral no pós-Vaticano II. Não deixaram, é claro, de serem santos (as): apenas não  tem mais suas memórias festejadas na reforma litúrgica. 
      No caso do presente santo, achei sua história belíssima e de forte testemunho de conversão, coragem, fé e perseverança.
      Espero que a leitura de sua vida e morte motive a todos nós à fidelidade no "martírio branco" que todos os cristãos que desejam ser fiéis a Deus sofrem diariamente. Nos tempos que vivemos, de tantas facilidades e tentações: relativismo, secularismo, egocentrismo, luxúria, hedonismo, idolatria ao dinheiro e ao poder, culto à saciedade e ao conforto, etc, não é nada fácil se manter fiel à vontade de Deus. 


De origem persa, Tiago nasceu em Bethlapeta. Alta linhagem, grandes e fulgurantes talentos, avultada fortuna, posição saliente, distinções honrosíssimas, que lhe vinham do monarca persa, fizeram com que o nome de Tiago fosse por todos muito honrado, mas também o levaram à beira do abismo.
Quando o Rei da Pérsia anunciou uma perseguição ao cristianismo, Tiago teve a fraqueza de negar a fé, o que grande tristeza causou à esposa e à mãe. Morto o Rei Isdegerts, escreveram a Tiago esta carta: “Sabemos que abandonaste o amor e a fidelidade de Deus imortal, para ganhar o agrado do Rei, os bens e as glórias deste mundo. Qual foi o fim daquele, por amor do qual perdeste um tesouro tão grande? O miserável teve a sorte de todos os mortais... Dele nada mais podes esperar, nem tão pouco te libertará das penas eternas. Sabe que a divina justiça te condenará às penas do inferno, si continuares na tua infidelidade. Quanto a nós, não desejamos mais ter comunicação contigo”. A leitura dessas palavras impressionou-o profundamente. Caindo em si, abandonou a vida na corte e renunciou a todas as vantagens que as relações com a aristocracia lhe tinham conferido. Ao novo rei declarou francamente, que era cristão e como tal desejava viver.
O monarca abalou-se com esta declaração e, indignado, acusou-o de ingratidão, apontando para os grandes benefícios que do pai tinha recebido. "Onde está aquele príncipe?" perguntou Tiago. "Que foi feito dele?" Estas palavras ainda mais irritaram o Rei, que respondeu com ameaças de morte lenta e cruel. Tiago replicou: "Qualquer feição que a morte tome, é apenas um sono... Oxalá possas ter a morte de justo." O Rei: "Não, a morte não é um sono; para todos, grandes e pequenos, é um objeto de horror". Tiago: "Não há dúvida; horrorosa é para os reis e todos os que desprezam a divindade, porque vã é a esperança dos ímpios." O Rei: "Chamas-me de ímpio, miserável, tu, que não adoras o sol, a lua, o fogo e a água, as emanações mais sublimes da divindade?" Tiago: “Não intenciono ofender-te; o que digo e censuro é dares a criatura o nome de “Deus”, o que não deve ser”.
O Rei, ouvindo isto, não mais se conteve. Convocou os ministros, conselheiros e juízes, para que com ele determinassem de que modo deveria morrer aquele, que tão afrontosamente tinha ofendido e ultrajado as divindades do reino.
Tiago foi posto na prisão e condenado à morte de mutilação. Si não quisesse prestar homenagem às divindades, deveriam ser-lhe amputados os membros do corpo um por um. Profunda foi a impressão que esta sentença causou entre o povo. Todos afluíram ao lugar do suplício, para serem testemunhas da cruel execução. Os cristãos, por sua vez, pediram a Deus a graça da perseverança para o seu servo.
Antes de ser executado, Tiago, com o rosto virado para o oriente, de joelhos e os olhos fitos no céu, fez uma oração. Depois se lhe aproximaram os algozes que, de acordo com a sentença, lhe amputaram dedo por dedo, depois as mãos, os braços, os pés e as pernas. Tiago sofreu horrivelmente, mas não vacilou. No meio das cruéis operações disse: "Esta morte, que vos parece tão pavorosa, é preciosíssima, por produzir a vida eterna".
Quando lhe cortaram o polegar da mão direita, o mártir disse: "Salvador dos cristãos, aceita este pequeno 'galho de árvore'. Esta árvore entrará em decomposição; mas reviverá, cobrir-se-á de folhagem e receberá a coroa da glória eterna." Os próprios juízes, assistindo ao horrível martírio de Tiago, ficaram movidos de compaixão e pediram-lhe que tivesse pena do corpo e salvasse a vida, a que o servo de Deus respondeu: "Não sabeis que não é digno de Deus aquele que, tendo posto a mão no arado, olha para traz?" Cada articulação que perdia, era oferecida a Deus com estas palavras: "Aceitai mais este galho."

Não havendo mais nada para cortar, Tiago disse aos algozes: "Abatei agora o tronco. Não vos deixeis mover por compaixão de mim, estou satisfeito, e minha alma se alegra no Senhor e inclina-se para aquele que ama os pequeninos e humildes." Horrivelmente mutilado, o mártir ainda estava com vida, louvando a Deus. Por último foi-lhe decepada a cabeça. Da maneira porque lhe foi praticado o martírio, Tiago recebeu o cognome de mutilado.
A data da morte do mártir foi o dia 27 de novembro de 421. Os cristãos juntaram as preciosas e imploraram sua intercessão junto a Deus. Apesar de seu nome e culto terem sido praticamente esquecidos na Igreja Católica do Ocidente, ainda é lembrado nas Igrejas Orientais ligadas à Sé de Roma. Existem alguns mosteiros no Oriente erigidos em sua honra. 



Fonte: 
Livro "Na Luz Perpétua", II Tomo (ano 1950)

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