
Grande pregador em Nápoles
Tão logo entrou
para a ordem, implorou aos seus superiores que fosse enviado ao Japão, onde
desejava ser missionário. Eles, no entanto, lhe responderam que o Reino de
Nápoles seria o seu Japão e a sua Índia, devendo ali empregar todos seus
esforços evangelizadores.
Preparou, para
auxiliá-lo, uma confraria de artesãos que se chamou Oratório da Missão; além de
outros numerosos trabalhos, seus membros todos os domingos acompanhavam São
Francisco em suas pregações pelas ruas e praças de Nápoles. Saíam cantando da
Igreja de “Gesù Nuovo” e, em procissão, dirigiam-se aos locais mais
frequentados.
Ao avistarem a
procissão, os elementos de má vida abandonavam, sem cólera, o que estavam
fazendo. Francisco subia,
então, a um lugar mais elevado e falava ao povo. Começava descrevendo, com
energia, os horríveis efeitos do pecado e os castigos que esperavam o pecador.
Quando o temor
estava em todos os corações, ele falava sobre a misericórdia de Deus. Depois
dizia aos presentes que faria penitência por si e por eles. Ajoelhava-se ante
uma cruz e, com o rosto em lágrimas, flagelava-se com uma disciplina de ferro.
Não era preciso mais para o povo segui-lo, cheio de arrependimento.
Grande devoto da
Virgem, que frequentemente enviava-lhe os pecadores que desejava se
convertessem. Tornou-se famoso o caso de um homem, há muito afastado da Igreja,
que Nossa Senhora o protegeu por causa do respeito com que saudava as suas
imagens. Apareceu-lhe três vezes, ordenando que procurasse Francisco para se
confessar.
A paixão por
converter pecadores o consumia. Enormemente popular na Itália central, atraia
milhares para ouvir seus sermões e confessar-se com ele. Dele se diz que era um
cordeiro quando falava, mas um leão quando pregava. Sua carinhosa misericórdia
o compelia a procurar aqueles mais endurecidos pelos vícios e crimes.
Frequentemente era visto nas prisões e ruas de má reputação pregando para os
passantes. Conta-se que muitas vezes fazia várias destas pregações durante um
dia, convidando as pessoas para converterem-se e ir a Eucaristia no Domingo.
Eram sermões curtos e eloquentes, convidando os pecadores a examinarem suas
consciências e se arrependerem. Numa missa especial que fazia no terceiro
domingo do mês era comum haver até 15.000 presentes.
Certa noite, uma
grande tempestade caia sobre a cidade, ele foi pregar em uma das ruas mais
perigosas, já abandonada pelo povo comum. Uma mulher ouviu sua catequese e no
dia seguinte foi procurá-lo para confessar-se e deixou sua vida de
prostituição. Segundo relatos, converteu mais de 400 "piores casos"
por ano. O mais famoso foi Maria Cassier. Ela assassinou seu pai, fugiu e
passando-se por homem, serviu no exército espanhol. Sob a orientação de
Francisco, não apenas mudou de vida, como morreu com fama de santidade.
A região do
porto era uma área favorita de pregação. Navios que atracavam no porto,
afamados pelo péssimo comportamento da sua tripulação, eram convertidos em
exemplos para a cristandade. Muitos muçulmanos foram convertidos e batizados em
cerimônias muito bem preparadas, para que tocassem seus corações e a imaginação
dos espectadores.
Durante sua
vida, escreveu basicamente apenas cartas, em especial para seus superiores, ou
quando as circunstâncias da missão assim o pediam. A Ordem dos Jesuítas tem
arquivado vários esquemas que ele utilizou para preparar seus sermões, sinal
claro que estudava os textos bíblicos antes das celebrações. A carta a seguir
ele escreveu para um adolescente que se revoltara contra seus pais e decidira
sair de casa:
“Meu muito amado filho:
Hoje fui visitar seu pai e, ao não verte em casa
como é usual, perguntei onde estavas. Imagine a tristeza que senti quando ouvi
que havias saído de casa em circunstâncias que desnecessário descrever, pois
sabes melhor do que eu. Eu não estou surpreso que tenhas seguido um impulso,
pois somos todos humanos, sujeitos a muitas falhas, cheios de pecados. Mas
sempre é tempo de olhar para dentro e reparar um erro cometido num momento
impensado.
Deves lembrar que teu querido pai, ao repreendê-lo,
não tem outro objetivo que não seja o teu bem. Portanto, peço-te que retornes
para casa sem demora, e cumprindo o teu dever para com Deus e teu pai, que me
prometeu para mim recebê-lo com carinho, como se nunca houvesses cometido tal
afronta. Se te sentires embaraçado em aparecer em casa sozinho, venha aqui na
casa dos padres, que eu te acompanharei.
Cometeste um erro, meu filho, e agora é hora de reparar tua falta. Tenho
certeza que és capaz de atender este conselho e espero ter a alegria de vê-lo
novamente antes do próximo Domingo”.
![]() |
Painel da canonização de São Francisco de Jerônimo |
Francisco também
trabalhou para melhor a vida material dos pobres. Organizou uma associação de
trabalhadores, chamada 'Oratio della Missione' para ajudá-lo com orações e bens
materiais. Por exemplo, dava emprego aos necessitados atribuindo-lhes a tarefa
confeccionar rosários feitos com sementes de oliva. Aos doentes que o procuravam, sempre dava um
mínimo, para que pudessem alimentar-se. Aos falecidos, dava um enterro cristão
digno. Mantinha uma casa para receber filhos de prostitutas, para que não
caíssem numa mesma vida de desregramento. Teve a felicidade de contar 22 das
crianças entrando para a vida religiosa.
Em Nápoles e
região espalhou-se uma fama de realizar milagres, que foram fartamente
descritos no processo de beatificação. Morreu após uma longa doença, aos 47
anos. A procissão de seu corpo pela cidade foi acompanhada por milhares de
pessoas e exigiu a intervenção da Guarda Suíça, pois o povo queria tocar uma
última vez em seu corpo. Em 1758, o Papa Bento XIV reconheceu as virtudes heroicas
da sua vida e elevou-o a condição de beato. Em 26 de maio de 1839 foi
solenemente canonizado. Sua festa litúrgica é celebrada em 11 de Maio.
Fontes:
-- Do livro
Voices of the Saints
-- http://www.tfp.org.br
Um fato marcante na história do santo:
O fato não deixa
nenhuma dúvida, pois está juridicamente provado no processo de canonização do
santo, e atestado com juramento por muitas testemunhas oculares.
No ano de 1707, São Francisco de
Jerônimo (jesuíta) pregava, como de costume, nos arrabaldes de Nápoles, falando
sobre o inferno e os terríveis castigos reservados aos pecadores obstinados.
Uma mulher insolente, que morava na redondeza, aborrecida com aqueles sermões
que lhe recordavam no coração amargos remorsos, procurou molestá-lo com gestos
e gritos, desde a janela de sua casa. Uma vez, um santo lhe disse:
'Ai de ti, filha, se resistes à graça! Não passarão
oito dias, sem que Deus te castigue.'
A desaforada
mulher não se perturbou por aquela ameaça e continuou com suas más intenções.
Passaram-se oito dias, e o santo foi pregar de novo perto daquela casa, mas
desta vez as janelas estavam fechadas e ninguém o importunava. Os vizinhos que
o ouviam, consternados, lhe disseram que Catarina (tal era o nome daquela
péssima mulher) tinha morrido de improviso, pouco antes.
'Morreu? Disse o
servo de Deus; pois bem, agora nos diga de que valeu zombar do inferno; vamos
perguntar-lhe.'
Os ouvintes
sentiram que o santo pronunciara aquelas palavras com inspiração, e por isso
todos esperaram um milagre. Acompanhado da multidão subiu à sala, convertida em
câmara ardente, e após breve oração, descobriu o rosto da morta e disse:
'Catarina, fala, diz-nos onde estás!'
A esta ordem, a
defunta ergue a cabeça, abre os olhos tomas cor o seu rosto, e em atitude de
horrível desespero profere, com voz lúgubre estas palavras:
'No inferno! Eu
estou no inferno!'
Imediatamente
cai e volta ao estado de frio cadáver.
'Eu estava presente
ao fato, afirma uma das testemunhas que depuseram no tribunal apostólico, mas
não saberia explicar a impressão que causou em mim e nos circunstantes; ainda
hoje, passando perto daquela casa e olhando a tal janela, fico muito
impressionado. Quando vejo aquela funesta moradia, parece-me ouvir a lúgubre
voz: No inferno! Eu estou no inferno.' "
(BELTRAMI, Padre
André. O inferno existe – Provas e exemplos. Artpress, São Paulo: 2007, p.
37-8)
Nenhum comentário:
Postar um comentário