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Encontre o (a) Santo (a), Beato (a), Venerável ou Servo (a) de Deus

segunda-feira, 21 de março de 2016

SANTO ELZEÁRIO DE SABRAN, Leigo, Esposo e Terciário Franciscano (1285 - 1323)


Santo Elzeário de Sabram, leigo franciscano
Elzeário nasceu no castelo de Ansouis, uma pequena aldeia de Provence (França) em 1285. Seu pai era Ermangao de Sabran, conde de Ariano, no reino de Nápoles. Sua mãe Lauduna d’Albe de Roquemartine era uma mulher de grande piedade e caridade para com os pobres. Elzeário era o primogênito e a mãe, após o batismo, ofereceu-o ao Senhor. Disse que estava disposta a entregá-lo antes que sua alma fosse manchada em sua vida pelo pecado mortal. O voto heroico da mãe foi ouvido. Ele teve ótima educação ao lado de seu tio Guilherme de Sabran, abade de renome do mosteiro beneditino de São Vítor.

Todavia, ainda muito jovem, por vontade de Carlos de Anjou, casou-se em 1299 com Delfina de Signe. Elzeário, muito inclinado à piedade, e Delfina, que não queria o casamento, de comum acordo resolveram conservar a virgindade, mesmo após as núpcias, e cumpriram o seu acordo.

Pintura em tela: Santo Elzeário e sua esposa,
Beata Delfina, com outros santos, diante de
Cristo. 
Elzeário, com a morte de seu pai, tendo herdado, com outros títulos de nobreza, também o de conde de Ariano, foi para a Itália para tomar posse do condado, sob a imediata autoridade do rei. Naquela ocasião brilharam as virtudes de Elzeário. Por sua ardente caridade e o senso de moderação dos contratempos, conquistou o amor do povo. Seu talento o fizeram querido pelo Rei de Nápoles. Em 1312, quando Roma foi sitiada pelo exército do Imperador Henrique VII de Luxemburgo, Roberto de Anjou encomendou ao Conde de Ariano o mando de seus soldados que pediam ajuda do Papa. Elzeário aceitou a pesada tarefa com tanta persistência que forçou os imperiais a abandonar Roma.


Depois de quatro anos na Itália, retornou a Provence. Este retorno foi motivo de grande alegria para Delfina, e para todos os povos da região. Neste momento, o casal recebeu o hábito da Ordem Terceira de São Francisco das mãos do Padre João Julião da Riez. Se antes fizeram o juramento de perseverarem na virgindade, agora fizeram o voto de perpétua castidade. Todos os dias eles rezavam o ofício dos terciários e multiplicavam as obras de caridade e de penitência. O hábito franciscano consistia em uma túnica de pano cinza até os joelhos, apertada com o cordão. Ele se preocupou que, em seus territórios, florescessem a vida cristã, se mantivessem bons costumes, se administrasse a justiça e se defendessem os pobres da opressão dos ricos.

A 27 de setembro de 1323 foi o último dia de sua vida. Ele quis ter ao seu lado o famoso padre e teólogo Francisco Mairone com quem fez a confissão geral e de quem recebeu o Viático. Foi canonizado por Urbano V em 15 de abril 1369. Em sua canonização estava presente sua esposa Delfina. Em Ariano Irpino (Avellino) é venerado como um co-padroeiro da cidade.



Em breve, publicaremos sua biografia juntamente com a Beata Delfina. 

sábado, 19 de março de 2016

Sóror Isabel Sillevorts e a Origem do Cordão de São José


    
O Cordão de São José teve origem na Bélgica, na cidade de Anvers, onde se localizava o convento das Agostinianas. Conta-se que Sóror Isabel Sillevorts foi, em determinada ocasião, atacada do 'mal de pedra', sem que todos os recursos da medicina, empregados para curá-la surtissem qualquer efeito.
     Devota de São José, Sóror Isabel, animada da mais firme confiança no patrocínio deste Glorioso Santo, conseguiu que um Sacerdote lhe benzesse um cordão, cingiu-o à cintura, em homenagem ao grande Patriarca, abandonando, dessa forma, os recursos da terapêutica e iniciando, com todo o fervor, uma Novena de Súplica ao Esposo puríssimo da Virgem Maria, Mãe de Deus.
     Alguns dias depois, mais precisamente em 10 de junho de 1649, quando entre fortes dores fazia ao Santo as mais ardentes súplicas, Sóror Isabel se vê livre de um cálculo de grande dimensão, ficando assim completamente curada.
     A repercussão do milagre foi grande e rápida, fazendo com que aumentasse nos habitantes de Anvers a devoção a São José, que já não era pequena.
    Em 1842, na Igreja de São Nicolau, em Verona, por ocasião dos piedosos exercícios do mês de São Paulo, foi esse fato publicado, causando grande repercussão e muitas pessoas enfermas cingiram-se com o cordão bento e experimentaram o valioso auxílio do Glorioso Patriarca, o Santíssimo José.
     O uso do Cordão de São José foi crescendo cada vez mais e hoje ele não é só procurado para alívio das enfermidades corporais, mas também, e com igual sucesso, para os perigos da alma.
     Devemos, também, salientar que o Cordão de São José é utilizado como uma arma poderosa contra o demônio da impureza. Devido à sua comprovada eficácia contra os males corporais, espirituais e morais, a Santa Sé autorizou a Devoção do Cordão de São José, permitindo até que fosse usado pública e solenemente.
     Permitiu, também, a Santa Sé a fundação da Confraria e Arquiconfraria do Cordão de São José, elevando uma delas à categoria de primária. Em setembro de 1859, dando provimento a uma petição do Bispo de Verona, a Sagrada Congregação dos Ritos aprovou a fórmula da Bênção do Cordão de São José.




     O Cordão de São José deve ser confeccionado com linho ou algodão bem alvejado. A pureza e a alvura desses materiais nos hão de indicar a candura e a virginal pureza de São José, castíssimo esposo da Virgem Maria, Mãe de Deus.
     Numa das extremidades o Cordão tem sete nós que representam as sete tristezas e as sete alegrias do Glorioso São José. Por fim, deve o Cordão de São José ser bento com bênção própria, por sacerdotes outorgados para tais fins.
     O Cordão de São José, desde que esteja bento, pode ser usado das seguintes formas: cingido à cintura sob a roupa (o cordão maior), no pulso (o cordão menor) ou tê-lo bem guardado para ser usado por ocasião de dores e sofrimentos físicos, aplicando-o com fé na parte enferma do corpo, como costumamos fazer com medalhas de Nosso Senhor Jesus Cristo e de Nossa Senhora, rezando, então, a São José, sete vezes o Glória ao Pai.
     O Cordão de São José pode e deve ser usado pelas gestantes que o levarão cingido à cintura, protegendo-as do perigo de aborto, nos partos difíceis, etc., como comprovam centenas de fatos.
     Deve-se rezar diariamente Sete Glórias ao Pai em honra das sete dores e das sete alegrias de São José, ou qualquer outra oração a São José.
     O Papa Pio IX enriqueceu esta fácil e benéfica devoção, com várias indulgências plenárias e parciais, mediante o uso do cordão.


Fonte: 
Heroínas da Cristandade
http://www.sendarium.com/2013/03/o-cordao-de-sao-jose.html

segunda-feira, 14 de março de 2016

CINCO NOVOS SANTOS PARA A IGREJA.


Os cinco novos santos: Teresa de Calcutá, José Sánchez del Rio, Padre Brochero, Elizabeth Hesselblad e Padre Estanislau. Deus seja louvado e bendito por esses novos santos. 

Amanhã, terça-feira, 15 de março de 2016, o Papa Francisco presidirá o consistório para a canonização de cinco beatos entre os quais destacam a Madre Teresa de Calcutá, o menino mexicano José Sánchez del Rio e o Padre Brochero da Argentina.

Segundo informação divulgada na manhã de hoje pela Sala de Imprensa da Santa Sé, os outros dois beatos cuja canonização será votada nesse dia são o polonês Estanislau de Jesus Maria e Mary Elizabeth Hesselblad.

O Consistório se realizará às 10h no Palácio Apostólico do Vaticano, logo depois da celebração da hora tercia presidida pelo Santo Padre.

Neste dia, será definida a data da canonização destes beatos.

No dia 18 de dezembro do ano passado, o Vaticano anunciou a aprovação do milagre atribuído a Madre Teresa de Calcutá, a cura inexplicável de um homem brasileiro que tinha abscessos cerebrais.

O Beato mexicano José Sánchez del Rio foi um menino cristero, que morreu mártir da perseguição religiosa no México durante a segunda década do século XX.

A cura de um bebê mexicano, para quem “humanamente já não havia esperança de vida”, foi o milagre aprovado pelo Santo Padre em 21 de janeiro.

O Pe. José Gabriel do Rosário Brochero será o próximo santo Argentino. Em 2013, o Papa Francisco disse: “Deixemos que o Padre Brochero entre hoje na casa do nosso coração e nos convide a oração, ao encontro com Jesus, que nos liberta de ataduras para sair nas ruas e procurar os irmãos”.

A Beata Elizabeth Hesselblad foi uma luterana que se converteu ao catolicismo na Suécia, a quem os judeus consideram “Justa entre as Nações” – um título que poderia equiparar-se à canonização nessa religião – por ter salvado muitos perseguidos durante a Segunda Guerra Mundial.


Estanislau de Jesus e Maria (cujo nome original era Juan Papczynski) foi um sacerdote e fundador dos Clérigos Marianos da Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria, primeira congregação masculina polonesa. Foi beatificado no domingo, 16 de setembro de 2007, no santuário Mariano de Lichen (Polônia).

sexta-feira, 11 de março de 2016

Serva de Deus Maria Imaculada da Santíssima Trindade, Virgem Carmelita Descalça.


Maria Giselda Villela nasceu em Jacutinga, MG, a 08/07/1909. Viveu sua infância em Maria da Fé, MG. Foi agraciada por Deus: nascendo em um lar autenticamente cristão. Era a terceira de sete filhos do casal Manoel Villela Pereira (de origem portuguesa) e Maria Augusta Campos Villela. Seus irmãos são: Genoveva, Manoelzinho (que logo morreu), Rita, Manoelzinho (mesmo nome do irmão e que também veio a falecer aos dois anos de idade), Gabriel (futuro Padre Gabriel Maria Villela, Redentorista) e Murilo.


Família de Maria Giselda. Da esquerda para a direita: Gabriel - Sr. Vilela - 
MARIA GISELDA - Genoveva - Rita - D. Maria e Murilo.



Maria Giselda, muito viva e inteligente, era cercada de atenção e carinho pelos pais. Estes percebiam seu temperamento forte e expansivo, e eram exigentes na sua formação e educação.

Pela piedade e conhecimento do catecismo que a menina já possuía, um missionário que pregava as missões, na cidade, após submetê-la a um rigoroso interrogatório, determinou que ela fizesse a Primeira Comunhão, embora só tivesse quatro anos de idade. Ao lado de Maria Giselda, recebendo Jesus pela primeira vez, estava Delfim Ribeiro Guedes, seu amiguinho de infância, embora mais velho do que ela e que, unidos pela Eucaristia, Deus os uniria ainda mais, num futuro remoto, pelo ideal carmelitano.

Sempre voltada para as coisas de Deus, após a Primeira Comunhão, Maria Giselda quis entrar para o Apostolado da oração, como zelada. Não sabendo ler nem escrever, cumpria de memória o que lhe era prescrito, assim como marcava nos dedinhos as Ave-Marias a serem rezadas. Natureza rica, com temperamento exuberante e mais para colérico, vez por outra deixava transparecer – ao lado das boas tendências e qualidades – seus defeitinhos de criança.

Cercada de boas amizades, teve por companheirinho de infância, além de Delfim, o futuro beneditino Dom Marcos Barbosa. Três crianças que, mais tarde, norteariam suas vidas para um ideal de consagração a Deus, seguindo insondável plano divino.







Maria Giselda e Maria José.
O SOFRIMENTO

Dedicada aos estudos, Maria Giselda foi desenvolvendo os muitos talentos com que Deus a dotara. O selo do sofrimento, porém, marcaria sua infância... Entre 12 e 13 anos de idade, teria início o seu calvário com o aparecimento de um grande tumor na virilha o que, em sua ingenuidade, parecia ser normal.

Alertado sobre o perigo que cercava a filha tão amada, o Sr. Villela leva-a ao médico em outra cidade de maiores recursos, onde – com meios precários – o enorme tumor é extirpado. Foi possível, então, Maria Giselda ir para o Internato, no Colégio Sagrado Coração de Jesus, das Irmãs da Providência de GAP, em Itajubá (MG) onde, em poucos meses, reaparece o tumor. Alarmado, o pai leva a filha para o Rio de Janeiro, RJ, procurando os melhores especialistas. Após os exames necessários e cirurgia de emergência, feitos por Dr. Pedro Ernesto, este, um tanto desolado, procura o Sr. Villela e lhe diz que a menina não se salvaria... Tratava-se de um tumor maligno... Câncer em estado adiantado.

O Sr. Villela, pai extremoso e tendo para com Maria Giselda carinho todo especial, sofreu terrível golpe! E diante de tal diagnóstico e da sentença de Dr. Pedro Ernesto de que o caso era perdido, responde-lhe: "Se a medicina da terra nada pode fazer, eu confio na medicina do céu".

Enquanto a filha era operada, refugiando-se em Deus, os pais buscam uma Igreja próxima ao hospital. Participando da santa Missa – durante a qual o Celebrante falava sobre o poder intercessor de Santo Expedito – D. Maria e o Sr. Villela, sem que algo tivessem combinado, no mais íntimo de seus corações, pedindo a cura da filha querida, fazem a mesma promessa: a de mandar esculpir uma imagem do referido Santo, propagando-lhe a devoção em Maria da Fé, cidade onde a existência de tal santo era totalmente desconhecida.

Dr. Pedro Ernesto, diante do sofrimento dos pais, faz-lhes a proposta de suster o mal, através de um novo tratamento: a radioterapia. Embora temerosos, os pais concordaram, sendo feitas aplicações que duravam mais de duas horas, provocando-lhe sérias queimaduras. Era ainda desconhecido o efeito do rádio...


SONHOS DA JUVENTUDE E CONVERSÃO

Durante a infância e juventude, Maria Giselda idealizava ser muito rica, possuir bens, casas, carros. Enfim, gozar de uma vida confortável e até luxuosa, junto a seus pais, de quem nunca pensava em separar-se, tão grande era seu amor por eles.

No Colégio, foi-se interiorizando mais e mais, numa busca constante de Deus: primeiros passos para a conversão verdadeira. Leituras espirituais, sobretudo a "História de uma Alma", de Santa Teresinha, fizeram-na descobrir o Carmelo.

Procurando o auxílio de seu Confessor, a quem expôs seu desejo, este encaminhou seu pedido ao Carmelo de Santa Teresinha, em Campinas. Com a resposta afirmativa, seu Confessor passou a orientá-la sobre a vida contemplativa, sobretudo carmelitana, com suas exigências e austeridades. E Maria Giselda procurava ser fiel às suas orientações espirituais.


CAMINHADA PARA O CARMELO

Percebendo a mudança que vinha sendo operada na filha, o Sr. Villela e D. Maria – ao tomarem conhecimento de sua pretensão de consagrar-se a Deus, no Carmelo – não se opuseram, embora previssem o quanto iriam sofrer com a separação.

No ambiente familiar ela encontrou, pois, todo o apoio desejado. Os pais não ficariam sozinhos, pois seus irmãos, incluindo-se Francisca, filha de criação, ficariam olhando por eles.

Corria o ano de 1930. Em companhia do pai, Maria Giselda vai para Campinas, ingressando no Carmelo em 29 de novembro.

Em 12 de abril de 1931, recebe o Hábito de Nossa Senhora do Carmo, sob o nome de Irmã Maria Imaculada da Santíssima Trindade, realizando-se a profecia de sua grande amiga, Laly, que foi co-fundadora do Carmelo Nossa Senhora Aparecida, de Belo Horizonte.


Laly e Maria Giselda.


Os primeiros Votos foram emitidos em 12 de abril de 1931 e, em 13 de abril de 1935. Após os bem vividos três anos de Noviciado, faz sua Profissão Solene, dedicando-se ainda mais à Comunidade, colocando todos os seus talentos (pintura, música etc.) em benefício de todas as Irmãs, a quem muito amava.


Ir. Maria Imaculada noviça


Ir. Maria Imaculada no dia
de sua Profissão temporária.


Ir. Maria Imaculada Professa solene. 



O CARMELO DA SAGRADA FAMÍLIA

Cônego Delfim (o amigo de infância de Maria Giselda), manifestando a necessidade de cumprir a promessa feita junto ao túmulo de Santa Teresinha, em Lisieux, de trabalhar para a fundação de um Carmelo, pois a Santinha das Rosas obtivera-lhe de Deus a graça da Ordenação Sacerdotal, começa, em Pouso Alegre, os primeiros trâmites para a vinda do Carmelo. Adquire uma casa, com ajuda de amigos e benfeitores, que caberia bem para o início da vida das irmãs, e escreve a D. Octávio Chagas de Miranda, então em convalescença de uma cirurgia, em Campinas, sobre o projeto. D. Octávio dá sua adesão, vendo nisto a vontade de Deus.


Dom Octávio pede, então, à Madre Ângela e Comunidade para assumirem a fundação de um Carmelo em Pouso Alegre, Minas Gerais. Depois de muita oração e dos trâmites necessários, a fundação ocorre em 26 de outubro de 1943. Cônego Delfim Ribeiro Guedes teve também o cuidado de preparar a cidade para acolher as Carmelitas, conscientizando-a do valor da vida contemplativa.


Ir. Maria Conceição, Madre Ângela e Mãezinha.



Cônego Delfim seguiria, à distância, suas filhas Carmelitas, pois dias antes da fundação do seu Carmelo, fora nomeado Bispo de Leopoldina. E para lá partiu, logo após a inauguração do Carmelo da Sagrada Família.

Início difícil para Madre Maria Imaculada, sobretudo após o retorno das Irmãs ao Carmelo de Campinas, ficando ela com apenas um grupo de noviças. Mas estas - reconhecendo o valor da Priora, ­em solene cerimônia, deram-lhe o título de "Mãezinha", pois realmente desempenhava tal missão pelo zelo, atenção, amor e dedicação a todos. Assim ficou conhecida e chamada por todos da cidade de Pouso Alegre, como pelos amigos e familiares das Irmãs.

Da esquerda para a direita: Futura Ir. Maria de Lourdes - Mãezinha - futura Ir. Rosa Maria
Ir. Maria Stella- Ir. Maria Teresinha e Ir. Benedita Maria.


Ela deu início às obras do Carmelo definitivo, com indescritível capacidade administrativa, auxiliada pelas filhas, cujo número ia crescendo.

Por quarenta e três anos, dirigiu o Carmelo da Sagrada Família, cuidando – não apenas da parte material – mas, sobretudo, da espiritual, como autêntica filha da Santa Madre Teresa de Jesus e de São João da Cruz; como fiel filha da Igreja, num amor indescritível por Maria e São José, alicerces de nossa vida carmelitana.

Com a Sagração da Capela, a construção do cemitério das Irmãs e sua capelinha, o término das pistas em todo o quintal, a Mãezinha dizia poder cantar o Nunc dimittis...  Terminara sua obra - Obra de Deus - podendo partir para o Carmelo definitivo do céu.

Deus, porém, em seus maravilhosos desígnios e que, apesar de ser “maravilhosos” não deixam de ser, às vezes, “dolorosos”, desejava pedir a ela algo mais: a fundação do Carmelo de São José, em Campos, RJ, para o qual daria algumas de suas filhas.



A FUNDAÇÃO DE UM NOVO CARMELO

Acatando a vontade de Deus - manifestada através do pedido de nosso Provincial, Frei Patrício Sciadini, ocd e de Dom Carlos Alberto Navarro, Bispo daquela Diocese - a Mãezinha tomou todas as providências necessárias ao novo Carmelo: espirituais e materiais. Foi um tempo de intensa oração.

E, em 24 de agosto de 1986, ela se despede de nove de suas filhas, que partiram para a nova fundação, o que lhe ocasionou um abalo na saúde: um câncer, já com manifestação externa; e que procurou ocultar-nos, como às Irmãs do Carmelo de Campos. Havia oferecido a sua vida para o êxito da nova fundação, em benefício da santa Igreja, dilacerada em sua unidade, naquela Diocese.

Mãezinha, no centro, com as fundadoras do Carmelo de Campos.


ENFIM, O CÉU

A saúde de Mãezinha foi decaindo. E – sempre assistida por vários médicos da cidade, nossos grandes amigos, sobretudo por Dr. Vitor Galhardo e Dr. José Wazen (do Rio de Janeiro) –, em 20 de janeiro de 1988, pelas 11h20 da manhã, ela partiu para o grande encontro com Aquele por quem vivera e a quem servira durante toda a sua vida.

Missa de Exéquias.


Fiéis tocando terços e outros objetos no corpo da Serva de Deus.




segunda-feira, 7 de março de 2016

Venerável Clara Isabel Fornari, Monja Clarissa, Mística e Estigmatizada.



     Nascida em Roma, a 25 de junho de 1697, Ana Felícia Fornari entrou aos quinze anos para o noviciado das Clarissas, em Todi. Sua vida religiosa era orientada por seu confessor, o jesuíta Crivelli. Tomando o nome de Clara Isabel, fez a profissão no ano seguinte e, desde então, a sua vida foi uma série dos fenômenos mais extraordinários, consignados no processo de beatificação e confirmados sob juramento pelas suas companheiras, pelo confessor e pelo médico.
 Tinha frequentes e prolongados êxtases; recebia numerosas visitas de Nosso Senhor, da Santíssima Virgem, de Santa Clara e de Santa Catarina de Sena. No decorrer duma delas, Jesus meteu-lhe no dedo o anel que simbolizava o seu consórcio espiritual. Comprazia-se em chamar-lhe «a sua esposa de dor».
     Clara Isabel participou, com efeito, dos sofrimentos do Divino Crucificado: tinha as mãos, os pés e o lado marcado com estigmas visíveis, donde por vezes corria sangue. Na cabeça tinha uma coroa cujos espinhos cresciam para o interior, saindo pela fronte, desprendendo-se e caindo ensanguentados. As torturas e perseguições demoníacas que sofreu recordam as que, cem anos depois, veio a padecer o Santo Pároco de Ars. Desde o noviciado, o demônio tentava-a com o desespero e o suicídio; depois, maltratava-a, atirando-a pelas escadas abaixo, e tentava tirar-lhe a fé.
     Nos últimos meses de vida parecia abandonada de Deus, tendo perdido até a lembrança das consolações passadas. Só recuperou a antiga alegria pouco tempo antes de morrer, no ano de 1744. Um processo de beatificação da Madre Clara Isabel está em andamento. 


    A devoção a Nossa Senhora da Confiança (Madonna della Fiducia)
     A invocação de Nossa Senhora da Confiança foi introduzida na Igreja no século XVIII pela Venerável Clara Isabel Fornari, que nutria uma devoção muito especial a Santa Mãe de Deus e portava sempre consigo um quadro com a pintura dEla com o Menino Jesus nos braços. Logo várias copias começaram a circular pela Itália; a essa pintura se atribuíam muitas graças e curas, e em 1917 o Papa Bento XV coroou Nossa Senhora da Confiança confirmando canonicamente seu título e o dia de sua festa: 24 de fevereiro.
     O quadro fora pintado pelo grande artista italiano Carlo Maratta (1625-1713). Em 1704 ele tornou-se pintor da corte de Luís XIV. Diz-se que o renomado artista deu o quadro para uma jovem nobre que se tornou abadessa do Convento das Clarissas de São Francisco na cidade de Todi. Era a hoje Venerável Madre Clara Isabel Fornari.
     Segundo palavras da própria Venerável, Nossa Senhora fez promessas especiais a ela com respeito a este quadro: "Minha Senhora Celeste, com o amor de uma verdadeira Mãe, assegurou-me que todas as almas que com confiança se apresentarem diante desta imagem obterão verdadeiro conhecimento, dor e arrependimento de seus pecados, e a Santíssima Virgem lhes concederá uma particular devoção e ternura por Ela”. (Esta promessa se aplica não apenas ao quadro original, mas também a todas as cópias dele.)
     Uma das cópias foi levada para o Seminário Maior de Roma, do qual Ela se tornou padroeira. Todos os anos, no dia 24 de fevereiro, o próprio Pontífice vai venerá-la.
     Entre os fatos prodigiosos que comprovam a proteção dEla ao Seminário contam-se as duas vezes (1837 e 1867) em que uma epidemia de cólera atingiu a Cidade Eterna, mas o Seminário Romano foi milagrosamente poupado pela poderosa intercessão de sua Padroeira.
     Na 1a. Guerra Mundial, cerca de cem seminaristas foram enviados à frente de batalha e se colocaram sob a especial proteção de Nossa Senhora da Confiança . Todos retornaram vivos, graça que atribuíram à proteção da Santíssima Virgem. Em agradecimento, entronizaram o venerável quadro numa nova capela de mármore e prata.





         A devoção a Nossa Senhora Menina
     O fundador da Congregação dos Monges Olivetanos é o iniciador da devoção a Nossa Senhora Menina. A ela o então Beato Bernardo, em 1623, consagrou a igreja edificada e dirigida pelos monges no Monte Oliveto. A primeira imagem só foi confeccionada em 1755 e constava de “uma menina deitada num berço, enfaixada com graça e riqueza”. O abade olivetano Dom Isidoro Gazzali foi quem a encomendou à Venerável Madre Clara Isabel Fornari, religiosa Clarissa e especialista em escultura. Desde então, é essa a imagem venerada nos mosteiros olivetanos. Assim honravam a festa da Natividade de Nossa Senhora, celebrada no dia 8 de setembro.

     A cidade italiana de Milão é outro centro de irradiação dessa piedosa forma de venerar a Mãe de Deus. Na igreja de Santa Maria dos Anjos havia a imagem também esculpida pela Venerável Clara Isabel Fornari, modelada em cera, chamada “Maria Santíssima Bambina”. O seu semblante iluminado pelas graças da infância retinha a simplicidade, a pureza, a alegria da sua alma. Posteriormente, foram aparecendo outras pinturas e imagens, como a da igreja São Nicolau, na cidade do Porto em Portugal, no século XVIII. Também pode se encontrar uma pintura de Sant’ Ana, tendo a Menina Maria de pé ao seu lado, enquanto recebe instruções.


(fonte do texto: blog "heroínas da cristandade"). 

sábado, 5 de março de 2016

SANTA VALBURGA, Virgem e Abadessa beneditina.



Resumo biográfico

Repleta de fé e de amor a Deus, Santa Valburga nos aponta o caminho da santidade e do suave perfume de uma vida dedicada a Deus. “Confirmada no santo amor de Deus, tendo vencido o mundo e todos os seus atrativos, repleta de fé, saturada de caridade com os adornos da sabedoria e a joia da castidade, notável pela benevolência e humildade, foi receber o galardão que devia coroar tantas virtudes”. Assim um monge relata para nós a vida de Santa Valburga.



Nascida em Devonshire na Inglaterra por volta de 710, Valburga era filha de Ricardo, rei dos Saxões do Oeste e Viana, que morreu logo cedo e irmã de Vilibaldo e Vunibaldo que também foram elevados à honra dos altares. Valburga e sua família, apesar de muito nobres eram cristãos muito piedosos. Muitos abriram mão desta nobreza e de toda a realeza a que tinham direito para viver uma vida de santidade.
Por volta do ano 721, Ricardo que havia entregado o trono ao seu sobrinho, juntamente com seus filhos realizaram uma peregrinação para a Terra Santa. Naquela época eram perigosas as peregrinações por conta da violência dos saxões, mas nada os impediu de seguirem viagem. Valburga foi confiada à priora da Abadia de Wimbourne na cidade de Dorsetshire. Seu pai veio a falecer dois anos depois na cidade de Luca na Itália e foi sepultado pelos dois filhos que posteriormente se tornaram sacerdotes.

Valburga se tornou monja e em 748 foi enviada à Alemanha para fundar novos mosteiros e escolas. Acolhida pelo Bispo Bonifácio, empreendeu grandes projetos de evangelização e diversos milagres consolidaram sua santidade vindo a tornar-se abadessa.
Morreu no dia 25 de fevereiro de 779. Seu corpo foi sepultado no mosteiro de Heidenheim e posteriormente transladado para a Igreja de Eichestat. Foi canonizado no ano de 893 e seu corpo encontrava-se incorruptível. Do seu túmulo brotava um óleo de suave perfume que ficou conhecido como “Óleo de Santa Valburga” por ser milagroso.
Que o “suave perfume” da santidade e de uma vida dedicada a Deus possa exalar de nossos corações e com a intercessão de Santa Valburga possamos perfumar o mundo com a graça de Deus.


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      Biografia 
   Santa Valburga foi uma das mais populares santas da Idade Média. Ela nasceu na Inglaterra. Seu pai, Ricardo, possuía um castelo em Dorsetshire; sua mãe, Viana, era piedosa e mãe extremosa. Ambos são venerados como santos pela Igreja. O casal teve três filhos: Vilibaldo, Vinibaldo e Valburga.
   Vilibaldo foi educado na Abadia de Waltham, perto de Winchester. Vinibaldo, de temperamento menos ativo e mais contemplativo, foi educado em casa. Quando tinha seis anos de idade, nasceu-lhe uma irmã que foi batizada com o nome de Valburga, equivalente no grego a Eucheria, que significa “graciosa”. Muito cedo perderam a mãe e uma amizade muito profunda ligou os dois irmãos.
     Em 721, Vilibaldo, então com cerca de vinte anos, manifestou o desejo de visitar a Terra Santa. Deixou a abadia com a licença de seu superior e voltou para Dorsetshire para persuadir o irmão a acompanhá-lo na viagem. Ricardo estava enfermo e Vinibaldo não queria deixá-lo só. Sequer mencionou ao pai os planos do irmão mais velho. Mas, este revelou seu plano e tão eloquente foi, que o pai resolveu acompanhar os filhos na peregrinação.
     Valburga tinha então 11 anos apenas. Ela sabia, contudo, que as peregrinações, muitos frequentes entre os saxões, exigiam muito dos viajantes que enfrentavam dificuldades e perigos; muitos meses se haviam de passar antes que fosse possível receber noticias dos peregrinos; o seu pai era velho, talvez não resistisse aos rigores da penosa e longa peregrinação... Todavia, nada fez para dissuadir seu pai de tão santa decisão.
     A Rainha Cuthberga fundara recentemente em Dorsetshire a Abadia de Wimbourne. Esposa do Rei Alfredo, a rainha sentira um chamado para uma dedicação total a Deus e obtivera licença do esposo para se tornar monja. O magnífico mosteiro duplo de Wimbourne tornou-se logo célebre pela santidade de seus habitantes e austeridade da sua disciplina.
     Ricardo resolveu levar a pequena Valburga para esta grande abadia, para que dela cuidassem as monjas enquanto ele se ausentava. Ao se despedir de seu pai, Valburga não imaginava que não o tornaria a ver: o santo homem faleceu na Itália, sendo sepultado pelos dois filhos em Lucca.
     Enquanto seus irmãos abraçavam a vida monástica em Roma, Valburga adotou também o estado religioso, passando vinte e seis anos em Wimbourne.

     Destes vinte e seis anos pouco se sabe, mas, tendo em vista que o nível intelectual das monjas daquele mosteiro era muito elevado, pois escreviam com fluência o latim e o grego, e com facilidade citavam os clássicos, sendo notáveis suas iluminuras e transcrições de Missas, Sagradas Escrituras, etc., além de bordados em fio de ouro e prata, presume-se que Valburga recebeu sólida instrução e aperfeiçoou-se em todos estes trabalhos.
     Aconteceu então que São Bonifácio, tio de Valburga, o grande apóstolo da Alemanha, foi a Roma pedir ajuda para o seu trabalho missionário naquela região. O Papa instou Vilibaldo e Vinibaldo a acompanharem o dedicado tio.
     Mais tarde, por meio de uma carta dirigida a Lioba, sua prima, e a Valburga, sua sobrinha, São Bonifácio convidou-as a fundar um mosteiro em sua diocese, para mostrar às mulheres daquela região o exemplo das virgens cristãs. Após breves preparativos Santa Lioba e Santa Valburga, com algumas companheiras, deixaram sua terra natal para devotar suas vidas à conversão da Alemanha.
     Durante a viagem da Inglaterra para a Alemanha as monjas enfrentaram uma tempestade que obrigou os marinheiros a se desfazerem da carga. Valburga implorou a Deus e, sobrevindo repentina calma, os viajantes desembarcaram sãos e salvos em Antuérpia. Na mais antiga igreja desta cidade há uma gruta onde Santa Valburga costumava rezar enquanto esperava para reiniciarem a viagem. Ela é muito venerada naquela cidade desde sua permanência ali.
     Vilibaldo fundou o Mosteiro de “Eihstat”, que se tornaria mais tarde a Diocese de Eichstätt. Valburga tornou-se abadessa de um mosteiro beneditino feminino em Heidenheim - morada dos pagãos, em alemão - local onde já se instalara seu irmão Vinibaldo com seus monges. Em breve o significado desse nome perderia o sentido, pois os dois mosteiros converteram gradualmente a aridez espiritual e material da região, e os campos deram abundantes colheitas.
     À morte de seu irmão, Valburga assumiu a direção do mosteiro masculino que ele dirigira. Ela era muito respeitada e amada ainda em vida. Sua vida de profunda oração, sua caridade e coragem, bem como os milagres que ela realizava, tornaram-na venerada pelo povo que vivia à sombra dos mosteiros dirigidos por ela.
     Nos últimos anos, conforme relata o monge Wolfhard que escreveu sua vida mais ou menos cem anos depois de sua morte, ela "confirmada no santo amor de Deus, tendo vencido o mundo e todos os seus atrativos, repleta de fé, saturada de caridade com os adornos da sabedoria e a joia da castidade, notável pela benevolência e humildade, foi receber o galardão que devia coroar tantas virtudes".


     Santa Valburga foi assistida por seu irmão São Vilibaldo em seus últimos momentos, tendo ele lhe administrado os Sacramentos. Ela faleceu em 25 de fevereiro de 779 e foi sepultada ao lado do irmão Vinibaldo. Cem anos depois, o Bispo Otkar de Eichstätt, resolveu restaurar a igreja e o mosteiro de Heidenheim, e exumou o corpo de Santa Valburga que foi encontrado incorrupto e coberto por um fluido precioso, qual puríssimo óleo. O corpo foi transladado para a Catedral de Eichstätt, e milagrosas curas se operaram durante o trajeto da preciosa relíquia.
     Há mais de mil anos esta misteriosa umidade oleosa, que é coletada das relíquias de Santa Valburga pelas monjas, vem operando milagrosas curas. Os documentos mais antigos que relatam os milagres atribuídos ao óleo foram escritos entre 893 e 900.
     Este óleo tornou-se conhecido como "óleo de Santa Valburga" e vem sendo um sinal de sua contínua intercessão. O óleo é colocado pelas religiosas em pequenas ampolas de vidro que são dadas aos peregrinos. Curas atribuídas à intercessão de Santa Valburga acontecem até os nossos dias.

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    No século XVI, a terra natal de Santa Valburga, Inglaterra, separou-se da Igreja Católica após séculos de fidelidade a Roma. Naquele século, muitos católicos foram martirizados por não aceitarem a nova igreja fundada pelo rei Henrique VIII, que se autoproclamou chefe da Igreja Anglicana. Depois dele, os reis da Inglaterra sempre exerceram aquele cargo até os dias de hoje.

     Neste início do século XXI, entretanto, uma onda de conversões de anglicanos percorreu todo o Reino Unido (Inglaterra e suas ex-colônias).

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Beata Vilburga (ou Wliburgis), Virgem Reclusa de São Floriano.



Por causa de sua vida de oração e de penitência, a Beata Vilburga atraiu
o ódio e a perseguição do inferno, que tudo fez, com visões pavorosas,
 para demover-lhe a fé e tirar sua persevera na oração.

     A figura desta Beata, uma vida de reclusa em extrema penitência, é difícil de ser compreendida pela mentalidade moderna voltada para uma liberdade e um prazer desenfreados. Vilburga (também conhecida como Wilburgis, Wilberg), que nasceu no território da Áustria atual, viveu durante quarenta anos em uma cela.


     Vilburga nasceu nas proximidades da Abadia de São Floriano. O pai, Henrique, morreu durante uma peregrinação a Jerusalém; ela foi educada sob os cuidados da mãe e da governanta. Aos 16 anos, com a amiga Matilde, fez uma peregrinação, longa e corajosa para aqueles tempos, sobretudo por uma jovem sozinha, a São Tiago de Compostela, na Espanha, uma das grandes metas de peregrinação na Idade Média.
     De volta a sua terra natal, a amiga Matilde desejava fazer com ela uma outra peregrinação, desta vez a Roma. Mas Vilburga já fizera uma escolha mais definitiva e completa de sua vida. Renunciando ao mundo, no dia da Ascenção de 1248, se fechou solenemente em uma cela junto à igreja dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho de São Floriano. A Abadia de São Floriano era já renomada e ainda hoje sua fama persiste.
     Os eremitas daquele século escolhiam esta forma de isolamento, isolavam-se em pequenas construções erigidas no exterior dos conventos, mas bastante próximas para que eles usufruíssem da direção espiritual dos monges. Às vezes até monges do mesmo convento escolhiam esta forma de penitência para um período de maior mortificação e dedicação à ascese.
     Através de uma janela que defrontava na igreja conventual, Vilburga participava da liturgia dos monges. Sua amiga Matilde também tomou uma cela vizinha, num regime de semi-liberdade, podendo providenciar mantimentos e fornecendo-os também a Vilburga.
     Esta vida de reclusa durou 40 anos, até sua morte. Ela só deixou sua cela uma vez, e por pouco tempo, quando em 1275, para fugir dos soldados de Rodolfo de Asburgo (1218-1291), imperador do Sacro Império Romano desde 1273, acompanhou os monges agostinianos na fuga para dentro dos muros da cidade de Enns, que tem o mesmo nome do rio que a atravessa, afluente do Danúbio. 
     Pelos méritos de sua união com Deus, teve dons sobrenaturais, como a visão dos acontecimentos contemporâneos. Era tal sua fama de espiritualidade e vida interior, que leigos e religiosos, pecadores e pessoas piedosas, gente de todas as classes sociais, postavam-se diante da janela de sua cela para pedir conselhos e orações àquela mulher que era um exemplo de penitência.
     A fama de Vilburga ultrapassou os limites da Áustria, tendo sido convidada pela Beata Inês de Praga († 1282 ca.), depois por Catarina, sobrinha do Beato Gregório X, que a convidou a fundar um convento na Itália, mas em ambos os casos a Beata não quis abandonar sua cela, o silêncio e o recolhimento.
     Manteve uma correspondência epistolar com o célebre monge cisterciense Gustolfo de Viena.
     Com 56 anos morreu em sua cela, no dia 11 de dezembro de 1289. Foi sepultada na igreja do vizinho convento de São Floriano, onde ainda repousa em um sarcófago da cripta.
     O seu culto continuou ininterruptamente nestes séculos; peregrinos da Áustria e da Alemanha continuam a fluir para venerá-la. Já em vida foi considerada uma santa e no aniversário de sua morte uma Missa solene é celebrada, embora não tenha sido oficialmente beatificada pela Igreja.

     Sua vida foi inspiração literária de alguns escritores alemães.

(Fonte:  blog Heroínas da Cristandade, com permissão)