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sábado, 27 de fevereiro de 2016

Venerável Serva de Deus Teresa de Santo Agostinho, Princesa e Carmelita Descalça.


     A princesa Louise Marie de France, filha do rei Luís XV e da rainha Maria Leszczynska, princesa da Polônia, nasceu no Palácio de Versalhes a 15 de julho de 1737. Foi educada na Abadia de Fontevrault.
     Ainda muito criança sofreu um acidente que quase a fez perder a vida. Impaciente por sua criada de quarto não vir logo atendê-la, subiu na grade de seu leito, daí caindo. Embora logo tratada, essa queda legou-lhe uma deformidade física, e levou-a às portas da morte. Nessa ocasião, as religiosas do mosteiro fizeram um voto à Virgem pela saúde da princesa e ela foi curada miraculosamente. Nunca mais esqueceu ao que devia sua vida, o que a marcou de um modo profundo.
     Desde a infância mostrou inclinação para a vida de piedade, nunca se cansando da extensão do Oficio Divino. Um dia chorou amargamente porque uma dama que a servia falou-lhe de um príncipe estrangeiro que seria seu esposo. Entretanto, era orgulhosa de sua posição. Certa ocasião, julgando-se ofendida por uma de suas damas, disse-lhe com azedume: "Não sou eu a filha de vosso rei?" "E eu, Madame", respondeu a senhora, "não sou a filha de vosso Deus?" "Tendes razão", respondeu a princesa tocada pela resposta, "eu estava errada e peço perdão".

Retrato pintado da Venerável, quando ainda
vivia na corte do rei Luís XV, seu pai. 
     Extremamente generosa com os pobres, dava-lhes o dinheiro que recebia para seus gastos, nada reservando para si. A dama de honra encarregada de suas despesas acostumou-se a entregar aos pobres o que recebia para Louise Marie, sem mesmo consultá-la.
     Dotada de um caráter vivaz, gostava dos exercícios violentos. Um dia, caçando em Compiègne, seu cavalo assustou-se e lançou-a a razoável distância. Ela caiu quase sob as rodas de uma carruagem que vinha em disparada. Salva como por milagre, fizeram com que regressasse de carro. Rindo-se dos temores gerais, ordenou ao seu escudeiro que lhe trouxesse o cavalo, montou, dominou o animal nervoso e continuou o passeio. De volta ao castelo, foi agradecer a Virgem o que chamou a segunda salvação de sua vida.
     Madame Louise viveu até os 33 anos na Corte mais faustosa do mundo, nela haurindo tudo quanto havia de bom e dando ali exemplo de virtude, sem se deixar contaminar pelos aspectos mundanos e frívolos que, infelizmente, vinham se introduzindo em tais ambientes a partir do fim da Idade Média. Seu pai tinha concubinas e ela e a irmã, Clotilde (já beatificada), serviram de esteio para uma reação dentro da corte, que conduzia consigo os destinos da moralidade da corte, e consequentemente os destinos da moralidade do reino.
     Desejando ingressar no convento, ao assistir a tomada de hábito no Carmelo de uma condessa, quis ingressar nessa Ordem. Começou a preparar-se para isso estudando a regra de Santa Teresa, e abstendo-se lentamente do conforto que a cercava. Afastava-se do aquecimento do castelo durante períodos de frio horroroso. Ela não suportava o cheiro de velas e venceu essa repugnância após anos de esforços.

A filha do rei da França renunciou
a tudo para ser esposa de Cristo. Na
pintura, recebendo a visita de seu pai.
     Tendo falecido sua mãe, a piedosa rainha Maria Leszczynska, conseguiu o consentimento do rei e a 20 de fevereiro de 1770, entrou para as carmelitas de Saint-Denis, considerado o mais pobre da França e o de regime mais severo. A França admirou-se desse exemplo e o papa Clemente XIV escreveu à princesa, para lhe exprimir a felicidade que sentia em ver seu pontificado assinalado por um acontecimento tão consolador para a religião.
     No convento, lutou arduamente para que suas companheiras deixassem de distingui-la das outras. Trabalhou também para vencer sua dificuldade em ficar longo tempo de joelhos, tendo conseguido essa graça após uma novena feita a São Luís Gonzaga. Recebeu o hábito a 10 de setembro de 1770, revestida do manto de Santa Teresa que as carmelitas de Paris possuíam e tomou o nome de Irmã Teresa de Santo Agostinho.
     Nomeada mais tarde mestra de noviças, destacou-se sobremodo nesse trabalho tão difícil, manifestando constante alegria em meio às dificuldades com que se deparava. Foi eleita depois, unanimemente, superiora. Quando o visitador geral das carmelitas levou a notícia ao rei, avisou-lhe que somente um voto fora contra a Irmã Teresa. "Então", respondeu Luís XV, "entretanto, houve um voto contra ela?" "Sim, Senhor", respondeu o prelado, "mas foi o voto dela mesma".
     Como superiora, foi cheia de caridade para com suas irmãs e extremamente severa consigo própria, procurando seguir com o máximo de fidelidade o espírito de sua regra. Preocupava-se, também, em conseguir junto a seu pai e, mais tarde, junto a Luís XVI, todos os benefícios que pudesse para a religião. Foi a ela que as carmelitas dos Países Baixos austríacos deveram ser acolhidas em França, quando expulsas de sua terra por José II.
     Irmã Teresa também contribuiu para a fundação de um mosteiro de estrita observância para os carmelitas descalços, cuja regra relaxara durante algum tempo. Severamente interdita de usar de sua influência para tudo aquilo que se referisse a assuntos mundanos, usou-a, entretanto, o quanto pode, para a salvação das almas.
     Afastada dos problemas do Estado, interessava-se profundamente por suas necessidades e na oração procurava solvê-los. Suas orações e penitências pela conversão do pai foram atendidas: em 1774, o rei Luís XV morreu reconciliado com Deus e com a Igreja, depois de 30 anos afastado dos Sacramentos. Rezava pela conservação da fé no reino, a restauração dos costumes, a salvação dos povos, a paz e a tranquilidade pública. Deixou duas obras espirituais, publicadas postumamente: Meditações Eucarísticas e Coletânea dos testamentos espirituais a suas filhas religiosas carmelitas.
     Devotadíssima ao Papa, tornou-se defensora dos direitos da Santa Sé face aos ataques dos galicanos e jansenistas, que exerciam grande influência na Corte. Nessa luta, procurou ajudar os Jesuítas, então especialmente perseguidos.
     Tinha pelos franceses o mesmo amor que seu antepassado São Luís. Tudo que interessava à sua pátria interessava à sua piedade. Luís XVI a reverenciava como o anjo tutelar da França. Indiscutivelmente, foi para afastar a influência que ela exercia sobre Luís XVI que os ímpios decidiram exterminá-la definitivamente. É quase certo que Marie Louise morreu envenenada.
     Em novembro de 1787, seu mal de estômago agravou-se violentamente com dores agudas (dois anos antes da Revolução Francesa...). Daí em diante piorando gradativamente, preparou-se para morrer. Sua morte foi magnífica pela coragem com que a enfrentou. Suas últimas palavras foram: "Ao Paraiso! Depressa! Já é tempo!". Era o dia 23 de dezembro de 1787, às quatro e meia da manhã.
     Em 1793, por ordem dos revolucionários, lançou-se ácido contra os restos da venerável princesa e acreditaram tê-los destruído. Mas um grande número de milagres conduziu a introdução de sua causa, declarando-a Pio IX venerável no dia 1º de junho de 1873.
     O decreto reconhecendo as virtudes heroicas da Venerável Madre Teresa de Santo Agostinho foi publicado em 18 de dezembro de 1997. Basta apenas um milagre oficialmente reconhecido e atribuído a ela para que a Igreja a declare Beata. Madame Louise de France deixou por Deus os degraus do trono. Esperemos que em troca Ele um dia a faça gozar a honra dos nossos altares.


Fontes: Daras, “La Vie des Saints”; www.catolicismo.com.br

Um comentário:

Unknown disse...

Uma grande Mulher. Uma grande Santa. Prometo propagar a sua devoção.

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