O Fundador da Congregação
dos Sacerdotes do Coração de Jesus, Venerável Pe. João Leão DEHON, nasceu em La
Capelle, diocese de Soissons (França) a 14 de Março de 1843, no seio de uma
família de ricos proprietários agrícolas de ascendência nobre. A sua mãe,
Estefânia Adele Vandelet, era um exemplo de fé; mas o seu pai, Júlio Alexandre
Dehon, era indiferente e até mesmo anticlerical.
O pai, homem de carácter
recto e bondoso, abandonara desde novo a prática religiosa. A mãe, ao
contrário, era uma senhora profundamente crente e piedosa que soube incutir nos
filhos princípios de fé e de dignidade. Dela escreveu o Pe. Dehon: "Agradeço ao Senhor por me ter dado
tal mãe e por se ter servido dela para me ensinar o amor ao seu divino Coração".
Baptizado com os nomes de
Leão Gustavo, cedo manifestou grande sensibilidade espiritual, aliada a uma
inteligência brilhante e a excepcionais dotes de carácter. Depois dos primeiros
estudos na terra natal, concluiu os estudos secundários num ótimo colégio, a
respeito do qual pôde escrever: "Nosso
Senhor encaminhou-me para uma casa que Lhe era querida. É a graça-mestra da
minha vida". Aí encontrou o ambiente favorável à formação da sua
personalidade e ao desenvolvimento da sua vida cristã.
Teria 13 anos quando,
durante um retiro que lhe causou uma impressão extraordinária, tomou a firme
resolução de se tornar sacerdote, como forma de se entregar por inteiro ao
Senhor e ao seu serviço. Sensível ao amor de Deus, simbolizado no Coração de
Jesus, sonhava "ser religioso e missionário" e também
"mártir". Mas a firme oposição do pai obrigou-o a adiar para mais
tarde a realização desse sonho.
Entretanto, prosseguiu os
estudos em Paris, onde cursou Direito na Sorbona. Aos 21 anos era advogado.
Em 1865, aceitou a longa
viagem que seu pai lhe proporcionou, com a clara intenção de que não seguisse a
carreira sacerdotal. Foi um roteiro fascinante, começando pela Suíça, Itália,
Grécia, Egito e finalizando na Palestina. No regresso, passou pela Síria,
Constantinopla, Budapeste e Viena. Mas em vez de ir para casa, foi para Roma,
onde conseguiu uma audiência com o papa Pio IX, que o aconselhou a fazer os
estudos eclesiásticos ali mesmo, na Cidade Eterna. Assim, entrou para o
Seminário de Santa Clara, mesmo contra a vontade paterna, uma vez que era Deus
que o queria padre...
O dia 19 de dezembro de
1868 foi o mais desejado e feliz da vida de Dehon. Mais desejado porque recebeu
sua ordenação sacerdotal. Feliz porque seu pai, convertido sinceramente,
recebeu a santa eucaristia das suas mãos, quando celebrava a sua primeira
missa. Apesar de ter concluído muitos cursos e doutorados, padre Dehon foi
designado para ser um simples vigário da pobre e problemática paróquia de São
Quintino, da diocese de Soissons.
Durante nove anos
dedicou-se de alma e coração ao serviço pastoral da sua diocese. Após a
fundação da Congregação (1878) envolveu-se pessoalmente na "questão
social" do seu tempo, dando o seu contributo lúcido e ardoroso para a
divulgação a todos os níveis da doutrina social da Igreja. Leão XIII pediu-lhe
expressamente: "Pregue as minhas
encíclicas".
Ele assumiu a missão com
todo ardor e entusiasmo. Mas o sacerdote tinha algo que o inquietava. Sentia um
forte desejo de ingressar numa congregação religiosa. Como não encontrou uma
que atendesse seus anseios por justiça social associada às missões, decidiu e
fundou a Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus em 1878.
Entretanto surgiu a grande
provação. O governo maçônico da França decretou a expulsão das congregações
religiosas. Padre Dehon, então, para proteger seus sacerdotes no caso de
expulsão, adquiriu uma casa na Holanda, pois assim teriam onde refugiar-se. Mas
a situação ficou tão complicada e confusa que foi o próprio Vaticano que
suprimiu a congregação. Quem o socorreu foi seu bispo, que o conhecia muito
bem.
Em 1884, o papa decretou a
reabertura da congregação. Desde então, padre Dehon trabalhou para
consolidá-la, fundando novas Casas por toda a Europa. Depois, a congregação
também se estabeleceu nas Américas, na África e na Ásia. E padre Dehon, sempre
movido pelo objetivo de difundir o pensamento de justiça social da Igreja,
proferiu muitas conferências, escreveu artigos em jornais e revistas e publicou
vários livros.
Ao fechar os olhos a 12 de
Agosto de 1925, deixou atrás de si uma obra notável e duradoira como sacerdote
santo, como educador prestigiado, como escritor e conferencista escutado, como
apóstolo social e, sobretudo, do Coração de Jesus. Ele que protestara outra
coisa não querer senão viver e morrer como Apóstolo do Coração de Jesus, pôde
afirmar no momento supremo, apontando para a imagem, sempre presente na sua
vida, do Sagrado Coração: "Para Ele vivi, para Ele morro".
Atualmente, os religiosos
"dehonianos" fazem o mesmo, evangelizando e trabalhando pela justiça
social em paróquias, colégios, faculdades, orfanatos, creches, comunidades de
recuperação de drogados, missões, shows musicais e meios de comunicação social,
nos quatro cantos do mundo. O corpo do venerável fundador está sepultado na
igreja de São Martinho, em São Quintino, na França.
SEGUNDO TEXTO BIOGRÁFICO (complementar ao primeiro texto)
Sociólogo, escritor, advogado e padre Fundador da
Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. Sua vida foi um constante
caminhar. Sonhador, lutador, teve decepções, surpresas alegres e tristes.
Aprendeu a amar a Igreja. Soube ouvir os gritos numa França cheia de desafios.
Fundou jornal, revista, publicou livros, escreveu muito nos Meios de
Comunicação Social de então, e deixou-nos por herança : O Sagrado Coração de
Jesus.
Leão João Dehon nasceu a 14 de março de 1843, em La
Capelle, ao norte do Departamento de L’Aisne, França. Seu pai: Julio Alexandre
Dehon; sua mãe: Estefânia Adele Vandelet, devota fervorosa do Coração de Jesus.
Tinha um irmão mais velho: Henrique.
Leão foi batizado a 24 de março do mesmo ano, véspera da
festa da Anunciação. Anos depois, escreveu: "Era
feliz mais tarde unindo a lembrança do meu batismo ao do Ecce venio do Nosso
Senhor".
Leão Dehon frequentou a escola da cidade. Mais o ambiente
não era favorável a uma boa educação. Por isso seus pais, preocupados com o
futuro do filho, o matricularam no Colégio de Hazebrouck, dirigido por padres.
Antes de seu ingresso nesse colégio Leão fez suma primeira comunhão na cidade
natal.
No Colégio Hazebrouck, encontrou na pessoa de seu
diretor, Pe. Dehaene, um grande amigo que o orientou muito bem na luta pela
conquista da virtude.
Na noite de Natal de 1856, Leão sentiu forte chamado ao
sacerdócio. Conversou como pai a respeito. Recebeu um frio e peremptório
"não". Júlio sonhava um futuro brilhante e diferente para o filho.
Jamais permitira que ele se tornasse sacerdote.
agosto de 1859, Leão terminou seus estudos secundários e, a l6 do mesmo
mês, passou, com sucesso nos exames de bacharel em letras.
De volta a La Capelle, expos novamente seu projeto ao
pai. Esta insistência do filho caiu como um raio no lar Dehon. O pai não
aceitava de forma alguma a idéia ousada do filho.
Sem desistir de seu plano, Leão obedece momentaneamente a
seu pai e vai para Paris. Freqüenta o curso de preparação ao concurso da
célebre Escola Politécnica DEA simultaneamente matricula-se no primeiro ano de
direito. Mais tarde, abandona o curso de letras e segue normalmente o curso de
direito, que lhe parecia mais de acordo com a sua cultura e sua sensibilidade.
Em agosto de 1862, obtém a licença em direito e, dois
anos mais tarde, em abril de 1864, defende a tese de doutorado em direito.
Durante o período de estudo em Paris, Leão impôs-se um
ritmo de vida que favorecia sua vocação sacerdotal. Diariamente participava da
missa em São Sulpicio, sua paróquia.
Nesse tempo, também, conheceu um jovem estudante de
arqueologia, que se tornaria seu grande amigo: Leão Palustre. Com esse amigo,
Dehon fez várias viagens: à Inglaterra (1862), à Alemanha, aos países
escandinavos, à Europa Central (1863), A 23 de agosto de 1864, empreendeu com
ele uma longa viagem de 10 meses pelo sul da Alemanha, Suíça, Norte da Itália,
Grécia, Egito, Palestina (Terra Santa), Ásia Menor, Hungria e Áustria.
No fim dessa viagem, Leão parte diretamente para Roma,
onde chega a 14 de junho de 1865. Estava firmemente decidido a seguir sua
vocação sacerdotal. A viagem à Terra Santa confirmara o chamado do Senhor:
"Vem e segue-me! Também te farei pescador de homens!".
Em Roma, mora no colégio francês, Santa Clara,
matricula-se no curso de filosofia e, depois de um ano apenas, obtém o
doutorado na matéria (1866). Em 1871, consegue o título de doutor em teologia e
em direito canônico.
Antes, a 19 de dezembro de 1868, é ordenado sacerdote, na
Basílica de São João de Latrão, na presença de seus pais, que aceitam agora a
vocação do filho.
Padre Dehon participou como estenógrafo, das sessões do
Concílio Vaticano I.
Terminados seus estudos em Roma, recebeu sua primeira
transferência. Foi uma grande decepção para ele. Com vários doutorados em sua
bagagem, Padre Dehon esperava trabalhar numa universidade. E foi nomeado para
ser o 7 vigário paroquial de uma pobre e problemática paróquia: São Quintino.
Apesar de tudo, assumiu sua missão com todo ardor e
entusiasmo. Conhecendo as grandes necessidades daquela cidade, Padre Dehon teve
várias iniciativas de grande repercussão; fundou um patronato, São José 91872),
a Obra dos Círculos Católicos (1873); um jornal católico: Le Conservateur de
L’Aisne (1874); círculos de estudos religiosos e sociais, com a Conferência de
São Vicente de Paulo ( 1875); promoveu encontros de estudos com os patrões,
duas vezes por mês (1876): o Colégio São João
Sacerdote, culto, santo e dinâmico, muito conhecido na
França, Dehon tinha algo que o inquietava. Não estava satisfeito. Faltava-lhe
algo. Não tinha, porém, clareza o que era realmente. Depois de um longo
discernimento, feito de oração, de diálogo com sábios sacerdotes e orientadores
espirituais, Dehon toma a decisão de fundar a Congregação dos Padres do Sagrado
Coração de Jesus. Data oficial da fundação: 28 de junho de 1878, dia da
primeira profissão do fundador.
Temporariamente supressa por determinação da Santa Sé
(1883), a nova Congregação experimentou, depois de sua ressurreição (1884), um
vertiginoso crescimento e um surpreendente impulso missionário espalhando-se
por diversos países.
Além dos trabalhos de governo e animação de sua
congregação como superior geral, Padre Dehon participou dos grandes eventos de
cunho social na agitada França daquele fim de século. Sensível aos grandes
problemas sociais de então, Padre Dehon era protagonista de congressos e de
assembléias, onde se discutiam as questões sociais, principalmente depois da
publicação da Rerum Novarum, da qual foi um incansável divulgador e defensor.
Sem dúvida, pode-se dizer que era um missionário da doutrina social da Igreja.
Proferiu conferências (principalmente em Roma), escreveu artigos em jornais e
revistas (Le Règne du Sacrré-Coeur dans les âmes et dans les sociétés),
publicou livros sobre o tema, principalmente: Manual social cristão (1894) e o
Catecismo social (1898). Outros: A usura no campo presente (1895); Nossos
Congressos (1897), As pontifícias diretrizes políticas e sociais (1897),
Riqueza, mediocridade ou pobreza ( 1899), A renovação social cristã (1900).
Padre Dehon faleceu no dia 12 de agosto de 1925, aos 82
anos de idade. Seus restos mortais repousam na Igreja de São Martinho, em São
Quintino, França.
"Por Ele vivi, por Ele morro", foram suas
últimas palavras.
2 comentários:
Bom dia! Só uma correção no título não é Missionários do Coração de Jesus, mas Congregação dos Sacedotes do Coração de Deus. Abraços fraternos
Me chamo João Dehon por causa desse Padre....E amo meu nome!!!
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