Santo Alberto
Chmielowski, definido pelo Papa São João Paulo II, grande devoto seu, como “o
São Francisco polonês do século XX” pela forma de vida marcada por uma pobreza
rigorosa e alegre, nasceu em Igolomia, perto de Cracóvia, em 20 de Agosto de
1845, como primogênito de Alberto Chmielowki e de Josefa Borzylawska. Foi
batizado a 26 desse mês, com o nome de Adão Hilário Bernardo. A família era
abastada, detentora de enormes propriedades. Aos sete anos, perdeu o pai. A mãe
mudou-se para Varsóvia, onde Adão prosseguiu os estudos, primeiro na escola de
cadetes, depois no instituto de agronomia, para melhor se dedicar à sua
lavoura.
Em 1863, aos 18
anos, participou da insurreição contra o domínio do Czar da Rússia. Foi ferido,
na batalha de Melchow e levado prisioneiro. No cárcere, foi-lhe amputada a
perna esquerda, sem anestesia, operação que aguentou com heroica valentia. Após
um ano, conseguiu fugir. Matriculou-se em Paris, numa academia de pintura. Foi
para a Bélgica e, posteriormente, para Mônaco, regressando depois a Varsóvia,
onde se formou em pintura e arquitetura. As suas telas tornaram-no muito
popular e conhecido.
A meditação
sobre a paixão de Cristo levou-o a mudar de vida. Começou a preocupar-se e a
afligir-se com os necessitados e pobres. Ingressou na Terceira Ordem de São
Francisco e começou a socorrer mendigos, vagabundos e doentes abandonados por
serem repugnantes. Fazendo-se pobre com os pobres, à semelhança de Cristo, que
de tudo Se despojou em favor dos outros, ia distribuindo os haveres, ganhos com
os trabalhos de pintor notável, entre os mais necessitados, que reunia nos
albergues públicos, onde também ele dormia. Chegou a mendigar com eles.
Portando o
hábito de burel, prosseguiu na sua caridade para com os indigentes. Como não se
sentisse capaz de sozinho socorrer tantos pobres, com a aprovação do bispo de
Cracóvia, reuniu alguns companheiros e lançou os fundamentos de uma nova
congregação, os Servos dos Pobres, mudando o seu nome para Alberto, ao fazer os
seus votos de pobreza, castidade e obediência.
Não escreveu
nenhuma Regra, mas o seu exemplo e proceder foram incentivo e modelo inédito de
viver à maneira de Cristo. Construiu oficinas várias, para os necessitados
poderem ganhar alguma coisa e reconstituírem a vida. Jamais aceitou bens
imóveis ou auxílios econômicos estáveis.
De tal modo essa
obra de assistência se multiplicou, que à sua morte deixou 21 grandes casas de
asilo para pobres e 92 eremitérios com função de sanatórios para religiosos
doentes. Tudo isso era organizado e administrado pelos irmãos e irmãs da Ordem
Terceira de São Francisco, Servos dos Pobres, que se comprometiam a uma plena e
perene disponibilidade para servir os miseráveis, os sem abrigo, os
marginalizados, os abandonados, os vagabundos, os doentes, os idosos e os
moribundos. Ele próprio adotara a forma de vida dos mendigos, morando nos seus
tugúrios e compartilhando com eles as esmolas recebidas. Em comunidade era
tratado por “Irmão Ancião”.
Vivendo em casas
do Estado ou da Diocese, limitava-se a receber o que lhe iam dando, dia a dia.
Nos albergues acolhia todos os infelizes, sem querer saber suas origens, raça,
etnia ou religião. A 15 de Janeiro de 1891, ao reparar nas necessidades de
tantas mulheres, com a cooperação de Ana Francisca Lubanska e Maria Cunegundes
Silokowka, seduzidas pelo seu exemplo, fundou um ramo feminino da sua
associação, para que alimentassem as famintas e as acolhessem em abrigos
decentes, sobretudo nos casos de epidemias.
Com palavras de
ânimo e conselhos apropriados, com pregações sobre os desajustamentos sociais,
ressaltando a obrigação de todos, sobretudo os mais favorecidos em riquezas, de
ajudarem os ignorantes e miseráveis, Santo Alberto não só formava os seus seguidores
como suscitava nos ricos um desprendimento que os impulsionasse a uma generosa
caridade. Para a direção das duas congregações recorria aos conselhos de
prudentes sacerdotes. Para a fundação de novas casas nunca prescindia da
opinião e do consentimento do bispo.
Santo Alberto e seu grande amigo e diretor espiritual, São Rafael Kalinowski, carmelita descalço. |
Não obstante a
prótese rudimentar na perna, viajava imenso para fundar novos asilos e visitar
as diversas casas religiosas. A sua fama cedo ultrapassou os limites de
Cracóvia e se estendeu a toda a Polônia, concentrando-se num só nome: Frei
Alberto. Tudo nascera do nada; tudo ia "de vento em popa", com o
capital inesgotável da Providência.
Em tudo seguiu o
exemplo de São Francisco de Assis. Sempre confiou a sua missão à Providência
divina. Tomava forças na oração, na Eucaristia e na meditação do mistério da
Cruz.
Nos últimos dez
anos da vida andou atormentado com um tumor no estômago; mas ninguém o soube
senão os poucos meses antes da morte, quando o mal se agravou. Sem exprimir
qualquer lamento, expirou no dia de natal de 1916, no hospício dos pobres, em
Cracóvia.
Antes de morrer,
apontando para a imagem de Nossa Senhora de Czestochowa, disse aos irmãos e
irmãs: “Esta Senhora é a vossa Fundadora, lembrai-vos disso”. E ainda: “Em
primeiro lugar observai a pobreza”. Por ocasião de sua morte, tinha já várias
comunidades ao serviço dos pobres, com mais de uma centena de discípulos. Junto
das pessoas que ele tinha aproximado e conhecido, deixou um testemunho
maravilhoso de fé e de caridade. Em Cracóvia, na Polônia, é conhecido como o
Pai dos pobres, e por sua pobreza evangélica.
Com sua morte, sua maior aventura ainda não
terminara. As suas exéquias foram uma celebração triunfal, em que participou
toda a cidade, mas os pobres constituíam a nota dominante do enorme cortejo
fúnebre.
O irmão Alberto
deixou um rastro eficaz na história da Igreja. Ele não só agiu no caminho
direito do Evangelho sobre a misericórdia de Cristo, aceitando-a, mas acima de
tudo introduziu-a na sua própria vida religiosa. Hoje, os irmãos Albertinos e
as irmãs Albertinas realizam o carisma do Fundador prestando os seus serviços
na Polônia. As irmãs se espalharam pela Itália, pelos EUA e na América Latina.
Os seus restos mortais repousam na igreja
dos carmelitas de Cracóvia, meta incessante de peregrinação. Em 22 de Junho de
1983 o Papa São João Paulo II beatificou a Alberto em Cracóvia, durante sua
segunda viagem apostólica à Polônia. Foi proclamado Santo em 12 de Novembro de
1989, em Roma, pelo mesmo Santo Pontífice, seu compatriota. A Igreja
considera-o como um modelo para o nosso tempo, uma testemunha do amor de Deus,
que se manifesta no amor cristão ao próximo, no espírito da bondade evangélica,
desafio constante à capacidade de ver a imagem de Deus nos mais miseráveis,
naqueles a quem a sociedade costuma chamar marginalizados, mendigos, abandonados,
deficientes, drogados... É essa a caridade que caracteriza os santos.
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