Samosata, cidade
da Síria, é a terra de São Luciano. Menino de doze anos apenas, perdeu os pais,
mas, tão firmado já estava na virtude cristã, que distribuiu os seus bens entre
os pobres e procurou asilo no convento do abade Macário, para poder instruir-se
ainda melhor nos princípios da fé cristã e da santa perfeição. A prática
constante das virtudes e o estudo dedicado dos livros sacros prepararam Luciano
para a luta contra as heresias de seu tempo.
Tendo recebido
em Antioquia o sacramento da Ordem, dedicou-se primeiramente ao ensino nas
escolas primárias, com o fim de dar à mocidade uma instrução nos moldes dos
princípios cristãos. Pelo estudo e pela prática, adquiriu conhecimentos tão
sólidos nas ciências bíblicas, que pode organizar uma nova edição dos livros
sagrados, corrigindo os erros que, por descuido ou por ignorância, quiçá por
malícia, se tinham insinuado nas traduções antigas. Esta nova edição teve
acolhimento gratíssimo e prestou grandes serviços mais tarde a São Jerônimo
quando, por ordem do Papa São Dâmaso, este fez nova tradução da Escritura
Sagrada.
Eram tão
acatadas suas autoridade e competência que todos, fiéis e hereges, se lhe
referiam, e sua ortodoxia foi valorosamente defendida por São João Crisóstomo e
Santo Atanásio contra os arianos, que seu testemunho tinham invocado em favor
de sua heresia.
O fato de
Luciano ter sido preso em Nicomédia, por causa de uma controvérsia com um
sacerdote herético é prova cabal da retidão de sua doutrina. Uma apologia da
religião Católica, apresentada ao imperador Maximiano, tem Luciano por autor.
A decretação da
guerra de extermínio à Igreja, por Diocleciano, surpreendeu Luciano, quando se
achava em Nicomédia. Por ser católico e sacerdote de Cristo, foi encarcerado.
Da prisão dirigiu uma carta aos fiéis de Antioquia, comunicando-lhes que o Papa
Antímo tinha sofrido o martírio e o incumbira de transmitir-lhes as saudações.
Nove anos durou
a prisão. Passado esse longo tempo, foi apresentado em juízo ao governador
imperial ou ao próprio imperador. O processo que os juízes adotaram, para
fazê-lo abjurar a religião foi o de costume: elogios, promessas, ameaças e, por
fim, condenação. Luciano ficou firme e sua resposta a todos os argumentos e
propostas do juiz foi esta: “Sou cristão”!
O imperador
mandou sujeitar o servo de Deus a crudelíssima flagelação, que não deixou um
lugar são no corpo da vítima e, depois, ordenou que, assim terrivelmente
maltratado, fosse deitado em cacos de vidro e pedras agudas. Quinze dias passou
o mártir nesta posição, sem que alguém se lembrasse de oferecer-lhe de comer.
Quando depois lhe apresentaram comida, era esta deliciosa, apetitosa: mas,
Luciano rejeitou-a resolutamente, porque eram iguarias que tinham vindo dos
templos pagãos.
Pela segunda
vez, Luciano foi citado perante o juiz. O resultado não foi outro. Negando-se a
sujeitar-se às exigências do magistrado, foi de novo submetido a dolorosíssima
tortura e metido no cárcere. Aos fiéis que o visitaram, o santo sacerdote
exortava à constância na fé.
Para fortificar
a si mesmo e aos irmãos, celebrou a santa Missa sobre o próprio peito e deu a
Santa Comunhão a si e a todos os fiéis presentes. Esta última Missa foi o
prefácio de sua morte gloriosa. São João Crisóstomo afirma que Luciano morreu
pela espada. Outros, porém dizem que foi estrangulado secretamente, por ordem
de Maximiano. Atiraram com corpo ao mar. Poucos dias depois, porém, os cristãos
o encontraram na praia e deram-lhe honrosa sepultura. As relíquias do mártir
estão na igreja principal de Arles, na França. São Luciano morreu provavelmente
em Samosata, em 07 de janeiro de 312.
Curiosidade:
Santa Helena,
mãe do rei Constantino era muito devota de São Luciano, o qual citava com
frequência ao filho, que ainda não havia se convertido. Constantino que a amava
muito, durante o seu reinado, mandou que as relíquias do Santo fossem
transladadas para Helenópolis, cidade natal de sua querida mãe. Depois ele
mesmo, em 337, escolheu a sepultura do Santo para ser o local do seu batizado,
oficializando sua conversão e de todo o seu reino. Esse ato propagou ainda mais
o culto de Santo Luciano, tanto no Oriente como no Ocidente.
Um comentário:
São Luciano de Antioquia rogai por nós e por todos os homens com o seu nome.
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