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terça-feira, 23 de janeiro de 2018

BEATA REGINA MARIA VATTALIL, Religiosa e Mártir





“A Irmã Vattalil testemunhou Cristo no amor e na gentileza, e se une à longa fila de mártires do nosso tempo. O seu sacrifício seja uma semente de fé e de paz, especialmente na terra indiana. Era tão boa que a chamavam de ‘a irmã sorriso’”. Papa Francisco



Na cidade indiana de Indore, foi proclamada beata Regina Maria Vattalil, Rani Maria, religiosa da Congregação das Irmãs Franciscanas Clarissas, assassinada por sua fé cristã em 1995.
Na manhã de 25 de fevereiro de 1995, Irmã Rani Maria, viajava no ônibus que a levava de Udayanagar para Indore (Índia), quando foi atacada e assassinada por Samunder Singh, um matador, com 54 facadas.
As ameaças das quais foi alvo antes de ser assassinada não a intimidaram, ao contrário, fizeram-na mais generosa na doação de si mesma: “Tenho a forte convicção de ter sido escolhida para os pobres e os oprimidos. Estou feliz por trabalhar para eles, porque eles também são filhos de Deus, nossos irmãos e irmãs”.
A hostilidade contra a Irmã Rani e contra sua maneira de anunciar o Reino de Deus aumentou nos últimos momentos, depois que pôde tirar da prisão alguns católicos que tinham sido vítimas de uma armadilha. Seus inimigos decidiram, portanto, livrar-se dela e decretaram sua morte.
Declarada “Mártir dos Marginalizados” por suas irmãs de Congregação, morreu repetindo muitas vezes o Santo Nome de Jesus.
O Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato, que presidiu a celebração falou à RV sobre o martírio da religiosa:
"Irmã Vattalil tinha fome e sede de justiça. Por isto foi morta, em 25 de fevereiro de 1995, enquanto viajava de ônibus para Bhopal. O assassino desferiu 54 golpes de faca em seu corpo. Foi um verdadeiro massacre. Enquanto era morta, a Irmã repetia o nome de Jesus". (SP)


Arrependimento do assassino


Não é apenas a Igreja na Índia que esperava ansiosamente a beatificação da religiosa clarissa Rani Maria Vattalil, mas também o homem que a assassinou, Samandar Singh, um hindu que esfaqueou a religiosa 54 vezes por ódio à fé, há 22 anos.
Pouco antes da beatificação o mesmo afirmou: “O que aconteceu foi muito ruim e não deveria ter ocorrido. Mas o que está acontecendo agora é bom. Estou ansioso para que aconteça”, disse Singh em uma entrevista no dia 29 de abril ao ‘National Catholic Register’.
Singh, que atualmente é um agricultor de 50 anos dedicado a compartilhar seus lucros com os necessitados, assegurou que “a resposta amorosa dos cristãos” o “transformou” para sempre.
O assassinato de Rani Maria Vattalil ocorreu diante de dezenas de passageiros de um ônibus em 25 de fevereiro de 1995, depois que Samandar foi induzido pelo líder hindu Jeevan Singh. Este último era uma das diversas pessoas que não concordavam com o trabalho social que a religiosa realizava com as mulheres da aldeia, organizando grupos de autoajuda para afastá-las de credores agressivos.
Em seguida, quando Samandar Singh foi preso por ter cometido o crime, pôde conhecer a misericórdia cristã através do testemunho de um sacerdote da Congregação dos Carmelitas de Maria Imaculada, Pe. Michael Porattukara, que o acompanhou em seu processo de reconciliação durante a sua estadia na prisão.
“Eu estava com muita raiva e contava os dias na prisão. Havia planejado que no dia que fosse libertado me dirigiria à casa de Jeevan Singh para matá-lo e depois me enforcaria em uma árvore. Foi então que o Pe. Porattukara veio me visitar em 2001”, contou Singh na paróquia natal do sacerdote localizada em Ollur.
Logo depois do assassinato, o Pe. Porattukara, que estava visitando prisões como parte do seu ministério, entrou em contado com Samandar Singh no início de 2002 e o visitou várias vezes.
Embora Samandar tivesse motivos para estar furioso com Jeevan Singh por ter sido condenado à prisão perpétua em 1996, ele assegurou que o sacerdote o ajudou a superar o seu “desejo de vingança”.
“Ele mudou a minha ideia”, recordou Samandar.
Três meses depois do seu primeiro encontro, Pe. Porattukara surpreendeu Singh dizendo que levaria a Irmã Selmy – a irmã mais nova da religiosa Maria – à prisão no dia do festival hindu de Rakhi.
Depois de organizar a visita, a Irmã Selmy, acompanhada pelo Pe. Porattukara, visitou o prisioneiro nos dias do festival Rakhi durante muitos anos.
O sacerdote não parou por aí. Singh foi libertado da prisão em 2006, depois que as declarações que solicitavam a sua libertação foram assinadas pela Irmã Selmy, seus pais e pelas autoridades da congregação das Clarissas.
Após a sua libertação, Singh visitou o convento de Udainagar para se encontrar com a Irmã Selmy. Em 2007, quando a religiosa visitou sua casa no estado de Kerala, para ver o seu pai doente de 82 anos, Singh a acompanhou para conhecer seus pais e pedir-lhes desculpas.
Assegurou que nunca poderia subestimar o impacto que teve em sua vida o Pe. Porattukara, o qual morreu em 26 de abril de 2016.
A história de Singh chamou a atenção internacional com o documentário “O coração de um assassino”, que mostra a sua experiência e o processo de reconciliação que percorreu com o Pe. Porattukara.
Embora o sacerdote tenha aproximado Singh da Igreja e colocado a sua vida em um novo rumo, também lhe trouxe sentimentos de vergonha e tensão. Alguns meios de comunicação divulgaram a falsa história de que Singh havia sido “convertido e batizado” enquanto estava na prisão e que era um “grande convertido” ao cristianismo.
Segundo Singh, grupos fundamentalistas hindus o ameaçaram de “trair” o hinduísmo e inclusive planejaram uma cerimônia pública para “reconversão” dele.
“Agora sabem que eu não cheguei a ser cristão. Mas amo os cristãos, porque eles me ajudaram a mudar”, confessou Singh.
Em meio a ameaças dos fundamentalistas hindus, Singh não hesitou em ficar diante do túmulo da Irmã Rani Maria em 25 de fevereiro de 2015. Inclusive, apresentou o ofertório ante uma dúzia de bispos nos 20 anos da sua morte.



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