Ainda que a maternidade
seja um elemento central na figura da mais venerada santa do cristianismo, a
Virgem Maria, o fato é que conhecemos muito mais santas freiras e virgens do
que santas que alcançaram a plenitude do amor na vida conjugal e na
maternidade. Infelizmente, são poucas as mães já beatificadas ou canonizadas e
só recentemente a Igreja passou a se dar conta dessa lacuna.
Apresentamos aqui oito
santas e beatas que viveram a maternidade, procurando deixar de fora nesse
momento aquelas que, depois da viuvez, ingressaram na vida religiosa, como Rita
de Cássia (1381-1457), Joana Francisca de Chantal (1572-1641) e Elizabeth Ann
Seton (1774-1821). Conheça um pouco sobre essas santas e mães.
Santa Gianna Beretta
Molla (1922-1962)
Gianna formou-se médica
aos 27 anos e em seguida especializou-se em pediatria. Ela desejava tornar-se
leiga missionária no Brasil, onde estava o seu irmão, o frei Alberto Beretta,
para cuidar dos necessitados. Na oração, porém, discerniu sua vocação ao
matrimônio. Casou-se aos 33 anos com o engenheiro Pietro Molla, com quem teve
quatro filhos. Todas as suas gestações foram difíceis, mas a última teve uma
complicação a mais: a descoberta de um tumor no útero. Gianna recusou-se a
abortar e submeteu-se a uma delicada cirurgia, que teve sucesso. Sua filha
nasceu com saúde, mas a mãe acabou morrendo uma semana depois de dar à luz – em
uma oferta da própria vida que o Beato Paulo VI chamou de “meditada imolação”.
Santa Mônica (331-387)
Nascida na atual
Argélia, Mônica casou-se aos 17 anos com Patrício, com quem passou a viver na
cidade de Tagaste. O marido tinha um temperamento violento, mas a oração e o
testemunho de Mônica o levaram à conversão. O casal ocupava razoável posição
social, mas apesar disso Mônica não era feliz no casamento, pois sofria com a
infidelidade do marido. Por isso começou a atingir o ideal cristão de boa
esposa e mãe, já que nunca criou discórdia embora sofresse.
O casal teve ao menos
três filhos, sendo um deles Santo Agostinho, Doutor da Igreja, um dos maiores
personagens da história do cristianismo. Um filho difícil, cheio de vaidade e
avesso à fé cristã professada pela mãe, Agostinho deu trabalho. Mônica decidiu
segui-lo até a Itália, onde ambos conheceram Santo Ambrósio, que se tornou seu
diretor espiritual. Foi também com a sua ajuda – e com as orações e as lágrimas
da mãe – que Agostinho se converteu e pediu o batismo. É o que ele reconhece em
suas Confissões: “Deu-me a vida temporal segundo a carne e, pelo coração,
fez-me nascer para a vida eterna”.
Morreu aos 56 anos, no
ano de 387, mesmo ano da conversão de seu filho. Seu corpo foi
"descoberto" em 1430 e transferido para Roma onde mais tarde uma
igreja lhe foi dedicada. Mônica foi canonizada não por ter operado milagres ou
por ser mártir, mas sim por ter sido, a "responsável pela conversão de seu
filho" mostrando empenho em ensinar condutas cristãs como moral, pudor e
mansidão, mostrando a intervenção feminina no interior da família, pois foi o
meio, através da oração, que contribuiu para a vida religiosa do filho.
Os marinheiros que
acompanhavam Santo Agostinho em suas viagens mediterrâneas se confortavam
orando à Mônica, pedindo a chegada a salvo.
Beata Maria Corsini
(1884-1965)
Nascida em Florença,
casou-se aos 21 anos com o Beato Luigi Beltrame Quattrocchi. Corsini
dedicava-se a escrever livros educativos e servia como catequista em cursos de
noivos, uma novidade em sua época. Além disso, foi enfermeira durante a II
Guerra. O casal ia junto à missa pela manhã todos os dias, e de noite rezava o
terço. Tiveram quatro filhos e foram beatificados juntos, em 2001, por São João
Paulo II. Sua última filha ainda viva morreu em 2012.
Beata Hildegarda Burjan
(1883-1933)
Nascida na Alemanha em
uma família judia não-praticante, Hildegard estudou filosofia, política e
economia. Aos 24 anos, casou-se com o empresário húngaro Alexander Burjan. No
mesmo ano, doutorou-se em filosofia e, um ano depois, ficou gravemente enferma devido
a um problema nos rins. Vendo o serviço das freiras no hospital, decidiu pedir
o batismo. Depois de curada, mudou-se com o esposo para Viena, onde tiveram uma
filha. Fundou uma congregação religiosa feminina, chamada Caritas Socialis, que
diante dos problemas sociais da capital austríaca organizou agências de
empregos, lares para mães solteiras, hospitais e locais de distribuição de
alimento para os pobres. Ingressou ainda no Partido Social Cristão e se tornou,
em 1919, deputada federal.
Beata Isabel Canori
Mora (1774-1825)
Isabel casou-se aos 24
anos com o advogado Cristoforo Mora, que logo a traiu e negligenciou a família,
depois de gerarem duas filhas. Abandonada pelo marido, precisou trabalhar duro
para sustentar as pequenas e, ainda assim, dedicava-se intensamente à oração –
principalmente pela conversão de Cristoforo – e ao cuidado dos pobres e
doentes. Morreu aos 51 anos, em Roma, onde passou toda a vida. Pouco tempo
depois, seu marido se converteu e tornou-se padre na Ordem dos Frades Menores, os
franciscanos.
Santa Zélia Guérin
(1831-1877)
Zélia tentou
inicialmente enveredar pela vida religiosa, mas logo se deu conta de que sua
vocação era o matrimônio. Dona de uma pequena fábrica de rendas, casou-se aos
27 anos com São Luís Martin, um relojoeiro. O casal viveu na cidade francesa de
Alençon e teve nove filhos, dos quais quatro morreram prematuramente. Ela
também morreu cedo, de câncer de mama, e não viu uma das filhas entrar no
Carmelo e se tornar a grande Santa Teresa do Menino Jesus, Doutora da Igreja. Outra filha está a caminho dos altares, a Serva de Deus Leônia Martin (Ir. Francisca Teresa).
Beata Anna Maria Taigi
(1769-1837)
Nascida em Siena,
precisou se mudar com a família para Roma aos cinco anos, depois de ir à
falência. Aos 20 anos, casou-se com Domenico Taigi. Tiveram sete filhos, dos
quais três morreram prematuramente. Depois de uma experiência de conversão, na
Basílica de São Pedro, Anna Maria decidiu renunciar a uma vida mundana e deu
todas as suas joias e roupas de luxo. Com uma vida de intensa penitência,
demonstrava grande afabilidade por todos, sobretudo por sua família e pelos
pobres. Diz-se ainda que teve dons místicos e operava curas.
Santa Emília de
Cesareia (+375)
Sabe-se pouco
sobre Santa Emília, mas se pelos frutos é possível conhecer as árvores, parece
que ela fez alguma coisa direito. Afinal, dos seus dez filhos, seis são
venerados como santos: Macrina, a Jovem, Teosébia, Naucrácio, Pedro de Sebaste,
Gregório de Nissa e Basílio Magno, os dois últimos Doutores da Igreja. Com o
esposo, São Basílio, o Velho – filho de Santa Macrina, a Velha –, Emília foi
exilada durante o tempo da perseguição de Galério.
Um comentário:
Grandes e fiéis mulheres da vida de Deus, glorificarsm o Senhor com amor e servidão. Glória a Deus nos mais altos dos céus.
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