São José Cafasso, Presbítero |
O tipo de sacerdote que Cafasso encontrou no internato e que ele mesmo contribuiu para reforçar - sobretudo como reitor - era o do verdadeiro pastor, com uma rica vida interior e um profundo zelo no cuidado pastoral: fiel à oração, comprometido na pregação, na catequese, dedicado à celebração da Eucaristia e ao ministério da Confissão, segundo o modelo encarnado por São Carlos Borromeu, por São Francisco de Sales e promovido pelo Concílio de Trento. Uma feliz expressão de São João Bosco sintetiza o sentido do trabalho educativo naquela comunidade: "No internato se aprendia a ser sacerdote".
São José Cafasso
procurou levar a cabo este modelo na formação dos jovens sacerdotes, para que,
por sua vez, estes se convertessem em formadores de outros sacerdotes,
religiosos e leigos, segundo uma especial e eficaz corrente. Da sua cátedra de
teologia moral, ele educava para que fossem bons confessores e diretores
espirituais, preocupados pelo verdadeiro bem espiritual da pessoa, incentivados
por um grande equilíbrio em fazer sentir a misericórdia de Deus e, ao mesmo
tempo, um agudo e vivo sentido do pecado. Três eram as principais virtudes do
Cafasso professor, como recorda São João Bosco: calma, delicadeza e prudência.
Para ele, a verificação do ensino transmitido estava constituída pelo
ministério da Confissão, à qual ele mesmo dedicada muitas horas do dia; a ele
se dirigiam bispos, sacerdotes, religiosos, leigos eminentes e pessoas simples:
a todos sabia oferecer o tempo necessário. De muitos, também, que chegaram a
ser santos e fundadores de institutos religiosos, foi sábio conselheiro
espiritual. Seu ensino nunca era abstrato, baseado somente nos livros
utilizados nessa época, mas nascia da experiência viva da misericórdia de Deus
e do profundo conhecimento da alma humana, adquirido no longo tempo
transcorrido no confessionário e na direção espiritual: a sua era verdadeiramente
uma escola de vida sacerdotal.
Seu segredo era
simples: ser um homem de Deus; fazer, nas pequenas ações cotidianas, "o
que possa representar maior glória de Deus e maior proveito das almas".
Amava de forma total o Senhor, estava animado por uma fé bem arraigada,
sustentado por uma oração profunda e prolongada, vivia uma sincera caridade com
todos. Conhecia a teologia moral, mas conhecia também as situações e o coração
das pessoas, de cujo bem se encarregava, como o bom pastor. Os que tinham a
graça de estar perto dele se transformavam em outros bons pastores e
confessores válidos. Indicava com clareza a todos os sacerdotes a santidade a
ser alcançada precisamente no ministério pastoral.
O Beato Clemente Marchisio, fundador das Filhas de São José, afirmava: "Entrei no internato sendo um grande travesso e um meio doido, sem saber o que queria dizer ser sacerdote, e saí de lá sendo totalmente diferente, plenamente imbuído da dignidade do sacerdote". Quantos sacerdotes foram formados no internato e depois seguidos espiritualmente! Entre estes, como já comentei, surge São João Bosco, que o teve como diretor espiritual durante 25 anos (de 183 a 1860): antes como clérigo, depois como sacerdote e depois como fundador. Todas as escolhas fundamentais da vida de São João Bosco tiveram como conselheiro e guia São José Cafasso, mas de uma maneira bem precisa: Cafasso jamais buscou formar em Dom Bosco um discípulo "à sua imagem e semelhança", e Dom Bosco nunca copiou Cafasso; imitou-o certamente nas virtudes humanas e sacerdotais, definindo-o, de fato, como "modelo de vida sacerdotal"; mas desenvolveu suas próprias atitudes pessoais e sua peculiar vocação - um sinal da sabedoria do mestre espiritual e da inteligência do discípulo: o primeiro não se impôs sobre o segundo, mas o respeitou em sua personalidade e o ajudou a ler qual era a vontade de Deus sobre ele.
Queridos amigos, este é um ensinamento belíssimo para todos aqueles que estão comprometidos na formação e educação das jovens gerações e é também um forte convite sobre quão importante é ter um guia espiritual na própria vida, que ajude a entender o que Deus quer de nós. De maneira simples e profunda, nosso santo afirmava: "Toda a santidade, a perfeição e o proveito de uma pessoa está em fazer perfeitamente a vontade de Deus (...). Felizes nós, se conseguirmos verter assim nosso coração dentro do de Deus, unir de tal forma nossos desejos, nossa vontade à sua, que formem um só coração e uma só vontade: querer o que Deus quer, querer na forma, no tempo, nas circunstâncias que Ele quiser e querer tudo isso não por outro motivo a não ser porque Deus o quer".
O Beato Clemente Marchisio, fundador das Filhas de São José, afirmava: "Entrei no internato sendo um grande travesso e um meio doido, sem saber o que queria dizer ser sacerdote, e saí de lá sendo totalmente diferente, plenamente imbuído da dignidade do sacerdote". Quantos sacerdotes foram formados no internato e depois seguidos espiritualmente! Entre estes, como já comentei, surge São João Bosco, que o teve como diretor espiritual durante 25 anos (de 183 a 1860): antes como clérigo, depois como sacerdote e depois como fundador. Todas as escolhas fundamentais da vida de São João Bosco tiveram como conselheiro e guia São José Cafasso, mas de uma maneira bem precisa: Cafasso jamais buscou formar em Dom Bosco um discípulo "à sua imagem e semelhança", e Dom Bosco nunca copiou Cafasso; imitou-o certamente nas virtudes humanas e sacerdotais, definindo-o, de fato, como "modelo de vida sacerdotal"; mas desenvolveu suas próprias atitudes pessoais e sua peculiar vocação - um sinal da sabedoria do mestre espiritual e da inteligência do discípulo: o primeiro não se impôs sobre o segundo, mas o respeitou em sua personalidade e o ajudou a ler qual era a vontade de Deus sobre ele.
Queridos amigos, este é um ensinamento belíssimo para todos aqueles que estão comprometidos na formação e educação das jovens gerações e é também um forte convite sobre quão importante é ter um guia espiritual na própria vida, que ajude a entender o que Deus quer de nós. De maneira simples e profunda, nosso santo afirmava: "Toda a santidade, a perfeição e o proveito de uma pessoa está em fazer perfeitamente a vontade de Deus (...). Felizes nós, se conseguirmos verter assim nosso coração dentro do de Deus, unir de tal forma nossos desejos, nossa vontade à sua, que formem um só coração e uma só vontade: querer o que Deus quer, querer na forma, no tempo, nas circunstâncias que Ele quiser e querer tudo isso não por outro motivo a não ser porque Deus o quer".
São José Cafasso: apóstolo dos encarcerados |
Mas outro
elemento caracteriza o ministério do nosso santo: a atenção aos últimos, em
particular aos presos, que em Turim do século XIX viviam em lugares inumanos e
inumanizadores. Também neste delicado serviço, levado a cabo durante mais de
vinte anos, ele foi sempre o bom pastor, compreensivo e compassivo - qualidade
percebida pelos detentos, que acabavam por ser conquistados por esse amor
sincero, cuja origem era o próprio Deus.
A simples presença de Cafasso fazia o
bem: serenava, tocava os corações endurecidos pelas circunstâncias da vida e
sobretudo iluminava e removia as consciências indiferentes. Nos primeiros anos
do seu ministério entre os presos, ele recorria frequentemente às grandes
pregações que chegavam a envolver quase toda a população carcerária.
Com o passar do tempo, privilegiou a catequese pequena, feita nos colóquios e nos encontros pessoais: respeitoso das circunstâncias de cada um, enfrentava os grandes temas da vida cristã, falando da confiança em Deus, da adesão à sua vontade, da utilidade da oração e dos sacramentos, cujo ponto de chegada é a confissão, o encontro com Deus, feito para nós misericórdia infinita.
Os condenados à morte foram objetos de cuidados humanos e espirituais especialíssimos. Ele acompanhou ao patíbulo, após tê-los confessado e administrado a Eucaristia, 57 condenados à morte. Acompanhava-os com profundo amor, até a última respiração da sua existência terrena.
São José Cafasso: anjo dos condenados. |
Com o passar do tempo, privilegiou a catequese pequena, feita nos colóquios e nos encontros pessoais: respeitoso das circunstâncias de cada um, enfrentava os grandes temas da vida cristã, falando da confiança em Deus, da adesão à sua vontade, da utilidade da oração e dos sacramentos, cujo ponto de chegada é a confissão, o encontro com Deus, feito para nós misericórdia infinita.
Os condenados à morte foram objetos de cuidados humanos e espirituais especialíssimos. Ele acompanhou ao patíbulo, após tê-los confessado e administrado a Eucaristia, 57 condenados à morte. Acompanhava-os com profundo amor, até a última respiração da sua existência terrena.
Morreu no dia 23
de junho de 1860, após uma vida oferecida totalmente ao Senhor e consumada pelo
próximo. Meu predecessor, o venerável servo de Deus Papa Pio XII, no dia 9 de
abril de 1948, proclamou-o padroeiro das prisões italianas e, com a exortação
apostólica Menti Nostrae, em 23 de setembro de 1950, o propôs como modelo aos
sacerdotes comprometidos na confissão e na direção espiritual.
Queridos irmãos
e irmãs: que São José Cafasso seja um convite para todos a intensificar o
caminho rumo à perfeição da vida cristã, a santidade; em particular, que
recorde aos sacerdotes a importância de dedicar tempo ao sacramento da
Reconciliação e à direção espiritual, e a todos a atenção que devemos ter com
os mais necessitados. Que nos ajude a intercessão da Beata Virgem Maria, a quem
São José Cafasso era devotíssimo e chamada de "nossa querida Mãe, nosso
consolo, nossa esperança".
[No final da
audiência, o Papa cumprimentou os peregrinos em vários idiomas. Em português,
disse:]
Queridos irmãos
e irmãs:
Na semana
passada, fez cento e cinquenta anos que morreu São José Cafasso, que
resplandece na Igreja pelos seus dotes de diretor espiritual e o seu grande
espírito de caridade. Este o levou a privilegiar os últimos, os encarcerados:
durante mais de vinte anos, foi o pastor compreensivo e compassivo dos reclusos
de Turim. Por isso depois foi proclamado pelo Papa Pio XII patrono dos
estabelecimentos carcerários. São José Cafasso não foi pároco como o Santo Cura
d'Ars, mas formador de párocos e sacerdotes diocesanos; mais ainda, formador de
sacerdotes santos, entre os quais se conta São João Bosco. O seu segredo era
simples: ser um homem de Deus, procurando, nas ações humildes de cada dia,
fazer tudo aquilo que pode servir para a maior glória de Deus e o bem das
almas.
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