São Serafim de Montegranaro, Capuchinho |
São
Serafim de Montegranaro
1540-1604
Batizado
com o nome de Félix, nasceu em 1540, em Montegranaro, na região das Marcas, na
Itália. De família numerosa e muito pobre, era o quarto filho de Jerônimo
Rapagnano e Teodora Giovannuzzi, cristãos fervorosos. Desde a infância teve de
buscar o seu sustento. Trabalhou como serviçal nas casas de camponeses e
aprendeu a pastorear rebanhos, exercendo essa função até os dezoito anos. Era
analfabeto e aprendeu, contemplando a natureza e na sua solidão, a elevar o
espírito para Deus.
Nessa
idade, ingressou no Convento dos capuchinhos de Tolentino como irmão leigo e
recebeu o nome de frei Serafim de Montegranaro, fazendo o noviciado em Jesi.
Percorreu quase todos os conventos da região porque, devido à sua falta de instrução,
apesar da sua boa vontade e dedicação, não conseguia cumprir satisfatoriamente
as tarefas que lhe confiavam os superiores e os frades da comunidade. Mas
sempre lhe eram poupadas as repreensões e os castigos, por causa de sua
extraordinária bondade, pobreza, humildade, pureza e mortificação.
Exerceu
as mais simples funções, de porteiro e esmoleiro, sempre em contato com os mais
diversos grupos de pessoas, para as quais sempre distribuía palavras piedosas,
conduzindo os fiéis à misericórdia de Deus.
A
exemplo do santo fundador da Ordem, são Francisco de Assis, amou a natureza e
através dela seu coração era conduzido a Deus. Em 1590, finalmente,
estabeleceu-se no Convento de Ascoli Piceno. Os habitantes da cidade
afeiçoaram-se tanto ao singelo frade Serafim que, em 1602, quando souberam que
seria transferido, as autoridades escreveram aos superiores capuchinhos e
impediram a sua partida. E não foi só nessa ocasião, nas outras tentativas
também. Assim, o querido e respeitado frade Serafim permaneceu em Ascoli Piceno
até morrer.
Era
um verdadeiro mensageiro da paz e do amor de Cristo, sua palavra ou a sua
simples presença exercia uma ação enorme em todas as pessoas: acalmava os
ânimos, extinguia ódios. Viveu em oração, humildade, penitência e trabalho.
Deus
encarregou-se de o ajudar, suprindo-o, nas suas capacidades, com os dons da
cura, de penetrar os corações, de confortar as almas de um modo especial.
Enquanto Serafim se manteve sempre na fidelidade do amor a Deus, estudando como
ninguém os seus dois livros: o crucifixo e o terço de Maria.
Aos
sessenta e quatro anos de idade, morreu no dia 12 de outubro de 1604. A voz do
povo começou a difundir a fama de sua santidade por toda a Itália e logo
atingiu todos os locais onde os capuchinhos se fixaram.
O
papa Paulo V autorizou, pessoalmente, que se acendesse uma lâmpada junto da sua
sepultura, em 1605. Foi canonizado pelo papa Clemente XIII em 1767. A festa de
são Serafim de Montegranaro ocorre na data de sua morte.
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São
Serafim de Montegranaro faz plenamente parte do exército de Santos que, desde o
princípio, enriqueceram a Ordem dos Frades Capuchinhos. Ele assimilou de
maneira tão profunda a exortação evangélica a "rezar sempre, sem jamais
desfalecer" (cf. Lc 18, 1; 21, 36), que a sua mente permanecia
habitualmente mergulhada nas coisas do espírito, a tal ponto que muitas vezes
chegava a tornar-se alheio a tudo aquilo que o circundava. Ele detinha-se para
contemplar a presença divina na criação e nas pessoas, haurindo desta prática a
inspiração para uma união constante com Deus.
A
sua oração prolongava-se durante horas no silêncio da noite, à luz trémula da
lâmpada que, na igreja conventual, ardia diante do Tabernáculo. Com que devoção
o humilde frade participava na Celebração Eucarística! E por quanto tempo ele
permanecia em adoração estática à frente do Santíssimo Sacramento, deixando que
a sua oração se elevasse como um incenso agradável ao Senhor!
Animado
por um amor intenso pela Paixão de Jesus Cristo, ele detinha-se para meditar
sobre os sofrimentos do Senhor e da Santíssima Virgem. O frade gostava de
repetir o Stabat Mater e, ao
recitá-lo, desatava em lágrimas, suscitando a emoção da parte daqueles que se
punham à sua escuta. Trazia sempre consigo o Crucifixo de ferro, que até hoje é
conservado como uma relíquia preciosa; com este Crucifixo, ele habitualmente
abençoava os enfermos, implorando para eles tanto a cura física como espiritual
3.
O seu estilo de vida humilde e essencial, que passava num pequeno quarto
despojado e angusto, as suas vestes miseráveis e remendadas, constituem
testemunhos eloquentes do amor que ele nutria pela "Senhora Pobreza".
O espírito de menoridade convicta, que para ele se tinha tornado conatural ao
longo dos anos, deixava transparecer a verdadeira grandeza da sua alma. Ele
compreendeu perfeitamente a página evangélica, que proclama: "Quem quiser
ser grande entre vós, que se faça vosso servo, e quem quiser ser o primeiro
entre vós, que se faça o servo de todos" (Mc 10, 43-44).
Às
penitências incessantes, que ele escolhia livremente, entre as quais também o
recurso ao cilício e à disciplina, o Santo unia a prática quotidiana de
sacrifícios e de renúncias e, como mendigo, percorria caminhos empoeirados e
assolados, compartilhava as dificuldades de numerosos dos seus contemporâneos.
Ele gostava de frequentar as camadas menos abastadas e mais marginalizadas da
população, para compreender até as exigências mais recônditas das mesmas e para
aliviar os seus sofrimentos físicos e espirituais. E demonstrava a mesma
disponibilidade para com quantos iam bater à porta do seu Convento. O Santo foi
um grande pacificador das famílias porque, segundo as diversas circunstâncias,
conseguia harmonizar com sabedoria as vigorosas exortações com gestos de solidariedade
repletos de amor e com palavras de consolação encorajadora.
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