Simples sacerdote e de
família humilde como Dom Bosco - do qual foi aluno - Dom Orione maravilhou a Igreja e o mundo inteiro com sua santidade, seu zelo apostólico, suas inumeráveis obras em
benefício dos meninos pobres e de toda espécie de pessoas necessitadas.
O lema por ele adotado,
"Renovar tudo em Cristo", se desdobra historicamente neste:
"Renovar tudo na Igreja"; e, na via da ação, pode ser formulado
também assim: "Renovar tudo na
caridade".
Como o Divino Mestre,
"passou pelo mundo fazendo o bem". E, chegada a hora de apresentar-se
ao Supremo Juiz, entregou serenamente a alma a Deus, deixando escapar de seus
lábios estas palavras carregadas de júbilo e de esperança: "Jesus! Jesus!
Estou indo”.
"Faremos
dele um general!"
Em Pontecurone, uma vila no Norte
da Itália, nasceu Luís Orione no dia 23 de junho de 1872, numa dependência da casa campestre do Ministro Urbano Rattazzi, da qual o casal Vittorio e Carolina
Orione eram porteiros.
O Ministro gostava de entreter-se
familiarmente com seus empregados. Tomando o pequeno Luís nos braços, disse ao
seu pai: "Faremos dele um general!" Essa promessa - uma mera
amabilidade do ilustre homem de Estado - realizou-se, entretanto, com toda
exatidão, pois o próprio Senhor já havia decidido: "Farei deste menino
um grande general”, como veremos mais adiante.
A infância de Luís Orione pode
resumir-se em poucas palavras: pobreza, trabalho, piedade e, sobretudo, uma
grande vocação.
De 1886 a 1889, ele estudou no Oratório
Salesiano de Valdocco, de onde saiu para ingressar no Seminário Diocesano de
Tortona. Ainda como seminarista, começou a dedicar-se às obras de ajuda aos
mais necessitados, participando da Sociedade de Socorro Mútuo São Marciano e
das Conferências Vicentinas. Em julho de 1892, seguindo a trilha de Dom Bosco,
abriu seu primeiro Oratório, um local para a educação cristã e de recreação para
meninos pobres.
Fundação do primeiro colégio
Para o seu zelo ardente, isto parecia
pouco. Assim, no ano seguinte, fundou um colégio, em regime de internato, para
de famílias pobres. Não passava ele então de um seminarista de apenas 21 anos
de idade, e sem quaisquer recursos em dinheiro!
Mas a Divina Providência não desampara
as almas escolhidas por Ela. As inspira e fortalece para que levem adiante grandes obras. Ao contratar o
aluguel do imóvel para o colégio, o proprietário exigiu pagamento adiantado do primeiro ano letivo: 400 liras. Orione não dispunha de um centavo sequer, mas garantiu
ao homem: "A Providência resolverá". Saiu dali, dirigindo-se para a
Catedral. No caminho, foi interrompido por uma velhinha:
- Onde vai, Orione?
- Estou abrindo um colégio - respondeu
ele.
- Que bom! Posso pôr meu neto no seu colégio?
Quanto o senhor me cobra?
- Pague o que a senhora puder. - Eu
tenho 400 liras que economizei para a educação do meu neto... São suficientes
para quanto tempo?
-
400 liras! Seu neto poderá ficar no colégio durante todo o tempo de seus
estudos! - exclamou Dom Orione.
Voltando imediatamente, fez ao
proprietário o pagamento exigido para o primeiro ano de locação. Assim começou
essa grandiosa obra que em menos de meio século difundiu seus benefícios por
inúmeros países.
Ordenado
sacerdote, começa a formar seu "exército".
Em 13 de abril de 1895, Dom Orione foi
ordenado sacerdote. Neste mesmo dia, entregou a batina clerical a seis alunos
de seu colégio que tinham vocação sacerdotal. E em pouco tempo abriu novos
colégios em Mornico, em Noto, em Sanremo e em Roma.
Dom Orione tinha, de fato, valiosos
dotes de general. Logo uniu a si os padres e seminaristas que, sob seu comando,
constituíram o primeiro núcleo de uma pujante família religiosa: a Pequena Obra
da Divina Providência.
São Luís Orione descendo o Monte Soratte (Viterbo)
após uma visita sua aos eremitas da Pequena Obra
da Divina Providência.
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Em março de 1903, o Bispo Dom Igino
Bandi deu aprovação canônica à nova Congregação, que se propunha
"trabalhar para levar os pequenos, os pobres e o povo à Igreja e ao Papa,
mediante obras de caridade". Além dos três votos habituais - pobreza,
obediência e castidade - o amor dos Orionitas à Cátedra de Pedro levou-os a
desejar um quarto voto: o de "especial fidelidade ao Papa".
A seu tempo, foram surgindo os novos
ramos da Família Orionita: além dos padres, as religiosas, os eremitas da
Divina Providência. Em seguida, as Pequenas Irmãs Missionárias da Caridade, às
quais se associaram as Irmãs Sacramentinas Adoradoras e, algum tempo depois, as
Contemplativas de Jesus Crucificado.
O Pe. Orione organizou também diversos
grupos de leigos, de ambos os sexos, os quais, mais tarde, constituíram o
Instituto Secular Orionita (ISO) e o amplo leque de associações do Movimento
Laical Orionita (MLO).
Um
coração desejoso de abarcar o mundo inteiro
Relicário com o coração incorrupto de São Luís Orione |
Depois da primeira Grande Guerra
(1914-1918), multiplicaram-se as escolas, colégios, colônias agrícolas, obras e
sociais. Entre as muitas obras, as mais características foram os "Pequenos
Cotolengos", institutos localizados nas periferias das grandes cidades
para acolher os mais necessitados e abandonados.
O zelo apostólico de Dom Orione cedo se
manifestou com o envio de missionários ao Brasil, à Argentina, ao Uruguai, ao
Chile, à Palestina, à Polônia, a Rodes, aos Estados Unidos, à Inglaterra e à
Albânia. Tudo isso até o ano de 1936.
Além de grande pregador, Dom Orione foi
exímio confessor, organizador de peregrinações e de missões populares. Grande
devoto de Nossa Senhora, propagou de todos os modos a devoção mariana.
São Luís Orione, sempre sorridente.
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Ao longo de sua vida, Dom Orione recebeu
demonstrações de estima e confiança de Papas e de autoridades civis, que o
incumbiram de missões importantes e delicadas, em difíceis situações de
relacionamento entre a Igreja e a Sociedade civil.
Em 1940, com sua obra espalhada por
vários continentes, o Pe. Orione foi atacado de grave enfermidade cardíaca,
sendo obrigado a submeter-se a tratamentos médicos. Apenas três dias depois,
faleceu serenamente, pronunciando estas curtas palavras: "Jesus! Jesus! Estou
indo."
Seu corpo foi sepultado na cripta do
Santuário da Guarda e encontrado incólume 25 anos depois, em 1965. João Paulo
II declarou-o Bem-Aventurado em 1980.
Corpo incorrupto de São Luís Orione |
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