Os anos na Itália
A família
Mazenod partiu para o exílio na Itália, indo de uma cidadela à outra. O pai,
que havia sido Presidente da Câmara no Parlamento de Aix, viu-se obrigado a
entrar para o ramo do comércio para poder manter sua família. Porém ele se
revelou tão pouco hábil para os negócios que, ao fim de alguns anos, sua
família estava à beira da ruína. Eugênio estudou algum tempo no Colégio dos
Nobres, em Turim, mas a necessidade de partir rumo a Veneza marcaria, para ele,
o fim de uma freqüência escolar regular.
Um sacerdote
local, Don Bartolo Zinelli, que era próximo à família Mazenod, decidiu ajudar
na formação do jovem francês. Don Bartolo deu a Eugênio uma educação
fundamental impregnada do sentido de Deus e do desejo de uma vida piedosa, algo
que o acompanharia para sempre, apesar dos altos e baixos de sua existência.
Uma nova
mudança, desta vez rumo a Nápoles, acarretou um período de aborrecimento combinado
a um sentimento de impotência. A família mudou-se novamente, desta vez para
Palermo onde, graças à bondade do Duque e da Duquesa Cannizzaro, Eugênio pôde
experimentar, pela primeira vez depois de muito tempo, da nobreza que ele
achava tão agradável. Ele recebeu o título de "Conde de Mazenod",
iniciou-se nos hábitos do tribunal e pôs-se a sonhar com um futuro brilhante.
O retorno à França – o sacerdócio
Em 1802, aos 20
anos de idade, Eugênio pôde retornar ao seu país natal. Todos os seus sonhos e
ilusões rapidamente se desfizeram. Na França, ele não passava de “Cidadão”
Mazenod. Aquele país havia mudado demais! Seus pais haviam se separado. Sua mãe
tentava recuperar o patrimônio familiar e se ocupava em tentar casar Eugênio
com uma herdeira mais rica. O jovem tornou-se pessimista face ao futuro que se
lhe apresentava. Mas o seu cuidado tão espontâneo com os outros, aliado à fé
que havia desenvolvido em Veneza, começaram a se estabelecer na vida de
Eugênio, que ficou profundamente tocado pela situação desastrosa em que se
encontrava a Igreja na França, provocada, atacada e dizimada pela Revolução
Francesa.
O chamado ao
sacerdócio começou a se manifestar e Eugênio o atendeu e, a despeito da
oposição de sua mãe, entrou para o Seminário Saint-Sulpice em Paris. Em 21 de
Dezembro de 1811, foi ordenado sacerdote em Amiens.
Os engajamentos apostólicos: Oblatos de Maria
Imaculada
Retornando a
Aix-en-Provence, ele não assumiu paróquia alguma, mas começou a exercer seu
ministério ocupando-se especialmente em ajudar espiritualmente os mais pobres:
os prisioneiros, os jovens, os empregados, os camponeses. Freqüentemente,
Eugênio enfrentou a oposição do clero local. Porém, logo encontrou outros
sacerdotes igualmente zelosos e prontos a quebrar as regras (em nome do Reino
de Deus – N.T.). Eugênio e seus companheiros pregavam em provençal, a linguagem
corrente dos seus interlocutores, e não em francês, que era a língua das
pessoas instruídas. Eles iam de aldeia em aldeia ensinando aos aldeões e
passando horas e horas nos confessionários. Entre essas “missões paroquiais”, o
grupo se reencontrava para uma intensa vida comunitária de oração, estudo e de
vivência da fraternidade. Eles se denominavam “Os Missionários da Provença”.
Para assegurar a
continuidade da obra, Eugênio tomou uma importante decisão: foi até o Papa e
pediu-lhe autorização para que seu grupo fosse reconhecido como Congregação de
Direito Pontifício. Sua fé e sua
perseverança deram frutos e foi assim que, em 17 de Fevereiro de 1826, o Papa
Leão XII aprovou a nova Congregação sob o nome de "Oblatos de Maria
Imaculada". Eugênio foi eleito Superior Geral e continuou a inspirar e
guiar seus membros durante 35 anos, até a sua morte.
O número de
obras crescia: pregações, confissões, ministérios jovens, responsabilidade por
santuários mariais e paróquias, visitas a prisões, direções de seminários. No
cumprimento de tantas tarefas, Eugênio sempre insistia na necessidade de uma
profunda formação espiritual e de uma intensa vida comunitária. Ele amava Jesus
Cristo apaixonadamente e estava sempre pronto a assumir um novo compromisso se
enxergava nisso uma resposta às necessidades da Igreja. A “glória de Deus, o bem da Igreja e a santificação das almas” eram a
fonte do seu dinamismo interior.
Bispo de Marselha
A diocese de
Marselha havia sido extinta após a Concordata de 1802 entre Napoleão Bonaparte
e o Papa Pio VII. Ao ser restabelecida, o tio de Eugênio, Cônego Fortunato de
Mazenod, foi então nomeado para ser o Bispo responsável por aquela região. Logo
depois, o novo Bispo empossou Eugênio como Vigário Geral, e foi assim que o
imenso canteiro de obras da reconstrução da diocese acabou ficando sob sua
responsabilidade.
Após alguns
anos, em 1832, o próprio Eugênio foi nomeado Bispo auxiliar do seu tio. Sua
ordenação episcopal aconteceu em Roma, o que foi considerado como um desafio ao
governo francês, que se achava no direito de confirmar tais nomeações.
Seguiu-se uma acirrada batalha diplomática, estando Eugênio no centro de
acusações, incompreensões, ameaças e recriminações.
Para ele, este
foi um período doloroso, uma dor aumentada ainda mais pelas crescentes
dificuldades enfrentadas por sua própria família religiosa. Todavia, Eugênio
manteve-se firme no rumo certo e, finalmente, as coisas se acalmaram. Cinco
anos mais tarde, quando seu tio se aposentou, ele foi nomeado Bispo de
Marselha.
Um coração do tamanho do mundo
Mesmo que ele
tenha fundado os Oblatos de Maria Imaculada, inicialmente, para levar os
serviços da fé aos pobres dos campos da França, o zelo de Eugênio pelo Reino de
Deus e seu amor pela Igreja conduziram os Oblatos à condição do apostolado
missionário, levando-os a se instalarem na Suíça, na Inglaterra e na Irlanda.
Devido ao seu zelo apostólico, Eugênio era visto como um “segundo São Paulo”.
Bispos
missionários vieram pedir-lhe que enviasse Oblatos às suas áreas apostólicas em
expansão. Apesar do pequeno número de membros do seu Instituto, Eugênio
respondeu generosamente, enviando seus missionários ao Canadá, aos Estados
Unidos, ao Ceilão (atual Sri Lanka), à África do Sul e à Basutolândia (atual
Lesoto).
Missionários ao
seu modo, eles se espalharam pregando, batizando, levando a todos o seu apoio.
Frequentemente eles se instalavam em terras ignoradas, estabelecendo e
dirigindo novas dioceses e de vários modos eles “ousavam tudo para fazer
avançar o Reino de Deus”. Durante os anos que se seguiram, o ímpeto missionário
continuou de tal forma que atualmente o espírito de Eugênio de Mazenod está bem
vivo em 68 países.
Pastor de sua Diocese
Em meio à
agitação das atividades missionárias, Eugênio revelava-se o eminente pastor da
Diocese de Marselha. Ele assegurou a melhor formação aos seus sacerdotes,
estabeleceu novas paróquias, construiu uma nova catedral e uma basílica
espetacular, Nossa Senhora da Guarda, que dominava a paisagem da cidade.
Encorajava seus
sacerdotes a buscarem o caminho da santidade, convidava um grande número de
comunidades religiosas a trabalharem em sua diocese e liderava os Bispos
franceses no apoio ao Papa pelos seus direitos. Tornou-se uma figura reconhecida
da Igreja da França.
Em 1856, o
imperador Napoleão III nomeou-o senador. Na ocasião de sua morte, Eugênio era o
deão dos Bispos da França.
A herança de um santo
Em 21 de maio de
1861, Eugênio de Mazenod retornou para o Pai aos 79 anos de idade. Assim
terminava uma vida riquíssima em realizações, muitas das quais haviam sido
conquistadas à base de muito sofrimento. Para a sua família religiosa e sua
diocese, ele havia sido ao mesmo tempo ponto de apoio e inspiração; para Deus e
a Igreja, um filho fiel e generoso.
No momento de
sua morte, Eugênio deixou uma última recomendação: “Entre vós, praticai bem a
caridade! A caridade e no mundo, o zelo pela salvação das almas.” A Igreja,
declarando-o “Santo” em 03 de Dezembro de 1995, destaca estes dois aspectos de
sua vida: o amor e o zelo. Sua vida e obra permanecem para sempre uma abertura
ao mistério do próprio Deus. Este é o maior dom que Eugênio de Mazenod, Oblato
de Maria Imaculada, pode nos oferecer.
Oração da coleta da memória do santo:
Oração da coleta da memória do santo:
Oh, Deus, que na tua misericórdia,
quiseste enriquecer o santo Bispo Eugénio de Mazenod grandes virtudes
apostólicas para anunciar o Evangelho às gentes, concede-nos, por sua
intercessão, de arder no mesmo espírito e de tender unicamente ao serviço da
Igreja e à salvação das almas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
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