A cidade de Secondigliano, grande e populosa, do norte
de Nápoles, Itália, é mais conhecida como uma região de mafiosos do que de
santos.
Os problemas dos seus habitantes são inúmeros, entre os
quais estão as facções da máfia, a corrupção social e política que, somados,
desestruturam o sistema de serviços e a consciência, propiciando a formação de
gangues de todos os tipos de tráficos. Mas ela também tem boas obras. Como a de
padre Caetano Errico, que fundou, em 1833, a Congregação dos “Missionários dos Sagrados Corações de Jesus
e de Maria”.
A estátua de padre Caetano é bem visível de qualquer
ângulo da cidade. Com a mão direita, ele abençoa; com a esquerda, empunha o
crucifixo. A sua figura é imponente, não apenas pela beleza plástica da
escultura. Ele era, realmente, um homem grande, alto e bem forte, um gigante na
santidade e na figura humana.
Em 1791, essa cidade era pequena, uma planície com
muito ar puro e úmido no final da tarde, chamada de Casale Régio da Cidade de
Nápoles. Foi nesse ano que Caetano Errico nasceu, no dia 19 de outubro, o
segundo dos nove filhos de Pasqual, modesto fabricante de macarrão, e de Maria.
Quando mostrou vocação para a vida religiosa, logo obteve apoio da família. Aos
dezesseis anos, ingressou no seminário e, em 1815, recebeu a ordenação
sacerdotal.
Desde então, seu apostolado foi todo feito na igreja
paroquial de São Cosme e São Damião, da sua cidade natal.
Em 1818, durante a pregação, teve inspiração divina
para fundar uma congregação religiosa. Iniciou, imediatamente, pela construção
de uma igreja dedicada a Nossa Senhora das Dores. Entre inúmeras dificuldades,
a igreja foi erguida e abençoada doze anos depois, em 1830. Mas teve de esperar
outros cinco anos para adquirir a imagem de madeira de Nossa Senhora das Dores
e colocá-la no altar, onde permanece até hoje.
Além do trabalho pastoral da igreja, agora Caetano se
ocupava com a construção da Casa para abrigar a nova congregação de padres. Um dia, rezando na igreja dos padres redentoristas, o próprio santo Afonso de Ligório apareceu-lhe dizendo ser vontade de Deus que fundasse uma nova congregação. Decidiu que seria dedicada em honra dos Sagrados Corações de Jesus e Maria. E
nela empenhou toda a sua vida, que durou sessenta e nove anos de idade. Morreu
em 29 de outubro de 1860.
Aparição de Santo Afonso de Ligório a São Caetano Errico avisando-lhe ser da vontade de Deus que fundasse uma nova Congregação religiosa. |
Padre Caetano Errico foi homem de oração, de
penitência, dedicava muito tempo ao atendimento das confissões e auxiliava materialmente,
com suas obras, os marginalizados e pobres de toda a cidade e redondeza. Também foi um grande taumaturgo. Em seu processo de beatificação existem centenas e centenas de páginas com relatos de curas milagrosas, de previsões de fatos futuros que realmente se realizaram, de multiplicação de trigo, batata e outros provimentos que, além da multiplicação tornaram-se muito de grande tamanho e saborosos.
O culto à sua santidade e muitas outras graças atribuídas à sua intercessão começaram quando ele ainda estava no seu leito de morte. Tanto que no interior
da casa-mãe da Congregação foi preciso instalar um museu para abrigar as
doações dos elementos testemunhais dos devotos, que lembram as graças
alcançadas. E é curioso como o povo não permite que a imagem do fundador seja
retirada do altar, onde foi colocada, para a sua simples apresentação, quando
chegou. Era para ficar no museu, mas todos a querem ver ali, ao lado de Nossa
Senhora das Dores.
O Papa São João Paulo II proclamou bem-aventurado
Caetano Errico em 2002, e designou o dia de sua morte para a homenagem
litúrgica. Foi canonizado na Praça de São Pedro pelo Papa Bento XVI no dia 12
de outubro de 2008.
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