Deus é glorificado em seus santos! Hoje trago a história de São Cipriano, que, antes da conversão, fora feiticeiro ou "bruxo", adepto da "magia negra", e de Santa Justina, virgem, que por causa de sua constância na fé, suas orações e exemplo, serviu de canal para a conversão de Cipriano. Vejam que história maravilhosa...
São Cipriano¹, cognominado “o feiticeiro”,
natural de Antioquia, na Fenícia, foi pelos pais introduzido em todos os
segredos da superstição, astrologia e feitiçaria. Para ampliar os conhecimentos
na arte mágica, fez grandes viagens e visitou os centros principais do mundo,
como Atenas, Menfis, Argos e a Índia.
Mestre em todas as
artes diabólicas da feitiçaria, entregou-se a uma vida desbravada. Para a
religião cristã, havia só insultos; crianças inocentes eram as suas vítimas
prediletas; tendo-as enforcado, oferecia o sangue das mesmas como holocausto ao
demônio, e nas entranhas ainda palpitantes procurava conhecer os segredos do
futuro. Perseguição atroz fazia às donzelas, aproveitando-se de enredos
diabólicos para demovê-las do caminho da virtude. Malogravam, porém, estes
artifícios diante das jovens cristãs.
Uma delas era
Justina, que morava em Antioquia, cristã fervorosa, porém, filha de pais
pagãos. Formosa de corpo e de espírito, pelo seu exemplo fez com que toda a
família se convertesse ao cristianismo.
Agládio, jovem
pagão, ardia em paixão pela jovem cristã. Não podendo, porém, cativar-lhe a
afeição, recorreu aos artifícios mágicos de Cipriano. Justina experimentou em
si os acessos diabólicos, os quais conseguiu debelar pela oração e pelo sinal
da cruz. Vendo-se tão rudemente assaltada pelas tentações mais horríveis, a
virgem recomendou-se frequentemente à Rainha das Virgens e saiu vitoriosa das
insídias do inimigo.
O fracasso de seus
estratagemas mais poderosos, fez Cipriano duvidar do poder dos demônios, tanto
que tomou a resolução de livrar-se deles. Lutas terríveis foram as
consequências desta mudança; pois o demônio não ia privar-se de um instrumento
para ele utilíssimo, como era Cipriano. Apoderou-se do espírito deste uma
profunda tristeza e a lembrança dos feitos passados levou-o quase ao desespero.
Deus mandou-lhe
alívio pelo sacerdote Eusébio. As orações e as palavras confortadoras deste
santo homem, fizeram com que Cipriano não desfalecesse no meio do caminho.
Grande foi a surpresa dos fiéis, quando viram o grande e terrível feiticeiro
num domingo entrar na igreja, conduzido por Eusébio. O próprio bispo não quis
acreditar no que via e pôs-se a duvidar da sinceridade desta conversão.
Cipriano, porém, trouxe todos os livros cabalísticos e entregou-os ao fogo, Na
presença de todo o povo, e distribuiu a sua fortuna entre os pobres.
À vista desta
mudança radical, o bispo consentiu que Cipriano fosse batizado. Junto com ele,
Agládio recebeu o sacramento do Batismo. Justina, vendo as maravilhas da divina
graça, cortou a sua linda cabeleira e pelo voto de virgindade perpétua, dedicou-se
ao serviço de Deus.
A conversão de
Cipriano foi sincera e constante. Os escândalos da vida passada, reparou-os
pela conduta exemplar e pela prática das mais belas virtudes. A dedicação à
causa de Deus mereceu-lhe a dignidade de sacerdote e mais tarde de bispo.
Veio a perseguição
diocleciana. Cipriano foi Levado a Tiro, onde sofre atrozmente. Também Justina,
acusada de cristã, foi apresentada ao governador da Fenícia, que a submeter à
flagelação crudelíssima. Transportados para Nicomédia, onde se achava
Diocleciano, pelo próprio imperador foram sentenciados à morte pela
decapitação. A sentença foi executada em 304.
As relíquias dos
dois Mártires foram trasladadas para Roma, onde Rufina, cristã fervorosa da
família dos Cláudios, erigiu uma igreja sob a invocação de Cipriano e Justina.
Hoje, os corpos destes dois grandes mártires, descansam na igreja de São João
de Latrão, em Roma.
1.
Observação:
não confundir com São Cipriano de Cartago.
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