Sua
terra natal, Moravia, estava sujeita ao imperador austríaco Francisco José
quando Helena nasceu, no dia 1º de maio de 1894; era a sexta dos sete filhos de
Anton e Maria Kafka. A família mudou-se em 1896 da região nativa para Viena, a
capital do império. Sua família era de um humilde sapateiro; Helena é pobre e
além disso gaga. Era também um pouco teimosa, pelo menos a julgar pelo caráter
forte e por sua maneira de fazer, rápida e decidida, que a acompanhou por toda
a vida.
Aos 15 anos, Helena desejaria continuar a
estudar, mas mandaram-na trabalhar como empregada; aos 18 anos manifestou sua
vocação de se tornar freira, mas os seus familiares se opõem fortemente. Então,
ela resignou-se a esperar os 20 anos, e quando atingiu aquela idade fugiu de casa
para ir para o convento. As Irmãs Franciscanas da Caridade Cristã de Viena lhe
deram o nome de Irmã Restituta e designaram-na para a enfermaria, ocupação que
sempre fora o seu maior desejo, porque ela gostava de servir Jesus nos doentes.
No hospital regional de Mödling, perto de
Viena, a religiosa tornou-se uma instituição para os médicos, para as outras
enfermeiras, mas especialmente para os doentes, aos quais sabia como comunicar
com extraordinária eficácia o seu amor pela vida, a sua própria e a dos outros,
na alegria e no sofrimento. Ela era uma mulher, diriamos hoje, esplendidamente
realizada.
Aqui e ali continuou a demonstrar o seu
caráter cordial, mas firme, de modo que Irmã Restituta logo foi chamada de
"Irmã Resoluta". Na cabeceira dos doentes, no entanto, ninguém a
podia superar, porque é de uma delicadeza e de uma ternura únicas. A Primeira
Guerra Mundial eclodiu e a Irmã Restituta ficou ao lado dos feridos, solícita a
cada chamada, pronta para qualquer emergência.
Em 1938 os nazistas invadiram Viena e
foram duas as primeiras disposições de Hitler: se livrar dos crucifixos de
locais públicos e afastar as religiosas da ala da enfermaria do hospital. Irmã
Restituta, no entanto, era tão indispensável devido sua experiência indiscutível,
que pode mais ou menos secretamente continuar o seu trabalho de caridade na
cabeceira dos doentes. O crucifixo nos quartos e enfermarias do hospital
tornou-se quase uma questão pessoal: Irmã Restituta, resoluta como sempre, se
ocupava da tarefa de ir pessoalmente substituí-los onde fossem tirados; ela
sabia o risco que corria com o seu gesto provocativo, mas quanto mais
crucifixos eram excluídos tanto mais ela os repunha.
Foto da mártir quando foi presa e "fichada"
pelos nazistas. Como se vê, foi destituída do
hábito religioso.
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Entre ela e os nazistas se declarou uma
incompatibilidade, porque ela não podia compartilhar a ideologia de morte e de
racismo que Hitler vinha professando. E assim a fúria nazista se desencadeou
até mesmo sobre ela: ela foi presa na Quarta-feira de Cinzas de 1942 e colocada
na prisão, e em sua cela continuou a ajudar as mulheres grávidas e as
companheiras debilitadas, além de consolar e apoiar as condenadas à morte.
A sentença de morte veio quase um ano
depois e Irmã Restituta foi decapitada em 30 de março de 1943. Antes de morrer,
ela pediu ao capelão que traçasse na sua fronte o Sinal da Cruz, quase o selo
de autenticidade de uma vida que esteve sempre inspirada pelo crucifixo. Às
irmãs mandou um recado: "Tenho vivido por Cristo, por Cristo quero
morrer".
Em 21 de junho de 1998, Irmã Restituta
Kafka, a Mártir do Crucifixo, foi proclamada beata e sua memória litúrgica foi
fixada no dia 29 de outubro.
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