Sempre se
acreditou que a Igreja católica se fez presente na China a partir do ano 1294,
quando os primeiros missionários enviados pela Santa Sé chegaram à capital do
país pelo caminho da seda, que os comerciantes costumavam fazer e que já tinha
sido descrito por Marco Polo em sua obra "O milhão".
É verdade que
foram encontrados sinais da presença do cristianismo muito anteriores a essa
data, mas pensava-se que os primeiros evangelizadores da China fossem os
nestorianos, Igreja que não estava em comunhão com Roma e que parecia não
explicar suficientemente a unidade da natureza humana e divina em Cristo.
Mas a data de
1294 deve ser modificada: podemos afirmar hoje, com toda certeza, que já por volta de 650 a aventura da Igreja católica
na China tinha começado. É isso que podemos ler numa publicação da agência de
notícias UCAN, que divulgou um estudo do Padre Gianni Criveller, PIME, do
Centro de Pesquisas Espírito Santo, de Hong Kong.
Sabemos, por
exemplo, que numa ampla região da Ásia central, que corresponderia hoje ao
Iraque, Irã e Paquistão, a Igreja católica estava bem enraizada e estruturada
já nos primeiros séculos do primeiro milênio. Foi essa Igreja, que chamaríamos
de Igreja do Leste, que teve um papel determinante na evangelização de muitos
países do centro da Ásia, como Índia, Sri Lanka, Tibete e Afeganistão, num
período que vai do Séc. IV ao Séc. VIII. Mais tarde, iniciou também a
evangelização da China. Pelos achados arqueológicos, podemos afirmar que houve,
já naquela época, um grande esforço de inculturar a mensagem do Evangelho na
cultura budista reinante nesse país.
Foram
descobertos, perto de Xi´an, na província do Shaanxi, os restos de um templo
que antes fora cristão e que remonta ao ano 650. Portanto, já nessa época tinha
iniciado a evangelização da China. Sempre perto da cidade de Xi'an, foi
descoberta uma coluna com inscrições gravadas em 781 por um grupo de monges
persas que mostra um considerável esforço de inculturação da mensagem evangélica,
que ali aparece comentada e explicada com termos próprios da cultura taoísta e
budista, bem diferentes da cultura persa daqueles primeiros missionários.
Há mais um sinal
claro da presença da Igreja na China nessa época: a divindade mais venerada na
China é Guan Yin, a deusa da
misericórdia. Ela é a única entidade feminina a ser cultuada no budismo e suas
estátuas começaram a aparecer nessa época, em que já podiam ser encontradas
imagens de Nossa Senhora. Poderia ser um exemplo de contaminação religiosa.
A Igreja
expandiu-se durante um bom período apoiada pelos imperadores da época, até que,
em 841, começou a perseguição contra as várias religiões, só deixando espaço
livre ao confucionismo e ao taoísmo. Sobreviveram somente algumas comunidades
ao longo do caminho da seda, talvez pelos contatos que podiam ter com os
comerciantes vindos do Ocidente.
Com a chegada
dos primeiros missionários enviados por Roma em 1294, o catolicismo na China
refloresceu durante quase um século para depois ser perseguido novamente com o
advento da dinastia Ming. Recomeçou em 1600, quando, de novo, os missionários
jesuítas chegaram e foram aceitos na corte do imperador. E foi sempre assim nos
séculos seguintes: períodos de calma e de crescimento e períodos de perseguição
e de martírio. Isso continua até hoje. A semente do Evangelho nunca morreu
definitivamente ainda que, depois de mais de mil anos, ainda não tenha
conseguido encontrar o terreno para poder brotar e produzir frutos como em
outros países.
A perseguição à
Igreja de Cristo na China sempre foi muito constante e gerou milhares e
milhares de mártires. Muitos foram beatificados e canonizados pela Igreja, o
que não agradou muito ao governo comunista de Pequim. Segue-se uma lista de
santos e santas gerados nas terras chinesas.
Quatro santos
que foram mortos em 28 de outubro de 1748:
1. São Francisco Serrano, padre
dominicano,
2. São Joaquim Royo, padre dominicano,
3. São João Alcober, padre dominicano,
4. São Francisco Diaz, padre dominicano.
Quando o
catolicismo foi autorizado por alguns imperadores nos séculos anteriores, o
imperador Kia Kin (1796-1821), publicou um decreto contra a igreja. Esses
editos foram publicados em 1805 e 1811; um decreto de 1813 proibia a fé
católica e convidava a negar a fé através da apostasia: negar a Cristo. Neste
período o martírio foi uma constante. Entre os mártires estão:
5. São Pedro Wu, um leigo catequista,
nascido de família pagã e recebeu o batismo, foi morto em 7 de novembro de
1814.
6. São José Zhang Dapeng, um leigo
catequista e comerciante, foi batizado em 1800, morto em 12 de março de 1815.
Também neste
mesmo ano, três novos decretos foram aprovados e foram martirizados um bispo e
sacerdotes da Missão Estrangeira de Paris e alguns leigos chineses. Os
seguintes mártires pertencem a este período:
7. São Gabriel-Taurin Dufresse, M.E.P.,
bispo. Foi preso no dia 8 de maio de 1815 e condenado à execução em 14 de
setembro de 1815.
8. Santo Agostinho Zhao Rong, um padre diocesano
chinês. Foi preso e torturado até à morte em 1815.
9. São João da Triora, O.F.M., padre,
colocado na prisão junto com outros no verão de 1815, foi condenado à morte em
7 de fevereiro de 1816.
10. São José Yuan, um padre diocesano
chinês, que tendo ouvido ao bispo Dufresse sobre a fé cristã recebeu o batismo
e foi ordenado padre, foi preso em agosto de 1816 e morto em 24 de junho de
1817.
11. São Paulo Liu Hanzuo, um padre
diocesano chinês, morto em 1819.
12. São Francisco Regis Clet, da Congregação
da Missão (Vicentinos) foi morto de 17 de fevereiro de 1820.
13. São Tadeu Liu, um padre diocesano
chinês, que recusou negar a fé e foi condenado à morte em 30 de novembro de
1823.
14. São Pedro Liu, um leigo catequista
chinês, foi preso em 1814 e condenado ao exílio onde permaneceu durante 20 anos
e foi morto em 17 de maio de 1834.
15. São Joaquim
Ho, um leigo catequista chinês, foi batizado na idade de 20 anos e mandado ao
exílio em Tartary, onde permaneceu durante quase 20 anos e depois solto foi
preso por negar a apostatar, foi preso novamente e mortoem 9 de julho de 1839.
16. Santo Agostinho Chapdelaine, M.E.P., um
padre francês da Diocese de Coutances, embarcou para a China em 1852 e chegou
em Guangxi no final de 1854, preso em 1856, foi torturado e condenado à morte
em fevereiro de 1856
17. São João Gabriel Perboyre, Lazarista (Vicentino). Foi denunciado e preso na perseguição de 1839. Permaneceu um ano no cativeiro, sofrendo torturas cruéis, até ser amarrado a uma cruz e estrangulado no dia 11 de setembro de 1840.
17. São João Gabriel Perboyre, Lazarista (Vicentino). Foi denunciado e preso na perseguição de 1839. Permaneceu um ano no cativeiro, sofrendo torturas cruéis, até ser amarrado a uma cruz e estrangulado no dia 11 de setembro de 1840.
18. São Lourenço Bai Xiaoman, um leigo
chinês, foi decapitado em 25 de fevereiro de 1856.
19. Santa Inês Cao Guiying, viúva, nascida
de família cristã, foi presa e condenada à morte na prisão, foi executada em 1
de março de 1856.
Mártires de MaoKou e Guizhou
Três
catequistas, conhecidos como os mártires de MaoKou foram mortos no dia 28 de
fevereiro de 1858, por ordem do mandarim de MaoKou. Foram, chamados a
apostatarem a fé cristã, como recusaram, foram decapitados. São eles:
20. São Jerônimo Lu Tingmei,
21. São Lourenço Wang Bing,
22. Santa Agatha Lin Zao,
Em Guizhou, dois seminaristas e dois
leigos, um era fazendeiro e outra viúva, que trabalhava como cozinheira no
seminários, sofreram o martírio juntos no dia 29 de julho de 1861. São eles:
23. São José Zhang Wenlan, seminarista,
24. São Paulo Chen Changpin, seminarista,
25. São João Batista Luo Tingying, leigo,
26. Santa Marta Wang Luo Mande, leiga,
No ano seguinte, nos dias 18 e 19 de fevereiro
de 1862, outras cinco pessoas perderam suas vida por amor a Cristo, também em
Guizhou; são eles:
27. São João Pedro Neel, padre das Missões
Estrangeiras de Paris,
28. São Martinho Wu Xuesheng, leigo
catequista,
29. São João Zhang Tianshen, leigo
catequista,
30. São João Chen Xianheng, leigo
catequista,
31. Santa Lucia Yi Zhenmei, leiga
catequista,
Com a revolução
Boxer no século XX, e com as políticas de desenvolvimento chinês, novamente a
Igreja foi durante perseguida e milhares perderam a vida por Cristo dando
testemunho de sua fé. Como resultado, o martírio foi uma realidade em muitos
lugares e pessoas e grupos de pessoas foram executadas por ódio à fé.
A) Mártires de Shanxi, mortos em 9 de
julho de 1900, foram os Frades Franciscanos Menores:
32. São Gregório Grassi, bispo,
33. São Francisco Fogolla, bispo,
34. Santo Elias Facchini, padre,
35. São Teodorico Balat, padre,
36. Santo André Bauer, irmão religioso.
b) Mártires de Hunan, também franciscanos
menores:
37. Santo Antônio Fantosati, bispo
(martirizado em 7 de julho de 1900),
38. São José Maria Gambaro, padre
(martirizado em 7 de julho de 1900),
39. São Cesidio Giacomantonio, padre
(martirizado em 04 de julho de 1900),
São sete as
mártires das Franciscanas Missionárias de Maria, sendo três francesas, duas
italianas, uma belga e uma holandesa; são elas:
40. Santa Maria Hermina de Jesus,
41. Santa Maria da Paz,
42. Santa Maria Clara,
43. Santa Maria do Santo Nascimento,
44. Santa Maria de São Justo,
45. Santa Maria Adolfine,
46. Santa Maria Amandina.
Mártires franciscanos na China. |
Dos mártires
pertencendo à família franciscana, estes onze foram seculares e todos chineses,
são eles:
47. São João Zhang Huan, seminarista,
48. São Patricio Dong Bodi, seminarista,
49. São João Wang Rui, seminarista,
50. São Filipe Zhang Zhihe, seminarista,
51. São João Zhang Jingguang, seminarista,
52. São Tomás Shen Jihe, leigo,
53. São Simão Qin Cunfu, leigo catequista,
54. São Pedro Wu Anbang, leigo,
55. São Francisco Zhang Rong, leigo,
56. São Mateus Feng De, leigo e neófito,
57. São Pedro Zhang Banniu, leigo.
A esses foram unidos uma multidão de leigos
fiéis chineses, e entre esses estão:
58. São Tiago
Yan Guodong,
59. São Tiago
Zhao Quanxin,
60. São Pedro
Wang Erman.
Também foram
mortos em ódio à fé, quatro padres
missionários franceses jesuítas e pelo menos 52 leigos chineses: homens,
mulheres e crinaças, o mais velho tinha 79 anos de idade e o mais novo apenas 9
anos de idade. Foram mortos em uma igreja na vila de Tchou-kia-ho no mês de
julho de 1900. São eles:
61. São Leo
Mangin, S.J., padre, 59 anos,
62. São Paulo
Denn, S.J., padre, 60 anos,
63. São Rémy
Isoré, S.J., padre, 61 anos,
64. São Modesto
Andlauer, S.J., padre.
Os nomes e as
idades dos leigos chineses são como seguem:
65. Santa Maria
Zhu Wu, 50 anos,
66. São Pedro
Zhu Rixin, 19 anos,
67. São João
Batista Zhu Wurui, 17 anos,
68. Santa Maria
Fu Guilin, 37 anos,
69. Santa
Bárbara Cui, 51 anos,
70. São José Ma
Taishun, 60 anos,
71. Santa Lucia
Wang Cheng, 18 anos,
72. Santa Maria
Fan Kun, 16 anos,
73. Santa Maria
Chi Yu, 15 anos,
74. Santa Maria
Zheng Xu, 11 anos,
75. Santa Maria
Du Zhao, 51 anos,
76 Santa Magdalena Du Fengju, 19 anos,
77. Santa Maria
du Tian, 42 anos,
78. São Paulo Wu
Anjyu, 62 anos,
79. São João
Batista Wu Mantang, 17 anos,
80. São Paulo Wu
Wanshu, 16 anos,
81. São Raimundo
Li Quanzhen, 59 anos,
82. São Pedro Li
Quanhui, 63 anos,
83. São Pedro
Zhao Mingzhen, 61 anos,
84. São João
Batista Zhao Mingxi, 56 anos,
85. Santa Teresa
Chen Jinjie, 25 anos,
86. Santa Rosa
Chen Aijie, 22 anos,
87. São Pedro
Wang Zuolung, 58 anos,
88. Santa Maria
Guo Li, 65 anos,
89. Santa Joana
Wu Wenyin, 50 anos,
90. Santo Zhang
Huailu, 57 anos,
91. São Marcos
Ji Tianxiang, 66 anos,
92. Santa Ana An
Xin, 72 anos,
93. Santa Maria
An Guo, 64 anos,
94. Santa Ana An
Jiao, 26 anos,
95. Santa Maria
An Linghua, 29 anos,
96. São Paulo Liu
Jinde, 79 anos,
97. São José
Wang Kuiju, 37 anos,
98. São João
Wang Kuixin, 25 anos,
99. Santa Teresa
Zhang He, 36 anos,
100. São Lang
Yang, 29 anos,
101. São Paulo
Lang Fu, 9 anos,
102. Santa
Elizabeth Qin Bian, 54 anos,
103. São Simão
Qin Chunfu, 14 anos,
104. São Pedro
Liu Zeyu, 57 anos,
105. Santa Ana
Wang, 14 anos,
106. São José
Wang Yumei, 68 anos,
107. Santa Lucia
Wang Wang, 31 anos,
108. Santo André
Wang Tianqing, 9 anos,
109. Santa Maria
Wang Li, 49 anos,
110. Santo Chi
Zhuze, 18 anos,
111. Santa Maria
Zhao Guo, 60 anos,
112. Santa Rosa
Zhao, 22 anos,
113. Santa Maria
Zhao, 17 anos,
114. São José
Yuan Gengyin, 47 anos,
115. São Paulo
Ge Tingzhu, 61 anos,
116. Santa Rosa
Fan Hui, 45 anos.
Além desses já mencionados que foram
martirizados pelos Boxers, ainda é necessário fazer memória dos seguintes
mártires da fé cristã:
117. Santo Alberico Crescitelli, um padre do
Instituto Pontifício das Missões Estrangeiras de Milão, que exerceu seu
ministério na região sudeste de Shanxi e foi martirizado em 21 de julho de
1900.
Alguns anos mais tarde, membros da
Sociedade Salesiana de São João Bosco foram acrescentados ao considerável
número dos mártires recordados acima, são eles:
118. São Luis Versiglia, bispo,
119. São Calisto Caravario, padre.
Eles foram martirizados juntos no dia 25 de fevereiro de 1930 em Li-Thau-Tseul.
Eles foram martirizados juntos no dia 25 de fevereiro de 1930 em Li-Thau-Tseul.
Observação: ao todo, encontrei os nomes (e os dados de alguns) de 119 mártires, porém a figura acima enumera 120 mártires chineses. Os leitores do blog me perdoem, mas não encontrei o nome do mártir que falta...
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