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terça-feira, 31 de maio de 2016

SANTA CAMILA BATISTA VARANI (ou VARANO), Virgem da Ordem de Santa Clara e Mística (31 de maio)



Camila Varani nasceu de nobre família, em 9 de abril de 1458. Era filha ilegítima de Júlio Cesar de Varani, Senhor de Camerino. Foi criada na corte sob os cuidados de Joana Malatesta, esposa do grande senhor. Recebeu do pai um espírito vivo e apaixonado, o amor do mundo e da eloquência, e dons para a filosofia e teologia.
Muitos fatos de sua vida ela mesma os descreveu em uma longa carta autobiográfica endereçada a Domenico da Leonessa, que a havia iniciado no caminho da vida interior ao pregar a Paixão de Jesus em Camerino, na Sexta-feira Santa de 1466 ou 1468. A graça então trabalhou na sua alma e ela contou o efeito produzido no seu íntimo por aquele sermão ouvido aos oito anos. Fez nessa altura a promessa de cada sexta-feira derramar uma lágrima de amor à Paixão.
Na adolescência sentiu-se inclinada para um cavaleiro que lhe recitava versos de amor. Mas um terrificante sermão da Quaresma foi a ocasião de ela voltar a Deus para sempre: tinha 20 anos, e passaram-se ainda mais dois antes de a Providência lhe indicar que deixasse o mundo. Uma visão de Nosso Senhor e uma grave doença foram os sinais deste chamamento; soube vencer a ambição que o pai colocava nela e soube, sobretudo, triunfar do afeto que a si era dedicado.
Em 14 de novembro de 1481 pode entrar no mosteiro das Irmãs Pobres de Santa Clara de Urbino, assumindo o nome de Irmã Batista. Em 1483 emitiu a profissão em Urbino; mas, no ano seguinte, fundando seu pai um mosteiro em Camerino, a Irmã Batista, acompanhada de oito religiosas, foi designada para fazer parte da nova comunidade.
Pouco tempo depois, recebeu visões múltiplas de anjos, de Nossa Senhora e da Cruz. Mas foi, sobretudo, às dores espirituais de Nosso Senhor que a Irmã Batista esteve intimamente associada, dignando-se Cristo revelar-lhe tudo o que O tinha atormentado na sua agonia. Foi em 1490 que lhe deu ordem o confessor para escrever a história da sua vida interior, talvez para infundir luz no meio duma longa prova, enquanto por quatro anos o desespero a assaltava cada dia.
Cultivou um grande amor a mais alta pobreza pessoal e comunitária. Sempre aberta às necessidades dos outros, foi enviada por Júlio II a Fermo para fundar ali um mosteiro de Clarissas. Por ter permanecido dez meses na cidade de Sanseverino (1521-1522), acredita-se que ela ali esteve para plasmar a nova comunidade de Clarissas.
Era um tempo em que a Santa Igreja passava por um relaxamento de costumes que daria pretexto a Martinho Lutero para se separar dela em 1517. Irmã Batista, segundo testemunho de uma Irmã, “ardia de tal forma de desejo de renovamento da Igreja, que não podia dormir nem comer e às vezes por causa disto adoecia gravemente”.
Os tumultos, endêmicos na Itália dessa época, não pouparam Camerino. Cesar Borja lançou seu exército contra Camerino e o pai de Irmã Batista colocou sob a tutela da filha Clarissa o filho mais novo, João Maria, com a mãe e o tesouro de estado para salvar a dinastia. A Santa, com uma Irmã de hábito, procurou refúgio em Atri, onde foi recebida por Isabel Piccolomini, esposa do Duque Mateus Acquaviva.
Entretanto, o pai e três irmãos da Santa foram assassinados em 1503. A Clarissa podia acaso esquecer que era princesa e não sentir até ao íntimo o pesar que a afligia? César Borja, o responsável pelo desastre, perdeu, com Alexandre VI, aquele que o sustentava. Os Colonnas ajudaram João Maria a reconquistar a sua cidade. Mas já então a abadessa (desde 1499 Batista ocupava este cargo) tinha perdoado aos inimigos.
Por volta de 1521, atendendo ao pedido de um religioso, escreveu a obra A pureza do coração, sublime itinerário de perfeição em que comunica sua extraordinária experiência de vida.
Ela contribuiu para o desenvolvimento e mesmo para a instituição dos Capuchinhos: o Beato Mateus de Bascio, antes de ser frade menor da Observância, tinha sido protegido pelos Varani. E ela interveio bastante eficazmente para obter de Clemente VII a bula de 1524 que autorizava o novo ramo da Ordem franciscana.

Corpo incorrupto da Santa. 


Em 1527 uma terrível peste assolou a Itália; vítima dela morreu a abadessa aos 69 anos. Os milagres levaram ao culto público. Em 1843 Gregório XVI reconheceu esse culto ininterrupto dedicado a ela; em 1891, Leão XIII aprovou os atos do processo em vista da canonização e em 1893 aprovou os seus escritos. Bento XVI a canonizou em 17 de outubro de 2010.

Fontes:

Cf. Pe Jose Leite, S.J. Santos de cada dia; www.santiebeati.it; e blog: Heroínas da Cristandade. 

Segundo texto: biográfico e relativo à sua espiritualidade

Em 31 de maio de 1524 encontrava seu divino Esposo Santa Camila Batista de Varano (1458 -1524), monja da Ordem de Santa Clara.
Portanto, no próximo ano, celebraremos os 500 anos de sua morte. 
Penso ser um momento oportuno para se fazer mais conhecida sua espiritualidade e sua importantíssima obra mística. Santa Camila é, sem sombra de dúvidas, uma das grandes escritoras místicas da Ordem de Santa Clara. 
Santa Camila é conhecida especialmente por sua obra prima: "As Dores Mentais de Jesus em sua Paixão", cuja profundidade tocou muitas almas e ajuda muitíssimo a oração. 
Contemplando a Paixão de Cristo, Santa Camila experimenta o amor de Deus, conhece que é amada e infinitamente amada. Na sua Autobiografia, assim escreve: 
"Com coração puro, pedi a Deus que me alimentasse e saciasse dos amaríssimos alimentos da sua Paixão, porque a minha alma tinha fome e sede somente disto. Clamava só por aqueles, não desejava outros. 
Podia dizer como a dileta esposa do Cântico: "O meu esposo é para mim um saquinho de mirra e repousará sobre meu peito"(Ct 1, 12). 
Então resolvi transcorrer todo o tempo da minha oração na meditação da Paixão de Cristo e não queria mais meditar nem pensar em outra coisa. Esforçava-me quanto podia para entrar no mar amaríssimo das penas mentais do coração de Jesus. Naquele mar quereria imergir-me se houvesse podido. 
Não é de maravilhar-se se me veio um aceso desejo de entrar dentro do teu coração, ó bom Jesus, porque um dia tu me mostraste que o meu nome estava escrito nele com letras de ouro. 
Ó! Quanto pareciam belas em teu Coração vermelho as grandes e esplendentes letras de ouro: 'Eu te amo, Camila'"!

Podemos dizer também que Santa Camila é mística do amor do Coração de Jesus. Nas "Instruções ao discípulo", onde manifesta a ternura de sua maternidade espiritual, assim escreve: 
"Espelha-te no Coração puríssimo do doce Jesus. Conforma-te a Ele, se queres a sua dulcíssima amizade e familiaridade. Deste Coração, deste sacratíssimo peito, a tua mãe extraiu todo ornamento, interior e exterior. E este doce, este enamorado Coração foi o seu mestre. Aqui somente foi instruída; aqui estudou. Aqui não se lê outra coisa que: verdade, mansidão, piedade, doçura, alegria de coração e júbilo de consciência. Aqui não se encontra outra coisa que não seja amor e caridade: amor a Deus e caridade para com o próximo. Ó Coração divino, não posso senão falar de ti! Nele a tua mãe viu escrito o seu nome com letras de ouro, claras e esplendentes. Alma dileta, entra naquele Coração, se queres tornar-te santa logo!"

É no Coração de Jesus, aprende a tudo fazer por amor. Nas "Instruções ao discípulo", assim exorta: 
"Somente pelo amor do mesmo Senhor faze oração, salmodia e canta o Ofício Divino, lava os pratos, cuida da casa, cumpre cada obra de caridade para os sãos e os enfermos.
Acredita em mim: se quando cumpres estas ações te habituares a repetir com a mente: “Senhor, por teu amor!”, o dirás até mesmo sem o pensar. Assim o fez sempre a tua mãe. Embora pudesse fazer pouco trabalho material, porque esteve longamente doente e muito fraca, todavia digo-o para teu exemplo, em verdade sempre fez além das suas forças. Deus o sabe e o sabe sua consciência”.

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