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terça-feira, 19 de junho de 2018

Beatos Sebastião Newdigate, Walter Pierson, Guilherme Exmew, João Houghton e companheiros, monges cartuxos e mártires (perseguição na Inglaterra).


Beato Sebastião Newdigate













Dezoito monges cartuxos de Londres morreram mártires entre 1535 e 1537, durante a perseguição desencadeada pelo rei Henrique VIII da Inglaterra após o cisma. Por se recusarem a repudiar a autoridade do papa, os monges Guilherme Exmew, João Houghton, Onofre Middlemore, Sebastião Newdigate e seus companheiros foram presos, torturados e finalmente, em 19 de junho de 1535, martirizados. O papa Leão XIII os beatificou em 09 de dezembro de 1886 junto com outros mártires da mesma perseguição.


Na grande perseguição dos católicos, decretado pelo rei Henrique VIII na Inglaterra, em cada Ordem religiosa, juntamente com o clero diocesano, ele deixou um saldo de sangue e martírio em defesa da Igreja e da Fé Católica. Todos lembram, pelos livros de história o que houve naqueles tempos: o rei, querendo divorciar-se de sua legítima esposa, a rainha Catarina de Aragão, para casar-se com sua amante, Ana Bolena, exigiu do papa da época, Clemente VII, que o mesmo legitimasse seu intento. Como o papa recusou-se terminantemente a fazer tal absurdo, até porque contraria à santíssima Lei de Deus, o rei, irado e rancoroso, resolveu romper com a Igreja Católica e ordenou que todo o reino o fizesse, fundando a chamada “igreja da Inglaterra” ou “igreja anglicana”. As primeiras vítimas de seu ódio ao papa e à Igreja Católica foram seu próprio primeiro ministro, Tomás More, e o arcebispo de Canterburry, João Fisher, que foram condenados à decapitação em praça pública e martirizados.
Mesmo os cartuxos, por serem monges, portanto, não dedicados a qualquer atividade política, contribuíram para esse testemunho da Igreja Católica pelo martírio. Os monges da Cartuxa de Londres também receberam a visita dos funcionários do rei que de acordo com o decreto, exigiam a todos os adultos, inclusive aos clérigos e religiosos, que aprovassem o repúdio à determinação do papa, aceitassem o divórcio do rei com sua esposa, a rainha Catarina de Aragão e depois a aceitassem como soberana a Ana Bolena.


Os inocentes homens de Deus, por sua fidelidade à Igreja Católica e sua
doutrina, foram condenados às mais terríveis torturas e morte. 



O então superior da Cartuxa acabou na prisão por ter-se, a princípio, oposto à legalidade do divórcio, mas, depois de um mês, convencido de que este juramento não tocava à sua fé, chegou a jurar a favor do rei e em seguida foi liberado. Voltou para a Cartuxa e convenceu os outros monges de seus argumentos e, assim, em 25 de maio de 1534, juraram aos funcionários, que haviam retornado acompanhados pelos soldados. Um parêntese aqui: o que os monges fizeram não foi dizer que o ato do rei era legítimo, que não seria um pecado pessoal do rei: o de adultério. O que eles entenderam é que o rei, separando-se de Catarina de Aragão, sua esposa, e casando-se, mesmo ilicitamente com Ana Bolena, esta poderia ser tida como rainha da Inglaterra. Como era algo apenas na esfera civil, não contrariava a fé católica.
Bem: a paz não durou muito tempo...  No final de 1534, um novo decreto do rei e do parlamento inglês afirmou que todos os cidadãos ingleses tinham de negar a autoridade do papa e reconhecer o rei como chefe da Igreja Anglicana, também nas coisas espirituais e quem não o fizesse era culpado de crime lesa majestade.




Muitos eram tirados ainda vivos da forca e eviscerados e esquartejados. 


Tendo recebido a notícia, o prior João Houghton reuniu todos os cartuxos e lhes comunicou a ordem do rei. Todos se declaram dispostos a morrer pela Igreja Católica Apostólica Romana. No Cartuxa tinham chegado dois superiores de outras casas (fora da Inglaterra). Foram alertados sobre a situação perigosa dos monges ingleses, mas, em união com os religiosos daquela casa, permaneceram solidários à resolução eles. Os monges da Cartuxa de Londres pediram ao emissário do rei, Tomás Cromwell, que tentasse persuadir Henrique VIII que não os punisse, o que não foi aceito pelo mesmo.
Os dois priores foram presos pelo infame Cromwell e conduzidos à Torre de Londres como rebeldes e traidores. Depois de uma semana passaram por um processo onde, em Westminster, reafirmaram a sua rejeição e, em seguida, foram condenados à morte, novamente presos, e lá, na prisão, juntaram-se a outros dois religiosos condenados pela mesma razão.
Em 04 de maio de 1535 os priores Lourenço Robert e Agostinho Webster, juntamente com o prior Ricardo Reynolds da Ordem de Santa Brígida e o padre João Haile, pároco de Isleworth, vestidos com hábitos religiosos desgastados foram amarrados, deitados em esteiras e arrastados pelas pedras e lama das ruas que levavam a Tyburn, o local notório de execuções.
O padre João Houghton, prior de Londres, também preso e condenado, primeiro subiu à forca e, sem resistência alguma, mas, em suma paz interior, colaborou com o carrasco para ser enforcado, proferindo palavras de perdão e confiança em Deus; mas, ele ainda não havia sufocado quando um dos presentes cortou a corda fazendo com que o padre caísse no chão. O carrasco o despiu, lhe rasgou o ventre e o peito com uma faca e puxou suas entranhas ainda vivo para mostrar seu coração aos conselheiros do rei; seguiu a execução dos outros quatro e seus corpos foram rasgados em pedaços e expostos ao povo para incitar o terror aos "papistas".



Os carrascos os esquartejavam ou retiravam-lhe as
vísceras estando ainda vivos, para causar terror aos "papistas", isto é,
aos católicos fiéis à Santa Sé de Roma.


Três outros cartuxos Umbrido Middlemore, Guilherme Exmew e Sebastião Newdigatede, nobre nascimento, foram presos, torturados e martirizados 19 de junho de 1535. Dois outros que se mudaram de Londres para a Cartuxa de Hull foram denunciados, presos e enforcados em 11 de maio de 1537.
Ainda mais dez cartuxos foram presos em 29 de maio de 1537 em Newgate e vieram a morrer de fome e maus tratos em um curto espaço de tempo, com exceção de um: Guilherme Horn, que sobreviveu à prisão, tendo sido enforcado e esquartejado em 4 de novembro de 1540.
Na Cartuxa, foram dezoito os monges que na esperança de salvar o mosteiro haviam aderido ao juramento, mas, depois de presos, foram expulsos de seu amado mosteiro, posteriormente vendido a particulares.
Os 18 mártires cartuxos de Londres, juntamente com outros 35 mártires daquele período, foram beatificados pelo Papa Leão XIII em 09 de dezembro de 1886.
Alguns mártires daquele período foram canonizados pelo Papa Paulo VI no dia 25 de outubro de 1970, inclusos um grupo de 40 mártires da mesma perseguição inglesa (p.ex.: os citados San Tomás More e João Fisher, São Roberto Campion, etc) A memória litúrgica comum é em 4 de maio, porém, também são lembrados de forma particular em seus respectivos aniversários do martírio.



Fonte de pesquisa: site "Santi e Beati" (www.santiebeati.it)


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