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segunda-feira, 4 de junho de 2018

Dom Bosco e a devoção a Nossa Senhora Auxiliadora

Dom Bosco foi percebendo com lucidez sempre maior a iniciativa de Deus na sua vida de fundador, mas teve também a certeza de ser em tudo conduzido e guiado pela mão de Maria: “Maria Santíssima é a fundadora e será a sustentação da nossa obra”. “Maria é a mãe e o sustentáculo da Congregação”. E dizia no retiro de Lanzo de 1871: “Só no céu é que havemos de compreender, maravilhados, aquilo que Maria fez por nós... e o havemos de agradecer por toda a eternidade” (MB X, 1078).



Sua espiritualidade nasceu da paixão pela vida, do amor a Deus pela vida bem vivida em sua graça, com todo o entusiasmo, pela alegria das pessoas dos jovens, na convivência feliz sob a proteção do manto materno de Maria, de Maria Auxiliadora. Disponibilidade e muita alegria, encantado pela vida dos jovens na graça de Deus, continuamente reportava a Deus e à proteção e presença de Maria em sua vida.
Maria Santíssima foi sempre a minha guia” exclamava Dom Bosco com frequência (MB V, 155; XVIII, 439). E tal convicção era uma das características da devoção mariana no Oratório.
Em alguns sonhos, Maria Santíssima já havia mostrado a Dom Bosco o campo de trabalho ao qual Deus o destinava. As narrativas de inúmeros sonhos traziam uma mensagem de conforto que intensificava a confiança e a certeza da presença de Maria que a todos protegia como mãe carinhosa.

Sonhos
Sempre é apresentada como mãe e protetora de todos nos perigos. Sempre a figura de Nossa Senhora foi mostrada em sua função de mãe querida que intercede e indica os caminhos da santidade e da salvação para todos. Essa certeza passava pelo coração devoto de Dom Bosco, pelos dos salesianos e se espalhava pelos corações simples e abertos dos jovens.
Já no sonho dos nove anos, Jesus o confia à mestra e esta, a Virgem Maria, mostrando-lhe o campo de seu trabalho lhe disse: “Torna-te humilde, forte e robusto”. Grande é a mensagem de espiritualidade, o roteiro pedagógico embrionário no relato do sonho dos nove anos. As disposições necessárias indicadas para seguir o chamado de Deus, a devoção a Nossa Senhora, a indicação de seu futuro campo de trabalho e a maneira de se relacionar com os jovens, tudo estava contido nesse sonho.
Ele dirá aos seus jovens no famoso sonho do caramanchão de rosas, acontecido em 1847, mas contado em 1864: “Para que cada um de vós tenha a garantia de que é a Bem-aventurada Virgem que quer a nossa Congregação, vos contarei não já a descrição de um sonho, mas também o que a própria Bem-aventurada Mãe se dignou de me fazer ver. Ela quer que depositemos nela toda a confiança”. (A. S. FERREIRA, Acima e Além os sonhos de Dom Bosco, pp. 24-25).
E diz Pietro Stella: “Nossa Senhora foi a Pastorinha, guia, rainha e mãe, a Senhora dos sonhos é um dos elementos que caracterizavam a devoção mariana do Oratório. A persuasão de Dom Bosco tornava-se persuasão de todos, jovens e salesianos. Dom Bosco e suas obras eram protegidos, de modo especialíssimo, pela Virgem Santíssima. Nada se fizera sem a prova palpável de que a Virgem Maria interviera para sugerir soluções, aplainar dificuldades ou proteger das insídias diabólicas (...) Garantiam que todos os que viviam com Dom Bosco, participavam dessa proteção (carisma) especial” (Pietro STELLA, D. Bosco nella storia della religiosità cattolica, II, p. 115).



Devoção
A devoção a Maria – afirmam testemunhas autorizadas – estava no vértice de seus pensamentos. Parecia não viver senão para ela: “Como é realmente boa Nossa Senhora! Quanto nos quer bem!” (Pietro BROCARDO, Dom Bosco: profundamente homem, profundamente santo, p. 160-161; MB XIII, 547). E Dom Bosco vai descobrir que Aquela que aparece como seu amparo, dos seus rapazes e dos seus salesianos, não é outra senão a Auxiliadora dos cristãos.
Mãe, Imaculada, Auxiliadora, é esta a Nossa Senhora que Dom Bosco coloca no vértice de sua pedagogia e da sua ação sacerdotal, apostólica e missionária. É ela quem sustenta o clima espiritual mariano que se vive no Oratório – e também nas outras obras – e se exprime nas formas mais variadas e sinceras de uma genuína piedade popular.
O exemplo partia do santo, que sempre, especialmente nas encruzilhadas mais decisivas de sua vida, se voltava para ela com a familiaridade e a confiança próprias de um filho para com a mãe.
No recordar as maravilhas operadas por Nossa Senhora, além de satisfazer à necessidade de um desafogo ao seu imenso afeto para com a Virgem, ele queria reavivar em todos uma confiança ilimitada nela que, no meio das angústias, das tribulações, dos erros, dos perigos desta pobre vida mortal era e seria sempre a amorosa e poderosa Auxiliadora dos Cristãos (MB VIII, 367).
Pois bem, os últimos 25 anos da vida de Dom Bosco são assinalados por uma presença mais viva, mais comprometida de Maria, a “Mãe amorosíssima” e “a poderosa Imaculada”, como ele não cansará de dizer, mas agora venerada e sentida, de maneira quase totalizante, na sua função de Auxiliadora, quer dos indivíduos, quer da comunidade cristã. Maria Auxilium Christianorum.



Auxiliadora
A devoção à Auxiliadora fora reavivada pelas aparições de Spoleto, onde a Virgem manifestara o desejo de ser invocada com esse título.
Para Pietro Stella, “sem Spoleto, provavelmente Dom Bosco não se teria tornado o apóstolo da Auxiliadora; sem Dom Bosco, porém, a flama de Spoleto talvez tivesse sido um episódio característico do decênio 1860-1870, em clima de um escatologismo mariano, de messianismo antes da queda do Estado Pontifício. Dom Bosco, correlacionando à sua pessoa e às suas instituições o culto da Auxiliadora, conseguiu dar uma dimensão grandiosa e mundial à devoção a Maria Auxiliadora” (Pietro STELLA, Don Bosco nella storia della religiosità cattolica, II, p. 173).
Dessa forma, com a Basílica, a devoção a Nossa Senhora Auxiliadora une todas as casas salesianas do mundo todo.
Raras vezes aconteceu que um título mariano se difundisse com tanta rapidez, entre os católicos, como o de Maria Auxiliadora. Provam-no os inumeráveis quadros, altares e igrejas dedicados ao seu culto em todo o mundo. A presença de Maria no trabalho de Dom Bosco e dos salesianos perdura até hoje como a segurança materna de uma proteção especial. Em contrapartida, os salesianos lhe devotam um carinho especial, são seus filhos realmente (cf. carta Lasagna-Bosco 05/12/1877, em Mons. Luigi Lasagna, Epistolario, I, p. 159.23-24).
Há duas razões fundamentais para a escolha desse título, para além de outros motivos implícitos e explícitos: a primeira, pela lúcida intuição da atualidade do culto de Maria Auxiliadora na Igreja de seu tempo. O recurso a Maria Auxiliadora se impôs em virtude das extraordinárias dificuldades em que a Igreja se debatia então. A segunda, pelo alcance, dificilmente calculável que virá a ter na história salesiana a construção e a existência da Basílica de Maria Auxiliadora em Valdocco.
A basílica de Valdocco é um santuário – entendido como lugar que oferece, por sua natureza, uma presença incisiva de Deus, de Cristo, como também de Maria – de repercussão não só para a cidade de Turim, mas nacional e mundial, aberto às exigências espirituais e apostólicas da Igreja.
Na origem estão a piedade, a intuição e a energia realizadora de Dom Bosco, padre educador e fundador religioso, profundamente convencido da importância da Auxilium Christianorum em tempos calamitosos para a Igreja e não menos difíceis para a firmeza da fé de seus membros. Ela podia se constituir em uma singular reserva para a vida espiritual dos jovens e de seus educadores.
Essa opção expressa de forma muito condizente e ilustrativa o modo ou o processo de decisão do educador Dom Bosco. Tratava-se de uma oferta para os salesianos se ampararem na presença de Maria Auxiliadora como Mãe e Mestra. Porém essa escolha revela um processo de Dom Bosco inteiramente inserido no tempo. Acolhe o que lhe parece o melhor para integrar em seu processo educativo, considera as perspectivas e revela ou acentua as possibilidades futuras e as torna um lema e uma realidade.
A consciência popular não tardou em descobrir a maravilhosa aliança entre Maria Auxiliadora e Dom Bosco, a incindível ligação que os unia: Dom Bosco era verdadeiramente o “santo de Maria Auxiliadora” e Maria Auxiliadora era realmente a “Nossa Senhora de Dom Bosco”. Essa denominação, nascida da intuição de fé dos crentes, passou para a história.





O título de Nossa Senhora Auxiliadora está ligada à batalha de Lepanto, na qual a Igreja lutou contra os infiéis, que queriam invadir a cristandade. Dom Bosco escolheu esta devoção porque num tempo no qual se ensina muitas coisas erradas, heresias, doutrinas contrárias à Igreja, nós precisamos de Nossa Senhora Auxiliadora para que ela nos mantenha na verdadeira fé.
Portanto, em tempos de incertezas, nos quais a Igreja é atacada com heresias e falsas doutrinas, nos apeguemos a Nossa Senhora Auxiliadora, à celebração da Eucaristia e aos ensinamentos do Santo Padre, o Papa, como fez e ensinou Dom Bosco. Em tempos de crise de fé, a vida mística de São João Bosco nos recorda a importância da oração, da penitência, do sacrifício em nossas vidas. Como Dom Bosco, nestes tempos difíceis em que vivemos, nos confiemos à proteção de nossa Mãe, Nossa Senhora Auxiliadora: Nossa Senhora, Auxiliadora dos Cristãos, rogai por nós! Nos confiemos também a São João Bosco: Dom Bosco, educai-nos para a santidade!



A devoção mariana na família de Dom Bosco

Dom Bosco desde pequeno aprendeu com sua mãe a ter grande confiança em Nossa Senhora. Mamãe Margarida sempre interrompia o pesado trabalho no campo para saudar a Virgem Maria. A hora do Ângelus, para a campesina matriarca da família Bosco, era um momento de encontro com Deus e de memória da Anunciação de Maria.
A história sagrada de Maria associada aos mistérios da vida de Jesus eram para João Bosco e toda a sua família, uma perene interpelação acerca da autenticidade da vida cristã. A Visitação de Maria a sua prima Isabel ensina que a relação humana cristã pode constituir-se em uma visita de Deus e uma experiência com Cristo, como aconteceu com Isabel, segundo o Evangelho de Lucas (Lc, 39-56). A historia da salvação sempre esteve presente na educação cristã de Joãozinho Bosco e ele refletia desde a mais tenra idade que, quem tem Jesus vivo em seu coração, não pode deixar de interessar-se pelo bem do próximo, especialmente dos mais pobres e necessitados.
Segundo Peraza (p.357) a imagem de Nossa Senhora das Dores, a mãe que assume e sofre a paixão e a morte de seu filho Jesus, evocava em Joãozinho Bosco o sofrimento de sua própria mãe:- Mamãe Margarida que havia assumido a viuvez e feito a opção de não se casar novamente, educando e sustentando sozinha e cristãmente os seus filhos.
Em 1824, quando tinha nove anos (como ele mesmo conta em suas memórias), teve o primeiro sonho profético, em que lhe foi manifestado o campo do seu futuro apostolado. Neste sonho, o menino Joãozinho ouviu a voz misteriosa do Senhor que dizia: "DAR-TE-EI A MESTRA." e logo, apareceu uma Senhora de aspecto majestoso. Sem saber de quem se tratava, Joãozinho perguntou quem era ela e obteve a resposta: “Eu sou Aquela que sua mãe ensinou a saudar três vezes ao dia”. Intensifica-se aí a devoção dele àquela senhora celestial, que lhe disse palavras animadoras e que foi considerada Aquela que Tudo Fez na Congregação Salesiana.
Na adolescência, na casa da família Moglia era diante do quadro de Nossa Senhora que João Bosco, por encargo da dona da casa, dirigia as orações. Enfim, em toda a sua vida foi grande a relação de amor filial de Dom Bosco para com Nossa Senhora.
Com quinze anos, quando João Bosco chega a cidade de Chieri, chama-lhe a atenção a catedral de Nossa Senhora da Assunção (ou Santa Maria de La Scala) com seus quadros, vitrais, estátuas, altares, portas, batistério… que evocavam a presença Mariana. Além de evidências da presença de Nossa Senhora no dia a dia, também à noite, nos sonhos de Dom Bosco, ela aparecia frequentemente e foi a estrela do seu apostolado. Ele a chamava Mãe e Auxiliadora, aquela que socorria a Congregação Salesiana todas as vezes que precisava de auxílio extraordinário para atender as necessidades (materiais e espirituais) dos meninos do Oratório.
No ano de 1862, as aparições de Maria Auxiliadora na cidade de Spoleto marcam um despertar mariano na piedade popular italiana. Nesse mesmo ano, Dom Bosco iniciou a construção, em Turim, de uma grande Basílica, que foi dedicada a Nossa Senhora, Auxílio dos Cristãos. “Nossa Senhora deseja que a veneremos com o título de AUXILIADORA: vivemos em tempos difíceis e necessitamos que a Santíssima Virgem nos ajude a conservar e defender a fé cristã”, disse Dom Bosco ao clérigo Cagliero.
Além de Mamãe Margarida, o Pe. Cafasso (São José Cafasso) contribuiu para que Dom Bosco vivesse uma profunda experiência mariana. Este sacerdote, devoto da virgem, dizia sempre aos seus discípulos: “Se familiarizem com Maria, com Ela conversem, confiem a ela os seus segredos e as suas necessidades e dividam com ela suas alegrias. A Virgem conhece as suas fadigas e os seus temores.”
Dom Bosco seguiu propagando esta devoção. Em Valdocco, com a presença materna de Mamãe Margarida havia uma imagem de Nossa Senhora da Consolata, colocada por Dom Bosco na Capela Pinardi para que os rapazes do Oratório pudessem sentir a sua presença e cultivar a devoção mariana, assim, o conceito religioso da Virgem adquire um sentido real, de particular realismo para aqueles meninos e jovens que viviam longe de suas mães terrenas pelo abandono, pela distância física ou pela orfandade.
Com a construção da Basílica de Maria Auxiliadora de Turim, Dom Bosco quis erguer um monumento eterno do seu amor e gratidão (e também de todos os salesianos (as), à Virgem Mãe Auxiliadora. Maria Santíssima é minha Mãe – ele dizia. Ela é minha tesoureira. Ela foi sempre a minha guia.
Em suas conferências Dom Bosco procurava demonstrar a importância da presença materna de Nossa Senhora. Fazia com que refletissem que é importante que ela seja honrada porque é Mãe de Deus, Mãe de Jesus Cristo e nossa mãe. Deve ser invocada porque, como modelo imaculado de todas as virtudes, nos ensina com o seu exemplo a imitar ao seu Divino Filho Jesus. A obediência, a humildade, a pureza de coração de Maria eram sempre evidenciadas por Dom Bosco que difundia a devoção a Nossa Senhora, em uma perspectiva eclesial e missionária.
De acordo com Lemoyne (p.398) quando morre Mamãe Margarida, em 25 de novembro de 1856, em Valdocco, Dom Bosco, enquanto ela é velada com orações, velas e cantos, dirige-se à Igreja da Consolata, ajoelha-se aos pés da Virgem e rezando lhe diz: “Sabes que agora estamos órfãos, meus filhos e eu, seja, tu a nossa mãe!”. Tanto nos momentos de alegrias, quanto de angústia, era a ela que ele recorria e o auxílio dela jamais o faltou!
Dom Bosco ensinou aos membros da família Salesiana a amarem Nossa Senhora, invocando-a com o título de AUXILIADORA. Vários dos seus escritos retratam o amor por Maria Santíssima: “Recomendai constantemente a devoção a Nossa Senhora Auxiliadora e a Jesus Sacramentado”. “A festa de Maria Auxiliadora deve ser o prelúdio da festa eterna que deveremos celebrar todos juntos um dia no Paraíso”. “Sê devoto de Maria Santíssima e serás certamente feliz”. “Devoção e recurso frequente a Maria Santíssima. Jamais se ouviu dizer no mundo que alguém tenha recorrido com confiança a essa mãe celeste sem que não tenha sido prontamente atendido”. “Diante de Deus declaro: Basta que um jovem entre numa casa salesiana para que a Virgem Santíssima o tome imediatamente debaixo de sua especial proteção”. Dom Bosco confiou à Família Salesiana a propagação dessa devoção, que é, ao mesmo tempo, devoção à Mãe de Deus, à Igreja e ao Papa.
Em 28 de janeiro de 1888, próximo a expirar, aos setenta e dois anos e cinco meses, Dom Bosco clama em dialeto piamontês pela Madre Mãe Auxiliadora. Antes de despedir-se de seus jovens, com a promessa de encontrar-se com eles no paraíso, repete ininterruptamente: “Oh, Maria! Oh, Maria”!
Durante toda a sua vida Dom Bosco foi incansável em fazer com que a devoção a Nossa Senhora fosse propagada. Para ele, na congregação salesiana FOI ELA QUEM TUDO FEZ! Cultivemos pois esta devoção mariana, deixada a nós como herança religiosa de nosso fundador.



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