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Maria nasceu em
Marselha a 28 de maio de 1841. Foi educada pelos pais e pelas religiosas da
Visitação. Um dia as Irmãs contam suas travessuras ao Monsenhor de Mazenod,
fundador dos Oblatos de Maria Imaculada (canonizado em 1995), que lhes
responde: "Não se inquietem, são coisas de menina; verão que um dia será a santa Maria de Marselha".
Em 1848, após
vários distúrbios, o rei Luís Felipe abdica. As ruas tranquilas de Marselha,
cidade cheia de recordações de São Lázaro, Santa Marta e Santa Maria Madalena,
foram invadidas pelo ódio revolucionário. Maria tinha apenas sete anos.
Aproveitando-se da distração momentânea dos adultos, sai de casa para ver de
perto o que está acontecendo. Chega até as barricadas feitas pelos soldados.
Sem medo, aproxima-se e observa tudo com interesse. Alguns soldados a ignoram,
outros sorriem diante de sua inocente e viva curiosidade. Um a toma pela mão e
a reconduz a casa.
Estes episódios
da infância nos revelam muito da personalidade desta Beata. Vivaz, brilhante,
cultíssima e muito a par das coisas da sociedade e da história.
Aos 16 anos,
prossegue sua formação em Lyon com as religiosas do Sagrado Coração, fundadas
por santa Sofia Barat.
Terminados os estudos superiores em
1858, fez exercícios espirituais e consultou São João Batista Vianney, o Santo
Cura d’Ars, sobre a própria vocação. O Santo respondeu-lhe: “Minha filha, antes
de a conheceres, terás de rezar muitos Veni,
Sancte Spiritus (Vem, Espírito Santo). Sim, serás toda de Deus, mas deverás
esperar longamente no mundo”. De fato, aguardou durante anos a inspiração do
que Deus queria dela. Embora ainda vivendo com a sua família, ocupando-se de
seus pais, pratica as obras de apostolado, coloca-se a serviço dos pobres,
ajuda os sacerdotes e as missões. Mons. Comboni, em sua viagem à França, teve a
ajuda da jovem Maria.
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Em 1864,
providencialmente cai em suas mãos um folheto procedente da Visitação de
Bourg-en-Bresse intitulado: Guarda de honra do Sagrado Coração: finalidade da
obra. A jovem lê e relê essas linhas que parecem dirigidas a sua alma de fogo.
A 7 de fevereiro escreve ao Mosteiro solicitando ser inscrita na Guarda de
honra e oferecendo-se, cheia de entusiasmo, para trabalhar pela obra.
Inicia-se então
uma ativa correspondência entre a Irmã Maria do Sagrado Coração e a
"pequena Maria", como a chama carinhosamente a fundadora. Maria
consegue seu primeiro êxito fazendo chegar a Guarda de Honra até santa Sofia
Barat, que se inscreve com todas suas religiosas.
No dia 5 de
junho do mesmo ano, o Cardeal de Villecourt consagra solenemente a nova igreja
de Nossa Senhora da Guarda, em Marselha. É uma cerimônia impressionante a qual
assiste também o Cardeal Pitra e grande número de bispos franceses. Maria
consegue que os dois cardeais e 20 bispos se inscrevam na Guarda de Honra.
Graças à direção
espiritual do Padre Calage, ela vai pouco a pouco conhecendo a sua vocação. O
Bem-aventurado Papa Pio IX e o Cardeal Dechamps, Arcebispo de Malines-Bruxelas,
se interessaram por ela. Este último a define como “a Santa Teresa d’Ávila do nosso século”.


Finalmente, a 20
de junho de 1873, solenidade do Sagrado Coração de Jesus, com algumas amigas,
funda o Instituto das Filhas do Coração de Jesus, cuja finalidade é dedicar-se,
na clausura, à adoração da Eucaristia, à oração e à imolação pela conversão do
mundo distante de Deus, reparação pelos sacrilégios e pela santificação dos
sacerdotes. O centro é Jesus Eucarístico oferecido ao Pai em todos os altares
do mundo, presente no Tabernáculo, adorado noite e dia, vivido na intimidade da
graça santificante e da caridade. O seu modelo, como ela mesma explica, é Nossa
Senhora.
Seguiram-se
breves e densos anos. Muitas jovens acorreram e madre Maria de Jesus – nome que
adotou quando se tornou religiosa – funda mais dois mosteiros: Aix-en-Provence
e La Servianne, perto de Marselha, numa propriedade herdada de sua mãe.
Madre Maria
cresce na intimidade com Jesus, educa as suas “filhas” nessa intimidade com Ele
e na doação total. As suas “filhas” a amam como a uma mãe.
No mês de abril
de 1882 é obrigada a fechar o mosteiro de Aix-en-Provence devido à ameaça de
perseguição por parte do governo francês. As religiosas são acolhidas parte em Berchem,
parte em La Servianne.


Madre Maria de
Jesus escreve: “Legalmente, eles não têm nenhum poder sobre nós na La
Servianne: estou na minha casa, na propriedade da minha família por quatro
gerações e nenhum tribunal pode me mandar sair daqui. Mas, em nome da
revolução, com o motim, os infames poderão quanto Deus permitir. Não haverá
regras que os detenham. Quanto a nós, permaneçamos muito tranquilas...”.
Madre Maria de Jesus é uma religiosa, uma
contemplativa, mas não vive nas nuvens, fora do mundo. Nem é ignorante ou
ingênua. A família e o ambiente do qual provém lhe abriram os olhos a tudo.
Assim, o quadro que traça nesta carta de 8 de dezembro de 1882 é completo, a
visão da História do mundo é lúcida, com um conhecimento claro de quanto gera
na sociedade a rebelião contra Cristo e a Sua Igreja.
Na segunda parte da carta, ela escreve: "Ao ver o triunfo do erro, a aparente legalidade com que se quer legitimar tanto mal, deveríamos nos desesperar do presente e do futuro? Não, irmãs, nunca! Jesus venceu satanás e o mundo! A Jesus Cristo pertence todo poder; ao ouvir o seu Nome todos os joelhos se dobram, inclusive nos abismos. As nações Lhe foram dadas em herança. Enquanto Ele permite que o monstro infernal se agite aos seus pés em fugazes e falsos sucessos, Ele vence e triunfa. Os Anjos já cantam a Sua vitória definitiva. As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja fundada por Ele. O triunfo final não é para aqueles que trazem as insígnias do dragão, mas para nós que levamos o nome de Jesus Cristo sobre nossas frontes e o Seu amor em nossos corações”!
Na segunda parte da carta, ela escreve: "Ao ver o triunfo do erro, a aparente legalidade com que se quer legitimar tanto mal, deveríamos nos desesperar do presente e do futuro? Não, irmãs, nunca! Jesus venceu satanás e o mundo! A Jesus Cristo pertence todo poder; ao ouvir o seu Nome todos os joelhos se dobram, inclusive nos abismos. As nações Lhe foram dadas em herança. Enquanto Ele permite que o monstro infernal se agite aos seus pés em fugazes e falsos sucessos, Ele vence e triunfa. Os Anjos já cantam a Sua vitória definitiva. As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja fundada por Ele. O triunfo final não é para aqueles que trazem as insígnias do dragão, mas para nós que levamos o nome de Jesus Cristo sobre nossas frontes e o Seu amor em nossos corações”!
“A Igreja prossegue de luta em luta, de conquista em
conquista, até a eternidade bendita. Engana-se quem quisesse, no momento
presente, julgar o conjunto das coisas. Nós temos a promessa e a certeza da
vida eterna e, aquilo que conforta: Deus triunfa tão mais grandiosamente quanto
mais a nós custa a vitória... A
nossa tarefa é lavrar a terra, trabalhar removendo penosamente o terreno!
Outros colherão a seara... Mas esta, fecunda e copiosa, será colocada
certamente no celeiro do Pai celeste... Modestas operárias desta grande obra,
trabalhemos no silêncio e na esperança”.
“Rezemos - é a condição para o sucesso; reparemos,
porque a dor suprema é a de ver Deus ultrajado e blasfemado; soframos, lutemos,
morramos, se for preciso, certas de que lá no alto a Providência vela, a
Onipotência de Deus nos assiste e tornar-se-á vitoriosa”...
“Nós somos da estirpe de Maria Santíssima, a qual
Deus mesmo pôs na inimizade perpétua com a raça de satanás, estirpe à qual Ele
dá a vitória por meio de Jesus Cristo, sem, entretanto, eximi-la da fadiga, nem
privá-la da honra e do mérito da luta”.
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Madre Maria de Jesus teve que vencer não poucas dificuldades até ver o seu Instituto aprovado. Governou-o apenas durante dez anos, porque no dia 27 de fevereiro de 1884 foi barbaramente assassinada por um jardineiro que havia sido despedido do Convento La Servianne por sua preguiça e desleixo. Ele era ligado a grupos anarquistas e nela o assassino descarregou o seu ódio à Fé. Suas últimas palavras são: "Eu o perdoo! Pela a Obra!" Ela se tornou virgem e mártir como sempre havia desejado.
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