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quinta-feira, 26 de junho de 2014

Beata Maria Josefina de Jesus Crucificado, Virgem Carmelita Descalça - memória em 26 de junho (três textos)







Josefina Catanea nasceu no dia 18 de fevereiro de 1894, em Nápoles, no seio da nobre família dos marqueses Grimaldi. Desde pequena mostrou uma predileção particular pelos pobres e os mais necessitados, destinando-lhes o dinheiro que lhe davam para brinquedos ou merendas, e ajudando a duas velhinhas que viviam sozinhas.
     O exemplo de sua avó e de sua mãe foi a escola onde aprendeu a conhecer Jesus e a se enamorar dEle. Tinha uma devoção particular pela Eucaristia e pela Virgem Maria, o que demonstrava rezando o Rosário.
     Depois de terminados os estudos, em 10 de março de 1918, superando a oposição de sua mãe e de seus familiares, ingressou no Carmelo de Santa Maria, em "Ponti Rossi", lugar assim chamado porque ali se encontravam as ruínas de um aqueduto romano.
     No Carmelo aprendeu a amar a Cristo em meio ao sofrimento, oferecendo-se como vítima pelos sacerdotes. Soube aceitar a vontade de Deus, embora isto significasse grande dor física: se viu afetada por uma forma grave de tuberculose na espinha dorsal, com dores nas vértebras, que a paralisou completamente. Em 26 de junho de 1922 foi curada milagrosamente, de forma instantânea, depois do contato com a relíquia (braço) de São Francisco Xavier, que lhe levaram até sua cela.
     A "monja santa", como a chamava o povo, iniciou um grande apostolado principalmente no locutório do convento, acolhendo a todo tipo de pessoas doentes e necessitadas de ajuda, tanto material como espiritual, às quais proporcionava consolo e conselho para encontrar o amor de Deus. Inclusive realizou milagres.
     Sua abnegação prosseguiu também quando foi acometida de outras enfermidades que a obrigaram a usar cadeiras de rodas, crucificando-se com Jesus pela Igreja e pelas almas.
     Em 1932 a Santa Sé reconheceu a casa de "Ponti Rossi" como convento da ordem segunda das Carmelitas Descalças, e Josefina Catanea recebeu o hábito de Santa Teresa de forma oficial, tomando o nome de Maria Josefina de Jesus Crucificado. Em 6 de agosto desse mesmo ano fez a profissão solene segundo a Regra carmelitana, que já vivia desde 1918.
     Em 1934 o Cardeal Alessio Ascalesi, arcebispo de Nápoles, a nomeou sub-priora; em 1945, vigária; e em 29 de setembro desse ano, no primeiro capítulo geral, foi eleita priora, cargo que desempenhou até sua morte.
     Sua espiritualidade, sua docilidade amorosa, sua humildade e simplicidade, lhe granjearam grande estima durante os anos da II Guerra Mundial. Rezava sem cessar, alimentando assim sua confiança em Deus, com a qual contagiava a todos os que se dirigiam em peregrinação a "Ponti Rossi" para escutar suas palavras de alento, consolo e estímulo para superar as provas e as dores das tristes situações resultantes da guerra.
     No dia de sua tomada de hábito dissera: "Eu me ofereci a Jesus Crucificado para ser crucificada com Ele", e o Senhor aceitou sua oferta. Compartilhou os sofrimentos de Cristo de forma silenciosa, porém alegre. Suportou durante muitos anos duras provas e perseguições com espírito de abandono à vontade de Deus. Também gozou de carismas místicos extraordinários.
      Por obediência e por conselho de seu diretor espiritual, escreve sua "Autobiografia" (1894-1932) e seu "Diário" (1925-1945), bem como numerosas cartas e exortações para as religiosas.
     A partir de 1943 começou a sofrer várias enfermidades especialmente dolorosas, que incluíram a perda progressiva da visão. Convencida de que essas enfermidades eram vontade de Deus, as acolhia como "um dom magnífico" que a unia cada vez mais a Jesus Crucificado. Com um sorriso nos lábios, ofereceu seu corpo como altar de seu sacrifício pelas almas. Morreu no dia 14 de março de 1948 em sua cidade natal.
     Foi beatificada na Catedral de Nápoles pelo Cardeal Crescenzio Sepe em 1º de junho de 2008. A sua memória litúrgica é celebrada em 26 de junho.

(Reproduzido de vatican.va)



Beata Maria Josefina de Jesus Crucificado
Texto do Frei Alzenir Debastiani, OCD, Delegado Geral para a OCDS

Josefina Catanea nasceu em Nápoles dia 18 de Fevereiro de 1894. De família da burguesia napolitana, teve infância alegre e assim também a juventude. Após vencer o obstáculo do apego ao afeto materno, entra no Carmelo S. Teresa e S. José – Ponti Rossi, Nápoles. Por cinco anos (1818-1923) passa por muitas doenças que a deixam à beira da morte; é curada após o contato com a relíquia do braço de São Francisco Xavier.
Após este fato, inicia um novo período em sua vida, cheio de graças e dons do Espírito Santo, tais como o conhecimento dos corações, dom de conselho, profecia, que por obediência coloca a serviço dos

outros nos anos difíceis da II Guerra mundial. Acorriam a ela pessoas de todas as classes sociais, desde bispos, sacerdotes e religiosos, ou mesmo de outras profissões civis para escutar suas palavras de sabedoria e impulso, que doam a paz em meio aos sofrimentos ou preocupações que os atormentavam.
Não obstante, permanece sempre muito simples e pratica as virtudes, a oração. Vive na contemplação dos mistérios de Deus, no amor à Eucaristia e a Nossa Senhora, bem como um grande amor pelo sofrimento que a une a Jesus Crucificado. Escreve: “… os sofrimentos de um Deus feito Homem encorajam-me a sofrer em paz e o meu sofrer torna-se doçura, e em tal doçura a minha alma se eleva e deseja sempre mais sofrer”; “amo a cruz porque é o leito de dor de Cristo”.
Sua espiritualidade caracteriza-se pela constante busca de cumprir a vontade de Deus: “somente a glória de Deus” é uma de suas frases quotidianas. Também há um profundo amor por Deus: “Quero amar a Deus com os ardores de seu Espírito, com a ardente unção de seu amor, amá-lo até viver para Ele somente e não fazer nada, ser uma mesma coisa com Ele. Uma a vontade, um o desejo, um o espírito”.  
Há também um amor verdadeiro pelos outros: “O meu coração parece dilatar-se, alargar-se; entram nele as almas todas e todas quero salvá-las. Jesus faz-se sentir no meu coração e coloca nele a semente da caridade. Sinto um maternal afeto que defino caridade, pois é Deus mesmo quem dá a mim e é dulcíssima”.
Em 1945 foi eleita priora do Mosteiro e desempenha o cargo com caridade fraterna, impulsionando as irmãs à prática das virtudes e às vias de Deus.  Falece dia 14 de Março de 1948 e foi beatificada dia 1º de Junho de 2008. Seu corpo conservou-se incorrupto até os dias atuais. 
 Definiu sua missão como “ser um anel de união entre Deus e a humanidade sofredora”.


Oração

Ó Pai que adornaste a vida da beata Maria Josefina de Jesus Crucificado com as dores da Paixão de teu Filho e a transfiguraste com os dons do teu Espírito, tornando-a “anel de união entre Ele e a humanidade sofredora”, concede-nos, te pedimos que ela interceda por luzes em nosso caminho de fé, sustento nas dificuldades da vida e intercessão nas graças que necessitamos e com confiança imploramos. Por Cristo nosso Senhor. Amém. 

(Texto enviado por Frei Alzenir Debastiani, ocd, Delegado Geral para a OCDS) 



Texto complementar sobre as virtudes da Beata Maria Josefina de Jesus Crucificado


Monja Carmelita Descalça

Josefina, como a irmã Antonietta e as outras jovens que viviam sobre a colina de S. Maria ai Monti, junto aos Ponti Rossi, sempre se sentiram Carmelitas Descalças, mas eram também conscientes que, depois de tantos anos de experiência Teresiana, faltava ainda a aprovação oficial por parte da Ordem dos Carmelitas Descalços e por parte da Igreja.
Josefina vai a Roma e encontra pessoalmente o Cardeal Rossi, carmelita Descalço, o P. Guglielmo, Geral da Ordem, e o Prefeito da Congregação dos Religiosos, o Cardeal Lépicier. A eles apresenta a situação da comunidade e o vivo desejo de ser confirmada entre as Carmelitas Descalças.
Após três meses, no dia 7 de Dezembro de 1932, o Papa Pio XI aprova a fundação do Carmelo em Ponti Rossi, Nápoles, como mosteiro de Carmelitas Descalças.
No dia 30 de Janeiro onze terciárias recebem o hábito e iniciam o noviciado. Josefina tem então 39 anos. No dia 6 de Agosto de 1933 Josefina Catanea torna-se, com a primeira profissão, Irmã Josefina de Jesus Crucificado. A Jesus, naquele dia solene e íntimo, pede uma graça: “Que eu não seja jamais privada do dom preciosíssimo do sofrer”.
Jesus a contentou e a configurou a si até o último instante da sua vida. Ir. Maria Josefina, consciente de ter sido escutada, escreve alguns anos mais tarde: “Quando penso que Jesus me colocou com Ele sobre a Cruz, sinto em mim uma maternidade espiritual, uma ternura pelas almas, uma alegria grande, profunda que não sei dizer”.
Ir. Maria Josefina, a este ponto, tem um só medo: não amar o Amor. Por isto quer convergir tudo sobre Jesus, vive uma concentração cristológica, um esponsal elevado ao máximo. Escreve: “Fazer-me crucificar com Jesus para morrer com Ele, para ressurgir com Ele”. Aqui encontramos a síntese pascal da sua existência, o seu percurso espiritual. Anota em um outro escrito: “Ó Jesus, absorve-me em ti, aprofunda-te em mim, transforma-me em Ti, faz que eu viva só de Ti”. Como Santa Teresa de Jesus, Ir. Maria Josefina está dizendo, ao seu modo, a partir da sua experiência: “Só Deus basta”.


A devoção a Maria

A devoção de Ir. Maria Josefina à Virgem é grande. Ela explica assim àqueles que se admiram da sua familiaridade com Ela: “Sinto na alma a ternura que a Ssma. Virgem tem pelas almas”. Tem clara a consciência que Maria de Nazaré opera na sua  vida e na vida daqueles que encontra no Carmelo, escreve: “Quero a completa transformação do meu espírito n’Ele”.
Ir. Maria Josefina, na escola do Carmelo, aprendeu que a verdadeira devoção a Maria é toda interior, que a verdadeira imitação começa nos espaços interiores da Virgem, que é preciso habitá-la dentro, olhá-la dentro para poder verdadeiramente imitá-la. Assim, o verdadeiro devoto de Maria transforma-se “mariforme” e se reencontra, ao mesmo tempo, por graça, sempre mais cristificado. Escreve sobre este aspecto: “Maria, nenhum outro, deve unir a nossa alma a Deus bendito, com união íntima de adesão ao divino querer”.
                                       

O amor aos sacerdotes

Não existe Carmelita Descalça que não nutra um amor grande aos sacerdotes, um amor que nasce da dimensão teologal e encontra fundamento na comunhão dos santos, naquele eclesiologia de comunhão que leva a viver a Igreja como “corpo”, com sentido de corresponsabilidade e de companhia.
Ir. Maria Josefina, desde o início da sua missão, vê os sacerdotes como os “prediletos”; para eles oferece a sua vida de contemplativa, com eles vive a missão de mãe. Recebe-os no Carmelo com extrema delicadeza e amor, a eles dedica tempo e atenção, reza com eles e por eles oferece a si mesma, faz brilhar, em cada encontro, a sua altíssima e belíssima vocação.


A beleza de uma vida vivida às últimas consequências.

Os últimos meses da vida de Ir. Maria Josefina são assinalados pelo sofrimento e pela presença do Amado Senhor: “Sofro muitíssimo, mas sou feliz”.
No dia 14 de Março de 1948, frei Romualdo lhe dá a santa comunhão. À tarde chega ao mosteiro o Cardeal Ascalesi que a abençoa e lhe dirige estas últimas palavras: “Se Deus te quer vai, minha filha, te deixo livre: faz a vontade de Deus”. Às 19:10h do dia 14 de março de 1948, domingo da Paixão, Ir. Maria Josefina contempla finalmente a radiante beleza do seu amado Senhor crucificado e ressuscitado, a beleza daquele que por toda a vida a foi configurando lentamente a si. Tinha 54 anos.
No dia 27 de Dezembro do mesmo ano o Card. Assalesi inicia em Nápoles o processo informativo.

No dia 3 de janeiro de 1987, o Papa São João Paulo II proclama a heroicidade com que viveu as virtudes. Foi beatificada em 2008 pelo Papa Bento XVI. 

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