Nascida a 01 de
Outubro de 1549, em Almendral, aldeia pertencente à diocese de Ávila, na Velha
Castela, era filha de ricos lavradores, modelos de vida cristã, caridosos para
com a pobreza e altamente piedosos.
Órfã aos dez
anos, para ganhar a vida fez-se pastora, o que a impediu de estudar. Embora os
irmãos se opusessem, Ana, aos 2 de Novembro de 1570, procurou o convento das
carmelitas descalças, que Santa Teresa fundara em Ávila. Primeira postulante
conversa, Ana foi humilde, profundamente humilde, obedientíssima e serviçal. E
a afeição que se estabeleceu entre Ana de São Bartolomeu e Santa Teresa foi
rápida e profunda, afeição que havia de durar até a morte, sem que jamais
sofresse o mínimo declínio.
Ana principiou a
profissão a 15 de Agosto de 1570. Pouco depois, teve uma visão, na qual Nosso
Senhor lhe mostrou as devastações que o calvinismo fazia na França. Sequiosa de
salvar almas, impressionada, entrou a praticar severas mortificações.
No Natal de
1577, Deus concedeu-lhe uma grande delicadeza: Santa Teresa quebrara o braço, e
Ana, desolada por ver a Madre impossibilitada de responder a imensa
correspondência, trabalho estafante que era, obteve, miraculosamente,
a graça de saber escrever; desde
aquela época, tronou-se secretária
oficial da santa fundadora. E, de 1579 a 1582, ano em que Santa Teresa faleceu,
foi companheira inseparável nas viagens que a venerável Santa teve que empreender,
no curso dos trabalhos que exigia o estabelecimento da reforma do Carmelo.
"Às vezes – escreveu a Beata Ana de São
Bartolomeu – ela viajava dias inteiros
sob a chuva e a neve, não encontrando aldeia alguma por muitas e muitas léguas,
não fazendo outra coisa senão tremer até os ossos. À noite, nas hospedarias,
não havia fogo, nem meios de o entreter, nem coisa alguma para comer. Os
alojamentos eram tais que, das camas, podia-se perceber o céu, e a chuva caía
cômodo adentro, Muitas vezes, o hábito de nossa Santa Madre encontrava-se
gelado" ...
Alquebrada pela
idade (naquela época era raro uma mulher viver além dos 60 anos) pelos duros
trabalhos e a oposição dos adversários, faleceu Santa Teresa no mosteiro de
Alba de Tormes, a 15 de Outubro de 1582, nos braços da bem-amada filha Ana que
jamais lhe negou amais terna afeição.
Considerada a
herdeira espiritual da santa fundadora, Ana exerceu no Carmelo uma profunda
influência. O Carmelo reformado, foi Ana enviada a Madri e, depois, à fundação
de Ocaña, na região de Toledo.
Ali, Nosso
Senhor revelou-lhe, pela primeira vez, o desejo de que fosse para a França,
então assolada pelo protestantismo. Na França, quando se dirigiu às religiosas,
falou-lhes na língua natal, porque
só conhecia a língua materna, mas todas
a entenderam perfeitamente, como se
tivesse expressado no melhor francês: era o milagre do Pentecostes que se
renovava. E Ana de São Bartolomeu exprimia-se tão apropriadamente que ninguém
duvidava de que o Espírito Santo estivesse falando por sua boca.
Fundadora do
mosteiro de Tours, depois de ter sido priora de Paris, sofreu toda sorte de
opressão. Invencível, porém sempre confiando em Deus, continuou a combater para
manter a reforma francesa no espírito de Santa Teresa.
Vencida – que a
luta fora desigual –, tomou o caminho da Bélgica, refugiando-se no mosteiro de
Mons. Escolhida, pouco mais tarde, para governar o mosteiro de Anvers, fundado
pelo arquiduque Alberto e a arquiduquesa Isabel, ali encontrou verdadeiro
paraíso na terra.
"Deus – escreveria depois – ali concedeu-me uma paz e uma consolação
inefáveis. Minha oração era mais intensa e mais eficaz. Era mais ardorosa pelo
ofício divino que na minha juventude".
Simples e
humilde, no convento exercia os ofícios mais pequenos. E as mais altas
personalidades do tempo, contritas, procuravam-na para aconselhar-se. Henrique
IV venerava-a, e Maria de Médicis e a infanta Isabel amavam-na sobremodo.
Quando o
arquiduque Carlos partiu para a expedição de Breda, foi vê-la, com a
bem-aventurada palestrando durante muitas horas.
Suportando com
imensa paciência as cruéis enfermidades todas que a acometeram no fim da vida,
faleceu santamente no dia 07 de Junho de 1626, na festa da Santa Trindade, com
setenta e seis anos, sendo enterrada no Carmelo de Anvers. Bento XV
beatificou-a no dia 6 de Maio de 1917. (Vida dos Santos, Padre Rohrbacher,
Volume X, p. 138 a 141).
Nenhum comentário:
Postar um comentário