Esta religiosa desenvolveu com inteligência e serenidade um
serviço constante e heróico em favor dos aflitos e dos doentes. “Quando não
estava atenta no cuidado dos enfermos, rezava diante do Santíssimo Sacramento e
suas mãos, quando não estavam a serviço do próximo, desfiavam as contas do
Rosário”.
Santina Cimatti nasceu em Faenza, no dia 6 de junho de 1861. Seu pai era
agricultor e a mãe tecelã. Foi dotada pela natureza de um rosto sorridente,
sereno e de belas feições, iluminado por olhos profundos.
Como a família logo precisou do seu trabalho, pode dedicar pouco tempo
aos estudos. Para ajudar na economia familiar, ajudava a mãe como tecelã, ou se
ocupava nos trabalhos da casa.
Após a morte do pai em 1882, Santina assumiu a educação dos irmãos e
também era catequista na sua paróquia. Tornou-se indispensável que Santina permanecesse
junto à mãe até que esta encontrasse um trabalho digno na casa de um sacerdote.
Vicente Cimatti, irmão da Beata Rafaela, já é Venerável. |
Quando seus dois irmãos, Luis e Vicente, entraram na Congregação
Salesiana, recém fundada por Dom Bosco (eles também morreram em odor de
santidade), Santina sentiu-se livre para realizar suas aspirações religiosas.
Em novembro de 1889, ingressou no Instituto das Irmãs Hospitalárias da
Misericórdia, na casa mãe de São João de Latrão, em Roma. Tomou o nome de Maria
Rafaela, e em 1883 foi enviada ao Hospital de São Bento em Alatri, onde iniciou
sua formação de enfermeira. Em 1905, emitiu seus votos finais.
Em 1921, foi enviada ao Hospital Humberto I de Frosinone, onde assumiu o
cargo de priora da comunidade. Retornou a Alatri e, de 1928 a 1940, sempre como
priora.
O principal campo de apostolado de Irmã Rafaela foi a farmácia.
Entretanto, quando era necessário, ela estava à disposição dos doentes e da
comunidade para realizar qualquer trabalho. Os trabalhos entre pílulas, xaropes
e o moer no almofariz, tudo era para Irmã Rafaela um dom de Deus. No empenho
simples, mas contínuo do dia a dia, ela alcançava uma dedicação exemplar de
verdadeiro amor ao próximo.
Quando a doença bateu à sua porta, recorreu ainda mais à oração como
meio de superação.
Em 1944, durante uma das etapas mais duras da II Guerra Mundial, muitos
foram os feridos que chegaram ao hospital e que precisavam de atenção. Embora a
Beata já estivesse com 83 anos de idade, não deixou de cuidar e de consolar os
feridos, que a chamavam de “mamãe”.
Apresentou pessoalmente, com êxito, um protesto ao General Kesserling,
do Quartel General Alemão em Alatri, ao ouvir rumores de que, para defender as
forças aliadas, iam bombardear a cidade. O general mudou seus planos e Alatri
se salvou. “Milagre!”, gritavam em coro, “um anjo salvou a cidade”.
Uma sua paciente conta: "Eu era jovem, mas sofria de vários
distúrbios. Depois de algum tempo, fui levada de novo ao hospital para uma
operação de apendicite. Estava preocupada e sentia falta de minha mãe
distante... Chorava como nunca por causa dessa situação. A serva de Deus
percebeu a minha profunda prostração moral e me pergunta: ‘Por que choras?’. E
eu: ‘Estou mal e não tenho a mamãe...’. De um modo profundamente compreensivo
me respondeu: ‘E eu não sou a mamãe? Por
que estou aqui? Toda irmã hospitalária deve ser a mãe de quem sofre!’...”
Para as coirmãs ela sabia ser a superiora atenta e gentil. Não pretendia
ser servida, mas que cada uma servisse a comunidade. Uma sua coirmã recorda:
"Não se dava ares por causa do ofício de superiora que exercia, mas se
considerava a serva das irmãs, ajudando-as nos trabalhos. Gostava também de
remendar e confeccionas as meias das coirmãs".
Em 1943, uma doença começou a se manifestar e se revelou incurável.
Faleceu em 23 de junho de 1945, deixando na memória a santidade de sua vida e
suas virtudes heroicas.
A causa para sua canonização foi introduzida em 1962. Em 1988-89 o
processo atribuiu a sua intercessão a recuperação milagrosa de Loreto Arduini,
de uma "encefalite viral, convulsões e fracasso respiratório". Isto
levou à promulgação do decreto para sua beatificação pela Congregação para as
Causas de Santos, em 1993. Foi beatificada em 12 de maio de 1996.
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