Margarida pertencia à família Ebner, da
aristocracia alemã, muito rica e respeitada. Quando fez quinze anos de idade
vestiu o hábito dominicano no Mosteiro de Maria Santíssima em Medingen, na diocese
de Augusta.
De 1314 até 1326, sofreu diversas e graves
enfermidades, permanecendo a maior parte do tempo confinada em seu leito. Era
consolada por Deus e chamada a cumprir em tudo a sua divina vontade. Devido às
enfermidades não podia realizar as grandes penitências exteriores. Margarida
então se mortificava no alimento, no porte, no sono, dedicando-se a uma vida de
orações inspirada nos ciclos do ano litúrgico e caracterizada pela meditação
dos mistérios da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo. Destacou-se pelo silêncio e
pela paciência com que suportou suas constantes enfermidades.
A política influenciou muito a vida da
Beata Margarida. Foi uma contemplativa comprometida com a trama da História.
Durante oito anos a Alemanha esteve em guerra de disputa da coroa. Para as
monjas de Medingen, e especialmente para Margarida, a pátria e o imperador
tinham muito espaço em suas orações. Rogavam com fervor pela volta da paz.
Durante o período do Grande Cisma na
Igreja Católica, quando havia três diferentes aspirantes ao trono papal, as
monjas do Mosteiro de Medingen ficaram leais ao Papa de Roma. Como resultado, a
comunidade foi forçada a se dispersar durante a campanha militar do imperador Luís
IV contra as forças papais.
Em 1324, as monjas saíram do mosteiro
devido aquele conflito. Margarida passou dois anos com sua família acompanhada
de uma conversa, dentro da segurança dos muros da cidade de Donauworth, antes
de poder voltar para o Mosteiro de Maria Medingen. Quando tudo retornou ao
normal ela voltou para a clausura daquele mosteiro.
Margarida era devotíssima da Eucaristia e
do Santo Nome e do Coração de Jesus. E ao constatar que os homens morriam aos
milhares por causa da guerra, se dedicou particularmente a realizar sufrágios
pelos defuntos.
Em 28 de outubro de 1332, Henrique de
Nördlingen visitou o Mosteiro de Maria Medingen. Ali conheceu Margarida e
assumiu sua direção espiritual.
Margarida Ebner foi, sem dúvida, a figura
central do movimento espiritual alemão dos "amigos de Deus", e uma
das grandes místicas da região do Reno no século XIV, nos mais de setenta
mosteiros alemães da Ordem Dominicana. O seu diário espiritual, escrito de 1312
até 1348, que chegou até os nossos dias, revela a vida humilde, devotada, caritativa
e confiante em Deus de uma religiosa provada por muitas penas e doenças. Ela
viveu e morreu no amor de Deus, fiel na certeza de encontrar-se em plena
comunhão com seu Filho Jesus, como sempre dizia: "Eu não posso separar-me
de ti em coisa alguma".
A santíssima humanidade de Jesus foi o divino
objeto da sua constante e amorosa contemplação e nela reviveu os vários
mistérios no exercício da virtude, no holocausto ininterrupto dela mesma, no
sofrimento interno e externo, todo aceito e ofertado com Jesus, para Jesus e em
Jesus.
Na noite de Pentecostes de 1348, quando
entrava no coro para o Ofício solene de Matinas, a Beata teve a impressão de
receber uma graça que declarava incapaz de descrever, similar a recebida pelos
Apóstolos quando sobre eles pousou o Espírito Santo. O Senhor prometeu
assisti-la em seu trânsito com a presença da Virgem Maria e o Apóstolo São João, e fez uma
revelação particular a respeito de sua morte.
Margarida Ebner morreu aos 60 anos no dia
20 de junho de 1351, no Mosteiro de Medingen, onde foi sepultada. Suas últimas
palavras foram: “Demos graças a Deus. Virgem Maria, Mãe de Deus, tem
misericórdia de mim”. Seu corpo se venera na igreja de seu convento, que hoje é
habitado pelas franciscanas de Medingen. Seu culto imemorial foi confirmado e ratificado
por João Paulo II em 24 de fevereiro de 1979.
Entre os grandes místicos dominicanos do
século XIV, brilha a suave figura desta religiosa de clausura que conquistou o
apelido de "Imitadora Fiel da Humanidade de Jesus".
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