Fundadora
das Missionárias de São Pedro Claver em 1894. Percorreu a Europa inteira e foi
capaz de comprometer e sensibilizar para nesta obra a ricos e pobres, livre pensadores
e fiéis, autoridades religiosas e civis. Sua palavra e sua pena não se
detiveram nem diante dos fracassos nem dos triunfos.
Nasceu no dia 29
de abril de 1863 em Loosdorf, Áustria, filha primogênita do Conde polonês Antônio
Ledóchowski e da Condessa suíça Josefina Salis-Zizers. Teve uma educação muito
esmerada e aristocrática. Seu ambiente familiar foi piedoso. A irmã mais nova, Julia, conhecida com o
nome de Úrsula († 1939) anos mais
tarde, em 1921, fundou as Ursulinas do Sagrado Coração de Jesus Agonizante, e
depois foi canonizada pela Igreja. Outro seu irmão, o Padre Vladimir († 1942)
foi o vigésimo sexto Geral da Companhia de Jesus.
Maria Teresa se
tornou uma requintada fidalga, muito culta e fluente em vários idiomas. Em 1882
se transladou com seus pais para Lipnica, próximo de Cracóvia (Polônia) onde
continuou a cultivar as belas artes e a letras, tendo estudado com as Damas
Inglesas.
A Beata aos 16 anos |
Inscreveu-se na
Congregação Mariana e por um certo tempo ajudou o pai doente na administração do
patrimônio. Seu pai faleceu em 1885 vitimado pela varíola, que também a
acometeu, causando-lhe muito sofrimento. Deus permitia tais sofrimentos para
que ela pudesse refletir sobre a vida frívola que levava e a vaidade das
coisas. Segundo a irmã, Júlia, naquele tempo se consagrou a Deus com o voto de
virgindade.
Aos vinte e dois
anos, em 1885, para não ser um peso para a família, que enfrentava dificuldades
econômicas, com o consentimento do tio, o Cardeal Miecislao Ledóchowski (†
1902), obteve ser nomeada dama de honra da Grã-Duquesa da Toscana, Alicia de
Bourbon e Parma, que tinha residência na corte austríaca, no palácio imperial
de Salzburg. A Grã-Duquesa não dispensava sua presença alegre e brilhante, e a
estimava muito.
Todo o tempo que
permaneceu na corte, embora tendo que tomar parte em festas, bailes e caçadas,
manteve um comportamento sério, frequentava a Santa Missa diariamente e
comungava com frequência. Sob a orientação do Padre Ralf, OFM, confessor da
Grã-Duquesa e seu, se inscreveu na Ordem Terceira Franciscana e, dentro do
espírito da Ordem, cultivou uma devoção especial pela Paixão do Senhor e lia
livros devotos.
Certa ocasião, foi
apresentada às Irmãs Missionárias Franciscanas de Maria, que tinham encontro
com a Grã-Duquesa. Logo em seguida recebeu um impresso de uma conferência do
Cardeal Lavigèrie, narrando seu árduo trabalho para libertar os escravos da
África e pedindo missionárias para ajudá-lo na evangelização. Penalizada com a
situação dos escravos, Maria Teresa sentiu o chamado de Deus e abraçou aquela
causa.
Em 1888 conheceu
o Cardeal Lavigèrie, Arcebispo de Argel, que fundara, em 1868, a Sociedade dos
Padres Brancos, para a evangelização da África e, em 1890, a Sociedade
Antiescravagista. Desde então, se dedicou à luta contra a escravidão na África.
Em 1889,
influenciada por Lavigèrie, fundou a revista "O Eco da África" e
organizou uma imprensa para editar publicações religiosas missionárias.
Em 1891, abandonou
a corte, apesar da desaprovação de quase todos os amigos, e ingressou para a
vida religiosa, sob a direção espiritual dos Jesuítas. Depois a ela se juntaram
Melania von Ernest e outras religiosas corajosas.
Durante alguns
anos sofreu dificuldades econômicas, mas as suportou pacientemente por amor de
Deus. Para viver, se servia de uma exígua prebenda concedida pela imperatriz em
1890. Seu finíssimo enxoval doou-o para as missões; suas roupas de seda foram
transformadas em paramentos sagrados; colocou no dedo um simples anel de ferro.
Em 29 de abril
de 1894, Leão XIII a recebeu em audiência e abençoou sua ideia de fundar um
Instituto missionário para lutar contra a escravidão na África. Entregou-se
totalmente a esta obra. Assim, fundou o
Instituto das Irmãs Missionárias de São Pedro Claver, ou melhor, das Irmãs Claverianas, para dar apoio e
orientação às missões africanas. Concebeu um núcleo de Irmãs consagradas, outro
de membros externos com promessa de serviço às missões de África e outro de
zeladores dispostos a colaborar em tudo que a obra das missionárias precisasse.
Seu Instituto
foi aprovado em 08 de abril de 1897 pelo bispo de Salzburg, o Cardeal João
Haller.
Recrutou adeptas
em Viena, Stalingrado e em diversos lugares. Realizou viagens promovendo a
obra: Viena, Paris, Cracóvia, Breslava, Praga, Insbruck, Bolzano, Trieste...
Sua mensagem entusiasmada cativava as pessoas que a escutavam.
Ela estava tão convencida de cumprir a vontade
de Deus, que um dia confidenciou a Mons. Ugo Mioni († 1935), seu colaborador
por trinta anos em Trieste: “Se a Igreja
julgasse oportuno dissolver o meu Instituto, eu me resignaria no mesmo
instante, mas suplicaria ao Santo Padre que me permitisse começar de novo”.
Em 1899, a Beata obteve o decreto da Sagrada
Congregação de Propaganda da Fé; em 10 de junho de 1904, obteve de São Pio X
que Nossa Senhora do Bom Conselho e São Pedro Claver, apóstolo dos negros,
fossem proclamados patronos do Instituto. No dia 07 de março de 1910, obteve a
aprovação definitiva do Instituto e das constituições elaboradas por ela com a
ajuda de um jesuíta da Sagrada Congregação dos Religiosos.
Em 1901 adoeceu
e teve que se transladar para Roma, na casa adquirida como sede central do
Instituto. Sua vida ficou centralizada em dirigir as obras missionárias que iam
surgindo.
Maria Teresa,
sempre brilhante e ativa, sabia que precisava divulgar muito mais aquela obra.
Rezou muito e, inspirada pela Mãe de Deus, fundou em 1908 uma tipografia e
passou a publicar dois boletins missionários mensais: o "Eco da África", direcionado para os adultos, e o "Juventude Africana", especial
para os jovens, ambos editados em nove idiomas europeus. Ela mesma escrevia os
artigos e apelos para difundir a ideia missionária. Logo passou a participar
conferências em diversas línguas e países. Foram centenas e centenas até sua
morte.
Em 1909, iniciou
o Almanaque Missionário, que praticamente
circulava por toda a Europa. O Instituto se tornava cada vez mais internacional
e a Fundadora animava as diversas atividades para promover o amor às missões e
para recolher donativos.
Sua incansável
dedicação frutificou e pode enviar aos missionários da África milhões em
dinheiro, numerosos objetos sagrados, além de milhares de livros impressos em
línguas indígenas africanas, utilizados para a catequização e alfabetização dos
nativos.
De toda parte
vinham elogios a sua obra, mas ela dizia a Mons. Mioni: “Sou um instrumento inútil nas mãos do Senhor; não admirem a granada
que estoura bem”. A Beata confidenciava as suas colaboradoras: “Oh, como Deus me ajuda!”.
No processo
canônico, Mons. Mioni atestou: "Embora
tendo uma alma de artista, nas longas viagens não mais podia ela visitar um
monumento, uma obra de arte, nem museus, nem artísticas igrejas. Nestas ela
entrava somente para rezar”. Toda a
vida de Madre Teresa não foi senão trabalho e oração. Antes mesmo do
decreto de São Pio X sobre a comunhão diária (1905), ela comungava diariamente
e exortava suas filhas a fazer o mesmo. Era fiel à confissão semanal.
Ao aceitar e
admitir postulantes e noviças, a Beata reparava se elas demonstravam zelo pelas
missões e tinham espírito de humildade. Nas suas casas o ócio era desconhecido,
mas a nenhuma Irmã eram impostos trabalhos excessivos que fossem danosos à
saúde. Ela dizia: “Preferiria que a casa
queimasse a vê-la na discórdia”. Ao contrário das penitências corporais,
recomendava o espírito de pobreza e outras mortificações da alma.
Por ocasião do
25º aniversário da fundação do Instituto, declarou a comunidade reunida: “Se por qualquer motivo o nosso Instituto
tivesse que se dissolver, o que eu faria? Eu, com a graça de Deus, começaria de
novo, porque não conheço nada de mais belo e que valha a pena de ser vivido
quanto trabalhar com Deus pela salvação das almas”.
O Padre Eligio
da Penne, capuchinho, confessor da comunidade afirmou: "Estou certo, pelo
meu conhecimento, que ela rezava quase continuamente, apesar de suas múltiplas
ocupações".
A Beata deixou
8.000 cartas em polonês, italiano, francês, inglês e alemão, as quais atestam
sua solicitude viril pelo bem espiritual das suas filhas e pelo seu progresso
principalmente na virtude da obediência.
Madre Teresa
dirigiu o Instituto por vinte e oito anos, em meio às turbulências do tempo e
do sacrifício pessoal, até morrer no dia 6 de julho de 1922 em Roma, na Itália.
Poucos dias antes de morrer, disse a quem a assistia: “Não sei se isto é presunção, mas eu não temo a morte”. Na câmara
ardente onde foi velada, o irmão, Padre Vladimir Ledóchowski, celebrou a
primeira Missa em seu sufrágio. Desde então, Maria Teresa, passou a ser
invocada para interceder por graças e milagres, principalmente nos países
africanos, aos quais dedicou toda a sua vida de missionária.
O Beato Papa Paulo
VI beatificou aquela que era conhecida em todo o mundo católico como a
"Mãe dos Africanos" em 19 de outubro de 1975, e a declarou padroeira
da Cooperação Missionária da Igreja na Polônia.
Além de seus artigos
de revista e notas de conferências, deixou também alguns escritos: "Minha
Polônia", "Zaida, Drama missionário". Desde 1934, as suas
relíquias são veneradas em Roma, na capela da casa generalícia das Missionárias
de São Pedro Claver.
(Fonte: Blog "Heroínas da Cristandade")
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