![]() |
Beato Giácomo Cusmano |
INFÂNCIA
Nasceu em
Palermo no dia 15 de março de 1834. Foi o quarto filho do casal Giácomo Cusmano
e Madalena Patti, que tiveram outros quatro filhos além de Giácomo: Vicenzina,
Giusepina, Pedro e o caçula Giusepe. No dia seguinte ao nascimento, foi batizado
na Igreja de São Nicolau pelo seu tio materno, Pe. Vicenzo Patti.
Aos 03 anos de
idade perdeu sua mãe, vítima do cólera, passando a ser cuidado pela irmã mais
velha, Vicenzina, juntamente com a tia Catarina. Desde pequeno Giácomo tinha um
grande amor pelos pobres.
Fez sua primeira
comunhão sob a orientação de Vicenzina e, como era costume na família, Giácomo
fez seus primeiros estudos em casa, orientado pelo Pe. Francisco Libani, tendo
frequentado posteriormente o colégio Máximo dos jesuítas a fim de completar o curso
de humanidade e retórica.
FORMAÇÃO ACADÊMICA
Aos 15 anos, sua ânsia em ser missionário o levou a quase façanha de
fugir junto com o superior dos jesuítas de navio para terras distantes. Na
continuidade dos estudos, praticava um útil e benéfico apostolado entre seus
companheiros, sendo seus melhores amigos Enrico Albanese e Michele de Franchis.
Tendo concluído seus estudos de Medicina, se formou ao 21 anos de idade, no dia
11 de julho de 1855. Três anos antes, a 20/07/1852, perdeu o pai. Como médico, era
muito bom e atencioso, sendo que, quando era chamado, deixava tudo para acorrer
ao leito de qualquer enfermo, a qualquer hora.
A Itália daquele tempo estava agitada pela revolução, a qual pretendia
sua unificação. Giácomo era, inclusive, cotado para ser o chefe de um grupo
revolucionário. Entretanto, no ano de 1859 o jovem Cusmano foi invadido por
dúvidas vindo a perceber que não era aquele caminho que deveria seguir, pois
Deus o chamava para algo mais. Foi então que ele procurou Monsenhor Domenico
Turano, aconselhado por Vincenzina. Giácomo contou-lhe sua situação. Mons.
Turano o aconselhou a mais intensa vida de oração.
O SACERDÓCIO
Com o passar do
tempo, Giácomo foi pedir a bênção a Mons. Turano para fazer parte dos
Capuchinhos, como um frade mendicante, mas o guia espiritual lhe mostrou outro
caminho: o sacerdócio.
O jovem
sentia-se indigno do sacerdócio e recusava aquele apelo de Deus. Entretanto, o
confessor dizia-lhe o contrário e o chamado de Deus acabou vencendo a recusa do
jovem Cusmano, que em 08/12/1859 vestiu o hábito talar na Paróquia São Tiago,
inscrevendo-se na Congregação Clerical de Maria Santíssima do Fervor.
Sob guia do Pe.
Pietro Boccone completou em um ano os estudos de teologia. Então, recebeu a
tonsura e as ordens menores em 18/03/1860, sendo ordenado subdiácono aos 24/03,
diácono aos 22/09 e, finalmente, sacerdote aos 22/12/1860.
Em poucas
palavras traçou o programa de sua vida, ao qual se mostrou sempre fiel: “Encarnar
Cristo em mim mesmo, dar e dar-me, como Ele, para o alívio dos corpos e para a
redenção das almas”.
Assim, Pe.
Giácomo uniu-se aos Recordantes, cuja missão era assistência aos moribundos, e rejeitou
o ofício de Pároco em São Giuseppe Jato, aceitando ser o capelão da Igreja dos
Santos Quarenta Mártires, no bairro Casaletto. Entretanto, ele pensava na
fundação de uma obra que pudesse irmanar ricos e pobres. Certo dia, na hora do
almoço na casa do amigo de Franchis, viu que a família dele tirava um pouco de
comida do prato de cada um para pôr em outro prato que depois seria dado a um
pobre. Daí surgiu a ideia do "Boccone del Povero".
A OBRA
Em 1866 a
situação na Sicília voltou a complicar-se. Houve uma intensa rebelião popular,
a supressão das comunidades religiosas e a cólera devastou a cidade de Palermo.
A situação era alarmante: fome, doenças etc. Nesse período uma cena chocou Pe.
Giácomo: ao entrar numa casa viu uma família se alimentando de um cão cru para matar
a fome.
A alma da
nascente e tão sonhada obra do "Boccone
del Povero" foram a irmã Vicenzina, a tia Catarina, a sobrinha
Madalena e as três irmãs Delise, responsáveis pela divisão daquilo que provinha
das coletas e na determinação de recursos. O berço da obra foi a Igreja dos
Santos Quarenta Mártires, mas foi necessário alugar um lugar a ela anexo. Todas
as tardes cerca de duzentas pessoas ali se alimentavam, sem contar os
atendimentos nas casas.
O Beato Giacomo
Cusmano fazendo a coleta do Bocado do Pobre em Palermo Pe. Giácomo começou a
contar com a ajuda de leigos e mais de vinte padres. Em 1868, Pe. Giácomo,
aproveitando a viagem de Dom Ercole Tedeschi, enviou uma carta para o Papa Pio
IX pedindo a autorização para apresentar ao governo um projeto para um asilo de
pobres e aceitar a reabertura de casas religiosas fechadas. Pio IX em
05/08/1865 louvava e bendizia a obra, autorizando-o a pedir para o governo
abrigo aos pobres e reabertura de casas religiosas fechadas. Em 08/12/1868 o
Arcebispo Naselli instituiu canonicamente a obra sob o titulo de "Boccone
del Povero", sendo que a solene inauguração deu-se em 10/01/1869. Proposta
pelo Arcebispo Naselli, se fez depois inserir no livro de associação do Bocado uma
estampa de Jesus em atitude amorosamente suave, de um lado acolhendo os pobres
e, de outro, as ofertas dos ricos, feliz como se a ele mesmo fossem dadas.
Pe. Giácomo, por
sua vez, se fez pobre entre os pobres, cedendo o seu próprio apartamento e indo
morar em um cubículo; frequentemente ele também se improvisava como marceneiro,
alfaiate, sapateiro, fazendo os mais humildes serviços. Em 1870 começou a
decadência da obra: alguns padres se afastaram para assumir encargos
eclesiásticos, o Arcebispo Naselli faleceu, muitos cooperadores abandonaram-no
e até Vicenzina pensou em deixá-lo para ir viver num claustro. Dessa forma, por
onze anos Pe. Giácomo ficou com apenas um leigo e com os padres Mammana e
Datino. Tudo isso aconteceu para a ascese mística de sua alma. Em 03/04/1871, Pe.
Giácomo foi nomeado membro do Conselho de Administração do Depósito de
Mendicância de Palermo, mas, no ano seguinte, em 1872, Monsenhor Turano
tornou-se Bispo de Agrigento e levou o Cusmano consigo.
Pe. Mammana logo
escreveu ao Bispo pedindo a volta do Pe. Giácomo para que ele cuidasse das
obras. Depois de dois meses ele retornou com um vasto programa em mente:
pensava abrir escolas infantis, de instrução profissional de jovens e adultos,
inclusive para surdos-mudos e cegos, colônias agrícolas, além de enfermarias
para doentes e hospitais.
Em 1874 obteve o
Convento e a Igreja de São Marcos, transferindo para lá os órfãos. Com as
dificuldades Pe. Giácomo pensava em entregar a sua obra para que alguma
Congregação a mantivesse; no entanto, por esse período, Pe. Giácomo teve um
sonho misterioso no qual apareceu Nossa Senhora abençoando a obra e dando
forças para ele prosseguir seu caminhar: sua obra era uma obra de Deus!
Assim, em
23/05/1880, Festa da Santíssima Trindade, receberam o hábito seis noviças, às
quais Pe. Giácomo chamou de "Servas
dos Pobres": Irmã Madalena Vicenzina Cusmano, Irmã Maria Madalena
Cusmano, Irmã Maria Rosaria Caravello, Irmã Maria Naimo, Irmã Maria Poietra
Naimo e Irmã Maria Sofia Winter.
Pe. Giácomo
aceitou então a proposta do Senhor Barão de Niccolò Turrisi de obter a Quinta
Casa no Melo que era antiga casa de retiros dos jesuítas. Em 1881, chegaram as
Irmãs sob a direção do Pe. Salvatore Gambino; havia ali 52 pessoas.
Em 05/01/1882,
acompanhado pela irmã e outras cinco religiosas, Pe. Giácomo chegou a Agrigento
para cuidar de um orfanato, o qual se encontrava em uma situação horrível. Em
01/05/1882 as 30 órfãs da Quinta Casa ocuparam um novo edifício localizado em
Terre Rosse, o qual seria um orfanato feminino. A 05/04/1883 ele partiu com
mais oito irmãs para Valguarnera Caropepe, para uma nova fundação. No dia 06/04
celebrou na Igreja Matriz deste lugar a Missa e depois seguiu em procissão com
Cristo Eucarístico até a nova casa. No Natal de 1883, cinco irmãs com a Madre Vicenzina
tomaram a direção da casa de Monreale. Aos 10/07/1884 chegaram as irmãs em São
Cataldo, acompanhadas pelo Pe. Gambino, onde passaram a cuidar do orfanato e do
hospital.
Aos 04/10/1884,
Pe. Giácomo entregou o hábito aos primeiros Irmãos Servos dos Pobres, para cuidarem dos órfãos e auxiliarem a
obra. Em 1885, a cidade de Palermo foi vítima novamente do cólera e Pe. Giácomo
não dormia bem, sempre preocupado com as casas da obra. Em 24/11, as carroças
carregadas de madeiras e outros materiais de construção começaram a chegar a
São Giuseppe Jato, na colônia agrícola da família do Pe. Giácomo. Tendo sido
terminada a construção, em 1886 recebeu ali os primeiros pobres. Em janeiro de
1886, foi inaugurada a casa de Canicatti, onde as irmãs, entre elas Madre
Vicenzina, foram recebidas acompanhadas pelo Pe. Boscarini.
Instituição dos Padres Missionários Servos dos
Pobres
Aos 21/11/1887,
Festa da Apresentação de Nossa Senhora no Templo, na Igreja de São Marcos, a
comunidade tão sonhada e desejada recebeu oficialmente a sanção canônica. Ali, Pe.
Giácomo, com a presença do Exmo. Cardeal Arcebispo de Palermo Dom Miguel Ângelo
Celesia, entregou aos primeiros Padres Missionários Servos dos Pobres o
crucifixo.
Depois de ver
que toda a sua obra alcançara êxito e que tudo provinha de Deus, Pe. Giácomo
exclamou a 09/02/1888 que a sua missão estava terminada. Aos 17/02 começou a
enfraquecer-se por febre e, a partir daí, foi só sofrimento e cada vez mais a
sua doença ia aumentando. No dia 13/03, os médicos o examinaram e
consideraram-no curado. Entretanto, às quatro horas da manhã do dia 14/03/1888
Pe. Giácomo veio a falecer santamente.
A piedade de Pe.
Giácomo exprimiu-se na devoção à Santíssima Trindade, ao Sagrado Coração de
Jesus, além da piedade eucarística, da
qual nasceu a ideia do Bocado do Pobre, e da piedade mariana, na qual chamava
Maria Mãe da Misericórdia.
Entre suas
virtudes poderíamos citar a caridade, a humildade e a mansidão. O Santo Padre
Papa São João Paulo II beatificou, na Praça de São Pedro, no Vaticano, o Pe.
Giácomo Cusmano, a 30/10/1983.
Os Servos dos
Pobres encontram-se, atualmente, presentes na Itália, no Brasil, no México, na
República Democrática do Congo, nas Filipinas e na Índia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário