Breve
cronologia:
1591 –
Nascimento a 12 de agosto. Não se sabe onde e nem quem era sua mãe
1595 – Seu pai
casa novamente. Sua madrasta tem já 03 filhos.
1604 – Morre seu
pai. Luísa tem 13 anos.
1613 - Casamento
com Antônio Legras a 05 de fevereiro.
1623 - “LUMIÀRE”
(Luz)
1625 - Morte de
Antônio Legras. Encontro com São Vicente.
1629 – São
Vicente envia Luísa a visitar as confrarias.
1633 – Reúne as
primeiras Filhas da Caridade.
1642 – Faz votos
com mais 04 irmãs.
1647 -
Estruturação da Companhia.
1650 - Casamento
de seu filho Miguel.
1655 - Começa a
explicação das regras às primeiras irmãs.
1658 – Consagração
oficial da Companhia a Nossa Senhora.
1660 – Morte de
Santa Luísa.
Biografia de Santa Luísa Marillac
Luísa de
Marillac nasceu no dia 12 de agosto de 1591, filha natural, de mãe
desconhecida. E, por conseguinte, sofreu as consequências disso: falta de um
lar carinhoso, desprezo dos parentes e, naturalmente muitos conflitos afetivos.
Era de
constituição frágil, de baixa estatura, magra, bonita, nariz afilado, olhos
expressivos, boca pequena. Dotada de grande capacidade intelectual e de vontade
enérgica. Era muito sensível e inclinada ao escrúpulo, à timidez, à
insegurança, minuciosa e perfeccionista, muito aberta às coisas de Deus e do
próximo.
Sua infância e
adolescência foram machucadas por acontecimentos dolorosos que marcaram
profundamente, o seu ser.
Em tenra idade,
seu pai, Luís de Marillac, colocou-a no Convento de Poissy, onde recebeu uma
esmerada educação. Aí permaneceu enquanto ele viveu. Depois foi morar numa
pensão familiar. Ali, ela adquiriu conhecimentos para a vida prática como
cozinhar, costurar, bordar, senso de responsabilidade e organização enquanto
que sua permanência no Convento de Poissy proporcionou-lhe uma grande bagagem
de piedade, de ciência e de instrução, uma educação de elite.
Quis ser
religiosa Capuchinha, entre as Filhas da Cruz, mas não foi aceita, porque sua
saúde não suportaria os rigores da penitência que caracterizava a Ordem. Em
particular, fez o voto de consagrar-se a Deus, em penitência e oração.
Em 1613, casa-se
com Antônio Legras, matrimônio “combinado” como era costume na época. Desse
casamento, nasceu-lhe um filho que recebeu o nome de Miguel, em homenagem a seu
tio. Luísa foi fiel e dedicada ao esposo, sendo também mãe carinhosa, uma
“supermãe”, prejudicando assim a educação do filho.
Em 1621-1622,
Antônio Legras contraiu uma moléstia, que afetou até o seu comportamento. Luísa
foi boníssima para com ele. Entretanto, grandes escrúpulos e dúvidas invadem a
sua alma e ela chega a pensar ser vítima de castigos de Deus. Sente-se
rejeitada por todos, mesmo do próprio Deus. Densas trevas a envolvem e só no
dia 04 de junho de 1623, na Igreja de são Nicolau dos Campos, recebe a célebre
“LUZ DE PENTECOSTES”. Liberta-se então de suas penas e incertezas e começa a
descobrir ainda que não muito claramente os planos divinos a seu respeito.
Em 1625 o marido
veio a falecer, na paz, depois de muita revolta e intranquilidade.
Quando Luísa
encontra o Padre Vicente, ela tem 34 anos, é uma viúva angustiada, inquieta na
busca da vontade de Deus, com uma vida de oração toda estruturada em
exercícios, em devoções, em jejuns e disciplinas. O Padre Vicente descobre as
marcas que a dureza da vida deixou nesta mulher supersensível e sofrida. Acolhe
seu sofrimento e com paciência começa a trabalhar sobre esta inquietude de
Luísa, desdramatizando as coisas e jogando-a no amor de Deus que liberta.
Recomenda-lhe muito a meditação da Palavra de Deus
Descobre logo a
rica personalidade de Luísa e solidez de sua fé. Então, ele orienta sua
inteligência e seu coração para os pobres. Recorre com frequência à sua
colaboração para preparar roupas para os pobres, para visitá-los, solicita
pequenos serviços nas confrarias e ela vai recuperando pouco a pouco a
confiança em si mesma.
Apreciando sua
disponibilidade, seu juízo reto e seguro, seu sentido de organização e intuição
feminina, o Padre Vicente faz dela sua principal colaboradora e confia-lhe a
animação das Confrarias da Caridade.
Chegando às
aldeias, Luísa se informa das pessoas que pertencem à Confraria, reúne as
senhoras da Caridade e dirige-lhes a palavra. Observa como funciona a
Confraria, o estado financeiro das coisas, o papel de cada um dos membros,
informa-se sobre a vida espiritual, visita pessoalmente os pobres, interessa-se
pela instrução das (dos) jovens. Terminada a visita, ela reúne as responsáveis,
dá orientação segura e envia ao Padre Vicente um relatório minucioso, com sua
própria apreciação.
No trabalho das
Confrarias, o Padre Vicente intervém quando necessário, mas deixa toda a
liberdade de ação a sua colaboradora e recorre muitas vezes ao seu espírito de
organização.
Beata Margarida Naseau |
Com o tempo, as
necessidades aumentam, as consequências da guerra se fazem sentir e Vicente e
Luísa se interrogam sobre o futuro do serviço dos pobres. Apresenta-se uma
camponesa: Margarida Naseau e, com
ela, outras camponesas que seguem o seu exemplo de dedicar a vida a serviço dos
pobres
As jovens que se
reúnem ao redor de Luísa de Marillac em 29 de novembro de 1633, são camponesas
rudes, que não tem instrução nem mesmo elementar, a maioria não sabe ler. Luísa
dá formação espiritual às jovens ensina a ler, a escrever, a costurar, como
cuidar dos doentes, a fazer chás caseiros, como ensinar o catecismo. Juntas
refletem e enfrentam as dificuldades que aparecem nos serviços, os mais
variados.
Santa Luiza de Marrilac com suas filhas da Companhia das Filhas da Caridade. |
A experiência
sofrida de sua infância e a educação diversificada que recebera muito contribuíram
para a organização da Companhia das Filhas da Caridade, tanto na parte humana
como na espiritual. A maneira de viver, as virtudes, a vida fraterna e o
serviço dos pobres são frutos de sua experiência humana e fidelidade à graça de
Deus.
Luísa, com a
ajuda do Padre Vicente, que soube ouvi-la e compreendê-la, lutou contra os seus
defeitos e chegou a ser a fervorosa imitadora de Jesus Crucificado, desapegada
de si mesma, zelosa para com a Comunidade e o serviço dos pobres.
A morte de Luísa
de Marillac deu-se em 15 de março de 1660. Suas últimas recomendações no leito
de morte, ou seja, o testamento espiritual que deixa para suas filhas é um
legado de fidelidade a Deus, à Virgem Maria, à vida fraterna e aos pobres.
Disse: “Tende muito cuidado com o serviço
dos pobres, vivei juntas em grande cordialidade para imitar a união e a vida de
Nosso Senhor e tende a Santíssima Virgem por vossa única Mãe.”
Seu testemunho
de vida simples, humilde, cheia de amor, tem muito a nos ensinar. Ela foi a
primeira voluntária da Caridade. Quando no momento atual, a Igreja pede a todos
nós, uma opção preferencial pelos pobres, Luísa, essa mulher dinâmica e
corajosa, já antecipou os tempos, fazendo uma opção não somente preferencial,
mas radical pelos pobres. Em qualquer pessoa que sofresse, ela sabia contemplar
Jesus Cristo crucificado e para resgatar a imagem e semelhança de Deus
presentes nos marginalizados, ela dedicou o melhor de si, colocou em ação as
suas potencialidades femininas agilizando os meios de que dispunha para
transformar a realidade de pobreza de seu tempo. Ela nos ensina, sobretudo, a
buscar sempre a realização do projeto de Deus sobre nós, com humildade,
criatividade e abertura de coração.
Foi canonizada
em 1934 e proclamada pelo Papa João XXIII, a Patrona das Obras Sociais.
Os traços
principais do rosto de Luísa de Marillac e sua evolução espiritual.
–
Vivacidade.
– Humildade.
– Tenacidade
– Cordialidade.
São Vicente
descobriu a miséria material e espiritual de sua época e consagrou sua vida ao
serviço e à evangelização dos pobres. Para isso fundou as Confrarias da
Caridade (Senhoras da Caridade, hoje, Voluntárias da Caridade) e os Padres da
Missão. Nesta ocasião encontrou-se com Luiza de Marillac e associou-a a sua
atividade com os pobres. As senhoras da Caridade, impedidas por seus maridos,
deixaram de assistir pessoalmente os pobres, mandando suas criadas. Uma jovem
camponesa, Margarida Naseau, apresentou-se ao Padre Vicente para dedicar-se aos
mais humildes trabalhos que as senhoras das confrarias não assumiam junto aos
pobres. Com grande amor evangélico, fez-se a serva dos mais abandonados. Seu
exemplo foi comunicativo, pois logo outras jovens a seguiram. Vicente as confia
à Luiza de Marillac para instruí-as.
A 29 de Novembro
de 1633 as (4) quatro primeiras Irmãs se reúnem com Luiza para viver um mesmo
ideal, em comunidade fraterna. Seis meses depois já são (12) doze. Foi uma
novidade na época, pois até então só havia vida consagrada em clausura. E agora
elas vivem no meio do povo, indo à casa dos pobres para atender os doentes.
Depois, à medida das necessidades, ocuparam-se dos doentes nos hospitais, da
instrução das jovens, das crianças abandonadas, dos galés, dos soldados
feridos, dos refugiados, das pessoas idosas, dos dementes e outros…
Alguns anos mais
tarde, convictos de que a Caridade de Cristo que deve impulsionar a Companhia
não conhece fronteiras, os Fundadores enviaram à Polônia um primeiro grupo de
Irmãs.
A 18 de janeiro
de 1655, a Companhia foi aprovada pelo Cardeal de Retz, Arcebispo de Paris, e,
a 8 de junho de 1668, recebeu a aprovação pontifícia do Papa Clemente IX.
DISCURSO DO PAPA SÃO JOÃO PAULO II ÀS IRMÃS DA
CARIDADE DE SÃO VICENTE DE PAULO
11 de Janeiro de
1980
Minha Reverenda
Madre
Minhas Irmãs
Imaginai comigo
que São Vicente de Paulo e Santa Luísa de Marillac — os vossos dois fundadores,
tão unidos na sua paixão evangélica de servir os pobres, Santos que voltaram
para o Senhor com poucos meses de intervalo um do outro, há mais de três
séculos — imaginai que se encontram presentes nesta reunião de família. Mas
estão deveras conosco embora misteriosamente. Permiti-me que lhes dê a palavra,
tornando-me eu intérprete apenas.
Enquanto vós
continuais os trabalhos da Assembleia geral da Companhia, aqueles que venerais
como vosso Pai e vossa Mãe querem, primeiro que tudo, confirmar-vos na
consciência da atualidade da vocação que tendes. O calor da caridade é com
certeza aquilo de que os homens mais precisam hoje, como sempre, aliás.
Certamente que
as misérias sociais do século XVII e da época da Fronda estão já bem longe. Mas
«tendes sempre pobres convosco». Quem
nos dará estatísticas exatas sobre a pobreza real em cada país e à escala do
mundo inteiro? São muitas vezes publicados números relativos ao comércio, à
agricultura, à indústria, aos bancos, aos armamentos, etc. Mas, na época dos
«computers», sabemos porventura quais os números exatos dos analfabetos, das
crianças abandonadas, dos subalimentados, dos cegos, dos doentes, dos lares
desunidos, dos presos, dos marginalizados, das prostitutas, dos desempregados,
das pessoas que vivem nos bairros de lata ou favelas do mundo inteiro? Caras
Irmãs, não tenhais olhos nem coração senão para os pobres, como «monsieur
Vincent» e «Mademoiselle Legras». E para vos estimulardes mais — se necessário
fosse! — considerai que vos dizem: Contemplai Nosso
Senhor Jesus Cristo, ouvi-O repetir-vos qual o sentido da Sua missão: O
Espírito do Senhor está sobre Mim… Ungiu-Me para anunciar a Boa Nova aos
pobres, proclamar a libertação aos cativos, fazer recobrar aos cegos a vista, e
mandar em liberdade os oprimidos… (Lc 4, 18) É verdade, o Evangelho
apresenta-nos quase sempre Cristo entre os pobres. É o meio em que decorre a
Sua vida.
Parece-me
igualmente que estes dois grandes Santos da caridade vos impelem, com ternura e
firmeza, a que defendais e desenvolvais a vossa entrega radical a Jesus Cristo,
segundo as promessas que renovais cada ano a 25 de Março. A castidade, por
causa de Cristo e do Evangelho, é dessa entrega o sinal mais profundo. E longe
de ser alienação da pessoa, é admirável promoção das capacidades e necessidades
de maternidade, inerentes a toda a mulher. Vós sois mães. Colaborais na proteção,
na orientação, desenvolvimento, na cura e no encerramento em paz de tantas
vidas humanas, tanto no plano físico como no moral e religioso. O vosso
celibato consagrado vede-o sempre como caminho de vida até aos outros, e
revelai este segredo às jovens que hesitam em enveredar pelo caminho que vós
seguistes.
Amai não somente os pobres, amai também serdes vós mesmas pobres, em espírito e em atos. São Vicente de Paulo e Santa Luísa de Marillac disseram mais com o serviço concreto dos pobres — dia e noite —, do que fariam com extensos tratados sobre a pobreza. Do mesmo modo São Francisco de Assis foi mais eloquente despojando-se do seu vestuário, do que se publicasse uma revista periódica sobre o desapego dos bens terrenos. E Charles de Foucault mais enriqueceu com o seu sorriso e a sua bondade o ambiente dos pobres, do que se desse à imprensa a autobiografia de jovem oficial convertido, que escolheu estar no último lugar e entre os pobres. Poder-se-ia recordar também que o meu veneradíssimo predecessor Paulo VI, pondo de parte o uso da tiara, fez um gesto que não acabou de dar os seus frutos na Igreja.
Amai não somente os pobres, amai também serdes vós mesmas pobres, em espírito e em atos. São Vicente de Paulo e Santa Luísa de Marillac disseram mais com o serviço concreto dos pobres — dia e noite —, do que fariam com extensos tratados sobre a pobreza. Do mesmo modo São Francisco de Assis foi mais eloquente despojando-se do seu vestuário, do que se publicasse uma revista periódica sobre o desapego dos bens terrenos. E Charles de Foucault mais enriqueceu com o seu sorriso e a sua bondade o ambiente dos pobres, do que se desse à imprensa a autobiografia de jovem oficial convertido, que escolheu estar no último lugar e entre os pobres. Poder-se-ia recordar também que o meu veneradíssimo predecessor Paulo VI, pondo de parte o uso da tiara, fez um gesto que não acabou de dar os seus frutos na Igreja.
Vós ouvis, por
último, instar convosco os vossos dois modelos devida para que não deixeis que
se apague o espírito de dependência, quando cada pessoa tanto tende hoje para
se reservar um espaço livre em que não dependa de ninguém, para melhor se
entregar à imaginação e fantasia. A obediência religiosa, bem o sabeis, é sem
dúvida o mais agudo dos três cravos de ouro que prendem à vontade de Jesus os
seus imitadores e as suas imitadoras. É lá possível contemplar alguém a cruz do
Senhor Jesus sem se conformar ao Seu mistério de obediência ao Pai? Sejam os
superiores religiosos, humanos e compreensíveis, é dever que têm. Mas sejam
também os súbditos cada vez mais adultos e responsáveis, de maneira que
aprofundem e vivam o valor de oblação da obediência.
Numa palavra, os
vossos fundadores dizem-vos, como a todas as vossas companheiras: «Estai no mundo,
sem nunca vos deixardes contaminar pelo espírito do mundo de que fala São
João». Sabeis que o sal, se ficar insosso, não há com que temperar. E o que
brilha é a pureza do cristal.
A vós, minha
Reverenda Madre, que fostes agora reeleita, sinto especial alegria dirigir os
meus votos de frutuoso serviço da Companhia. As Capitulares, a quem agradeço a
visita, e a todas as Irmãs da Caridade, que servem a Cristo nos Seus pobres no
mundo inteiro — sem esquecer o serviço muito apreciado que prestam no Vaticano
—, concedo a minha afetuosa Bênção Apostólica.
2 comentários:
Que Deus o abencoe por tornar possivel que conhecamos uma vida de exemplo tao grandioso e divino como o de Santa Luisa de Marillac.
Que Deus o abencoe por tornar possivel que conhecamos uma vida de exemplo tao grandioso e divino como o de Santa Luisa de Marillac.
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