Nasceu, segundo registros antigos, em Salimaso de
Thomas, diocese de Sarlat; outros creem que talvez tenha sido em Lebreil, parte
do município de Salas de Belvés (Dordonya). Seu pai era agricultor; empenhou-se
a estudar em Monpazier, vivendo da caridade e ensinando aos outros mais jovens.
Foi a Agen e voltou a Monpazier em 1325. Atraído pela Ordem do Carmelo, estudou
um ano em Leitora e, aos 21 anos de idade, ingressou na Ordem, fazendo o
noviciado em Cordom ou Bergerac.
Professou em Bergerac e estudou dois anos, passando
depois a Agen e Bordeus. Ensinou lógica e filosofia em Albi. Também deu aulas
em Paris. Voltou a Aquitânia em 1345, quando foi eleito procurador geral da
Ordem; depois de acabar os estudos de teologia em Paris, onde obteve o grau de
mestre em 1348, foi à corte do Papa Clemente VI, em Avinhão, e fez a oração
fúnebre em seu funeral.
Atividade
Diplomática como Conciliador de Conflitos e Representante do Santo Padre
Conhecido por sua habilidade diplomática e sua
oratória, ajudou aos Papas seguintes como seu representante, intentando
resolver conflitos entre reis cristãos, a unificação das Igrejas Católica e
Ortodoxas e a união para combaterem contra os muçulmanos.
Foi delegado papal em negociações com Gênova (1352,
para conseguir a paz com Veneza), Milão e Veneza. Em 1354 foi nomeado bispo de
Patti e Lipari e representou o papa na coroação de Carlos IV de Luxemburgo. Em
Serbia, em 1356, intentou acalmar o conflito entre Veneza e Hungria.
Entre 1357 e 1359 foi enviado a Constantinopla, onde
recebeu o apoio de nobres e do próprio João V Paleólogo para a unificação das
Igrejas Católica e Ortodoxa. Foi a Chipre e empreendeu uma peregrinação à Terra
Santa, voltando depois à Sicília e Chipre. Em 1359 foi enviado com as tropas
como Delegado Universal à Igreja do Oriente e bispo de Corinto, com a mesma
missão de combater aos turcos, aliado com Veneza, Chipre e os cavaleiros da
Ordem de Malta. Em Chipre, coroou Pedro I de Chipre como rei de Jerusalém.
Concebe a ideia de uma nova cruzada e marcha para
pedir ajuda ao Ocidente, aproveitando para por paz em um conflito entre Milão e
Roma. Em 1363 foi nomeado arcebispo de Creta e, em maio de 1364, Patriarca
Latino de Constantinopla (era um título simbólico, sem jurisdição real) e
legado papal de Urbano V, sucedendo ao cardeal Talleyrand. Nesse mesmo ano foi
cofundador da Faculdade de Teologia da Universidade de Bolonha. Preocupou-se em
consolidar a paz entre os reis cristãos e de trabalhar pela união das Igrejas,
convertendo-se em um precursor do ecumenismo. Entre suas missões diplomáticas,
levou uma vida austera e modelar, preocupado pela evangelização dos povos e a
caridade para com os mais necessitados.
Apesar dos altos cargos que exerceu, nas suas viagens
Frei Pedro Tomás procurava sempre, como residência, os conventos dos seus
irmãos carmelitas, vivendo ali como irmão e com os irmãos de Nossa Senhora do
Carmo a vida normal da comunidade, segundo a Regra.
Com Pedro I de Chipre, participou na cruzada contra
Alexandria em outubro de 1365, que foi tomada, porém, imediatamente abandonada,
por medo de um contra-ataque turco. A tradição diz que em um dos ataques das
tropas cristãs o bispo foi ferido com uma flecha e morreu em Chipre três meses
depois, em 06 de janeiro de 1366. Por isso era tido como “mártir”.
Na realidade, voltou a Famagusta são e salvo, porém,
enquanto preparava uma viagem até Roma, enfermo “de um catarro” e muito magro
(“reduzido a pele e ossos”, conforme relatos da época), morreu em um convento
carmelita de sua cidade no dia 6 de Janeiro de 1366. Apesar de ser bispo pediu
que o levassem para sua última morada vestido com o hábito da Ordem.
Devoção a
Nossa Senhora
Era muito devoto de Nossa Senhora. Amou tanto Nossa
Senhora que parece trazia no coração o seu nome. Foi um dos mais ardorosos
defensores da Imaculada Conceição de Maria Santíssima. A ele se atribui o
tratado “De Immaculata Conceptionis” em quatro volumes de sermões. É dele a
profecia inspirada pela Virgem Maria de que a Ordem do Carmo durará até ao fim
dos tempos.
Veneração
Rapidamente começaram os relatos de milagres em seu
túmulo, no convento carmelita de Famagusta. Fala-se também de uma claridade que
envolvia seu cadáver exposto ao público em seu funeral.
Em maio de 1366, quatro meses após sua morte,
descobriu-se que seu corpo ainda estava incorrupto e Pedro de Chipre pediu sua
canonização a Urbano V. O Papa proibiu o translado do corpo do santo bispo
durante dez anos, ainda que este houvesse pedido que seu corpo fosse
transladado para Bergerac. Pouco depois, Philippe de Mézières escreveu sua
vida, base de sua posterior hagiografia.
Os seus esforços pela promoção e consolidação da
unidade da Igreja Oriental fazem deste santo do séc. XIV um precursor do
ecumenismo e um verdadeiro “apóstolo da unidade da Igreja”.
A conquista turca de Chipre em 1571 e o terremoto de
1753 acabaram com o rastro do santo em Chipre. Em 1609, a Santa Sé autorizou a
festividade de Pedro Tomás entre os carmelitas, que foi confirmado por Urbano
VIII em 1628; formalmente não foi canonizado. Em Lebreil, se levantou uma
capela sobre a casa que se crê que nasceu, porém, foi derrubada durante a
Revolução Francesa. Foi restaurada em 1895 como santuário em sua memória.
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