O Beato
Francisco Palau y Quer, Fundador das Carmelitas Missionárias e Carmelitas
Missionárias Teresianas, nasceu em Aytona, Barcelona a 29 de Dezembro de 1811.
Depois de uma infância perpassada pelos acontecimentos inerentes a ocupação
francesa, o menino tornou-se num jovem na procura de um ideal que albergasse o
seu sonho de entregar-se ao Amor. Procurou no Seminário em Lérida (Barcelona)…
foi ao Convento dos Frades Carmelitas Descalços onde professou… mas Deus tinha
outros planos para ele e servindo-se da revolução anticlerical que levou à exclaustração
e expropriação das ordens religiosas lançou-o numa procura incansável da Sua
Amada (= Igreja)! Esse fogo fê-lo ordenar sacerdote em Barbastro.
Passou as
fronteiras… Servindo a Igreja, descobriu que os homens eram explorados e não
conheciam o Evangelho. Criou a Escola da Virtude onde se reuniam para a
evangelização. Também se serviu das missões populares e da imprensa com o
jornal ”Ermitaño”. Tornou-se incomodo e confinaram-no à Ilha de Ibiza. Aí
dedicou-se à oração; a pregação pela ilha, tendo como singular companheira de
caminho a Virgem do Carmo; atender por via epistolar aqueles que com ele se
dirigiam. E eram muitos… núcleos de mulheres que procuravam viver segundo a sua
orientação e de homens que viviam como eremitas.
A sua alma
buscadora encontrou finalmente o que há tanto tempo ansiava: o Deus dos homens
e os homens de Deus numa totalidade. Assim o mistério da Igreja (Deus e o
próximo) centrou o seu coração e contagiou aqueles que com ele tratavam. O seu
tesouro não podia ficar escondido! Surgiram as primeiras comunidades que se
identificaram com este seu sonho! Este sonho chegou até hoje e estende-se pelos
cinco continentes, prolongando-se em cada carmelita missionária e carmelita
missionária teresiana. A sua vida entregue à Igreja transfigura-se no dia 20 de
Março de 1872.
Francisco Palau,
Homem, de rasgos fortes e bem marcados; de mediana estatura e de constituição
forte se descobre uma figura austera e severa. Enamorado do silêncio, do retiro
e da solidão, é e se sente apóstolo de atividades múltiplas e transbordantes.
Pregador incansável: vê a recristianização do ambiente espanhol e europeu como
uma autêntica obra de evangelização. A Direção Espiritual foi um dos meios
pelos que transmitiu com maior eficácia e autenticidade o seu espírito aos
membros da família religiosa que criou. Fica também expresso nas suas cartas. A
sua faceta de catequista e renovador fez patente na grande obra da Escola da
Virtude de Barcelona. Foi escritor, mais por exigências pastorais que por
vocação. Conseguiu, no entanto, compor páginas originais que ocupam lugar
privilegiado na literatura religiosa e espiritual do século XIX espanhol.
Algumas das suas
obras são: a Luta da alma com Deus; A vida solitária; o Catecismo das Virtudes;
Mês de Maria; A escola da Virtude Vindicada; A Igreja de Deus Figurada pelo
Espírito Santo; entre outras. Menção especial merecem as páginas de índole
autobiográfica como são as cartas e As minhas Relações com a Igreja. As 169
cartas reunidas no epistolário são uma fonte insubstituível para conhecer e
compreender o Padre Francisco Palau. Foi considerado exorcista pela sua missão
a favor dos marginalizados que o procuravam na sua residência de Santa Cruz de
Vallcarca (Barcelona).
Foi beatificado
a 24 de Abril de 1988 e a sua festa litúrgica celebra-se a 07 de Novembro.
Pensamentos do
Beato Francisco Palau y Quer
“Que bem cuidado está aquele que se fia de Deus!”
“Irei aonde a glória de Deus me chame.”
“A voz de Deus não deixa vazia a alma, enche-a e
dá-lhe firmeza.”
“A obra grande de Deus no homem lavra-se no
interior.”
“Amar a Deus e ao próximo é a finalidade da minha
missão.”
“Confiemos em Deus e na Sua Mãe, e não seremos
enganados nem confundidos nas nossas esperanças.”
“Amo-te Igreja!
O mínimo que te posso oferecer é a minha vida!”
“Na oração tudo
encontrarás!”
AS PROFECIAS DO BEATO FRANCISCO PALAU:
Em seu jornal
“El Ermitaño”, o Beato Palau tratou especialmente dos eventos de sua época.
Ele via os problemas religiosos,
políticos, sociais, econômicos – e até tecnológicos – como fazendo parte de um
só e imenso movimento que, animado por Lúcifer e seus sequazes, procurava
derrubar a Igreja Católica e a ordem social cristã.
Arguto e intenso analista das informações
que chegavam a Barcelona através dos jornais e telégrafos, ele teceu
visualizações inspiradas pela Fé e pelos seus estudos teológicos às quais é
difícil recusar uma inspiração profética.
Sua linguagem, como era usual em seu
tempo, utiliza muitas figuras e símbolos. Por exemplo, no artigo seguinte,
intitulado “Um Cometa”, publicado em
25 de Agosto de 1870. O cometa simboliza e sinaliza aqui a libertação de
Satanás, para fazer os danos ao mundo previsto no Apocalipse:
Exilado em Ibiza, ia ao rochedo Vedrá
fazer retiro espiritual: “Eu vi um
cometa, o mesmo cometa, aquele sinal misterioso, sobre o qual fiz tantas
reflexões. Sua cauda tinha forma de espada, de uma espada de fogo que lançava
bolas de fogo em direção à terra. Eu fiquei atento olhando para a espada.
Horrivelmente fiquei tomado de espanto, porque apareceu uma mão misteriosa que
empunhou a espada, e na hora pelo orbe inteiro se ouviram hinos de guerra:
guerra no mundo oficial político, guerra entre os reis, guerra por razões de
interesse puramente material”.
“Enquanto
eu olhava a mão que empunhava a espada de aço voltada contra a cabeça dos reis,
saiu do cometa outra cauda, e apareceu na hora uma outra mão que pegou a cauda
do cometa que era toda de fogo e em forma de espada, e entre trovões e
relâmpagos a espada jogava raios e faíscas contra o globo terrestre, e as duas
espadas, batendo entre elas, acendiam sobre a terra a mais encarniçada guerra
que os séculos já viram: na política e na religião: uma guerra universal. (…)”
“O cometa
era um sinal colocado no firmamento do mundo espiritual. Ele joga uma luz que
ilumina a história presente e vindoura deste mundo material visível onde
acontece a atividade humana. (…)”
“A luz
desse cometa ilustra o cumprimento desta profecia: ‘Satanás será solto da
prisão. Sairá dela para seduzir as nações dos quatro cantos da terra. ’” (Ap. 20, 7-8)
“À luz
deste cometa se vê a obra de Satanás, aquele mistério de iniquidade que começou
a se tramar contra a Igreja, quando Ela estava ainda em seus primórdios.
Satanás desencadeado seduziu todos os reis e todos os príncipes da terra; ele
voltou suas espadas e cetros contra a Igreja: esta é a sua obra.”
“O cometa
mostra duas mãos e as duas empunham uma espada, e as duas vão contra Cristo e
sua Igreja, e anunciam uma guerra igual à dos primeiros séculos, porém mais
horrorosa, sem comparação. (…)”
“Satanás
desencadeado consumou sua maldade, porque obteve nesta ordem material política
a apostasia de todos os reis e governos.”
“Eu, o
Ermitão, percebendo este fato, peguei dois pedaços de madeira, fiz uma Cruz e
escrevi nela Quis ut Deus? (…)”
“O
cometa significa e desvenda o desencadeamento e a libertação do diabo e, em consequência,
a apostasia predita pelo apóstolo: um reino de trevas e de maldade, uma época
de incredulidade e de erros.”
“O cometa
sinalizará o anátema, a maldição, a morte, a guerra e a anarquia social; dias
de luto e pranto. E quando o Ermitão viu este sinal, quer dizer, o diabo
desencadeado, vos disse, e vos repete sempre a mesma coisa, certo de que o
tempo confirmará a verdade destes fatos.”
Lúcifer, autor da revolta no Céu, instiga
uma revolução análoga na Terra. As antevisões do Beato Francisco Palau y Quer,
OCD, (1811-1872) impressionam pela penetração e riqueza de panoramas.
As suas previsões referentes aos dias de
hoje são surpreendentemente detalhadas, abrangentes, fruto de longos estudos
dos autores sagrados, Doutores e grandes teólogos da Igreja.
O Beato via os eventos históricos futuros
imediatos se desenvolvendo segundo uma sequência fundamental:
1°. A marcha do mundo em direção à
dissolução social e ao estabelecimento de uma anti-ordem caótica como fruto de
uma Revolução anticristã;
2°. A denúncia dessa Revolução por um
enviado de Deus e seus discípulos, seguida da justa punição divina da iniquidade;
3°. A restauração da Igreja e das nações
por obra do Espírito Santo e o advento de um período em que as pessoas imbuídas
do espírito do Evangelho dariam uma glória a Deus historicamente inigualável.
Esse período histórico duraria até o fim do mundo.
O bem-aventurado frade deplorava as
sucessivas quebras das instituições fundamentais da ordem cristã como a família
e a propriedade.
Lamentava a demolição da moralidade e dos
estilos de vida tradicionais, minados pela revolução industrial. Condenava a
derrubada das formas tradicionais de governo por constantes golpes políticos.
Não aceitava que todas essas demolições
convergentes fossem resultado do acaso. Pelo contrário, a variedade imensa das
crises era para ele resultante de uma causa única.
Ele se perguntava se por detrás delas, no
comando, não havia alguma inteligência forçosamente diabólica.
“Sim
– respondia ele –, o próprio Lúcifer,
que seduziu um terço dos anjos no céu, apoderou-se do coração de uma série de
homens-chave na Terra e mais uma vez ergueu a bandeira da revolta. Esse novo
non serviam (‘Eu não servirei’) é a grande causa das crises no mundo, concluía”.
E essa para ele tinha um nome: “Revolução”.
“O que é a Revolução? – explicou – É hoje na Terra aquilo mesmo que aconteceu
no Céu quando Deus criou os anjos: Satanás (…) seduziu todos os reis e governos
da terra e com a bandeira ao vento dirige seus exércitos na guerra contra Deus,
(…) isto é revolução, isto é anarquia entre os homens e guerra contra Deus”
(“Triunfo de la Cruz”, El Ermitaño, Nº 125, 30-3-1871.).
“Satanás
é o pai da Revolução – ensinava, parafraseando um célebre escrito de Mons. de
Ségur –, essa é a obra dele, iniciada no Céu e que vem se perpetuando entre os
homens de geração em geração. Por primeira vez após seis mil anos ele teve a
ousadia de proclamar diante do Céu e da Terra o seu verdadeiro e satânico nome:
Revolução”!
“A
Revolução tem como lema, a exemplo do demônio, a famosa frase: não obedecerei!
Satânica em sua essência, ela aspira a derrubar todas as autoridades e seu
objetivo derradeiro é a destruição total do reino de Jesus Cristo sobre a
terra” (“Adentros
del catolicismo – abominaciones predichas por Daniel profeta en el lugar santo:
Apostasía”, El Ermitaño, Nº 21, 25-3-1869.).
Segundo o bem-aventurado, essa Revolução
realiza os anúncios das Sagradas Escrituras relativos à apostasia dos últimos
tempos. A análise racional, tranquila e vigorosa dos acontecimentos
sociopolíticos contemporâneos o confirmava nesta sua convicção.
A Revolução leva a uma catástrofe que o
Beato Palau queria evitar; No século XIX a humanidade imergia de modo
displicente e veloz na anarquia, impelida pelas tendências desordenadas que
alimentam a Revolução, especialmente o orgulho e a sensualidade. Por isso, o
Beato Palau concluiu que a dinâmica revolucionaria impulsiona o mundo de modo
implacável ao caos e ao desaparecimento da ordem social.
O beato usava como exemplo um acidente
ferroviário que abalou seus contemporâneos. Um temporal derribara uma ponte na
Catalunha, e um trem expresso – naquela época símbolo embriagador do progresso
industrial – sem saber do acontecido, precipitou-se no abismo durante a noite.
Ele viu no acidente uma parábola do mundo
superficial e despreocupado, portador de restos de cultura e religião, sendo
conduzido pela Revolução rumo a uma catástrofe que o bem-aventurado desejava
evitar, mas que ninguém queria ouvir falar:
Guerra Civil Espanhola: um passo na marcha
da Revolução: “Uma horrorosa catástrofe
anunciada pelos profetas, por Cristo, pelos Apóstolos e por todos os
porta-vozes mais autorizados do catolicismo. A sociedade atual, conduzida em
massa pelo poder das trevas e pelo poder político, subiu num trem. Mas os
maquinistas a levam para os infernos. A estação de onde saiu chama-se
Revolução, a próxima estação chama-se Catástrofe Social.”
“Agora
o trem circula entre uma estação e outra. Os passageiros não pensam, o Ermitão
dá berros fortíssimos: ‘Parem, voltem atrás!’.”
“Mas essa
voz, que é a própria voz do catolicismo, é sufocada pelo ruído do trem. (…) A
tempestade levou a ponte. Era noite e o trem que partiu de Gerona ia em frente.
Os viajantes não sabiam do perigo, mas a ponte não estava ali. As trevas
escondiam o risco, até chegar ao abismo. A locomotora deu um pulo e não tinha
asas, faltavam os trilhos, só havia o precipício. Ela caiu, arrastando consigo
os carros e os passageiros. E as águas os engoliram.”
“Eles não
acreditaram no perigo, mas ele existia, era verdadeiro, e a incredulidade não
os salvou, mas os perdeu.”
“Os
maquinistas e condutores do trem para onde vai à sociedade atual estão ébrios,
perderam o juízo. Não vedes que não acertam uma?”
“Descei
enquanto puderdes, e jogai-vos nos braços da Igreja (a autêntica, Aquela que
não apostatará) vossa Mãe, e assim vos salvareis.” (“Catástrofe
social”, El Ermitaño, Nº 40, 5-8-1869)
Como a Revolução satânica se infiltrou na Igreja?
O Bem-aventurado
Francisco Palau e Quer, OCD, tomava como ponto de partida em seus escritos
proféticos os fatos políticos, sociais e religiosos que lhe tocava assistir no
dia-a-dia. E os analisava conscienciosamente à luz da Fé e dos dados dos
doutores da Igreja.
Ele expunha suas conclusões através de uma
linguagem rica em imagens, visando torná-las acessíveis aos leitores de seu
jornal “El Ermitaño”.
Assim, ele apresentou uma conversação
figurada do personagem principal de sua revista – “o ermitão” – com o próprio
Deus, sobre o Concílio Vaticano I, que tantos benefícios trouxe para a Igreja.
Nela, o Beato põe nos lábios de Deus a
seguinte explicação: “Por causa da corrupção dos costumes [Satanás] se
introduziu no Sancta Sanctorum e, enquanto comanda todos os reis e poderes
políticos da terra em batalha contra Mim, desde o exterior da Cidade Santa,
paralisa de dentro a Minha ação, entorpece Meus empreendimentos e frustra Meus
projetos” (“Roma
vista desde la cima del monte”, El Ermitaño, Nº 58, 9-12-1869).
Entre os instrumentos desta ofensiva
interna contra a Igreja ele apontava uns estranhos “sacerdotes” do demônio: “Alguns
destes homens e mulheres exibem uma virtude religiosa aparente, vão se
confessar, ouvem a missa, comungam com frequência, mas o que há com eles?
Horror!
“Recolhem as formas eucarísticas,
levam-nas para casa e as apresentam em sessões satânicas para serem
espezinhadas. Esses são os Judas dentro do próprio santuário, que introduziram
os demônios no local onde não tem direito, e encheram o templo de Deus de
abominações” (“El maleficio”, El Ermitaño, Nº 103, 27-10-1870).
“Satanás entrou no santuário –
acrescentava o religioso carmelitano – e o encheu de abominações, sustentado
por poderes que se intitulam católicos, e que de dentro do próprio santuário
fazem guerra contra nós, uma guerra atroz, a mais perigosa que a Igreja já teve
que enfrentar. (…)
“(…) porque ao inimigo convém nos combater
a partir de dentro da fortaleza, e por isso ele usa a roupagem e o nome de
católico, e com essa fachada se apresenta em certos atos religiosos para
fascinar as turbas e criar confusão até no céu” (“Campamento de epidemia en
Vallcarca”, El Ermitaño, Nº 99, 29-9-1870).
Em 1968, S.S. Paulo VI afirmou que “a
fumaça de Satanás entrou no lugar sagrado” (Discurso ao Pontifício Seminário
Lombardo, 7-12-68, Insegnamenti di Paolo VI, Tipografia Poliglotta Vaticana,
1968, vol. VI, p. 1188; e Homilia “Resistite Fortes in fide”, 29-6-1972, ibid.,
1972, vol. X, p. 707).
Cem anos antes, o bem-aventurado carmelita
já denunciava com horror esta infiltração na Igreja.
Misteriosa estirpe espiritual de Judas
agindo na Igreja. Em numerosas ocasiões, o bem-aventurado alude à existência de
um “Judas” enquistado na Igreja.
Com esta expressão ele não se referia a um
indivíduo em particular, mas a uma espécie de estirpe espiritual que ao longo
dos séculos trabalha dentro da Igreja contra Ela.
Segundo ele, essa linhagem do mal se
manifestou de modo patente em certos heresiarcas, mas na maior parte do tempo
agiu em segredo, escondida da massa do clero e dos fiéis.
No quê consiste essa estirpe? Como entrou
na Igreja sacrossanta? Como pôde manter-se n’Ela? Como age? Qual é o seu sinal
distintivo?
O santo religioso não se estendeu muito em
pormenores históricos. Ele via, porém, que ao longo dos séculos sempre houve
manobras diabólicas para infiltrar agentes e organizá-los dentro da Igreja.
O primeiro instrumento foi o próprio Judas
Iscariotes, que dá o nome a esta estirpe do mal. Mas o Iscariotes acabou se
autodenunciando quando vendeu o Cordeiro Imaculado ao Sinédrio. Porém, poucos
anos depois, nos tempos apostólicos, este filão da perdição já estava agindo.
É o que diz São João em sua primeira
epístola: “18. Filhinhos, esta é a última hora. Vós ouvistes dizer que o
Anticristo vem. Eis que já há muitos anticristos, por isto conhecemos que é a
última hora. “19. Eles saíram dentre nós, mas não eram dos nossos. Se tivessem
sido dos nossos, ficariam certamente conosco. Mas isto se dá para que se
conheça que nem todos são dos nossos.” (I Jo. II, 18-19)
O Apóstolo amado acrescenta que “o
espírito do Anticristo de cuja vinda tendes ouvido, já está agora no mundo”. (I
Jo. IV, 3)
Os Atos dos Apóstolos (cfr. Act, VIII,
9-24) narram a história de Simão o Mago, que Santo Irineu qualifica de pai de
todas as heresias (“Adversus Hereses”, livro I, cap. 23).
O bem-aventurado carmelita atribui à
gestação dos erros e desordens na Igreja a esta estirpe de Judas:
“Judas e o diabo se combinaram contra
Cristo, mas os dois foram expulsos do colégio apostólico. (…) o diabo buscou
então portas para entrar no seio do catolicismo, e as encontrou nos
heresiarcas. As portas lhe foram abertas pelos próprios cristãos que lhe
entregaram as chaves da incredulidade e da corrupção das doutrinas”.
“Agora ele está dentro. Desejais vê-lo?
Entrai, e o que vereis? Vereis homens que se intitulam católicos, mas blasfemam
como demônios e perseguem com furor o catolicismo”. (…)
“Vereis o diabo dentro do próprio
santuário, desafiando a onipotência de Deus com blasfêmias proferidas diante de
seus altares. Vereis no povo católico as abominações prenunciadas por Daniel
profeta. Vereis o anticristianismo instalado no poder. Vereis que o diabo se
introduziu no lugar sagrado, e corrompe, perverte, tenta, prova” (“El suicidio”,
El Ermitaño, Nº 87, 7-7-1870).
O Beato punha na boca de um demônio as
seguintes palavras, falando desta linhagem de heréticos:
Nossa obra que com tanta cautela urdimos
desde Judas traidor até esta data, encobrindo o plano com que foi concebida e
que com sumo prazer vemos consumada na apostasia de todas as nações” (“Un misterio de
iniquidad”, El Ermitaño, Nº 111, 22-12-1870).
Esse plano – segundo a profética previsão
do frade carmelitano – iria atingir sua plenitude por uma misteriosa permissão
divina:
“Ermitão, (…) escuta: deixa que o diabo e
o ímpio completem o mistério de iniquidade que ele iniciou dentro do próprio
santuário com Judas traidor” (“Adentros del catolicismo”, El Ermitaño, Nº 21,
25-3-1869).
Contra essa pérfida linhagem lutaram os
grandes santos da Igreja, sem nunca terem conseguido extirpá-la completamente.
São Pio X, na célebre encíclica Pascendi Dominici Gregis, de 08 de
setembro de 1907, condenou com luxo de detalhes a conspiração dos heréticos
modernistas, antecessores diretos dos atuais progressistas.
A descrição feita pelo Santo Pontífice da
conjuração modernista concorda admiravelmente com a ideia que o Beato Palau
havia formado dessa sibilina estirpe de Iscariotes:
“Os
fautores do erro – ensina São Pio X – já
não devem ser procurados entre os inimigos declarados; mas, o que é muito para
sentir e recear, se ocultam no próprio seio da Igreja, tornando-se destarte
tanto mais nocivos quanto menos percebidos”.
São Pio X denunciou a conspiração
modernista, mas não teve tempo para extingui-la: “Aludimos, Veneráveis Irmãos, a muitos membros do laicato católico e
também, coisa ainda mais para lastimar, a não poucos do clero que, fingindo amor
à Igreja e sem nenhum sólido conhecimento de filosofia e teologia, mas,
embebidos antes das teorias envenenadas dos inimigos da Igreja, blasonam,
postergando todo o comedimento, de reformadores da mesma Igreja; e cerrando
ousadamente fileiras se atiram sobre tudo o que há de mais santo na obra de
Cristo, sem pouparem sequer a mesma pessoa do divino Redentor que, com audácia
sacrílega, rebaixam à craveira de um puro e simples homem”. (…)
“Não se
afastará, portanto, da verdade quem os tiver como os mais perigosos inimigos da
Igreja. Estes, em verdade, como dissemos, não já fora, mas dentro da Igreja,
tramam seus perniciosos conselhos; e por isto, é por assim dizer nas próprias
veias e entranhas dela que se acha o perigo, tanto mais ruinoso quanto mais intimamente
eles a conhecem. Além de que, não sobre as ramagens e os brotos, mas sobre as
mesmas raízes que são a Fé e suas fibras mais vitais, é que meneiam eles o
machado”.
(…)
“(…) continuam a derramar o vírus por toda
a árvore, de sorte que coisa alguma poupam da verdade católica, nenhuma verdade
há que não intentem contaminar (…) com tal dissimulação que arrastam sem
dificuldade ao erro qualquer incauto; e sendo ousados como os que mais o são,
não há consequências de que se amedrontem e que não aceitem com obstinação e
sem escrúpulos (…)
“Acrescente-se-lhes ainda, coisa aptíssima
para enganar o ânimo alheio, uma operosidade incansável, uma assídua e vigorosa
aplicação a todo o ramo de estudos e, o mais das vezes, a fama de uma vida
austera.
“Finalmente, e é isto o que faz desvanecer
toda esperança de cura, pelas suas mesmas doutrinas são formados numa escola de
desprezo a toda autoridade e a todo freio; e, confiados em uma consciência
falsa, persuadem-se de que é amor de verdade o que não passa de soberba e
obstinação.” (São
Pio X, Encíclica Pascendi Dominici Gregis).
Fonte: Blog Aparição de La Salette
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