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domingo, 1 de março de 2015

Santa Paula Frassinetti, Virgem e Fundadora


Paula Ângela Maria Frassinetti nasceu em 03 de março de 1809, na cidade de Gênova, Itália, tendo sido batizada no mesmo dia. Precedida de dois irmãos, José e Francisco, a infância de Paula decorre tranquilamente na casa paterna; outros dois irmãos, João e Rafael, virão completar a alegria da família. Esses seus quatro irmãos tornar-se-ão todos sacerdotes. José, o primogênito, também será fundador de uma congregação religiosa.
Ângela, sua mãe, é para ela o mais vivo exemplo de virtude, e a pequena vai-se abrindo à graça divina que nela opera maravilhas segundo o plano de Deus. Mas a boa mãe não chega a ver os desígnios do Senhor sobre a sua querida filha - morre, deixando Paula, ainda de tenra idade, e já a ter de se ocupar dos cuidados da casa. São dias de abatimento e de dor... Paula tem apenas nove anos!
A nada se poupa, e o amor pelo pai, João Baptista, e pelos irmãos leva-a a delicadas atenções que lhe exigem não poucas renúncias e sacrifícios. A sua primeira Comunhão e o sacerdócio do irmão José são momentos de profunda reflexão para Paula, que já sente no coração os apelos de Deus.
Servo de Deus Padre José
Frassinetti, Fundador. Irmão da
Santa. 
Em família, aprende a ler e a escrever e recebe as bases da sua formação. O irmão José, já adiantado nos estudos de Teologia, fala-lhe das coisas de Deus, e Paula escuta e acolhe a mensagem, guardando-a no seu coração. Toma consciência do chamado a seguir mais de perto o Senhor e nela ressoam profundamente as palavras do Mestre: “Quem ama o pai e a mãe mais do que a Mim não é digno de Mim”. Mas... Há sempre um, mas! O pai não se entusiasma com a ideia: como passar sem a sua Paulinha? E Paula vê-se obrigada a silenciar a sua aspiração, aguardando a hora de Deus. E ela chega!
O desgastante ritmo de vida foi progressivamente consumindo as suas forças. Aos dezanove anos, perante o cansaço físico tão manifesto, o irmão, Padre José, pároco de uma aldeia da Ligúria, convida-a a passar ali algum tempo. Os ares puros de Quinto são uma boa terapia para a sua saúde delicada. A vida da Paróquia é um bom treino para ela que, a pouco e pouco, com a sua cordial afabilidade atrai as jovens daquela aldeia. Todos os domingos vão para os bosques falar de Deus. Esses encontros tornam-se frequentes, e o diálogo alarga-se a outras jovens. Paula revela-lhes o segredo duma vida toda dedicada ao Senhor e descobre os seus dotes e a sua vocação de educadora. A sua volta, forma-se um grupo empenhado jovens moças que vive em comunhão de amor. No seu espírito torna-se clara a ideia de um novo Instituto: abre-se com o irmão José.
Bem depressa, apesar dos obstáculos e dos sofrimentos, o ideal será uma realidade. São seis as companheiras que conseguem superar os primeiros momentos de tanta dificuldade. Paula mostra-se decidida. A sua obra inicia-se sob o signo da cruz, aquela cruz que ela amara durante toda a vida e a fará exclamar: “Quem mais se sacrifica mais ama”!
Assim, a 12 de Agosto de 1834, no santuário de S. Martinho de Albaro, sete jovens consagram a Deus a sua vida. A Missa é celebrada pelo seu irmão Padre José, que as preparara para aquele passo tão importante. Sentem-se felizes: é o colocar da primeira pedra do Instituto, o iniciar da vida em comunidade, ancoradas na única riqueza - Jesus Cristo. Na verdade, nada têm, na pobreza da casinha de Quinto, que escolheram como a sua primeira morada.
Abrem uma escola para as crianças mais pobres; por isso, tem de trabalhar, mesmo de noite, para conseguirem sustentar-se. O entusiasmo, que nunca lhes falta, é o segredo do êxito da escola. Mas os caminhos do Senhor não são os nossos caminhos: os sofrimentos são, para Paula, a manifestação da Vontade de Deus. Grassa a cólera em Génova, e as suas filhas estão na brecha para a todos levar auxílio e conforto.
Em 1835, um sacerdote de Bérgamo - D. Lucas Passi, amigo do Padre José Frassinetti -, conhecendo o zelo apostólico de Paula, propõe-lhe que o seu Instituto assuma a Pia Obra de Santa Doroteia, que ele fundara com a finalidade de atingir, no próprio ambiente de trabalho e de vida, as jovens mais pobres e necessitadas.
Paula descobre, na originalidade dessa obra, a sua própria linha educativa e a dimensão apostólica da sua consagração, e não hesita em incluí-la entre as atividades do seu Instituto. As suas Irmãs já não se chamarão “Filhas da Santa Fé”, mas sim "Irmãs de Santa Doroteia”.
É um momento importante na vida daquela primeira comunidade, que vê concretizar-se a inspiração inicial: “Estar plenamente disponíveis nas mãos de Deus para evangelizar através da educação, com preferência pelos jovens e pelos mais pobres”.
Outras casas se fundam em Gênova. Depois, é a vez do centro da cristandade: a 19 de Maio de 1841, apenas sete anos depois da fundação, Paula chega a Roma, em companhia de duas noviças. Também aqui surgem dificuldades. A primeira casa, sobre uma estrebaria no Beco dos Santos Apóstolos, compõe-se apenas de dois pequenos compartimentos. Paula tudo aceita.
Uma grande recompensa a espera: é recebida pelo Papa Gregório XVI, que mostra grande satisfação pelo trabalho das Irmãs. A Fundadora sente-se feliz: foi o Senhor que lhe falou.
Cresce a dureza da vida, crescem os sofrimentos: pobreza e doenças oprimem aquelas heroicas Irmãs que não têm sequer um tostão para os medicamentos.
Em 1844, o Papa confia a Paula a direção do “Conservatório” de Santa Maria do Refúgio, em Santo Onofre. Com a sua caridade e suavidade, imprime ao ambiente um novo cunho e uma mudança decisiva para o futuro da instituição.
Beato Pio IX e Santa Paula Frassinetti
Pela sua presença, a Casa de Santo Onofre torna-se a Casa Geral.
Em 1846, mais do que um pensamento político, difunde-se em toda a Itália um espírito antirreligioso. Em Gênova, também as Doroteias são perseguidas. As filhas de Paula vivem horas de forte sofrimento.
A tempestade também se abate sobre Roma: Pio IX, sucessor de Gregório XVI, vê-se obrigado a refugiar-se em Gaeta. Cardeais, Bispos e Prelados afastam-se da capital. Paula fica sozinha à frente de uma numerosa comunidade, e com uma fé intrépida supera esses dramáticos momentos.
Acalma-se a tempestade. Estamos em 1850. Paula obtém a desejada audiência de Pio IX, que é para ela como um pai. Movida por um grande amor ao Papa e à Igreja, dirige-se a Gaeta, renovando assim o gesto de Santa Catarina de Sena. Inicia-se a última etapa da vida da Fundadora, que podemos considerar o período da grande expansão do Instituto, que não só se consolida na Ligúria e nos Estados Pontifícios, como se estende no resto da Itália o no mundo. De facto, surgem em Roma vários centros educativos, e Paula inicia as negociações para a abertura de uma casa em Nápoles, um internato em Bolonha e um orfanato em Recanati.
Em 1866, as suas primeiras missionárias partem para o Brasil. No mesmo ano, outro campo prometedor: Portugal. Paula anima as suas filhas: "O Senhor as encha do Seu Espírito e as converta em outras tantas chamas ardentes que, onde tocarem, acendam o fogo do Amor de Deus".
As dificuldades nunca detém os Santos no seu caminho. Paula é mulher de grande fé: "O Senhor quer-nos apoiadas somente n'Ele, e se tivéssemos um pouco mais de fé, estaríamos bem mais tranquilas, mesmo no meio das tribulações”.
Vive o completo abandono à Vontade de Deus, "única pérola que devemos procurar" - escreve - e que constitui o seu paraíso: "Vontade de Deus, és o meu Paraíso".
Em 1878, morre Pio IX, o Papa que, nos seus numerosos encontros com a Fundadora, teve sempre palavras de estima e de encorajamento com relação à sua obra apostólica.
Paula sente que a sua laboriosa existência terrena está prestes a chegar ao fim. São as primeiras horas do dia 11 de Junho de 1882: está serena. A sua morte, calma e tranquila, deixa entrever a riqueza da sua vida. Invoca a Virgem Santíssima a quem sempre tanto amou: "Senhora minha, lembrai-Vos de que sou Vossa filha". Tinha setenta e três anos de idade. Foi sepultada no cemitério de São Lourenço. Em 1903, quando da exumação do seu corpo, este foi encontrado intacto. Três anos depois, foi transferido para a capela da Casa Mãe do Instituto de Santo Onofre, em Roma.
Muitas foram as graças e milagres atribuídos à intercessão de madre Paula, e sua veneração tornou-se vigorosa entre os fiéis. Em 1930, foi beatificada em 08 de junho de 1930 pelo papa Pio XI. Depois, em 1984, Paula Frassinetti foi declarada santa pelo papa São João Paulo II, durante uma comovente cerimônia solene em Roma.
    O hino jubiloso chega aos confins do mundo, onde as Doroteias trabalham para a glória de Deus e a dilatarão do seu Reino:
Europa - Espanha, Inglaterra, Itália, Malta, Portugal, Suíça;  América do Norte - Estados Unidos; América Latina - Brasil, Peru; África - Angola, Moçambique;  Ásia - Taiwan.

        E Paula "permanece viva na Congregação pelo espírito mais fundo que a anima: procurar em tudo a maior glória de Deus pelo maior serviço aos homens". (Constituições, 1).


Corpo incorrupto da Santa. Conserva-se muito bem preservado e sem mal odor,
mais de 100 anos após sua morte. Detalhe para o fato de o mesmo não ter
sido submetido a nenhum processo de conservação.

2 comentários:

Unknown disse...

Uma obra de divina devera linda e abençoada. Mas, o que tem o fato de ser virgem: A virgindade física não significa virtude nem motivo de pureza. De forma alguma. Paula é abençoada pela sua personalidade, fé, dedicação, devoção, pelo seu trabalho. Se todos permanecerem virgens em relação ao sexo, a humanidade acaba.

William Moraes Corrêa

quaresma disse...

A virgindade é a renúncia a uma disposição natural para abraçar uma disposição sobrenatural. No céu a humanidade é eterna sem haver reproduçã. A virgindade antecipa a condição celestial.

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