Alojzije Viktor
Stepinac (Brezarić kraj Krašića, 08 de Maio de 1898 — Krašić, 10 de fevereiro
de 1960) foi um arcebispo e cardeal croata, venerado como beato pela Igreja
Católica.
Biografia
Stepinac era o
quinto de nove filhos do segundo casamento de seu pai, Josip, com Bárbara
Penic, com quem se casara tão logo lhe falecera a primeira esposa, Marija
Matko, com quem já havia tido três filhos. Fez os primeiros estudos na escola
local e o secundário em Zagreb, ao término do sexto ano ingressou no liceu da arquidiocese
com o intento de ordenar-se sacerdote.
Durante a
Primeira Guerra Mundial foi convocado e serviu como tenente na frente italiana
comandando uma unidade de bósnios. Nesta ocasião caiu prisioneiro sendo
recolhido ao campo de prisioneiros de Mestre, em Veneza, até 06 de dezembro de
1918. Algum tempo após o final da I Guerra Mundial ingressou na Pontifícia
Universidade Gregoriana, onde terminou os seus estudos de filosofia e teologia
com dois doutorados. Foi ordenado sacerdote em Roma em 26 de outubro de 1930 e
designado sacerdote em Zagreb.
Trabalhou
auxiliando o arcebispado na Catedral de Zagreb, foi administrador temporário
das paróquias de Samobor e de São João de Zelina. Foi nomeado
arcebispo-coadjutor de Zagreb e titular de Nicopsis em 24 de junho de 1934, na
época o jornal L'Osservatore Romano o dava como o bispo mais novo do mundo.
Em 07 de
dezembro de 1937 assumiu a direção da diocese de Zagreb da qual permaneceu
titular até a sua morte em 1960.0 Foi nomeado Cardeal em 12 de janeiro de 1953
pelo Papa Pio XII. A sua nomeação como cardeal fez com que o governo de Tito
rompesse relações com o Vaticano. Foi impedido pelo governo comunista local de
participar do conclave de 1958.
Anteriormente,
durante a Segunda Guerra Mundial, Stepinac multiplicou suas iniciativas em
favor dos perseguidos. Em 1941, durante a ocupação alemã, foi proclamado o
Estado independente da Croácia. No princípio, o arcebispo acolheu
favoravelmente o novo governo, confiava em que se asseguraria os direitos dos
cidadãos e a soberania nacional. Mas logo se desenganou, quando começaram as
perseguições contra as minorias.
Ainda em abril
de 1941, apresentou ao Ministério do Interior um protesto formal contra as
primeiras leis racistas que proibiam os casamentos mistos. Em maio apresentou um
protesto diretamente ao presidente da Croácia, Ante Pavelic, contra a
perseguição dos sérvios ortodoxos. Em julho voltou a escrever-lhe de protesto.
Em 16 de outubro pronunciou-se abertamente contra as leis racistas do alto do
púlpito da Catedral de Zagreb exigindo o fim das perseguições raciais e
religiosas.
Anos mais tarde,
em 1959, Stepinac enviou uma carta ao governo iugoslavo na qual fazia constar
os maus tratos que estava submetido, onde concluía: "Eu, com a graça de
Deus, seguirei adiante até o final, sem odiar a ninguém e sem temer a
ninguém". Falecido em 10 de fevereiro de 1960, teve as vísceras do seu
cadáver destruídas para que se evitasse encontrar provas de envenenamento. Em
1996, seus restos mortais foram exumados e analisados, sendo encontrados
vestígios de veneno nos seus ossos. Por este motivo, foi declarado mártir em 11
de outubro de 1997. [1]
Por ocasião de
seu falecimento o Papa João XXIII celebrou pessoalmente, em 17 de fevereiro de
1960, a missa em seu sufrágio na Basílica de São Pedro em Roma. Na homilia
disse: “Era muito querida à nossa alma esta figura simples e insigne de pai e
pastor da igreja de Deus; sua grande tribulação de quinze anos de desterro na
sua mesma pátria e a dignidade serena e confiada de seu contínuo sofrimento lhe
há granjeado a admiração e a veneração universal.” [2].
O Parlamento
Croata, em 1992, após o fim do comunismo iugoslavo, decidiu reabilitar a sua
memória declarando que: "Foi condenado, apesar de inocente, porque havia
se recusado a realizar o cisma eclesial que lhe haviam ordenado os governantes
comunistas" e "porque atuou contra a violência e os crimes dos
governantes comunistas, como havia feito durante a II Guerra Mundial para
proteger aos perseguidos, com independência da origem étnica e das convicções
religiosas.” [1]
O cardeal Ângelo
Sodano, ao fazer a homilia da celebração eucarística dos 40 anos da sua morte
na Igreja de São Jerônimo dos Croatas, afirmou: "Com a sua profunda
formação cristã, não se deixou abater nem mesmo quando em outubro de 1946
chegou à dura condenação a dezesseis anos de trabalhos forçados. Por ser fiel à
sua missão de pai e pastor do seu povo, o Arcebispo de Zagreb havia condenado
com a sua célebre carta pastoral de 20 de novembro de 1945, o assassinato de
243 padres católicos, a expropriação dos bens eclesiásticos, as graves
restrições infligidas à atividade da Igreja. Paralelamente, com o seu profundo
sentido eclesial, tinha afastado todas as solicitações para dar vida a uma
igreja nacional separada de Roma. Ao contrário, em muitas ocasiões o venerado
cardeal Kuharic afirmou que foi isto o principal motivo da sua condenação, o
ter-se recusado a dar vida a uma pseudo-igreja nacional croata. Por isto,
ainda, o Arcebispo emérito de Zagreb, cardeal Stepinac pode ser justamente considerado
como um mártir da unidade da Igreja." (...) "Com intrépida fortaleza,
ele sentia-se assim animado a continuar a sua missão, assim como havia feito
nos primeiros anos do episcopado, de 1934 seguidamente, assim como fez durante
a ocupação nazista, condenando abertamente a violação dos direitos humanos
perpetrada contra os hebreus, os romenos, os sérvios e os eslovenos.” [3]
O cardeal
Stepinac foi beatificado em 03 de outubro de 1998 pelo Papa São João Paulo II,
no Santuário mariano de Marija Bistrica, durante uma visita a Banja Luka, na
Bósnia. É considerado pela Igreja Católica um mártir perseguido pelo então
regime comunista iugoslavo de Tito.
Na cerimônia de
beatificação dele disse São João Paulo II: O Beato Alojzije Stepinac não derramou o sangue no sentido estrito da
palavra. A sua morte foi causada pelos longos sofrimentos a que o submeteram:
os últimos 15 anos da sua vida foram um contínuo suceder-se de vexações, no
meio das quais expôs com coragem a própria vida, para testemunhar o Evangelho e
a unidade da Igreja. Para usar as próprias palavras do Salmo, ele pôs nas mãos
de Deus a sua própria vida (cf. Sl 16[15], 5). ... O Cardeal Arcebispo de
Zagrábia, uma das figuras mais salientes da Igreja católica, depois de ter
sofrido no próprio corpo e na própria alma as atrocidades do sistema comunista,
é agora entregue à memória dos seus compatriotas com as fúlgidas insígnias do
martírio. [4]
Em 04 de outubro
em Salona, num encontro com catequistas e representantes dos movimentos
eclesiais disse sobre o novo Beato:
"Um exemplo extraordinário de testemunho cristão foi oferecido pelo Beato
Alojzije Stepinac. Ele cumpriu a missão de evangelizador sobretudo sofrendo
pela Igreja, e selou a sua mensagem de fé com a morte. Preferiu o cárcere à
liberdade, para defender a liberdade da Igreja e a sua unidade. Não teve medo
das cadeias, para que não fosse acorrentada a palavra do Evangelho."[5]
Em audiência de 7 de outubro de 1998 João Paulo II voltou a se referir a ele: "In Te, Domine, speravi": era este o lema do Cardeal Alojzije Stepinac, junto de cujo túmulo me detive em oração logo que cheguei a Zagreb. Na sua figura sintetiza-se a inteira tragédia que atingiu a Europa no decurso deste século, marcado pelos grandes males do fascismo, do nazismo e do comunismo. Nele refulge em plenitude a resposta católica: fé em Deus, respeito pelo homem, amor para com todos confirmado no perdão, unidade com a Igreja guiada pelo Sucessor de Pedro.
A causa da
perseguição e do ridículo processo contra ele foi a firme rejeição, por ele
oposta, às insistências do regime para que se separasse do Papa e da Sé
Apostólica e se constituísse chefe de uma «igreja nacional croata». Ele
preferiu permanecer fiel ao Sucessor de Pedro. Por isto foi caluniado e depois
condenado. Na sua beatificação reconhecemos a vitória do Evangelho de Cristo
sobre as ideologias totalitárias; a vitória dos direitos de Deus e da
consciência sobre a violência e a prepotência; a vitória do perdão e da
reconciliação sobre o ódio e a vingança. O Beato Stepinac constitui assim o
símbolo da Croácia que quer perdoar e reconciliar-se, purificando a memória do
rancor e vencendo o mal com o bem.[6]
Citações
Stepinac foi
citado por João Paulo II quando de sua viagem à Croácia em outubro de 1998:
§ " (...) recomendava aos jovens do seu
tempo: ‘Estai atentos a vós próprios e continuai a maturar, porque sem pessoas
maduras e sólidas do ponto de vista moral nada se faz. Os maiores patriotas não
são aqueles que mais gritam, mas os que cumprem a lei de Deus de maneira mais
conscienciosa’." (Homilias, Discursos, Mensagens, Zagreb 1996, pág. 97)[7]
§ "Nunca percais o vosso entusiasmo
juvenil, alimentado por uma profunda relação com Deus. A este propósito, o
próprio Cardeal Stepinac recomendava aos sacerdotes: ‘Afastai da nossa
juventude, como a peste, qualquer forma de pusilanimidade, porque é indigna dos
católicos, os quais se podem orgulhar dum nome tão grande, que é o nome do
nosso Deus’. " (Cartas da Prisão, Zagreb 1998, pág. 310) [8]
Representações nas Artes
Coci Michieli
realizou um filme sobre a sua vida em 1954.
Polêmicas
Stepinac é
apontado por alguns críticos como “sendo do regime Ustaše”,[9] liderado por
Ante Pavelić, que promoveu o assassinato de centenas de milhares de não-croatas
(sérvios, ciganos, judeus etc.). Todavia esta informação é desmentida pelo
filósofo judeu Alain Finkielkraut, professor na École polytechnique. Ele
afirma, no jornal Le Monde de 7 de
outubro de 1998, que as acusações contra o cardeal Stepinac de haver colaborado
com o regime ustaše são falsas. Para ter ciência disto, basta ter em conta o
que dizem historiadores anglo-saxões e os próprios judeus da Croácia: "Tais
informações permitem saber que, desde abril de 1941, o arcebispo de Zagreb
protestou contra a legislação antissérvia e antijudaica promulgada pelo regime;
que organizou a fuga de crianças judias para a Hungria e para a Palestina; que
escondeu muitos outros e que suas homilias eram bastante audaciosas para ser
recolhidas e difundidas pela rádio de Londres."[10]
Já o escritor
Avro Manhattan, em seu controverso livro "O Holocausto do Vaticano",
acusa Stepinac de [11] de “colaborar com a Ustaše, supostamente aprovando conversões
forçadas ao catolicismo e assassinatos” e que “Stepinac teria sido morto
posteriormente na ditadura comunista de Tito, pela posição anticomunista do
Vaticano”. Manhattan, porém, é considerado um autor anticatólico,[12] ignorado
largamente pela comunidade acadêmica[12], acusado de ter utilizado fontes
falsas em seu livro.[12]
Referências
1. ↑ a b Aceprensa (em castelhano). Visitado
em 12.11.2008
2. ↑ Homilia do Papa João XXIII nas exéquias
do cardeal Stepinac
3. ↑ Homilia do Cardeal Angelo Sodano (em
italiano)., na igreja de São Jerônimo dos Croatas em honra do beato Cardeal
Alojzije Stepinac (10 de Fevereiro de 2000) ns. 2 e 3
4. ↑ [1] Homilia de João Paulo II na Missa de
Beatificação do Cardeal Stepinac - visitado em 16.10.2007
5. ↑
Discurso em Salona
6. ↑ Referências feitas por João Paulo II
visitado em 16 de outubro de 2007
7. ↑ Encontro de João Paulo II com a
população e com os jovens." Zagrábria, 2 de Outubro de 1998
8. ↑ Ibdem
9. ↑ cúmplice
10. ↑ Alain
Finkielkraut no Le Monde (7-X-98) transcrito no sítio da Embaixada da Croácia
na França
11. ↑ colaborar
12. ↑ a b c
Autores e seus Escândalos (em inglês: Authors and Scandals). Cápitulo 19. 1987.
Pág.: 178. Editora Ática.
Bibliografia
§ Livros
publicados sobre Stepinac - seleção
Ligações
externas
O Commons possui
multimídias sobre Aloysius Stepinac
§ Homilia de
João Paulo II na Missa de Beatificação do Cardeal Stepinac (em português)
§ Cardeal
Aloysius Stepinac por Michael Savor (Hamilton, Ontario, Canadá) 1997, revised
in 2001 (em inglês)
§ Stepinac por
Josip Stilinovic
§ Cardeal
Alojzije Stepinac e o salvamento dos Judeus na Croácia durante a II Guerra, por
Darko Zubrinic, Zagreb (1997) (em inglês)
§ Declarações
diversas de e sobre Stepinac (em castelhano)
§ Stepinac em
Catholic Hierarchy
Ver também :
http://hagiosdatrindade.blogspot.com/2009/02/santa-escolastica-10-de-fevereiro.html
http://hagiosdatrindade.blogspot.com/2010/02/sao-guilherme-de-malaval-eremita-da.html
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Aloysius_Stepinac
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/30/Kardinal_Alojzije_Stepinac.jpg
http://alexandrinabalasar.free.fr/luis_stepinac.htm
Um comentário:
Os comunistas eram tão "santos", que Nossa Senhora, falou aos pastorinhos sobre o avanço do comunismo. Interessante, que Ela nada falou sobre o nazismo...
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