
O pontificado de
São Cornélio teve início somente no ano de 251.
Um ano e quatro meses antes, o Papa São Fabiano, seu predecessor, havia
sido martirizado por decapitação por ordem do Imperador Décio. A perseguição contra a Igreja de Cristo havia
apresentado constantes requintes de violência e crueldade, de forma que, desde
a morte de São Fabiano (ano 250), tornou-se impossível congregar os fiéis para
a eleição do novo Papa. Só após a revolução de Júlio Valente, conseguiu
reunir-se o clero, que elegeu por Papa a Cornélio, que era presbítero da Igreja
romana. Assim, desde a morte de São
Fabiano até a eleição de São Cornélio, permaneceu a sede pontifical de Roma
vacante por um ano e quatro meses.
Era Cornélio
reconhecido por suas grandes virtudes e eminente sabedoria, principalmente pelo
grande testemunho que empreendera na luta contra a heresia. Por sua personalidade
firme, ao mesmo tempo piedosa, era já conhecido por seu elevado grau de
santidade. Sua caridade e extrema doçura, fez com que merecesse o renome de
"Pai dos Pobres".
Tão logo tomou
posse, o Papa Cornélio deparou-se com sérios obstáculos. A chama da perseguição
aos cristãos novamente ergueu-se. Aproveitando-se da aparente instabilidade, um
sacerdote de nome Novaciano passou a semear dissenções internas, empreendendo
malignas articulações para dividir o rebanho de Cristo. Oriundo de Cartago, onde São Cipriano já
havia identificado sua personalidade maledicente, chegou como refugiado em
Roma, onde achou terreno propício para difundir seus erros. Contestando a
legitimidade da sucessão papal, maquinou um cisma e, num jogo de influências e
interesses, acabou proclamando-se “Papa”. Por este motivo, ainda no mesmo ano
da posse, São Cornélio convocou um Concílio em Roma, quando Novato foi
excomungado e declarado antipapa, sendo proscritos seus erros e condenados
todos os seus sequazes.
A paz na Igreja,
porém, duraria pouco tempo. O governo do
Imperador Décio estava no final e seu sucessor Galo, reacendeu a chama da
perseguição com tanta intensidade, que acabou o Papa sendo banido de Roma. São
Cipriano, como bispo de Cartago (norte da África), empreendeu grande apoio ao
Supremo Pontífice por ocasião do levante novaciano.
Ao saber do
exílio do Papa, de quem era pessoal amigo, escreveu-lhe carta contendo mensagem
de perseverança e fé, já prevendo os sofrimentos com que ele iria glorificar a
Cristo.
São Cornélio,
que já havia sido submetido a intensos tormentos, fadigas e penúrias no exílio,
acabou sendo decapitado após sentença dos juízes imperiais, no dia 14 de
setembro de 253.
Cinco anos após
a morte de São Cornélio (258), São Cipriano, que há alguns anos permanecera
exilado em Curubis, foi conduzido à presença do pré-cônsul Máximo, o qual lhe
obrigou a desistir da fé. Declarando
firme testemunho cristão e negando-se a adorar outros deuses, São Cipriano foi imediatamente
decapitado por ordem de Máximo.
Por serem
contemporâneos, amigos, e pela estreita relação na luta das causas da Igreja, juntos
aparecem Cornélio e Cipriano no Cânon tradicional da Missa, cuja celebração
festiva ocorre no mesmo dia.
As relíquias de
São Cornélio encontram repouso junto às criptas de Lucina (Bem-Aventurada
Lucina, que foi quem recolheu os restos do Papa Cornélio e o depôs numa cripta
escavada em uma propriedade sua no Cemitério de Calisto, onde se encontra até
hoje).
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