Padre Bento Dias Pacheco: uma vida dedicada aos hansenianos. |
Bento Dias
Pacheco nasceu na Fazenda da Ponte, situada na comarca de Itu, em 1819. Filho
de Inácio Dias Ferraz e de dona Ana Antônia Camargo, provinha de família
abastada daquela região.
Por conta da
abundância de recursos financeiros, a família incentivava-o aos estudos,
objetivando se tornasse doutor. Bento Dias Pacheco, entretanto, optou pelo
sacerdócio, ordenando-se padre em 1840. Iniciou seu ministério na própria
comarca ituana, mas pouco permaneceu em atividades paroquianas, na medida em
que, em razão do falecimento de seu pai, passou a auxiliar na condução da
fazenda familiar, agora sob os cuidados de sua mãe. Ainda assim, padre Bento
começou a se notabilizar na região em face dos cuidados que dispensava aos seus
escravos, situação que lhe robusteceu o sentimento de amor cristão ao próximo.
A sua maneira de
tratar os escravos da região despertou a atenção das autoridades da comarca,
que lhe convidaram para assumir o cargo de capelão do Hospital dos Lázaros. O
convite foi formulado duas vezes, e por duas vezes padre Bento recusou a
distinção, por conta do medo e do preconceito que vigiam à época em relação aos
portadores da hanseníase.
Contudo, em
1869, padre Bento decidiu se dedicar integralmente aos portadores do mal de
Hansen, operando uma transformação profunda em sua vida. Vendeu todos os seus
bens e distribuiu o dinheiro obtido aos pobres da região. Despediu-se de
parentes e amigos, e passou a morar na Chácara da Piedade, local em que eram
segregados os portadores da hanseníase, vítimas tanto da gravidade da moléstia
quanto do radical preconceito e repulsa da sociedade.
Por quarenta e
dois anos padre Bento dedicou-se a cuidar desses doentes dia e noite,
amparando-os material e espiritualmente, sem que desenvolvesse a terrível
moléstia. Segundo o historiador Francisco Nardy Filho, "durante 42 anos, aqueles pobres parias tiveram nele pai, o amigo,
o médico que cuidava de suas feridas, o Cireneu que os ajudava a carregar a
pesada cruz de sua temida doença. Indiferente ao cansaço, ao perigo de contágio,
procurava acender, em cada coração sofredor, a lâmpada da esperança num mundo
melhor, sem as vicissitudes deste vale de lágrimas" [1] .
O trabalho
incessante de padre Bento em prol desses necessitados perdurou, sem
interrupções, até o seu falecimento, em 06 de março de 1911, na mesma chácara
em que morou por quarenta e dois anos. Seu corpo foi sepultado na Igreja do
Senhor do Horto e São Lázaro, no bairro que hoje leva o seu nome. [2]
A fama de seu
trabalho realizado em prol da caridade espalhou-se, sendo que seu túmulo passou
a ser visitado por inúmeros fiéis, que lhe reconheciam graças e favores
alcançados em seu nome. Por conta disso, em março de 2003 a Cúria Diocesana de
Jundiaí instalou o Tribunal Eclesiástico Diocesano para a Causa de Beatificação
e Canonização de Padre Bento Dias Pacheco, cujo processo tramita atualmente na
Congregação para as Causas dos Santos, no Vaticano. Dom Vicente Costa, Bispo
diocesano de Jundiaí, nomeou como novo postulador, para o processo, o Dr.
Waldery Hilgeman. [3]
Em Guarulhos
existe um centro de controle de hanseníase que leva o nome Sanatório Padre
Bento.
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