Bernardo Peroni
de Offida (Ascoli Piceno), nasce na Villa d’Appignano, nos arredores de Offida
aos 7 de novembro de 1604, no mesmo ano da morte de São Serafim de
Montegranaro, quase uma entrega. Entre os santos e beatos capuchinhos é certamente
o mais longevo. Morrerá em Offida no dia 22 de agosto de 1694 aos 90 anos de
idade.
Domenico, assim o chamou o pai Giuseppe na
fonte batismal, cresce robusto e sadio, pastor de rebanhos e semeador de campos
nutre a sua fé no livro da cruz e na devoção à Virgem Maria. A vida bela e
austera dos capuchinhos que se tinham estabelecido em Offida em 1614 torna-se
para ele um forte chamado, mas esperará ainda alguns anos antes de vestir o
hábito capuchinho em Corinaldo aos 15 de fevereiro de 1626 e para fazer a sua
profissão um ano depois em Camerino.
Bernardo de Lama, esse o topônimo mais exato
do mais notável cidadão de Offida, por obediência acolhe a sua primeira
destinação, Fermo. Por quase vinte anos permaneceu nesse convento, no silêncio.
Nenhuma fonte documentária fala: é o tempo que o Senhor utiliza para prepará-lo
para a sua missão: “ávido de almas”.
Uma breve
permanência em Ascoli, quase um embriagar-se na santidade de Serafim de Montegranaro
e depois outras ainda mais breves até chegar a Offida em 1650. Aqui, por 45
anos louvará o Pai da misericórdia, adorará o Cristo na Eucaristia e servirá o
Corpo do Senhor nos irmãos pobres e doentes.
Uma vida simples, escondida, humilde, uma vida feitas dos serviços
ordinários do irmão capuchinho: cozinheiro, hortelão, enfermeiro, esmoleiro,
porteiro, todo caridade, todo oração, todo louvor ao Senhor.
Apaixonado pela Eucaristia, não se dava conta
do tempo que passava, das moscas que o incomodavam, dos olhos dos irmãos e das
pessoas que o espiavam, do barulho ao redor. Os dias de festa solene para ele
eram dias de alegria ainda maior porque podia passar o dia inteiro servindo Missas,
inflamando-se de ardor da consagração até a comunhão. O seu coração, de tão habituado a lançar
afetos a Deus com ardentes expressões de amor, muitas vezes, também diante de
pessoas, se deixava fugir sem se aperceber.
O Amor que se
manifestava no seu rosto estimulava à oração. O Amor que lhe era doado na Eucaristia
ele o restituía carregando os fardos pesados de quem encontrava cansado pelo
caminho, pacificando as desavenças de quem não se sentia mais irmão, acudindo
as fadigas e as dores de quem jazia doente acamado. E ninguém resistia à sua
candura, à sua bondade, ao seu grito angustiado: “Permaneçam com Deus! Temam a
Deus! Amem a Deus! Fujam do pecado! Sejam bondosos"!
Depois de um dia pesado e cansativo,
retirava-se, como merecido repouso, para longas horas de oração diante do
Sacrário ou da imagem de Nossa Senhora ou do altar de São Félix de Cantalício. Aqui
encontrava a força para colocar-se de novo a serviço, multiplicando a caridade
através de suas mãos.
Ninguém que
batesse à porta saía de mãos vazias; ninguém que quisesse o seu conforto porque
doente, ficava desiludido; ninguém que pedisse a sua oração ficava sem receber
a graça do Senhor. Encontramos, registrada por atuários, a memória de crianças
devolvidas vivas às próprias mães, de doentes curados e de muitos episódios
extraordinários operados por sua intercessão. Carisma e dom do Senhor que Frei
Bernardo escondia servindo-se do óleo e da lâmpada que ardia no altar de São
Félix de Cantalício.
Nem mesmo nos
últimos anos de vida, em condições precárias, encolhido e paralítico, renunciava
a estar por longo tempo diante do Sacrário. Tinha mandado fazer um par de
muletas exatamente para manter-se de pé em adoração já que não podia estar de
joelhos como era seu costume.
Vendo
aproximar-se o fim de sua vida terrena, quase nonagenário, carregado de anos e
dos achaques da idade, mas radioso mais do que nunca no espírito a ponto de
fazer quem o encontrava exclamar que tinha “tanta alegria no rosto e nas
palavras que não parecia enfermo, mas que se deliciasse”, quis restituir tudo,
pedindo ao seu guardião “a caridade” de fazer uso unicamente do hábito.
Tendo recebido
os sacramentos, quase arrebatado em êxtase, recomendou aos irmãos a observância
da Regra, da paz, do amor entre si e ao próximo e que rezassem pelos
benfeitores.
Morria ao
amanhecer de um novo dia, aos 22 de agosto de 1622. Floresceram graças e
milagres, mas o caminho para levá-lo à glória dos altares foi longo e difícil
tendo-se concluído somente no dia 19 de maio de 1795 quando o Papa Pio VII o
inscrevia no catálogo dos beatos. Seis dias depois, na Basílica Vaticana, era
celebrada a sua beatificação.
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