Hoje, propositalmente fugi do objetivo deste blog. Hoje trago aos nossos leitores e seguidores a história das aparições da "Virgem da Gruta de Massabielle", Lourdes, a santa Bernardete Soubirous.
É uma aparição mundialmente famosa e muito querida pelo povo. Quis a Providência Divina que essa aparição fosse amplamente divulgada por todo o mundo católico e até mesmo não católico. Anualmente, cerca de três milhões de peregrinos dirigem-se a Lourdes, para visitar aquele lugar lindo e abençoado pelo Céu, onde a Virgem Maria prodigaliza as graças e misericórdias divinas, como sua principal Dispenseira.
São muitos os relatos de curas extraordinárias operadas naqueles que, com fé e confiança, bebem da água da fonte que a Virgem Maria fez surgir ao pé da gruta das aparições.
Uma comissão de médicos, a maioria deles não católicos e até mesmo ateus, pesquisam essas curas e muitas delas foram atestadas por eles como "inexplicáveis pela ciência médica", aos quais o povo naturalmente chamam de milagres.
Uma comissão de médicos, a maioria deles não católicos e até mesmo ateus, pesquisam essas curas e muitas delas foram atestadas por eles como "inexplicáveis pela ciência médica", aos quais o povo naturalmente chamam de milagres.
Por meio deste texto, extraído do site dos Arautos do Evangelho, espero que os leitores façam sua "viagem espiritual" a Lourdes (também pelo meio das fotos que colocarei), na esperança de um dia, se for da vontade de Deus, possamos pessoalmente ir lá para humilde e devotamente beijarmos aquele solo sagrado tocado pelos pés imaculados da Santíssima Virgem Maria.
Que Santa Bernardete Soubirous, a feliz vidente de Nossa Senhora de Lourdes, nos acompanhe com suas preces e intercessão no Céu. Amém!
Ao
contemplar a história das aparições de Nossa Senhora de Lourdes, na gruta de
Massabielle, nossos olhos se voltam para a menina a quem Ela falou. Sua vida,
transcorrida em acrisolada virtude, expressa com eloquência porque Deus
"escondeu estas coisas aos sábios e prudentes, e as revelou aos
pequeninos" (Lc 10, 21).
"Eu sou a Imaculada Conceição", escrito no dialeto falado pelo povo de Lourdes na época de Bernadete. |
Lourdes! Onde
encontraremos os termos que alcancem exprimir tudo quanto esse nome significa
para a piedade católica no mundo inteiro? Quem poderá traduzir em palavras o
ambiente de paz que envolve a gruta sagrada na qual, há 153 anos, a
Santíssima Virgem apareceu à humilde Bernadete e inaugurou, de modo definitivo,
um novo vínculo com a humanidade sedenta de refrigério e paz? Por desígnio da
Divina Providência, a esse lugar associou-se uma ação intensa da graça,
especialmente capaz de transmitir aos milhares de peregrinos, vindos de longe,
a certeza interior de serem suas preces benignamente ouvidas, seus dramas
apaziguados, e suas esperanças fortalecidas.
Com efeito, ao
longo deste século e meio, as ásperas rochas de Massabielle tornaram-se palco
das mais espetaculares conversões e curas, legando à Santa Igreja Católica um
tesouro espiritual de valor incalculável.
Em Lourdes fatos
se revestem de uma grandiosidade peculiar, diante da qual nossa língua emudece.
Ali está, diante de nós, a sublimidade do milagre. Entretanto, não se pode
falar de Lourdes sem nos lembrarmos com veneração da personagem ligada de modo
indissociável a essa história de bênçãos e misericórdias.
A modesta
pastorinha a quem Nossa Senhora apareceu é o primeiro e maior prodígio de
Lourdes: ela simboliza a íntegra fidelidade aos apelos de conversão e
penitência, que naqueles dias foram lançados pela Rainha dos Céus, os quais
haveriam de chegar aos mais longínquos recantos da Terra.
Bernadete nasceu
num século de profundas transformações. Animada, de um lado, pelo surto de
devoção mariana que o pontificado do Beato Pio IX estava suscitando, a segunda
metade do século XIX presenciava o avanço insolente do ateísmo e do
materialismo.
Os espíritos
estavam divididos e, a fim de agir precisamente nessa encruzilhada da História,
Maria Santíssima quis servir-se da filha primogênita do casal Soubirous.
Quão distantes,
porém, desta sorte de considerações, estavam François e Louise, em 07 de
janeiro de 1844! Nascia-lhes a filha Bernadete, no Moinho Bolly, nas cercanias
de Lourdes, durante os dias felizes de fartura ali transcorridos. A menina foi
batizada, recebendo o nome de sua madrinha Bernard, ao qual se acrescentou o da
Senhora que haveria de lhe aparecer. Marie- Bernard, eis como se chamava
Bernadete, sem escapar do diminutivo carinhoso que a acompanharia para o resto
da vida.
No Moinho Bolly
transcorreu sua primeira infância, marcada por uma religiosidade autêntica e
sincera. Além da freqüência aos Sacramentos, a oração em conjunto aos pés do
crucifixo e uma exímia prática dos princípios cristãos correspondiam a um dever
moral para aquele casal de camponeses. Bernadete cresceu, por assim dizer,
respirando a santa Fé Católica do mesmo modo que respirava o puro ar da
montanhosa região dos Pirineus.
A época era
difícil e os negócios de François Soubirous iam mal. Quando Bernadete tinha 8
anos, mudaram-se para um moinho mais simples, e ao cabo de três anos alugaram
uma cabana à beira da estrada. Já crescida, ela acompanhava os progressivos
insucessos dos pais e enfrentava, com admirável resignação, a situação de
indigência a que se viram reduzidos em 1856, a ponto de terem de mudar para o
antigo cárcere da rua Petits- Fosées: um cubículo úmido e pestilento, que as
autoridades locais haviam julgado inadequado até mesmo para os presos.
A pobreza era
ali completa. O cômodo media menos de 20 m² e a família não possuía
absolutamente nada, além da mobília mais indispensável e das roupas. A luz do
Sol nunca penetrava no recinto, marcado pela grade da janela e pelo ferrolho da
pesada porta - reminiscências do antigo calabouço. Ali vivia o casal Soubirous
e as quatro crianças, constantemente atormentados pela fome. Quando conseguia
comprar pão, a mãe o dividia entre os pequenos, que ainda assim se sentiam
insaciados. Bernadete, não raras vezes, privava-se de sua pequena porção em
favor dos mais novos, sem nunca demonstrar o menor descontentamento por isso.
À noite, sem
conseguir dormir, atormentada pela asma, Bernadete chorava. A causa principal
daquele desafogo, porém, não eram a doença ou as duras privações materiais.
O único desejo
da angelical menina era fazer a Primeira Comunhão, mas a necessidade de cuidar
dos irmãos e da casa a impedia de freqüentar o catecismo, de aprender a ler e
escrever e até de falar francês. De fato, quando a Santíssima Virgem lhe
dirigiu a palavra, o fez em patois, o dialeto da região de Lourdes. Se Bernadete
desejou algo para si, nos dias de sua infância, foi apenas receber o Santíssimo
Sacramento, o Senhor ofendido pelos pecados dos homens, que ela aprendera tão
cedo a consolar.
As poucas vezes
que Bernadete freqüentou as aulas de catecismo em Lourdes foram malogradas,
porque não conseguia acompanhar as demais crianças, bem mais novas e adiantadas
que ela. Louise Soubirous preocupava-se com a filha, de treze anos, que ainda
não fizera a Primeira Comunhão, e resolveu pedir à amiga Marie Lagües que a
recebesse em Bartrès – vilarejo não muito distante de Lourdes – a fim de que
Bernadete lá pudesse freqüentar as aulas de catecismo.
Por consideração
e amizade, Marie Lagües a recebeu em sua casa, mas não foi tão fiel à promessa
quanto seria de se esperar. Logo ocupou Bernadete nos serviços da casa e no
cuidado das crianças. E seu marido encontrou nela a pastora ideal para seu
rebanho de cordeiros. Foi nesse período que Bernadete solidificou- se na
oração, durante as longas horas transcorridas no mais completo silêncio em meio
ao privilegiado panorama pirenaico. Contemplativa, ela montava um pequeno altar
em honra da Santíssima Virgem e aí passava horas de grande fervor recitando o
Rosário, a única oração que conhecia.
Um fato passado
com Bernadete por essa época demonstra a pureza cristalina de seu coração.
Certo dia, quando François Soubirous foi visitar a filha, encontrou-a triste e
cabisbaixa. Perguntou-lhe o que a afligia.
- Todos os meus
cordeiros têm as costas verdes - respondeu ela.
O pai,
percebendo tratar-se da marca posta por um negociante, fez um ameno gracejo: “Eles
têm as costas verdes porque comeram muita erva”.
- “E podem
morrer”? - perguntou assustada Bernadete.
- “Talvez”...
Penalizada, ela
começou a chorar no mesmo instante. O pai, então, contou-lhe a verdade: - “Vamos,
não chores. Foi o negociante que os marcou assim”.
Mais tarde,
quando a chamaram de boba por ter acreditado em semelhante brincadeira, sua
resposta constituiu uma demonstração involuntária de sua elevada virtude: “Eu
nunca menti; não podia supor que aquilo que o meu pai me dizia não era verdade”.
Os dias se
escoavam lentamente na pequena aldeia, havendo completado sete meses que
Bernadete lá chegara. Quanta esperança de aproximar- se da Mesa Eucarística trazia
na chegada, e que decepção experimentava agora, após poucas aulas de
insignificante instrução! Aquela espera interminável a afligia, mas, como tudo
na vida do homem, foi permitida por Nosso Senhor.
"Sofre as
demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência, a fim de que no
derradeiro momento tua vida se enriqueça" (Eclo 2, 3). Essas palavras,
desconhecidas para Bernadete, significam exatamente o modo como Deus procedeu a
seu respeito. Ao mesmo tempo que a graça inspirava em sua alma um ardente desejo
das coisas do alto, estas pareciam ser-lhe tiradas. Com isso, seu anseio se
robustecia, e tudo o que era terreno ia se afigurando como pouca coisa aos seus
olhos, cada vez mais aptos para compreender as realidades sobrenaturais.
Como costuma
ocorrer com as almas que Deus prova por meio de longas esperas, estavam-lhe
reservadas grandes graças.
Celestial surpresa
De volta à casa
paterna, Bernadete retomou os antigos afazeres. Na manhã inolvidável de 11 de
fevereiro de 1858, saiu com a irmã Toinette e a amiga Jeanne Abadie para o
bosque, a fim de recolherem gravetos para a lareira e ossos para vender a fim
de comprarem algum alimento. Andaram bastante até chegarem à gruta de
Massabielle, onde Bernadete nunca havia estado. Enquanto as vivazes meninas atravessavam
a água gelada do rio Gave, Bernadete se preparava para fazer o mesmo.
Eis sua própria
narração do que então sucedeu: "Escutei um barulho, como se fosse um
rumor. Então, virei a cabeça para o lado do prado; vi que as árvores
absolutamente não se mexiam. Continuei a descalçar-me. Escutei de novo o mesmo
barulho. Levantei a cabeça, olhando para a gruta. Avistei uma Senhora toda de
branco, com um vestido branco, um cinto azul e uma rosa amarela sobre cada pé,
da cor da corrente do seu terço: as contas do terço eram brancas".
Representação da primeira aparição da Santíssima Virgem Maria a Bernadete Soubirous no dia 11 de fevereiro de 1858. |
Era a Santíssima
Virgem sorrindo-lhe, e chamando-a para se aproximar d'Ela. Temerosa, Bernadete
não se adiantou, mas puxou o terço e começou a rezar. O mesmo fez a "linda
Senhora", a qual embora sem mover os lábios, a acompanhava com seu próprio
terço. Após o término do Rosário, Ela desapareceu.
A impressão
causada por essa primeira aparição em Bernadete foi profunda. Sem reconhecer
nEla a Mãe celeste, a menina sentia-se irresistivelmente atraída por figura tão
amável e admirável, na qual não podia parar de pensar. Quando uma freira lhe
perguntou, anos mais tarde, na enfermaria do convento, se a Senhora era bela,
ela respondeu: “Sim! Tão bela que, quando se vê uma vez, deseja-se a morte só
para tornar a vê-la”!
A quinzena de aparições, que se deu entre 18 de fevereiro e 4 de março, com exceção dos dias 22 e 26, constituiu o cerne da mensagem confiada a Bernadete.
Por mais que Bernadete tivesse pedido segredo às suas duas companheiras, às quais contou o que vira, elas não se mantiveram caladas por muito tempo. Logo, dezenas de pessoas comentavam na vizinhança o sobrenatural acontecimento. E era apenas o começo: a impressionante popularidade das aparições assumiram proporções tais, que no dia 04 de março, estavam junto a Bernadete nada menos que vinte mil peregrinos.
Multiplicava-se o número dos assistentes que empreendiam penosas viagens, atraídos pelos celestiais colóquios. Embora mais ninguém além de Bernadete visse a "Senhora", todos sentiam Sua presença e se comoviam com os êxtases da camponesa.Antes de cada visita de Nossa Senhora, Bernadete sentia irresistível desejo de ir a Massabielle. Assim aconteceu nos dias 14 e 18 de fevereiro, quando um pressentimento interior a conduziu até a gruta. Na segunda aparição, a Virgem Santíssima permaneceu novamente em silêncio; disse algo apenas no dia 18, conforme no-lo narra a obediente menina: “A Senhora só me falou na terceira vez. Ela perguntou-me se eu queria ir lá durante quinze dias. Eu respondi que sim, depois que pedisse licença a meus pais”.
As palavras de
Nossa Senhora não foram muitas, mas de expressivo significado. Disse a
Bernadete no mesmo dia 18: “Não prometo
fazer-te feliz neste mundo, mas sim no outro”. E nas outras vezes: “Eu quero que venha aqui muita gente”. “Pede a Deus pelos pecadores! Beije a terra pelos pecadores”! “Penitência, penitência, penitência”! “Vá e diga aos padres que construam aqui uma
capela. Quero que todos venham em procissão”.
Ainda durante a
quinzena, a Rainha dos Céus confiou três segredos e ensinou uma oração a
Bernadete, a qual ela recitou com insuperável fervor todos os dias de sua vida.
Após um longo silêncio a respeito de sua identidade, a Senhora revelou seu nome
a Bernadete na 16ª aparição, em 25 de março de 1858: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Era uma solene confirmação do dogma
proclamado pelo Beato Pio IX, quatro anos antes; a pureza da doutrina seria
coroada, daqui por diante, pela beleza dos milagres.
Um dos critérios
de prudência adotados pela Santa Igreja para verificar a autenticidade de
revelações como as que recebeu Bernadete, consiste em observar atentamente a
conduta dos videntes. Neles, se reflete invariavelmente a veracidade e o teor
do que dizem ver: seu testemunho pessoal é decisivo.
No caso de
Lourdes, tal como depois sucedeu com os pastorinhos de Fátima, a mudança
operada em Bernadete pode ser considerada um milagre da graça. Seus gestos,
modos, palavras e, sobretudo, sua piedade adquiririam indescritível brilho pelo contato
com a Rainha dos Céus: “Na sua atitude, nos seus traços fisionômicos, via-se
que a sua alma estava arrebatada. Que paz profunda! Que serenidade! Que elevada
contemplação! O olhar da criança para a aparição não era menos maravilhoso que
o seu sorriso. Era impossível imaginar algo tão puro, tão suave, tão amável”!
"Ela não parecia ser deste mundo" - disse uma testemunha.
"Ela não parecia ser deste mundo" - disse uma testemunha.
Bernadete transfigurou-se em uma criatura quase angelical. |
Após os êxtases,
ela mantinha a clave de sublimidade que a pervadira: o modo como fazia o sinal da
cruz, sua compostura durante a oração e sua fineza de trato, aliados à
simplicidade, eram mais distintos que os de qualquer dama que tivesse passado a
vida inteira exercitando-se na arte do "savoir-plaire".
“Não escapa aos
pais que se operou nela uma transformação no decorrer deste último mês. Não
foram vãs para ela a contemplação e as lições celestes. [...] Tendo visto
chorar a Senhora de Massabielle pelo pecado e pelos pecadores, esta criança
analfabeta compreendeu o grande dever da penitência e da oração”.
Até mesmo o Pe.
Peyramale, o pároco de Lourdes, célebre pela desconfiança em relação a todos os
fatos ocorridos com Bernadete, confessou: “tudo nela evolui de maneira
impressionante”.
Os espíritos
céticos estavam à espreita dos acontecimentos. Sumamente irritados pela
afluência multitudinária à gruta, diziam: “É incrível quererem fazer-nos crer
em aparições em pleno século XIX”. Tais homens colocavam suas esperanças mais
em seus "modernos" inventos que na onipotência de Deus: “É estupidez
e obscurantismo admitir a possibilidade de aparições e milagres na época do
telégrafo elétrico e da máquina a vapor”.
Foi diante
de autoridades com essa mentalidade que Bernadete teve de depor três vezes no
curto período de uma semana, ainda durante a quinzena das aparições. Durante os
intermináveis inquéritos em que a crivaram de perguntas capciosas, Bernadete
ouviu coisas brutais: “Vamos prender-te! O que é que vais procurar à gruta? Por
que fazes correr tanta gente? Vamos meter-te na prisão! Matar-te-emos na
prisão”! Chamaram-na de mentirosa, visionária, louca. A tudo isso ela apenas
respondia com a verdade, suportando esses sofrimentos com humildade e doçura.
Suas respostas acertadas confundiram os magistrados, que nunca tiveram qualquer
motivo legal para prendê-la.
A opinião final
que formaram a respeito de Bernadete, e que enviaram ao Ministro da Justiça de
então, foi esta: “Segundo o reduzido número daqueles que pretendem ter a seu
lado o bom senso, a razão e a ciência, Bernadete Soubirous é portadora de uma
enfermidade mental conhecida: está sendo vítima de alucinações, apenas isto”!
Teriam eles, como pretendiam, a razão do seu lado? A resposta não demorou a se
tornar clara.
Representação (muito bem feita) de uma das aparições de Maria a santa Bernadete Soubirous na gruta de Massabielle, Lourdes. |
Na aparição de
25 de fevereiro, a Santíssima Virgem disse a Bernadete: "Vai beber à
fonte". Bernadete foi ao rio Gave e bebeu. Contudo, não era ao rio que Ela
se referia, mas sim a um canto da gruta onde havia apenas água suja. A menina
cavou e bebeu.
Daquela nascente
obscura brotou discretamente a água milagrosa, que dali a alguns dias
borbulhava em abundância para maravilhamento de todos. Os doentes não demoraram
em servir-se dela e as curas inexplicáveis se iniciaram em 1º de março.
Enfermos desenganados “pela razão e pela ciência” viam seus males desaparecer
num instante, e os argumentos de inúmeros corações reticentes se transformavam
em cânticos de fé.
Nossa Senhora de Lourdes (bela imagem, não é?) |
Mas, quando
Bernadete, mais tarde, serviu- se da água para suas penosas doenças, ela não
lhe foi eficaz. Perguntaram, então: - Essa água cura os outros doentes: por que
não te cura a ti? - Talvez a Santíssima Virgem queira que eu sofra - foi a sua
resposta. De fato, a sua vocação era sofrer e expiar pela conversão dos
pecadores. A água da fonte não era para ela.
Essa filha
predileta de Maria compreendeu com profundidade sua singular missão. Tudo
quanto haveria de padecer física e moralmente dali em diante - o que não foi
pouco - ela desejava unir aos méritos infinitos do Redentor crucificado, para
que fosse pleno o efeito das graças derramadas na gruta. Nunca um murmúrio, uma
queixa ou um ato de impaciência se desprendeu de seus resignados lábios,
afeitos de modo heróico ao silêncio e à imolação.
Após o ciclo das
aparições, todos queriam ver Bernadete e tocá-la. Pediam-lhe bênçãos, roubavam
relíquias... Homens ilustres empreendiam longas viagens para conhecê-la e altas
figuras eclesiásticas não escondiam sua admiração diante dela.
Todavia, quanto
a faziam sofrer por causa disso! Em sua acrisolada humildade, Bernadete sentia-se
incomodada perante tantas manifestações de deferência. Seu maior desejo era ser
esquecida, queria que apenas a Virgem Santíssima fosse objeto de enlevo e amor.
Em Lourdes, ela
viveu ainda nove anos no Asilo, administrado pelas Irmãs de Caridade e da
Instrução Cristã, de Nevers. Ajudava no atendimento aos doentes, nos serviços
da cozinha, na atenção às crianças. Aos 23 anos partiu para a Casa-Mãe da
Congregação, em Nevers, desejando avidamente a vida de recolhimento e oração: -
Vim aqui para esconder-me - disse ela.
Seus treze anos
de vida religiosa foram vincados pela prática de todas as virtudes. De modo
especial, o desprendimento de si mesma e o amor ao sofrimento. Desse período,
passou nove anos de ininterruptas enfermidades: a asma inclemente, um doloroso
tumor no joelho, que evoluiu até uma terrível cárie dos ossos. No dia 16 de
abril de 1879, aos 35 anos de idade, ela entregou sua alma ao Criador.
Seus restos
mortais incorruptos constituem um dos mais belos vestígios da felicidade eterna
que Deus tenha outorgado aos pobres mortais neste Vale de Lágrimas. Intocado,
puro, angélico é o corpo de Bernadete, diante do qual o peregrino sente-se
atraído a passar horas seguidas em oração, levantando-se depois com a doce
impressão de ter penetrado na felicidade eterna de que goza a vidente de
Massabielle.
Estado do corpo de Bernadete em sua primeira exumação: completamente incorrupto, intacto. |
Estado atual do corpo de Bernadete Soubirous. Para preservar a coloração da face, foi aplicada uma fina camada protetora sobre a pele (por causa dos muitos peregrinos que tiram fotos. |
Ali estão,
cerrados, mas eloqüentes, os olhos que outrora contemplaram a Santíssima
Virgem, a nos ensinar que os únicos a serem exaltados são os mansos e humildes
de coração; a nos lembrar que, para realizar Suas grandes obras, Deus não
precisa das forças humanas, mas sim da fidelidade à voz de Sua graça.
Sabemos que a
missão de Bernadete não terminou. A ação benfazeja de sua intercessão se faz
sentir junto à gruta, conforme ela mesma predisse: “Encontrar-me-eis junto ao
rochedo que tanto amo”. Que ela nos obtenha, neste ano do jubileu das
aparições, uma confiança inquebrantável no poder dAquela que disse: “Eu
sou a Imaculada Conceição”.
São João Paulo II, Papa, rezando aos pés da Virgem de Lourdes |
Vista aérea da Basílica do Rosário, em Lourdes. |
Um comentário:
SAÚDE DOS ENFERMOS, ROGAI POR NÓS! OH, MÃE QUERIDA, INTERCEDEI JUNTO A DEUS PAI PARA QUE TODAS AS CHAGAS E FERIDAS NOS SERES HUMANOS SEJAM CURADAS! MÃE MISERICORDIOSA, SEDE NOSSA CONSTANTE PROTEÇÃO EM TODOS OS MOMENTOS DA NOSSA VIDA.
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