A
figura de Santa Maria Madalena costuma ser identificada, ao menos na tradição ocidental,
com aquela Maria que os Evangelistas dizem-nos ser irmã de Marta e
Lázaro de Betânia, amigos do Senhor (cf. Jo
12,
1-11). Tratar-se-ia ainda de uma pecadora pública (cf. Lc
7,
36-50) que, após haver testemunhado as vísceras de misericórdia
com que o Filho de Deus encarnado acolhe todos os arrependidos,
converteu-se à fé e tornou-se uma profunda contemplativa, tal como
no-la retrata o Apóstolo Lucas (cf. Lc
10,
38-42). Como quer que seja, o Evangelho segundo São João faz
questão de a colocar ao pé do sepulcro de Cristo como imagem
significativa de uma alma
que,
tendo fornicado com o pecado e se prostituído aos demônios, é
agora uma esposa,
limpa e pura, para quem não há consolação longe do seu Amado:
"Maria estava do lado de fora do túmulo, chorando", e nem
mesmo os anjos que o guardavam, revestidos de esplendor (cf. Lc
24,
4), puderam suster-lhe os soluços e aquietar-lhe o coração.
Pois
é a Cristo que ela ardentemente deseja, incansavelmente aspira,
loucamente procura: "Levaram o meu Senhor e não sei onde O
colocaram". Mas eis que o Ressuscitado aparece-lhe sob a figura
de um jardineiro, qual um novo Adão que sai ao encontro, no jardim
em que triunfou da morte, de sua nova esposa, adornada com a graça
sobrenatural. E Ele agora, sentado à mão direita de Deus na glória
do Pai, desce todos os dias aos nossos altares para conceder a todos
nós o que então teve de negar à ansiosa Madalena — deixar-se
tocar pelas
almas que O desejam e dEle estão enamoradas. Com estas verdades em
mente, recebamos o Senhor sacramentado com mais
reverência e amor, pedindo-Lhe que, por intercessão de Santa Maria
Madalena, possamos ser almas contemplativas e prorromper em afetos de
terníssima caridade para com Ele durante e depois da comunhão.
Quem
ouve o nome “Maria Madalena”, na maioria das vezes, lembra-se da
mulher pecadora e de má vida do Evangelho. Poucos se recordam que
dela foram tirados sete demônios (Luc. 8,2) e que ela foi perdoada
de seus numerosos pecados (Luc. 7,47- Mar. 16,9).
Muitos
ignoram que ela arrependeu-se do mal que praticou. Esquecem que ela
viveu uma vida de penitente, que foi uma grande Santa. E que
santificou-se por amar intensamente a Deus. Ninguém comenta que foi
a propósito dela que Nosso Senhor disse: “Em verdade vos digo: em
toda parte onde for pregado este Evangelho pelo mundo inteiro, será
contado em sua memória o que ela fez”. (Mat. 26,13) E… quem tem
nela um exemplo de virgindade e pureza? Vejamos um pouco da história
de Santa Maria Madalena.
As
três Marias e Santa Maria Madalena
O
Papa São Gregório Magno, foi um zeloso reformador da Igreja, foi
quem estabeleceu regras para o canto e cerimônias litúrgicas na
Igreja e tornou-se mais conhecido como o criador do Calendário
Gregoriano. Alé disso ele foi também um grande estudioso da vida
dos santos e das Escrituras Sagradas.
São
Gregório Magno afirma que Maria Madalena, Maria de Betania e Maria
pecadora, citadas no evangelho, são a mesma pessoa. Por isso mesmo é
que Santa Maria Madalena é, entre as mulheres, a que mais tem seu
nome citado nos Santos Evangelhos.
Ela
nasceu em Magdala e viveu no século I. Conheceu Nosso Senhor, foi
contemporânea de Nossa Senhora, dos Apóstolos, dos primeiros
cristãos.”E Lázaro (…) era seu irmão.”(Jo. 11, 1-2). Ela era
irmã de Santa Marta e de Lázaro, a quem o Mestre Divino
ressuscitou. “Lázaro havia caído doente em Bethania onde estavam
Maria e sua irmã Marta. Maria era quem ungira o Senhor com óleos
perfumados e Lhe enxugara os pés com seus cabelos” durante um
banquete do qual Jesus participava.
Ela
escolheu a melhor parte…
“Jesus
andava pelas cidades e aldeias anunciando a boa nova do Reino de
Deus. Os doze estavam com Ele, como também algumas mulheres que
tinham sido livradas de espíritos malignos e curadas de
enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete
demônios.” (Luc. 8,2)
Madalena
foi a mulher a quem Jesus exorcizou.(Mar.16, 9). Depois disso, ela
acompanhava Jesus, agradecida, contemplando sua divindade, amando a
Deus, santificando-se. Santa Maria Madalena tinha uma alma admirativa
e, por isso mesmo, era uma pessoa capaz de contemplar. Nas principais
citações que o Evangelho traz dela sua admiração por Nosso Senhor
fica destacada. E contemplar a Deus na Pessoa de Nosso Senhor Jesus
Cristo foi um dos pontos altos de sua vida.
Sem
dúvida, ela exercia tarefas que estavam destinadas às Santas
Mulheres, contudo, em suas atividades ela procurava dar mais
importancia ao “Deus das obras que às obras de Deus”: ela havia
escolhido a melhor parte… Esta afirmação está contida nos
Evangelhos, são palavras do próprio Nosso Senhor: “Jesus estava
em viagem, e entrou em uma aldeia e uma mulher chamada Marta o
recebeu em sua casa. Marta tinha uma irmã chamada Maria que se
assentou aos pés do Senhor para ouvi-lo falar. Marta toda preocupada
com a lida da casa, veio a Jesus e disse: Senhor não te importas que
minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude.
Repondeu-lhe o Senhor: “Marta, Marta, andas muito inquieta e te
preocupas com muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária;
Maria escolheu a melhor parte, que lhe não será tirada.” (Luc 10,
38-42)
Muito
embora ainda fosse uma pecadora, ela já havia dado mostras de sua
escolha pela admiração contemplativa. Isso ficou evidente naquele
banquete onde outras pessoas estavam com Jesus e não viam nele o
Filho de Deus, mas um homem inteligente, esperto, talvez predestinado
e, no máximo, um profeta:
“Um
fariseu convidou Jesus a ir comer com ele. Jesus entrou na casa dele
e pôs-se à mesa. Uma mulher pecadora da cidade, quando soube que
estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro cheio
de perfume; e, estando a seus pés, por detrás dele, começou a
chorar. Pouco depois suas lagrimas banhavam os pés do Senhor, e ela
os enxugava com os cabelos, beijando-os e os ungia com perfume.(Luc.
7, 36-38)
Na
Via Dolorosa, no Calvário, … de pé, com a Virgem Maria!
Esta
mulher contemplativa esteve no Calvário. “Havia ali algumas
mulheres (…) que tinham seguido Jesus desde a Galileia para o
servir. Entre elas Maria Madalena.” (Mat. 27, 55-56) É certo que
durante a peregrinação na via dolorosa Santa Maria Madalena esteve
ao lado da Virgem Mãe de Deus, Nossa Senhora, a quem ela admirava e
venerava afetuosamente e que naquela ocasião era quem mais sofria
espiritualmente as dores pelas quais seu Divino Filho passava para a
salvação dos homens. E essa, sem dúvida, foi uma ocasião oportuna
que, aquela que muito havia pecado, encontrou para consolar quem
nunca havia pecado. No Calvário, quando todos fugiram, “junto à
cruz de Jesus estavam de pé sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria,
mulher de Cléofas, e… Maria Madalena.”(Jo. 19,25).
Frutos
do Amor a Deus
O
amor contemplativo de Maria Madalena rendeu-lhe os melhores frutos. E
estes frutos não foram só o perdão de seus pecados e a graça de
seu insigne e exemplar arrependimento. Outras graças espirituais
ainda lhe foram concedidas por causa de sua admiração e amorosa
contemplação da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade encarnada na
Humanidade Santíssima de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Talvez
a maior das graças recebidas por ela tenha sido dada por ocasião da
Ressurreição do Divino Salvador: “Tendo Jesus ressuscitado de
manhã, no primeiro dia da semana apareceu primeiramente a Maria de
Magdalena, de quem tinha expulsado sete demônios.(Mar. 16-9)
Seu
amor a Nosso Senhor já tinha feito com que ela, após a morte do
Salvador estivesse junto dEle também em Seu sepultamento. E, depois
que a pedra foi rolada, “Maria Madalena e a outra Maria ficaram lá,
sentadas diante do túmulo”(Mat. 27,61). No que pensava ela ali
sentada? Não se sabe. A certeza que se tem é que ela não pensava
em si, pois, Seu Senhor era sempre o centro de suas cogitações.
“‘Maria!’
Ela voltou-se e exclamou: ‘Rabôni!’ (Jo 20,16)
Passou-se
a sexta feira, passou-se o sábado.
“Depois
do sábado, quando amanhecia o primeiro dia da semana, Maria
Madalena, e a outra Maria foram ver o túmulo” (Mat. 28,1). Ela
descobriu o túmulo vazio e ouviu dois seres angélicos anunciarem a
Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ela seria a primeira
testemunha da Ressurreição do Senhor e a primeira a ver Cristo mais
tarde no mesmo dia quando o Mestre deu a ela a mensagem para entregar
aos demais discípulos (João 20:1-18).
Depois
disso, que sentido teria continuar vivendo nessa Terra? Após ter
sido curada e os demônios terem sido expulsos por Jesus, Maria
Madalena coloca-se a serviço do Reino de Deus, fazendo um caminho de
discipulado, seguindo Nosso Senhor no amor e no serviço.
A
partir deste encontro com Jesus Ressuscitado, Maria Madalena, a
discípula fiel, continuou vivendo entre os apóstolos e discípulos,
sendo um exemplo vivo das graças que o Senhor dispensou a ela,
levando uma vida de testemunho e de luta por uma santidade maior.
A
História de uma Virgem
A
tradição nos conta que com a Virgem Maria e o Apóstolo João, ela
foi evangelizar em Éfeso. Outra história, que desde muito corre no
Ocidente, diz que ela viajou para Provença, França, com seus irmãos
Marta e Lázaro com mais outros discípulos para evangelizar Gaul.
Neste local ela passou 30 anos de sua vida na caverna de La
Saint-Baume, nos Alpes Marítimos. Foi milagrosamente transportada,
pouco antes de sua morte, para a Capela de Saint-Maximin, onde
recebeu os últimos sacramentos da Santa Igreja. Ela foi enterrada em
Aix. Em Vazelay, na França, todos afirmam que suas relíquias ali
estão desde o século XI.
No
Ocidente, o culto à Santa Maria Madalena propagou-se a partir do
Século XII. Na arte litúrgica da Igreja ela é representada com
longos cabelos, segurando uma jarra própria para guardar óleos
perfumados. Sua festa é celebrada no dia 22 de julho.Quando rezamos
a Ladainha de Todos os Santos encontramos o nome de Santa Maria
Madalena como a primeira das invocações das Santas Virgens.
Isso
não causa espanto a quem sabe que a Deus nada é impossível. É a
beleza da contrição e do perdão. Aquele que é capaz de
“transformar as pedras brutas em Filhos de Abraão”, pode
perfeitamente devolver a integridade a uma pecadora. E isso,
sobretudo se ela arrependeu-se muito, se admirou muito, se amou
muito. Como foi o caso dela. (Fonte: Bíblia Sagrada – Editora Ave
Maria – São Paulo – 2008)
Fontes:
http://www.arautos.org/secoes/artigos/especiais/santa-maria-madalena-2-143598
https://padrepauloricardo.org/episodios/festa-de-santa-maria-madalena-mmxvii
Imagens do Google.
Nenhum comentário:
Postar um comentário