"Quando
começou os estudos, recomendei-lhe que amasse a essa nossa boa Mãe.
Agora, recomendo que seja todo Seu."
Estas foram as palavras ditas por mamãe Margarida quando Dom Bosco entrou no Seminário, demonstrando o amor filial e confiante na Virgem Maria, que ensinou aos seus filhos.
Estas foram as palavras ditas por mamãe Margarida quando Dom Bosco entrou no Seminário, demonstrando o amor filial e confiante na Virgem Maria, que ensinou aos seus filhos.
Na
vida de Dom Bosco, desde o seu nascimento até a materialização de
seus sonhos, nenhum biógrafo, nenhum registro histórico, pode abrir
mão da significativa presença de Margarida Occhiena, sua mãe. Os
salesianos e salesianas celebram no dia 25 de novembro a Venerável
Margarida
Occhiena, a “Mamãe Margarida”.
Ela
foi grande incentivadora do filho, tendo papel
fundamental no desenvolvimento de sua obra e no nascimento da Família
salesiana.
A
presença marcante de Margarida Occhiena foi definitiva para que Dom
Bosco, nas bases de seu projeto, colocasse como pilares de
sustentação a familiaridade, o “espírito de família” e a
busca pela santidade. O exemplo de amor, aceitação, confiança e
apoio de Mamãe Margarida demonstravam a importância dos princípios
evangélicos e da família na formação de novas pessoas, de “bons
cristãos e honestos cidadãos”.
MARGARIDA OCCHIENA (1788-1856)
Margarida
Occhiena nasceu no dia 1º
de abril de 1788 em
Capriglio, província de Asti, Itália, sexta de dez filhos, no mesmo
dia foi batizada na igreja paroquial. Seus pais, Melquior
Marcos Occhiena e Domingas Bossone,
eram agricultores dotados de sinceros sentimentos cristãos.
Margarida desde jovem é uma grande trabalhadora. Os tempos e o
trabalho não lhe permitem estudar, mas o seu
amor pela oração é enriquecido por aquela sabedoria que
não se encontra nos livros. Reside
com seus pais até seu casamento com
Francisco Bosco em
1812.
Francisco tem 27 anos, é viúvo, com um filho de três anos,
Antonio, e tem a mãe doente aos seus cuidados. No ano seguinte nasce
José e em 1815
João (o futuro Dom Bosco).
Juntos transferem-se para os Becchi, distrito de Castelnuovo d'Asti.
Em
1817 Francisco morre atingido por uma pneumonia. Aos vinte e nove
anos Margarida vê-se enfrentando sozinha a condução da família
num momento de grande carestia, cuidando
da
mãe e
do filho de
Francisco, o
falecido esposo;
e os pequenos José e João, seus
filhos.
Margarida era uma mulher de grande
fé. Deus estava sempre acima de todos os seus pensamentos e
sempre em seus lábios. Tendo
ficado viúva, após cinco anos de vida em comum com Francisco Bosco,
viu-se obrigada, completamente só, a assumir uma tarefa de grandes
desafios e obstáculos: a administração de uma família com quatro
membros.
Agora,
em uma Itália dividida, em uma Piemonte com graves problemas
políticos/econômicos e vivendo os ares da modernidade, ela precisa
conciliar todos os encargos inerentes a um chefe de família pobre e
de zona rural. Precisa cuidar da casa, do sustento e educação dos
filhos, da lida no campo, da sogra adoentada, das crises
econômico-financeiras e da incompreensão de Antônio, um dos filhos
de Francisco que assumiu como seu, com relação ao desejo de João
Bosco de estudar. Precisa mostrar-se forte e
fé
inquebrantável, para suportar e superar todas as vicissitudes do
momento.
O
amor do Senhor era tão intenso que formou nela um coração de mãe.
Sábia educadora, soube
conjugar nela paternidade e maternidade,
doçura e firmeza, vigilância e confiança, familiaridade e diálogo,
educando os filhos com amor desinteressado, paciente e exigente.
Atenta à vida deles, confia nos meios humanos e no auxílio divino.
Acompanha o crescimento
de três garotos de temperamento muito diferente com
os mesmos critérios mas com métodos diversos. Ensina-lhes o
catecismo e prepara-os para se aproximarem da primeira comunhão.
Mulher
forte, com clareza de ideias,
determinada nas escolhas, regime de vida sóbrio, severa na educação
cristã, doce e compreensiva.
Tendo
ouvido o sonho de Joãozinho aos nove anos, é a única que consegue
lê-lo à luz do Senhor: "Quem
sabe, tu devas ser sacerdote".
Permite-lhe então que fique com outros garotos pouco recomendáveis,
para que, com ele, se comportem melhor. A hostilidade de Antonio em
relação aos estudos de João obriga-a a afastar o filho menor para
que possa estudar. Haverá de acompanhá-lo
depois.
Obrigada
a fazer escolhas às vezes dramáticas (como o afastamento do filho
menor de casa para não romper com a paz e para fazê-lo estudar),
conduz com fé, sabedoria e coragem o desenvolvimento das habilidades
dos filhos, ajudando-os a crescer na generosidade e no espírito de
iniciativa. Acompanha com amor particular João até o sacerdócio e
depois, deixando a querida casa no Colle, segue-o na sua missão
entre os jovens pobres e abandonados de Turim.
No
dia da ordenação sacerdotal de São João Bosco pronunciará
algumas palavras que ficarão no coração de seu filho por toda a
vida. Em 1848,
Dom Bosco fica gravemente doente, Margarida vai assisti-lo
descobrindo
o bem que faz pelos jovens abandonados. Quando Pe. Cinzano diz para
Dom Bosco que traga sua mãe para Turim para morar com ele afirma que
ele terá um anjo ao seu lado. Mas João fica confuso: convidar sua
mãe para sacrificio tão duro, mas ela ela responde assim: "Se
acreditas que essa é a vontade do Senhor, estou pronta a vir".
À
idade de 58 anos decide deixar a tranquilidade
em seu povoado e seguir seu filho em sua missão entre os moços
pobres e abandonados do Turim.
A
presença
de Mamãe Margarida transforma o oratório numa família.
Por dez anos a sua vida se confunde com a do filho seu nome esta
estreitamente ligado as origens do carisma da Congregação
Salesiana; é a primeira e principal cooperadora de Dom Bosco; com
bondade dinâmica torna-se
o elemento
materno do sistema preventivo;
é, sem o saber, "co-fundadora" da Família Salesiana que
cria santos como Domingos Sávio e Padre
Miguel
Rua.
Analfabeta,
mas cheia daquela sabedoria que vem do alto, foi ajuda para tantos
jovens pobres abandonados na rua, filhos de ninguém; coloca Deus
acima de tudo, consumando-se por Ele numa vida de pobreza, de oração
e de sacrifício.
Morre
em Turim, atingida pela pneumonia, no dia 25
de novembro de 1856 aos
68 anos. Acompanham-na ao cemitério muitos jovens, que a choram como
se chora por uma Mãe. Gerações de salesianos a chamaram e a
chamarão de Mamãe Margarida.
Mamãe
Margarida empregou, apesar de seu analfabetismo, o seu talento inato
de educadora, de mãe e de santa em prol de uma juventude
protagonista.. Logo após a sua morte, surgiu uma convicção comum:
“era uma santa”. Aqueles que começaram a chamá-la de “mãe
santa” testemunhavam que ela jamais abandonou suas convicções,
suas crenças, sua fé. Jamais deixou de demonstrar um equilíbrio
formidável entre os planos terrestre e celeste.
Proclamada Venerável Margarida Occhiena pelo Papa Bento XVI em 15 de novembro de 2006, próximo de completar 150 anos de sua partida. Consta que a Serva de Deus Margarida Occhiena viúva de Bosco, mãe de família, exercitou heroicamente as virtudes teologais da Fé, da Esperança e da Caridade, tanto para Deus como para o próximo, assim como as virtudes cardeais da Prudência, Justiça e Moderação, e outras virtudes anexas a estas. Aguardamos agora o desfecho de sua causa introduzida, que se for positivamente respondida terá esta santa mãe que em vida esteve ao lado de seu santo filho também digna ao lado dele na glória dos altares.
Mesmo
não tendo sido alfabetizada, Mamãe Margarida, em sua sabedoria
adquirida nos enfrentamentos da vida, faz-se educadora, com um
projeto de maternidade que sintoniza humanidade e santificação.
Em
todas as oportunidades, das mais simples às mais complexas, ela não
deixa de refletir, com seus filhos, sobre os ensinamentos de Deus,
sobre a missão de cada um na busca da salvação.
Usava,
na relação com os filhos, a pedagogia do coração, isto é, a de
uma mulher de poucas palavras e muita ação que, com simplicidade e
sabedoria, traduzia para os seus filhos a complexidade e a
grandiosidade do amor. Exercia, com autoridade e paciência, sua
influência sobre os filhos. Jamais abria mão de suas convicções,
mesmo que, em determinados momentos, tivesse de agir com certo rigor
e “dor no coração”.
No
Oratório de Valdocco
marcou sua presença com aquele característico sentido de família
que ainda hoje subsiste nas obras salesianas. Incontáveis são os
fatos de sua vida, todos narrados nos livros sobre Dom Bosco, em que
as lições de fé, de esperança e de caridade estão presentes.
Ao
exercer o papel de mãe para os órfãos de Valdocco,
foi a cooperadora mais eficiente de seu filho: prepara a refeição,
varre, lava, costura e remenda. Mais ainda: encoraja, educa e, na
medida de suas limitações, mas na grandeza do seu coração,
testemunha a Palavra de Deus.
A santidade de Mamãe Margarida se entende dentro do quadro de uma camponesa do Piemonte entre os séculos XVIII e XIX, isto é, uma mulher analfabeta (como todas as mulheres pobres de então), mas de uma profunda religiosidade. Religiosidade encarnada na dureza da vida, na capacidade de perceber nas pequenas coisas a grandeza de Deus.
Nesse
aspecto, é importante ressaltar que ela amadureceu uma visão de fé
tradicional, arraigada nos fundamentos do Concílio de Trento, mas
não rigorista. Daí compreende-se como ela vivenciou e transmitiu
aos filhos, apesar das orientações da época, uma fé em um Deus
criador, bondoso, misericordioso e indulgente.
Na
Estreia de 2006, o então Reitor-mor dos Salesianos de Dom Bosco,
padre Pascual Chávez, cita as frases comuns com as quais ela educou
os seus filhos legítimos e aqueles adotados no tempo em que ficou
com Dom Bosco em Valdoco (1846-1856): "Deus te vê", "como
Deus é bom", "com Deus não se brinca" (cf. Estreia
2006, p.39-40). Essa experiência teologal transformou-se em
experiência pedagógica no sistema preventivo vivido no primeiro
oratório.
Portanto,
a santidade de Mamãe Margarida esteve sempre ligada a uma fé vivida
no dia a dia histórico, na materialidade da vida, onde Deus é
presença permanente, sensível e misteriosa. Uma fé impregnada de
valores simples e profundos: “o sentido do dever e do trabalho, a
coragem cotidiana de uma vida dura, a franqueza e a honestidade, o
bom humor”. Por isso, ainda no dizer de padre Chávez, ela foi a
primeira educadora salesiana e colaborou com Dom Bosco a moldar nos
seus jovens, nos discípulos e na sua família carismática, uma
santidade simples, sem ser simplória; profunda, mas sem pieguismo;
alegre e jovial, sem ser banal.
Fontes:
Imagens retiradas do Google Imagens.
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