Bernardino
Realino (1530-1616) é dono de um único fato na história dos santos: ainda em
vida foi nomeado padroeiro da cidade de Lecce. Ao espalhar-se a notícia de que
o padre Bernardinho estava morrendo, o prefeito da cidade reuniu a câmara e
dirigiu-se ao colégio dos Jesuítas. Diante do leito do moribundo, leu um
documento que tinha preparado:
“Grande
é nossa dor, pai amado, ao ver que nos deixais, pois nosso mais ardente desejo
seria que permanecêsseis sempre conosco. Não querendo, contudo, opor-nos à
vontade de Deus, que vos convida para o céu, desejamos pelo menos
encomendar-vos a nós mesmos e a toda esta cidade tão amada por vós e que tanto
vos tem amado e reverenciado. Assim o fareis, ó pai, pela vossa inesgotável
caridade, a qual nos permite esperar que queirais ser nosso protetor e patrono
no paraíso, pois já por tal vos elegemos desde agora e para sempre, seguros de
que aceitareis por fiéis servos e filhos…” Com esforço respondeu o padre: “Sim,
senhores”.
Origens
Bernardino
nasceu na ilha de Capri, Nápoles, em 1 de dezembro ao ano 1530. Era filho de
uma família rica e nobre, a família Realino. Na infância, recebeu formação
cristã tradicional. Quando jovem, destacou-se pela Inteligência. Seus pais o
enviaram para estudar na famosa Academia de Modena e, mais tarde, para a não
menos famosa Universidade de Bolonha. Lá, ele se formou em direito civil e
eclesiástico, além de filosofia e medicina.
Um jovem de inteligência brilhante
Nos seus anos de
juventude, Bernardino colheu lisonjeiros sucessos literários, frutos de um vivo
amor aos estudos humanísticos, iniciados entre as paredes domésticas, sob a
guia de bons preceptores, e prosseguidos de Bolonha, onde frequentou por três
anos de cursos de filosofia e medicina, para passar depois aos de direito civil
e eclesiástico nos quais se laureou em 1556.
O político
Aos vinte e
cinco anos, o brilhante Bernardino ingressou na carreira da administração, por
indicação de um cardeal amigo de sua família e governador da cidade de Milão. A
partir desse momento, sua carreira decolou e ele passou a ocupar cargos
importantes da administração e da política em vários lugares. Em dez anos, ele foi
prefeito da cidade italiana de Felizzano de Monferrato, depois, advogado fiscal
na famosa Alexandria, prefeito da cidade de Cassine, prefeito de outra cidade
chamada Castel Leone e, por fim, foi nomeado auditor e lugar-tenente da grande
cidade de Nápoles. Nesse tempo, ele nunca deixou de ajudar os pobres.
Graça especial da Virgem Maria
A carreira
política de Bernardino ia de vento em popa quando, em 1564, ele caiu gravemente
doente. No leito, procurou novamente a oração. Certo dia, teve a visão da
Virgem Maria com o Menino Jesus no colo e ficou curado. O fato causou uma
profunda mudança no coração de Bernardino. Ele percebeu que Deus estava lhe
dando uma segunda chance e que tinha uma missão muito mais importante para
cumprir neste mundo. Por isso, procurou um sacerdote jesuíta, que o acolheu e
se tornou seu diretor espiritual.
Vida religiosa
Aos trinta e
cinco anos Bernardino ingressou na vida religiosa e foi ordenado sacerdote
jesuíta. Como padre, intensificou o trabalho que já realizava junto aos pobres
e tornou-se um grande evangelizador. Manifestou-se nele o dom da cura e dom
extraordinário do conselho. Por isso, passou a ser procurado por todos, desde
os príncipes, as autoridades religiosas e o povo em geral. Todos buscavam seu
conselho iluminado. O Papa Paulo V e alguns reis escreveram a ele pedindo
orientações.
Padroeiro em vida
No ano 1574, o
Padre Bernardino foi enviado à cidade de Lecce para fundar ali um colégio da
Ordem dos Jesuítas. Lá, ele exerceu seu ministério sacerdotal por quarenta e
dois anos. A sua atuação nesta comunidade foi tão marcante, que, quando adoeceu
e estava prestes a falecer, o Conselho Municipal se reuniu à sua volta para
pedir que ele aceitasse ser o padroeiro da cidade e intercedesse a Deus por
ela. De viva voz, São Bernardino aceitou. Trata-se do único fato desse tipo
registrado na tradição católica.
São Bernardino Realino sendo escolhido, em vida, para ser o patrono de Lecce. Fato inédito na História da Igreja. |
Morte
São Bernardino
faleceu quanto tinha oitenta e seis anos. Era o dia 2 de julho do ano 1616.
Desde então, passou a ser o padroeiro de Lecce mesmo antes de ter sido
canonizado. Cultuado em vida como santo foi beatificado, em 1895, pelo papa
Leão XIII e canonizado pelo papa Pio XII em 1947. Mais tarde, ele se tornou
também o padroeiro da cidade de Capri.
Pela brilhante
carreira administrativa empreendida sob a proteção do governador de Milão, a
quem seu pai prestava serviço, Bernardino Realino pode ser invocado como
protetor de certas categorias de cidadãos, que julgam poder contar com poucos
santos: Bernardino foi de fato prefeito em Felizzano de Monferrato (para
garantir a imparcialidade na administração da cidade, o prefeito era importado
de outras regiões), foi advogado fiscal em Alexandria, em seguida de novo
prefeito de Cassine, depois pretor em Castel Leone, e por fim desceu a Nápoles
na qualidade de auditor e lugar-tenente geral.
Iconografia
As imagens
devocionais do santo o representam recebendo o Menino Jesus nos braços. Foi de
fato após a aparição de Nossa Senhora e do Menino Jesus.
Oração a São Bernardino Realino
“Ó Deus, que
destes a São Bernardino Realino a graça de conhecer-vos a ponto de abandonar as
honras, o luxo e as glórias humanas por causa de vós, dai também a nós a graça
de conhecer-vos profundamente, para que possamos produzir frutos de santidade e
amor como São Bernardino Realino. Por nosso Senhor Jesus Cristo vosso Filho, na
unidade do Espírito Santo, amém.
São Bernardino Realino, rogai por nós.”
Fontes:
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