Biografia
Nascido
em 1940, em Roma, no berço de uma família humilde e cristã,
Nazareno entrou muito jovem para um seminário, onde estudou
filosofia e teologia. Em junho de 1966, aos 26 anos, foi ordenado
padre. Chegou em Mato Grosso em 1972, onde foi pároco da Diocese de
Cáceres e passou a trabalhar na evangelização na Operação de
Mato Grosso. Em seguida, partiu para Jauru, onde fundou o Asilo
“Coração Imaculado de Maria”, que ainda abriga cerca de 40
idosos da região.
Lá,
dizem os conhecidos e devotos, que superou inúmeros obstáculos e
que despertou a fé de jovens e adultos, por meio do Movimento
Sacerdotal Mariano, do qual fazia parte como presidente Nacional.
Todos os anos, durante os festejos de Carnaval e antes do dia 12 de
outubro, que celebra a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida,
promovia retiros espirituais com membros do movimento, representando
todos os Estados do Brasil.
Além
do Asilo, em 1973, ficou responsável pelos trabalhos pastorais de
Jauru e região e logo preparou um centro de catequese, facilitando o
ensino da religião para as crianças. Em seguida, lutou para a
construção de um hospital, pois se comovia com o número de
crianças que morriam na região.
Na
época, elaborou um plano de ampliação para o hospital local e
pediu ajuda de amigos e de uma organização alemã de prevenção a
fome e doenças, Misereor. O projeto só saiu do papel após três
anos. Além dos pedreiros contratados, o pai do padre Nazareno, que
trabalhava como pedreiro, se juntou à força tarefa durante os seis
meses de obras do Hospital Patronato Nossa Senhora do Pilar.
Prestativo
e sempre a frente de seu tempo, além dos feitos já citados, em
1974, foi a vez dele criar um grande espaço religioso para os
mato-grossenses e católicos em geral. Deu início a construção de
uma igreja, a Igreja Nossa Senhora do Pilar. A inauguração foi
celebrada no ano seguinte com o Bispo Máximo Biennes. “A igreja
era sofisticada para época, edificada graças à boa vontade do povo
e, sobretudo ao esforço do nosso padre Nazareno”, conta o amigo
Jorge.
Em
razão do aumento dos fiéis e dos admiradores de Padre Nazareno, durante
algumas missas e cerimônias era preciso utilizar os fundos da
Igreja, mas para atender melhor a comunidade, Nazareno não se
conteve e criou o Santuário Imaculado Coração de Maria.
Nesses
locais, além das missas e eventos católicos, o religioso abrigou
inúmeras famílias despejadas por posseiros, famílias que tiveram
as casas destruídas, incendiadas, a maior parte delas era da região
de “Mirassolzinho”, onde conflitos por terras eram constantes.
“Crianças órfãs também foram acolhidas por ele, algumas até
com poucos dias de vida”, lembra Cláudia secretária da paróquia.
“Ele amava a todos sem querer nada em troca, foi um pai para muita
gente”, completa.
Já
em 1981, ajudou a fundar o Seminário Menor em Jauru colocando à
disposição um centro de treinamento. O local começou com 14
jovens, mas calcula-se que pelo menos 300 seminaristas passaram por
ali. Construiu a CNEC - Campanha Nacional de Escolas Comunitárias,
que funcionou durante muitos anos, e hoje serve de alojamento para
pessoas que vem para retiros.
Em
1985, recebeu a visita do arcebispo Carlos Furno, representante do
Papa no Brasil. Três anos mais tarde, Nazareno foi nomeado pelo
responsável nacional do Movimento Sacerdotal Mariano (MSM). Desde
então, assumiu e passou a viver os três compromissos que
caracterizam a espiritualidade do Movimento, a Consagração ao
Imaculado Coração de Maria; a União ao Papa; à Igreja a ele unida
e a condução dos fiéis a uma vida de entrega confiante a Nossa
Senhora. “Acho que foram 30 anos da vida dele que se dedicou a
Jauru. Não tem como não se emocionar ao lembrar desse homem que só
nos fez bem e aumentou a nossa fé. Ele transformou a cidade de
Jauru”, diz a devota e moradora do município, Eunice Vieira.
“Ele
parecia incansável, raramente o vi abatido e é com essa disposição
que estamos dando seguimento a tudo que ele nos ensinou”, finaliza
Jorge. A tradicional missa em homenagem ao pároco acontece nesta
segunda, data em que completa 15 anos do seu falecimento. A cerimônia
está marcada para as 19 horas e deve reunir centenas de fiéis.
Era
noite do dia 11 de fevereiro de 2001, o padre Nazareno jantava na
Casa Paroquial em companhia de alguns amigos quando a residência foi
invadida por dois homens encapuzados. A dupla pediu para o padre
abrir o cofre da igreja, e ele argumentou que sua paróquia não
tinha cofre.
Insatisfeitos,
os assaltantes fizeram “roleta-russa” com os amigos do religioso,
mas não roubaram o dinheiro que eles tinham no bolso. Quando estavam
deixando a Casa Paroquial, um dos assaltantes disparou na nuca do
padre e a bala alojou-se na coluna cervical.
No
dia seguinte ao crime, Nazareno foi removido de avião para um
hospital em Cuiabá onde ficou na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
No dia 13, o padre foi transferido para a UTI do Hospital
Sírio-Libanês, em São Paulo, onde veio a falecer dez dias depois.
O corpo de Nazareno foi sepultado em Jauru, cidade onde viveu por 29
anos.
Segunda
Biografia
Pe. Nazareno Lanciotti
1º Mártir do Movimento Sacerdotal Mariano
“Coração Imaculado de Maria, Confiança, Saúde e Vitória minha”
Nascido em Roma, 03/03/1940
Pais: Sr. Giacomo e Sra. Antonieta
Ordenação Sacerdotal: Roma (Itália) em 29 / 06/1966
Martírio: 11 a 22 de fevereiro de 2001
Pe.
Nazareno deu uma resposta de generosidade total ao dizer NÃO para o
mundo e SIM a Cristo, ao se dispor a sair do seu país como
missionário, atendendo ao chamado: “deixa sua terra e vai ao lugar
que eu mostrarei”, deixando seus parentes e amigos, saindo para
viver num país estranho, sempre cumpridor dos mandamentos de Deus e
dos preceitos da Igreja.
Pertencia
ao clero de Subiaco, pequena diocese, perto de Roma. Destacou-se no
clero em Roma, onde trabalhou durante cinco anos. Quando veio para o
Brasil, ficou alguns meses em Poxoréu.
Chegou
em Jauru dia 12 de janeiros de 1972, com um grupo de jovens da
Operação Mato Grosso. Ao chegar, não houve nenhuma recepção, mas
Maria Santíssima, na imagem da Virgem Mãe do Pilar, o acolheu e o
confortou, assim como fez com São Tiago, dizendo: “Meu filho, não
desanime não”. E ele não desanimou. Superou inúmeros obstáculos
postos em seu caminho pelo adversário e tornou Jauru, esta pequena e
longínqua cidade, conhecida pela fé que ele despertou em cada um de
nós, devido ao Movimento Sacerdotal Mariano, do qual fazia parte
como presidente Nacional. Todos os anos no Carnaval e antes da festa
do dia 12 de outubro, fazia retiros espirituais com membros do
Movimento, representando todos os estados do Brasil.
Foram
29 anos de vida, dedicada à pequena paróquia de Jauru, estado de
Mato Grosso. Sofreu muito, sofreu por amor a Cristo, por seu
evangelho. Quando aqui chegou, teve que se adaptar a um lugar que era
praticamente o oposto de sua terra: Roma (Itália), a começar pela
língua (Português) que mal sabia falar, os costumes e a falta de
conforto. Jauru oferecia muito pouco para alguém que vinha do
primeiro mundo, que vivia no berço da civilização. Faltava
energia, faltavam meios de comunicação, faltava até Casa
Paroquial, tanto que ficou hospedado em um pequeno hotel de madeira,
onde pessoas ficavam conversando até altas horas da noite. Além
disso, ainda haviam uns porquinhos que ficavam se roçando na parede,
atrapalhando-o dormir.
Com
tanto contraste, era mais fácil desistir, mas ele persistiu. Sofria
ainda nas estradas, quando ia para as comunidades, junto com o Pe.
Riva em um jeep, pois as estradas eram péssimas e conforme o local
que passavam, ele dizia que parecia balanças até o cérebro.
Entretanto,
a oração era a sua rota, a luz que lhe indicava o caminho, a
estrela polar, segundo a qual navegava. Graças à oração, tinha se
tornado um só com Deus, assim tudo o que fazia, estava em perfeita
sintonia com Deus.
Em
1973, ficou encarregado dos trabalhos pastorais de Jauru e região.
Preparou logo um centro de catequese, para facilitar o ensino da
religião às crianças.
Foi
um governante inteligente, dirigia cada trabalho com interesse, sendo
enérgico e exigente, ao mesmo tempo bondoso caridoso. Soube
interpretar e viver os dons da sabedoria. Como bom pastor, conduzia
leigos, nomeou muitos ministros. Seu poder não para por aí. Pe.
Nazareno transformou Jauru, podemos até dizer que o construiu.
Tinha
intenção de preparar um pequeno centro de atendimento à saúde,
comovido com o número de crianças que aqui morriam. Pe. Nazareno
elaborou um projeto de ampliação para um pequeno hospital, para
responder às solicitações locais. Foi auxiliado por um amigo
arquiteto, Carlos Augusto Mattei Facini, que conheceu durante seu
vicariato em Roma.
Tal
projeto foi preparado junto com o bispo D. Máximo, para solicitar à
Misereor, organização alemã de prevenção contra a fome e a
doença. Durante três anos o processo não caminhou, porque
estimavam que um posto de saúde era suficiente, visto que os casos
mais graves e críticos podiam ser encaminhados para o Hospital de
Cáceres, esquecendo o grande número de habitantes, os acidentes de
trabalho nas derrubadas (das matas), a malária, e, sobretudo os 200
km de terra praticamente intransitáveis para um doente. Com a visita
de autoridades médicas de fama mundial, resolveu a questão e a
verba foi liberada.
Os
pedreiros trabalharam e o próprio pai do Pe. Nazareno, pedreiro de
profissão, veio se juntar a eles durante seis meses. Pouco tempo
depois, o hospital interiorano mereceu a melhor classificação dada
pela INPS (Instituto Nacional de Previdência Social).
Franca
Pini, também italiana consagrada a Deus, que veio com a Operação
Mato Grosso, tornou-se companheira e amiga do Pe. Nazareno e hoje
ocupa a direção administrativa do Hospital Patronato Nossa Senhora
do Pilar.
Em
1974, iniciou a construção de uma igreja paroquial, sendo apoiado
pelo seu amigo Vitório, pela cooperação do povo e pelo trabalho de
uns membros da Operação Mato Grosso. A inauguração foi celebrada
no ano seguinte com o Bispo D. Máximo Biennes presidindo a
solenidade de consagração da Igreja Nossa Senhora do Pilar, tendo a
presença de nove sacerdotes. A cerimônia foi no dia 11 de outubro
de 1975. Uma igreja sofisticada, edificada graças à boa vontade do
povo e, sobretudo ao esforço do nosso Pe. Nazareno.
A
partir de então, a Igreja tornou-se o lugar mais querido de nossa
paróquia: Nossa Senhora fez dela sua casa, onde nos recebe, nos
anima e nos consola e de onde distribui suas graças a todos os seus
filhos.
Em
12 de outubro de 1976, foi criada a paróquia Nossa Senhora do Pilar
em Jauru e o primeiro pároco foi Pe. Nazareno Lanciotti.
A
igreja foi tornando-se pequena, foi necessário utilizar um
anfiteatro natural nos fundos da igreja, mas devido à falta de
conforto, foi construído o Santuário Imaculado Coração de Maria.
A
missa e a confissão foram os dois polos de sua missão. A confissão
feita a ele, passava a ser o ponto de partida para uma nova vida
espiritual.
Quando
houve o conflito sangrento da mirassolzinho, Pe. Nazareno acolheu,
nas capelas das comunidades, famílias despejadas, onde muitos
posseiros morreram, tiveram suas casas queimadas por um grupo de
policiais que vieram para despejá-las. O medo ainda dominava, via-se
claramente o pavor nos olhos das crianças, algumas delas órfãs de
poucos dias.
Pe.
Nazareno foi como uma abelha, que produz mel para saciar a fome das
abelhinhas. Ensinou a esta gente viver os mandamentos, representando
a imagem e semelhança de Cristo vivo.
Saciou
a fome de muitas pessoas, amou a todos sem querer nada. Foi um pai
para as famílias, seu plano de vida, foi acima de tudo, o amor.
No
início de 1981, Pe. Armando e Pe. Nazareno se animaram para fundar o
Seminário Menor em Jauru. Pe. Nazareno colocou à disposição um
centro de treinamento que estava construindo para que ali funcionasse
o seminário. Com o acordo do bispo D. Máximo e outros padres, foi
aberto o seminário menor em 01 de Março de 1981, com 14 jovens. No
decorrer dos anos, passaram pelo seminário mais ou menos 300
seminaristas. Hoje já se formaram vários sacerdotes que passaram
pelo seminário menor de Jauru, dentre eles o Pe. Benedito Correa de
Lima, que foi pároco de Jauru logo após o Pe. Nazareno.
Construiu
a CNEC - Campanha Nacional de Escolas Comunitárias, que funcionou
durante muitos anos, e hoje serve de alojamento para pessoas que vem
para retiros.
Para
as comunidades, construiu igrejas e nomeou ministros, pensando na
Eucaristia diária para todos. Para os que chegam e saem de Jauru, o
Painel do Imaculado Coração de Maria e o Cruzeiro com a imagem de
Nossa Senhora Aparecida. No bosque, onde conservou muitas árvores,
construiu várias salas de catequese, que forma criança desde o pré
a jovens e adultos da escola da fé. Construiu um Salão Paroquial
para reuniões, no qual, durante alguns anos tivemos aulas de
Teologia, ministradas pelo próprio Pe. Nazareno. Fez ainda uma
cozinha, que é utilizada no preparo de refeições para grande
quantidade de pessoas que participam dos retiros e das festas da
paróquia.
Construiu
o abrigo de idosos Imaculado Coração de Maria, onde os idosos
recebem todos os cuidados necessários para uma vida digna, além dos
cuidados físicos, materiais, recebem ainda cuidados espirituais,
estendendo os benefícios à mente, pondo-as em contato com Deus,
através do diálogo do amor e da graça.
No
dia 13 de setembro de 1985, recebemos a visita do arcebispo D. Carlos
Furno, representante do Papa no Brasil. Foi entregue ao Núncio
Apostólico a chave da cidade e concelebrou à noite com Pe. Nazareno
e o bispo D. Máximo.
No
dia 06 de julho de 1988, Pe. Nazareno foi nomeado pelo Pe. Stefano
Gobbi, responsável nacional do Movimento Sacerdotal Mariano (MSM).
Desde então, colocou-se à inteira disposição do Movimento,
assumindo e vivendo os 3 compromissos que caracterizam a
espiritualidade do MSM, que são:
-
Consagração ao Imaculado Coração de Maria;
-
União ao Papa a à Igreja a ele unida;
-
Conduzir os fiéis a uma vida de entrega confiante a Nossa Senhora.
Pe.
Nazareno viveu o espírito do Movimento, se empenhando com entusiasmo
na paróquia e no Brasil, dando força e impulso à espiritualidade.
Foi exemplo de amor e união ao Papa, rezando e sofrendo com ele,
executando e difundindo seus ensinamentos e especialmente
obedecendo-lhe sempre em tudo, pois o Papa recebeu de Jeus a missão
de apascentar o seu rebanho, de presidir na caridade, de ser
fundamento de toda a Igreja e de mantê-la na segurança da fé e da
verdade. Seguindo Maria, que é a Mãe da unidade e foi o meio de que
Jesus se serviu para vir até nós e que, portanto deverá ser o meio
de que devemos nos servir para irmos a Ele. Sua confiança na Virgem
Maria, o ajudava a permanecer fiel nesse mundo tão corrompido, no
meio desta torrente impetuosa sem ser arrastado.
Quanto
mais se reza e se entrega à ação de Maria, tanto mais se sente
crescer o amor recíproco entre nós. Maria é o canal, por onde o
amor misericordioso de Jesus pode chegar a todos.
O
Movimento Sacerdotal Mariano originou-se em 1972, portanto, no mesmo
ano que Pe. Nazareno chegou a Jauru.
Uma
força interior impeliu o Pe. Stefano Gobbi a confiar em Maria, numa
peregrinação a Fátima em 08 de Mario de 1972. Servindo-se dele
como de um humilde e pobre instrumento, Nossa Senhora acolhe todos os
sacerdotes que aceitarem o convite para consagrarem a seu Imaculado
Coração, para permanecerem fortemente ligados ao Papa e à Igreja a
ele unida e conduzirem os fiéis ao seguro refúgio de seu Coração
Materno.
Começou
com um tímido encontro de oração e fraternidade e quase sem
perceberem, tornou-se uma falange numerosa.
Nossa
Senhora, através dos Cenáculos de oração e fraternidade, faz com
que todos se conheçam, se ajudem e se amem como irmãos. Apraz-nos
lembrar que a característica peculiar do Movimento é a fidelidade à
Igreja e a obediência aos legítimos superiores.
Percebe-se
a presença vigilante e iluminadora de Nossa Senhora, sobretudo como
guia de seu Movimento. Ela conforta nas dificuldades, freia toda
euforia, ensina a usar corajosamente a liberdade dos filhos de Deus
e, ao mesmo tempo, impede de assumir atitudes contrárias ou rebeldes
com os superiores.
Pe.
Stefano Gobbi, foi o instrumento escolhido nesta obra de Nossa
Senhora, e a explicação, encontramos em uma página do livro do
Movimento Sacerdotal Mariano: “Escolhi-te, por seres o instrumento
menos apto. Assim, ninguém dirá que esta obra é tua. O Movimento
Sacerdotal Mariano deve ser obra somente minha. Através de sua
fraqueza,manifestarei a minha força, através de seu nada,
manifestarei o meu poder.” (16/07/1973).
Pe.
Nazareno esteve sempre unido ao Pe. Stefano Gobbi, em conseqüência
a Maria que significa tomar maior consciência da própria
consagração a Deus no dia do Santo Batismo e da Ordenação
Sacerdotal.
E,
sendo responsável nacional do MSM, Pe. Nazareno viajava
constantemente por diversas cidades do Brasil difundindo os cenáculos
de oração, nos quais teve grande êxito, pois se tornaram numerosos
os grupos de Cenáculo.
Pe.
Gobbi veio a Jauru nove vezes (até 2001) para realizar cenáculos,
junto ao o Pe. Nazareno.
Cenáculos
de crianças que dão alegria ao Coração Imaculado de Maria e
formaram força de intercessão e de reparação junto ao Coração
Eucarístico de Jesus; Cenáculos de jovens que se recolhem para
rezar, meditar e conservar a graça santificante procurando viver
docemente o Evangelho de Jesus; Cenáculos de famílias que se
consagram a Maria Santíssima e resistem à doenças da divisão e do
divórcio e são preservadas do câncer do aborto e meios para
impedir a vida.
Pe.
Nazareno semeou a semente da fé em muitos corações e durante sua
vida pôde ver alguns frutos de seu trabalho. Pedia confiança total
na Mãe e a reza diária do Santo Terço. Tais frutos não foram
colhidos apenas em Jauru, pois seu trabalho se estendia por todo o
mundo. Foram inúmeras as conversões dos fiéis, o abandono dos
prazeres mundanos e a unidade dos casais. Constantemente ouvíamos
testemunhos de pessoas de diversas cidades, não somente do Brasil,
mas de outros países, que partilhavam com todos, durante retiros,
suas experiências de vida consagrada a Deus.
Parecia
incansável, raramente o víamos abatido. Permanecia com disposição
hora e horas no confessionário, ajudando a nos aproximarmos cada vez
mais de Cristo no sacramento da Eucaristia, através de Maria
Santíssima, em cenáculos de oração. Nosso coração nem sempre
foi terreno fértil, pois somos humanos e caímos constantemente nas
armadilhas do inimigo, mas o Pe. Nazareno sempre tinha uma palavra
amiga, um conselho, que nos ajudava a levantar e continuar
caminhando. Foi um amigo certo para todos os momentos, com seu ombro
amigo e hospitaleiro. Ele nos conhecia até melhor que nossos pais,
foi um verdadeiro pastor, buscando cada ovelha perdida e ajudando
particularmente cada uma a seguir o caminho do amor, da
reconciliação.
Tendo
em vista os tempos difíceis que estamos vivendo, nos convidava
constantemente a serrar fileiras, criando uma verdadeira unidade e de
ação, através da oração, para que pudéssemos viver na confiança
e na esperança filial, os momentos dolorosos da purificação.
Nos
ajudou a enxergar e a seguir a estrada simples da consagração a
Nossa Senhora, por meio da obediência e união ao Papa, confiando
plenamente na intercessão de Maria Santíssima, a amá-la com um
amor sincero, lembrando-nos que Cristo no-la deu por mãe, enquanto
estava no alto da cruz.
É
ela quem nos leva Jesus. Quanto mais nos confiarmos a Maria, mais ela
nos entrega a Jesus, que é o Perfeito Amor. O amor humano está
sujeito a falhas, mas podemos sempre contar com o amor de Jesus
Eucarístico, que nos consola, nos reanima, nos dá forças para
continuar e seguir amando, apesar dos sofrimentos. Jesus impede o
egoísmo, e abre-nos ao amor que vem dele, de modo que possamos dizer
sempre: “O amor de Cristo no uniu”.
Com
seu esforço e confiança na Santíssima Virgem Maria, fez com que a
Igreja Matriz Nossa Senhora do Pilar, o Santuário do Imaculado
Coração de Maria e o Abrigo de Idosos Imaculado Coração de Maria
se tornassem centros jubilares, onde tivemos a oportunidade de
receber a cada dia do ano jubileu a indulgência plenária, que
através da nossa participação, tirou muitas almas do purgatório e
levou ao paraíso. Este ano jubilar (ano 2000) foi caracterizado pelo
pedido de perdão, para que nossos olhos pudessem ficar mais puros. A
presença real de Cristo na Eucaristia foi o Centro deste ano
“intensamente Eucarístico”, lembrando-nos ainda da Mãe, ao
recordarmos o nascimento de seu Filho, confiando em sua solicitude
materna em nossas vidas.
Somos
convidados a ter o mesmo entusiasmo dos cristãos da primeira hora,
para isso, podemos contar com a força do mesmo Espírito que foi
derramado no Pentecostes.
A
fé cristã ensina que cada ser humano é único e irrepetível.
Portanto, na história da criação, não haverá ninguém iguala
ele.
Foi
um exemplo de cristão, aquele que doou serviço a vida inteira, que
“completou em sua carne, o que faltou na paixão de Cristo”. Com
esse gesto, conquistou a confiança e o respeito de muitos em vários
lugares. Foi um pai espiritual muito especial e marcou para sempre
nossas vidas, cumpriu sua missão com amor, sendo fiel ao Cristo
ressuscitado.
Presenteou
Jauru com Jesus exposto solenemente no Santíssimo Sacramento durante
o dia inteiro, todos os dias da semana, nos mostrando a necessidade
de rezar cada vez mais, pois a oração é a chave dos tesouros de
Deus, é a arma do combate e da vitória, e de cada luta a favor do
bem contra o mal.
Diante
do Tabernáculo, nossa presença deve ser uma comunhão de vida com
Jesus. Quando lhe dizemos alguma coisa, ele sempre nos atende. Mesmo
quando não atende do jeito que queremos, porque não nos convém,
atende de maneira mais perfeita.
“Com
a mesma naturalidade com que procurais um amigo, com que confiais nas
pessoas queridas, sentis necessidade de pessoas que vos ajudem, ide
diante do Tabernáculo para procurar Jesus. Fazei dele a pessoas mais
procurada, mais desejada e mais amada, porque é só isso que o faz
imensamente feliz”.
Pe.
Nazareno trabalho além, das possibilidades, conservou em todos
momentos de sabedoria, a humildade, a fé e a caridade. Ouviu o
chamado de Cristo e foi até o fim, deixando muitos rastros de
saudade. Assumiu sua vocação de corpo e alma. Foi um instrumento e
imitador de Cristo, aceitou carregar sua cruz no silêncio, assumindo
o compromisso com amor.
Empenhava
em atrair os jovens para Cristo, fazia constantemente retiros
espirituais, em Jauru e em outras paróquias. Promovia gincanas
bíblicas, jantares... Tudo para que os jovens se sentissem atraídos
por Jesus e Maria. Fazia o possível para participar dos encontros de
jovens realizados aos sábados após a missa. Dentre esses jovens,
Pe. Nazareno nomeou 10 ministros.
Os
grupos de cenáculos de jovens e de famílias no Brasil, se
transformaram numa multidão silenciosa. A oração foi o fundamento
de sua obra a favor dos doentes, de modo a aliviar os sofrimentos
físicos, não só através da ciência, mas também da medicina
espiritual, que é a oração.
“Porque
os demônios, que são ladrões muito finos, querem nos apanhar de
improviso, para nos roubar e despojar. Para isso espreitam noite e
dia o momento favorável. Rondam incessantemente, prontos para nos
devorar e nos arrebatar num só momento, por um único pecado, tudo o
que ganhamos em graças e méritos durante muitos anos. Nunca falta a
ninguém a ajuda de Deus, mas o que pode faltar é a nossa
colaboração com essa ajuda.” (Trata da Verdadeira Devoção á
Santíssima Virgem)
“Quem
reza pouco, alcança pouco,
quem
reza muito, alcança muito,
quem
reza muitíssimo, se torna santo.” (Santo Agostinho)
Pe.
Nazareno respondeu um “SIM” com sabor de sal, luz, vida e amor.
Foi sal, porque durante sua vida soube temperar a vida dos
desesperados e sem solução. Foi luz porque sua passagem pela terra
deixou raios resplandecentes de paz, exemplo de luz para todos os
trabalhos da comunidade. Sabia dirigir todos com uma luz recebida do
Cristo. Foi vida e amor porque, além de transformar sua vida,
conseguiu transformar a vida de muitas pessoas não somente em nossa
cidade, ma por todas as cidades por onde passou.
Cristo
incomodou por dizer a verdade, fazer o bem, evangelizar, converter
povos e conduzi-los ao céu. O mesmo aconteceu com o Pe. Nazareno. O
inimigo, incomodado, atentou contra sua vida. No dia 11 de fevereiro
de 2001, foi baleado na presença de 8 pessoas na Casa Paroquial
enquanto jantava. Viveu dias de terrível agonia e a cidade fazia
vigílias de oração. O Pe. Stefano Gobbi, se preparava para vir a
Jauru e disse para Nossa Senhora que sem o Pe. Nazareno não viria. O
Pe. Nazareno veio com ele, mas morto. Jauru chorou, e não somente
Jauru, mas todo o Brasil, bem como diversos outros países.
No
período do seu martírio, não queríamos nem imaginar a perda
física do Pe. Nazareno, parecíamos querer arrancar da Misericórdia
de Deus, a saúde dele, mas segundo o seu desígnio, Nossa Senhora,
que tantas vezes ele coroou, havia lhe preparado uma coroa vermelha,
a coroa do martírio.
Em
Tor Vergata, na XV Jornada Mundial da Juventude, o Papa disse:
“Também hoje, caríssimos amigos, crer em Jesus, seguir Jesus
pelas pegadas de Pedro, de Tomé, dos primeiros apóstolos e
testemunhas, implica uma tomada de posição a favor d’ele e, não
raro, quase um novo martírio, o martírio de quem hoje como ontem é
chamado a ir contra a corrente para seguir o Cordeiro, onde quer que
vá. Talvez não vos seja pedido o sangue , mas a fidelidade, é
certo que sim.”
Ao
nosso querido Pe. Nazareno, foi pedido o sangue, e ele, não hesitou
em doar, testemunhando a própria disponibilidade para se sacrificar
por todos, como Cristo se sacrificou.
Derramou
seu sangue pela Igreja, trabalhou a fim de ver seus “filhos”
salvos. Mostrou-nos o caminho da salvação e do bem. Nos fez
entender que Deus nos dá graça suficiente para nos salvar. Se nos
perdermos é por falta de nossa colaboração.
Hoje,
sabemos que não valorizamos como deveríamos, percebemos o quanto
significou em nossas vidas. Mas sabemos, que morrendo mártir, se
encontra na glória do paraíso e esta certeza nos conforta, pois ele
nos dizia que é um lugar lindo, preparado com todo carinho para os
filhos de Deus.
Pe.
Nazareno foi sepultado na igreja Matriz Nossa Senhora do Pilar e
apesar de não podermos mais ouvir sua voz que nos guiava no caminho
de Cristo, continuaremos a sentir sua presença.
Muita
honra e valor que devemos a esse nosso pai e mestre, que terminou sua
carreira aqui na terra, mas conservou sua carreira aqui na terra,
conservou sua fé, como espelho de vida para todos nós,
especialmente para os sacerdotes.
PADRE NAZARENO LANCIOTTI - UM MÁRTIR DO TERCEIRO MILÊNIO
Era
um Padre missionário, da Diocese de Roma (Itália), que tinha se
dedicado totalmente para missão no Mato Grosso (Brasil), na paróquia
missionária de Jauru.
Nasceu
em Roma de uma família humilde, mas cristã, aos 3 de março/ 1940;
seu pai Giacomo Lanciotti, era pedreiro e sua mãe Antonietta dona de
casa; tinha duas irmãs: Franca e Ana Maria.
Entrou
no Seminário Menor ainda criança, na cidade de Subiaco (Roma).
Cursou as faculdades de Filosofia e Teologia no Seminário Maior de
Subiaco. Foi ordenado Padre no dia 29 de junho de 1966 e trabalho
como Vigário Paroquial de S. Giovanni Crisóstomo, no centro de
Roma.
O
seu apostolado era, sobretudo devotado para os jovens. Tendo chegado
a conhecer a Associação “Operazione Mato Grosso”, engajou-se
nela com outros jovens e tendo conseguido a licença do seu Bispo,
veio para Mato Grosso, em 1971, no ano seguinte, ou seja, em janeiro
de 1972, estabeleceu-se num “lugarejo” (naquela época) chamado
Jauru, no extremo noroeste do Brasil.
Aqui
o Pe. Nazareno dedicou-se generosamente com todas as energias para o
trabalho missionário, doando-se totalmente a todos, se interessando
pelo bem espiritual e material de todo o povo. Foi com ele que surgiu
a “Paróquia de Jauru”, solicitada por ele próprio, ao Bispo de
Cáceres Dom Máximo Bienés; surgiu do “nada” uma Comunidade
Cristã viva e fervorosa; foram trinta anos de trabalho missionário,
sem descanso, porém, com muita alegria e entusiasmo, sem poupar
sacrifícios e sustentado somente pelos dois amores: a Eucaristia e
Nossa Senhora.
Tinha
escolhido Jauru porque era o lugar pobre e abandonado da região;
construiu para seus fiéis uma bela Igreja Matriz, um Hospital com 50
(cinquenta) leitos um Asilo para os Idosos, uma escola Comunitária,
um Seminário que preparou para a Igreja uma dezena de sacerdotes. Em
1988 assumiu a responsabilidade de animador do Movimento Sacerdotal
Mariano do Brasil, foi um apóstolo incansável e entusiasta,
percorreu todos os Estados do Brasil, fundado e celebrando Cenáculos
de Maria entre os Padres e as Famílias. Em sua paróquia muito vasta
com mais de 20.000 (vinte mil) fiéis, instituiu 57 (cinquenta e
sete) comunidade eclesiais rurais, instituiu a Adoração Solene ao
Santíssimo Sacramento todos os dias na Igreja Matriz; nas
comunidades instituiu 200 (duzentos) Ministros de Cultos
Eucarísticos, que guardam o Santíssimo Sacramento e promove todos
os dias com sua comunidade, o Cenáculo de Maria e distribuem a Santa
Comunhão. Os grandes cenáculos de Maria e Pe. Nazareno realizava
nas grandes cidades brasileiras, juntando dezenas e dezenas de
milhares de devotos de cada vez, fizeram reflorescer a prática
frequente do Sacramento da Penitência e reavivaram a devoção a
Santa Eucaristia e a Nossa Senhora.
Foi
aqui em Jauru que Pe. Nazareno conquistou a palma gloriosa do
Martírio.
Na
noite do dia 11 de fevereiro de 2001, em sua casa, cercado pelos seus
colaboradores leigos, depois de um dia cheio de trabalho apostólico
com os jovens, caía no chão, atingindo por um tiro de um killer,
que depois de ter-lhe cochichado ao ouvido “que tinha vindo para
matá-lo porque atrapalhava alguém”, o ferira gravemente na nuca.
Era um crime por mandato por forças ocultas que encontravam no
trabalho apostólico do Pe. Nazareno, o maior obstáculo para seus
planos. Pe. Nazareno morreu mártir pelo amor de seu povo. Pe.
Nazareno teve tempo para oferecer sua vida ao Senhor Jesus e a Nossa
Senhora: inclinou a cabeça docemente, recebendo diante de seus
colaboradores o tiro fatal.
Aceitou
consciente e generoso o martírio, selando uma vida de fé e de
incansável trabalho missionário, durante 30 (trinta) anos, no
recanto mato-grossense de Jauru.
Poucas
horas depois do atentado, recebendo a absolvição sacramental, o Pe.
Nazareno dava seu perdão aos seus matadores e oferecia sua vida pela
Igreja, pelo Papa, pela sua Comunidade e pelo Movimento Sacerdotal
Mariano e renovava a sua consagração a Nossa Senhora, sua mãe
querida.
Durante
10 (dez) dias, o Pe. Nazareno viveu em plena lucidez, sofreu com
serenidade e encerrou sua vida aos 22 dias do mês de fevereiro de
2001. Seu corpo repousa na Igreja Matriz, ao lado do Sacrário e do
trono de Nossa Senhora do Pilar, amado e venerado pelos seus
paroquianos e por muitos outros irmãos e irmãs que aprenderam com
ele a viver a Consagração ao Imaculado Coração de Maria.
Seu
lema era “Coração Imaculado de Maria, confiança, saúde e
vitória minha”. A vida de Pe. Nazareno nos ensina a olhar para o
futuro, cheios de confiança e generosidade, dispostos a enfrentar
tudo por amor de Cristo, por Nossa Senhora e pela Igreja.
O
martírio do Pe. Nazareno e a pronta resposta ao apelo do Santo Padre
João Paulo II de “Ir Avante”, na certeza da vitória: o amor, a
justiça e a paz hão sempre de vencer. (Testemunhas dos que
estiveram junto do Pe. Nazareno).
Ato
do Martírio Do Pe. Nazareno Lanciotti
No
dia 11 de fevereiro de 2001, no recinto da sala de jantar da casa
paroquial, um total de nove pessoas, a saber:
Dr.
Antônio Ferdinando Aurélio de Magalhães, Dr. Laerte Petrônio de
Figueiredo, Giancarlo Della Chiesa, Isaura de Brito Giancarlo, Jorge
Moreira, Simone Coelho Filho, Alair Davi, Franca Pini e Padre
Lazareno Lanciotti.
No
final do jantar às 21h40min, deu a entrada no recinto, dois homens
encapuzados (ambos com o capuz da cor cinza escuro), e camisa de
manga longa cor preta. Um deles aparentava ter aproximadamente 1.67
de altura, de pele morena escura, vestindo calça jeans nova, cor
verde escuro, sapato kildare, armado com uma pistola tipo 765
cromada, e o outro tinha aproximadamente 1,70 de altura, magro, de
pele moreno claro, vestindo uma calça de brim, cor verde-escuro,
sapato de camurça preto, este empunhava um revólver cano médio
calibre 38, de cor cobre envelhecido. Imediatamente ao entrar, um
deles disse que aquilo não era nenhuma brincadeira e que eles
estavam ali para um trabalho, por isso mandou que todos cooperassem e
ficassem tranquilos que ninguém se feriria. Pediu que fossem
fechadas as duas janelas que davam visão para a rua.
Depois,
o segundo indivíduos mencionados, perguntou quem era o Padre, e o
próprio se identificou, e queria saber ainda, quem era a dama que
veio de longe, e Franca Pini se identificou como tal, este indivíduo
era quem se pronunciava o tempo todo, enquanto o outro, posicionado
perto da porta, vigia a todos.
Ele
queria saber onde o Padre dormia. O Padre respondeu que dormia ali
naquela mesa casa e também no seminário. O indivíduo pediu que ele
apontasse onde era o quarto e foi rapidamente verificar. Voltando ele
disse que o Padre estava mentindo, e que ele não dormia ali, porque
lá não havia roupa dele. Em seguida o indivíduo afirmou que o
padre dormia no seminário, pois na noite anterior (10/02/01), eles
estiveram no local e sabiam que o quarto dele era ali, e disse ainda:
“nos íamos te pegar ontem, mas descobrimos que você tem um
guarda, pois ele funcionou uma motocicleta dentro do seminário no
momento que estávamos lá”. O Padre explicou que no sábado, por
causa de uma reunião, alguns jovens guardavam sua moto ali, e que no
seminário não tinha nenhum guarda. Logo após o individua afirmava
que o Padre tinha dois cofres onde guardava seus valores, e afirmava
também que um estava no hospital e o outro no quarto do Padre. A
Sra. Franca e o Padre Nazareno confirmaram a afirmação. O Padre
dizia que o cofre realmente existia, mas há cerca de vinte anos, ele
não sabia mais a senha, pois um seminarista fechou o cofre com a
senha dentro, e que lá só tinham cédulas de cruzeiro e papéis sem
valor. O indivíduo se irritou dizendo que o Padre estava mentindo.
O
Padre disse a ele que como no cofre não tinha nada, ele daria um
cheque de quatro mil reais e não o sustaria, e ainda que levasse o
carro.
Nesse
instante o telefone tocou que era sem fio, o indivíduo se posicionou
atrás do Padre, apontando o revólver na cabeça da Franca que
estava ao seu lado e disse: “Não faça gracinha, senão acontece
alguma coisa com ela”. Na mesma hora o Padre devolveu o, dizendo
que alinha tinha caído. Em seguida o indivíduo se algumas pessoas
que estavam jantando, tinham seus quartos ali, e foi afirmado que
sim. Pegaram então as chaves dos quartos e os revistaram, voltando
novamente ao recinto, sabendo que um deles era médico, e que morava
ali próximo ao recinto, o indivíduo pegou a chave do quarto do
medico para verificá-lo, e quatro minutos depois voltou dizendo que
não conseguiu abrir a porta do quarto, e então o Dr. Laerte propôs
ir junto no quarto, de onde voltaram com cerca de mil reais.
Nesse
interesse, o segundo homem (moreno escuro) ficava no recinto fazendo
a guarda dos outros.
Depois
disso, voltando ao recinto, o outro perguntou se alguém mais tinha
dinheiro, foram oferecidos 240 reais pela Franca, e a chave do quarto
do Sr. Giancarlo, Della Chiesa, e declarou que lá havia 800 reais
dentro do guarda-roupa. O indivíduo foi ao quarto, e voltou sem ele,
afirma o casal Giancarlo e Isaura, que pois de todo o ocorrido,
constataram que o dinheiro não foi levado. Irritado, ele dizia que
não era ladrão de pequena importância, mas sim ladrão de banco, e
em seguida jogou na mesa todo o dinheiro arrecadado. Em seguida, ele
pediu novamente a senha do cofre, dizendo ao Padre que cooperasse
dando a senha, senão ele colocaria a vida dos outros em risco. Nessa
hora o Padre levantou-se e pediu misericórdia, pois ele não sabia a
senha, e não ia colocar a vida dos outros em risco, e que se fosse
matar ou ferir alguém, que essa pessoa fosse ele.
Nesse
momento o indivíduo percebeu o volume no bolso da camisa do Padre, e
o pegou perguntando-lhe o que era pedindo que o padre abrisse. O
Padre abriu a “teca” (pequeno objeto onde se guardava a
Eucaristia), e mostrou que era a Hóstia Consagrada que sobrou da
visita aos doentes. O indivíduo viu e disse que aquilo não o
interessava.
Então
foi proposto aos indivíduos, que levassem o cofre inteiro dentro de
qualquer um dos carros ali disponíveis, podendo ser o carro do Padre
Nazareno, o Dr. Laerte, ou do Sr. Giancarlo, e ainda levar o cheque
do Padre e todo o dinheiro arrecadado.
Após
o fato o indivíduo disse que como o Padre não cooperava, estava
decidido a ferir alguém, praticando a roleta russa.
Mandou
que todos ficassem sentados. Nesse momento o Padre disse ser um
Sacerdote, e que não mentia, e o indivíduo se aproximou do ouvido
esquerdo do Padre e cochichou em voz muito baixa que ninguém dos
presentes pôde ouvir.
Nesse
momento o Dr. Laerte, a Franca, a Isaura, a Simone, a Alair e o
Jorge, puderam ver a atitude e a feição do Padre se transformar,
demonstrando medo e desespero, levando as mãos ao rosto, abaixou a
cabeça.
O
indivíduo se afastou, cochichou rapidamente com seu companheiro e
começou a retirar algumas balas do tambor do revolver.
A
roleta russa iniciou pela Simone, que estava sentada no meio da mesa,
depois de se deslocar para a esquerda, clicou na Alair e em seguida,
voltando para a direita, deu a volta na cabeceira da mesa, chegando
ao lado oposto onde estava o Padre na primeira cadeira, que ao
perceber o revolver em sua têmpora (visto pelo Dr. Laerte que estava
em sua frente), inclinou sua cabeça para a direita deslocando a
ponta do revolver para o pescoço onde se efetuou o disparo.
Todo
o ocorrido durou aproximadamente quarenta minutos.
Atestamos
e damos fé de que neste documento consta somente a verdade.
Os
dois bandidos fugiram e todos se precipitaram para socorrer o Pe.
Nazareno que havia tombado à direita, amparado pela Franquina, que
estava ao seu lado.
O
Padre foi rapidamente levado ao hospital, a poucos metros da casa,
com a assistência dos médicos. De lá foi transportado para Cuiabá
em um pequeno avião. Chegou a Cuiabá as duas da madrugada, depois
de sofre duas paradas cardíacas durante a viagem sendo prontamente
reanimado pelos médicos que o acompanhavam.
As
seis da manhã, Pe. Celso Duca, pároco da Araputanga, ciente do
acontecido chegava de carro ao hospital. Pe. Nazareno o reconheceu e
pediu-lhe a absolvição sacramental. A convite do Pe. Celso renovou
sua consagração a Nossa Senhora, ofereceu sua vida pela paróquia,
pela Igreja, pelo Papa, pelo Movimento Sacerdotal Mariano e perdoou
aos seus assassinos.
No
mesmo dia doze de fevereiro foi transportado para São Paulo, onde
ficou ate dia 22 de fevereiro. Foi assistido com muito amor pelo
Bispo de Cacéres, pelo Pe. Estefano Gobbi, pelo Otávio Piva de
Albuquerque e por todos os fiéis do Movimento Sacerdotal Mariano em
São Paulo.
Não
perdeu a consciência, mas ficou paralisado. Revelou ao Padre Gobbi
que o bandido, antes de atirar, havia sussurrado ao seu ouvido estas
palavras: “eu sou o demônio... vim te matar porque você nos
incomoda muito”.
O
Pe. Nazareno morreu às seis da manhã de 22 de fevereiro de 2001.
O
féretro foi trazido de São Paulo a Jauru. Fez uma parada em Cuiabá
onde, às quatro da manhã de 22 de fevereiro, foi celebrada uma
Santa Missa de sufrágio, na Catedral, com a presença de muitos
sacerdotes e uma multidão de fiéis. Presidia a cerimônia Dom
Bonifácio Piccininni, Arcebispo Metropolitano de Cuiabá.
Às
oito da manhã chegaram a Catedral de Cáceres, onde Dom José Vieira
de Lima celebrou outra Missa, com alguns sacerdotes e os fiéis que
lotaram a Igreja.
Às
doze horas o féretro chegara de avião a Jauru onde foi recebido com
tristeza e amor pelo seu povo, que o velou em oração durante o dia
e a noite.
No
dia 24 às dez da manhã, celebraram-se os funerais. Monsenhor José
Vieira de Lima presidiu a cerimônia, concelebrada por trinta
sacerdotes.
O
féretro, depois de um cortejo pela avenida em frente à Igreja, foi
conduzido a Matriz e sepultado ao lado direito do tabernáculo e do
trono de Nossa Senhora do Pilar.
2 comentários:
Revelações fantásticas sobre este martírio:
“Eu sou o demônio, vim te matar porque você nos incomoda muito”
https://pt.aleteia.org/2018/01/04/eu-sou-o-demonio-vim-te-matar-porque-voce-nos-incomoda-muito/
Olá, Edu. A Paz de Cristo!
Ficamos muito contentes com essa matéria do site Aleteia que você nos indicou e mais felizes por terem usado o site Santos e Beatos Católicos como fonte da matéria!
Louvado seja Jesus e sua Mãe Maria!
Postar um comentário