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São Tiago das Marcas, presbítero e missionário franciscano |
São
Tiago das Marcas é com João de Capistrano, Bernardino de Sena e Alberto de
Sarteano, uma das quatro colunas da Observância Franciscana, a singular reforma
do século XV, que propôs novamente, frente a um humanismo exagerado, o retorno
à vida pobre, simples e ao zelo apostólico dos primeiros tempos do
franciscanismo.
Natural de Monteprandone, na província de Ascoli Piceni, região das Marcas, na Itália,
São Tiago nasceu no dia 1º de setembro de 1391. Seu nome de batismo era
Domingos Gangali e, ainda pequeno e órfão, foi educado pelo tio, que o conduziu
sabiamente no seguimento de Cristo. Estudou em Perugia, onde se diplomou em
direito civil junto com o grande São João de Capistrano.
Decidiu
deixar a profissão para ingressar na Ordem dos Franciscanos, onde estudou
teologia e ordenou-se sacerdote. Quando vestiu o hábito, tomou o nome de Tiago,
que logo foi completado com o “das Marcas”, em razão de sua origem. Foi
discípulo de outro santo e seu contemporâneo da Ordem, Bernardino de Sena, que
se destacava como o maior pregador daquela época, tal qual conhecemos.
Era
tão propenso à mortificação, que o seu mestre de teologia e de vida espiritual,
São Bernardino de Sena, teve de lhe recomendar certa moderação. Dotado de
excepcionais dotes oratórios, uma vez ordenado sacerdote percorreu a Itália e
grande parte da Europa a pregar a fiéis, hereges e infiéis, com abundantes
frutos de conversão e reforma de costumes.
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Viveu
em extrema penitência e oração, oferecendo seu sacrifício a Deus para o bem da
humanidade sempre tão necessitada de misericórdia. Levava uma vida de rigor e
austeridade. O seu zelo pela castidade levava-o a disciplinar-se (flagelar-se)
por vezes de noite, ao ser atormentado por tentações carnais.
Durante
o ano fazia nada menos de sete quaresmas e, nos outros dias, a alimentação
limitava-se a pequenas e pobres rações, como uma malga de favas simplesmente
cozidas em água. Mas os severos e frequentes jejuns a que se submetia minaram
seu organismo, chegando a receber o sacramento da unção dos enfermos seis
vezes. Mesmo assim, chegou à idade de oitenta e cinco anos na fatigante vida de
pregador volante.
Dizia
que o Espírito Santo o inspirava a grandes sermões com grande poder e
ferocidade e com sucesso incrível, mesmo com o estômago vazio. E era verdade.
Em Camerino, certa vez seu discurso quase fez com que a plateia queimasse seu
adversário. Em Áquila, 40 mil pessoas aguardavam ele descer do púlpito para dar
o que seria hoje uma espécie de autógrafo. Queriam que ele escrevesse o nome de
Jesus em um pedaço de pergaminho.
Para
conseguir satisfazer a demanda, os frades do convento produziam milhares desses
pergaminhos e Tiago colocava sua mão neles abençoando a todos os pergaminhos. Diz
a tradição que sua benção curava várias doenças.
No
final o papa proibiu que ele se excedesse no jejum porque sua saúde era de
interesse público. O bom senso do Papa Sixto IV foi notável para a época ao
recomendar ao santo que cuidasse de sua saúde.
Recusou a oferta do arcebispado de Milão
e foi conselheiro de papas e imperadores. Esteve ao serviço da santa Sé em
numerosas missões, e sucedeu a São João de Capistrano como guia espiritual da
cruzada contra os turcos.
São
Tiago das Marcas consagrou toda a sua vida à pregação. Era um pregador de raras
qualidades. Percorreu toda a Itália, a Polônia, a Boêmia, a Bósnia e depois foi
para a Hungria, obedecendo a uma ordem direta de Roma. Era tão obediente ao que
o a Santa Sé lhe ordenava que um dia, estando o santo em meio a uma refeição, lhe
chegou às mãos a ordem papal de partir para a Hungria. Levantou-se
imediatamente, sem acabar de comer, para cumprir a ordem recebida.
Os
temas de sua pregação eram idênticos aos de São Bernardino, cauterizando em
especial a avareza e a usura. Para combater esta praga social idealizou os
Montes de Piedade ou Montepios, onde os pobres podiam empenhar os seus bens por
um preço justo e com juros mínimos, ao contrário do que faziam os usuários
privados.
Permanecia num lugar apenas o tempo suficiente
para construir um convento novo ou, num já existente, restabelecer a
observância genuína da Regra da Ordem Franciscana.
Depois,
partia em busca de novo desafio ou para cumprir uma das delicadas missões em
favor da Igreja, para as quais era enviado especialmente, como fizeram os papas
Eugênio IV, Nicolau V e Calisto III. Participou na incursão da cruzada de 1437
para expulsar os invasores turcos muçulmanos.
No
dia 28 de novembro de 1476, com 85 anos de idade, faleceu em Nápoles, onde se
conservam os seus restos mortais (corpo incorrupto) na igreja de Santa Maria
Nova.
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Corpo incorrupto de São Tiago das Marcas |
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Corpo de São Tiago das Marcas em bom estado de conservação. |
Apaixonado
pelo estudo, Tiago das Marcas traduziu muitas obras e compôs algumas de sua
autoria, as quais nos permitem ter um conhecimento profundo da sua vida, da sua
espiritualidade e da sua ação apostólica.
A sua biografia mostra muitos relatos dos prodígios
operados por sua intercessão, tanto em vida quanto após a morte. O papa
Bento XIII canonizou Tiago das Marcas em 1726 e marcou o dia de sua morte para
a celebração de sua lembrança.
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