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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

SANTO ESTANISLAU KOTSKA, Noviço Jesuíta. Dois textos biográficos (vale a pena ler os dois).





Uma das glórias da Companhia de Jesus, Santo Estanislau Kostka, é um dos santos não-mártires mais jovens da Igreja, pois faleceu aos 18 anos incompletos, tendo, entretanto vivido, para a virtude, como um ancião. Nobreza e juventude aliadas à virtude exímia.


Santo Estanislau faleceu aos 18 anos incompletos "Ajoelha-te, ajoelha-te; vê que Santa Bárbara, acompanhada de dois Anjos, traz-me a Comunhão”, exclamou Estanislau moribundo no leito, dirigindo-se a seu preceptor, quando estudante no colégio jesuíta de Viena.

E o preceptor completa sua narração com as seguintes palavras: “E levantando-se, pôs-se de joelhos na cama. Depois disse três vezes: ‘Senhor, eu não sou digno... ’ Abriu a boca... e estendeu a língua com profundíssima humildade”. (1) Mas não foi ainda desta vez que Estanislau morreria.

Esse episódio é emblemático da vida inteiramente excepcional deste Santo, cuja festa comemora-se a 13 de novembro, dia em que seu corpo foi exumado e encontrado sem nenhuma forma de corrupção.


Das mais nobres famílias da Polônia
Estanislau nasceu em 1550 no castelo de Rostkow, de uma família das mais nobres da Polônia, que se “distinguia pela invariável fidelidade à antiga fé católica, diante das tempestades luteranas e renascentistas”. (2) Seus pais foram João Kostka, Senador do Reino, e Margarida Kriska, de estirpe não menos ilustre que o marido.

Estanislau foi dessas almas que parecem ter, desde o berço, correspondido a todas as graças especialíssimas com que Deus as cumula, percorrendo em pouco tempo, na santidade, uma carreira que muitos levam a vida inteira para atingir.

De uma pureza extrema, qualquer palavra mais livre fazia o menino enrubescer e até mesmo perder os sentidos. Quão diferente da perversão infantil que grassa em nossos dias! “Falemos doutra coisa – costumava dizer o velho pai –, senão o nosso Estanislauzinho levantará os olhos ao céu, para dar em seguida com a cabeça no chão”. (3) A par dessa extrema delicadeza de consciência, o menino foi, desde cedo, também modelo de sabedoria e honestidade.


Na capital do Império Austro-Húngaro
Foi-lhe dado como preceptor um jovem cavaleiro, João Bilinski, para ensinar-lhe as primeiras letras. Aos 14 anos seu pai enviou-o com este, e com o irmão mais velho, Paulo, para Viena, onde o Imperador Fernando tinha fundado um colégio jesuíta para a educação da juventude de língua alemã. Foram recebidos na qualidade de internos; e quando Maximiliano I fechou o internato, foram viver na casa de um luterano, o Senador Kimberker. Para a consciência reta de Estanislau, o viver sob o teto de um herege era um contínuo tormento.

Entre seus condiscípulos, Estanislau logo se fez notar “por seu belo espírito, assiduidade ao estudo e raras virtudes... Ele fugia cuidadosamente da conversação dos escolares libertinos e de tudo que não o incitasse à devoção e ao amor de Jesus Cristo... O recolhimento e o silêncio faziam suas delícias; e, quando falava, era sempre com tanta modéstia e discrição, que, era perceptível, não dizia nada precipitada ou irrefletidamente”. (4)

Ora, nunca dois irmãos foram tão diferentes como Paulo e Estanislau. O primogênito era amante da boa-vida, mundano, dado aos prazeres que a grande capital podia oferecer. O caçula não vivia senão para as coisas celestes. E com isso era, mesmo sem o querer, uma censura muda e constante ao modo de ser do irmão. Evidentemente tinham que surgir atritos, que Paulo resolvia segundo a “lei do mais forte”, chegando muitas vezes a agredir Estanislau. Este, entretanto, tinha uma fortaleza de alma que se sobrepunha à moleza produzida pelos vícios no irmão.


Nossa Senhora lhe entrega o Menino Jesus
Certo dia, Estanislau adoeceu tão gravemente, que os médicos declararam nada mais ser possível fazer, e que a medicina já não podia salvá-lo. O doente suplicou então ao irmão e ao preceptor que chamassem um sacerdote para ministrar-lhe os Sacramentos, ao menos a Sagrada Comunhão. No entanto, os dois, temendo desgostar o luterano que jamais permitira a entrada de um sacerdote católico em sua casa, optaram por fazer ouvidos moucos. Estanislau resolveu então apelar para o Céu; lembrou-se de ter lido certa vez que os que se recomendavam a Santa Bárbara não morriam sem receber os Sacramentos. Com fervor, pediu então a intercessão dessa Santa em seu favor. O que ocorreu a seguir, narrado por seu preceptor, depois ordenado Sacerdote, vem descrito no início deste artigo.

Pouco depois ele recebia também a visita de Nossa Senhora com o Menino Jesus nos braços e colocando-O nos de Estanislau. Ao despedir-se, a Mãe de Deus recomendou-lhe que entrasse para a Companhia de Jesus. No mesmo momento, Estanislau sentiu-se inteiramente curado.



Dois Santos o auxiliam a realizar sua vocação
O adolescente quis obedecer imediatamente o conselho de Nossa Senhora. Foi procurar o Padre Provincial dos jesuítas na Áustria, mas este lhe negou admissão sem a autorização do pai; recorreu ao Legado Papal, que também não quis comprometer-se. Aconselhado então pelo Pe. Francisco Antônio, confessor português da Imperatriz, fez o voto de peregrinar de casa em casa da Companhia pelo mundo, até encontrar uma que o admitisse sem condições.

Para isso, teve que sair escondido de casa e tomar a estrada para Augsburgo. Doou seus trajes de seda a mendigos, e vestiu-se com uma grosseira túnica adrede preparada. Entrementes, seu irmão e o preceptor, dando-se conta da fuga, partiram de carruagem atrás do fugitivo. Quando dele se aproximaram, Estanislau, como um pobre peregrino, pediu uma esmola. Sem se darem conta, jogaram-lhe uma moeda e continuaram o caminho...

      Como o Provincial de Augsburgo encontrava-se em Dilingen, para lá se dirigiu o jovem polonês. Ora, este não era senão o grande São Pedro Canísio, que reconquistaria para a verdadeira fé quase metade da Alemanha, pervertida pelo ímpio Lutero. Como os Santos se entendem, foi sem dificuldade nenhuma e com grande alegria que ele recebeu o jovem postulante. E, para livrá-lo da possível perseguição do pai, enviou-o com outros dois pretendentes à casa mãe, em Roma.

Outro grande Santo, São Francisco de Borja, então terceiro Geral dos jesuítas, recebeu Estanislau na Cidade Eterna com os braços abertos dizendo-lhe: “Estanislau, eu te recebo, e não te posso negar este gosto, porque tenho muitas provas de que Deus te quer em nossa Companhia”[i].

Assim, via Estanislau atendidos seus votos, entrando para o noviciado de Santo André do Quirinal a 28 de outubro de 1567.






O Anjo do Noviciado
Em pouco tempo, o jovem polonês mereceu de seus condiscípulos o cognome de o Anjo do Noviciado. “Apoiado no conhecimento de si mesmo, quer dizer, de seu nada [sem a graça divina], de suas fraquezas, de sua incapacidade para todo bem e de sua corrupção original, ele tinha uma humildade que os louvores não podiam alterar, e que as reprimendas mais humilhantes não podiam exasperar”.(6) Seu amor a Deus era tão veemente, que abrasava-lhe o peito. Um dia, o Padre-ministro encontrou-o muito cedo no pátio, perto da fonte, refrescando-se. “Que fazes aqui numa hora tão matinal?” perguntou-lhe. Respondeu o noviço: “Padre, meu peito ardia muito e vim buscar um pouco de alívio”.(7)


Devoção especialíssima à Mãe de Deus
Estanislau tinha a mais profunda devoção a Maria Santíssima. Estudava e compilava os textos mais belos em seu louvor, e as passagens mais próprias a demonstrar sua grandeza. Em sua honra rezava, desde pequeno, o Rosário. A quem lhe perguntava por que amava tanto a Maria, respondia: “Como não A hei de amar, se é minha Mãe?”

Foi por insistência sua que se instituiu o costume de os noviços todas as manhãs, logo ao acordarem, porem-se de joelhos voltados em direção da Basílica de Santa Maria Maior, e pedir a Nossa Senhora sua bênção. O mesmo fariam à tarde, logo depois do exame de consciência. Esse costume manteve-se depois no Noviciado.

O desejo de Estanislau era o de morrer na véspera do dia de gloriosa Assunção de Maria ao Céu, e ele teve uma revelação de que seu voto seria atendido.


No dia de sua festa, Maria Santíssima vem buscá-lo e o leva ao Céu.
 Como era costume em diversas comunidades religiosas, no fim do mês de julho foi distribuído a esmo, no noviciado jesuíta, o nome de um Santo daquele mês que cada religioso deveria venerar e honrar de modo mais especial durante o mês entrante. Coube a Estanislau, para agosto, o do grande mártir São Lourenço. No dia 8, na vigília da festa do Santo, Estanislau quis honrá-lo de uma maneira particular, fazendo um ato de humilhação pública. Após ter dito suas faltas no refeitório, osculou os pés de cada religioso, disciplinou-se, e pediu a cada um de esmola um pequeno pedaço de pão para sua refeição. Depois foi ajudar na cozinha onde, à vista do fogo, começou a meditar nos sofrimentos de São Lourenço, assado vivo em uma grelha. Isso o impressionou tanto, que caiu desmaiado. Levado à sua cela, veio-lhe à boca um fluxo de sangue. Soube então que seu desejo de morrer no dia da Assunção seria satisfeito. E isso ele o dizia a todos.

Na vigília dessa gloriosa festa, pediu para lhe serem administrados os Sacramentos, que recebeu angelicamente. E às três horas da manhã do dia 15, Nossa Senhora, acompanhada por uma multidão de Anjos, veio receber a virginal alma de Estanislau Kostka. Ele morria aos 18 anos incompletos, tendo passado apenas 10 meses no noviciado jesuíta.

Acorreu tanta gente a seu enterro, que levou seu médico, Dr. Francisco Tolet, depois nomeado Cardeal, a exclamar: “Eis uma coisa verdadeiramente maravilhosa: um pequeno noviço polonês que morre; faz-se honrar pela cidade de Roma como um Santo!”.(8)


A glorificação post mortem
Enterrado na igreja Santo André monte Cavallo, em Roma, começaram a ocorrer milagres em seu túmulo. Sua fama difundiu-se, primeiro por sua pátria, e depois por toda a Europa. Na Polônia “não havia Prelado ou grande senhor que não quisesse ter [sua estampa], e o próprio Rei colocou-o em sua galeria junto às imagens dos santos”.(9)

Beatificado em 1604, Estanislau foi canonizado em 1726.
 (fonte: site catolicismo.com.br)
________________
Notas:
1-Pe. José Leite, S.J., Santos de Cada Dia, Editorial A.O., Braga, 1987, 3ª edição, vol. III, p. 294
2-Idem, ibidem
3-Id. Ib.
4-Lês Petits Bollandistes, Viés dês Saints, d'après de Père Giry, par Mgr. Paul Guérin, Paris, Bloud et Barral, Libraires-Éditeurs, Paris, 1882, vol. XIII, p. 388.
5-Abbé Croisset, Año Cristiano, tradução espanhola do Pe. José Francisco de Islã, Saturnino Calleja, Madri, 1901, tomo IV, p. 497
6-Les Petits Bollandistes, op. cit. p. 391.
7-Pe. José Leite, op. cit., p. 296.
8-Les Petits Bollandistes, op. cit., p. 394.
9-Id., ib., p. 394




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Segundo texto biográfico

Seguir com fidelidade e alegria o chamado de Deus, enfrentando para isso todas as dificuldades, é antes uma obra da graça que de nossa vontade.


Três cruzes misteriosas
O dia 28 de outubro de 1550 foi de grande festa no castelo de Kostkow, em Prasnitz, Polônia. O senador João Kostka anunciava orgulhoso o nascimento de seu filho Estanislau aos grandes do reino, que acorriam ao castelo para contemplar o pequeno anjo dormitando em berço de ouro. Aquele nascimento, entretanto, estava envolto num suave mistério: o bebê trazia no peito três cruzes rubras, de inexplicável origem. O pai queria forçosamente interpretá-las como um sinal das façanhas e glórias militares que o pequeno obteria para aumentar as grandezas da família, assinalada entre as mais nobres e influentes da Polônia. Já a mãe, Margarida Kriska, tinha um coração religioso, e entrevia nesse prodígio um sinal do céu: aquele era um menino predestinado por Deus.

Os acontecimentos dariam sobrada razão à mãe virtuosa. No menino transparecia toda espécie de qualidades de espírito, e pairava ao seu redor uma aura de inocência e louçania. Bastava falar de qualquer assunto religioso que seus olhos brilhavam de contentamento, desejando sofregamente que lhe ensinassem as coisas do Céu.

Igualmente, não podia suportar que proferissem qualquer palavra contrária à glória de Deus em sua presença. Conta-se que num fausto banquete oferecido pelo senador Kostka, um príncipe aficionado às novas ideias da Reforma Protestante, não se contendo, estalou em impropérios contra a Igreja Romana e o próprio Deus. Viu-se, então, o menino cair desmaiado diante de todos. Consternados, os convivas perguntavam donde provinha tal mal-estar, e calavam de estupor ao saber que diante do pequeno Estanislau não se podia ofender a Deus.

Entre os pais do santo menino havia uma profunda divergência quanto à análise que faziam do próprio filho. Enquanto a mãe se encantava por ver desabrochar em sua alma uma elevada vocação, o pai obstinava-se em construir em sua imaginação façanhas e vitórias portentosas como jamais se vira, a não ser nos feitos de seus antepassados. Como de Paulo, o filho mais velho, ele percebia não poder esperar muito, era de Estanislau que, julgava, lhe viria a glória imortal: "Este é um Kostka genuíno. Ele será meu sucessor".


Os estudos em Viena
Paulo e Estanislau haviam recebido uma boa formação intelectual com Bilinski, o preceptor escolhido para iniciá-los nas ciências clássicas. Agora era necessário encaminhá-los para estudar em um grande estabelecimento, a altura do nome da família. A escolha recaiu sobre o Colégio Jesuíta de Viena, da Polônia a mais próxima instituição da Companhia, para onde acorriam numerosos jovens de vários países.

Assim, aos 16 anos de Paulo e 14 de Estanislau, eles se despediram da casa paterna e partiram para terra estrangeira, a fim de completar a instrução acadêmica. Ambos prometeram à virtuosa mãe que jamais se entregariam a nenhum pecado, pois a pior desgraça que lhes podia acometer seria ofender a Deus. A promessa de Estanislau era sincera e profunda, enquanto Paulo dava mostras de cumprir uma mera formalidade.

Santo Estanislau, uma das maiores
glórias da Companhia de Jesus. 
De fato, vendo os irmãos lado a lado, como eram diferentes! Em nada eram harmônicos. Estanislau amava o recolhimento, ao passo que Paulo era adepto das diversões pecaminosas. Com muita propriedade, as figuras de Esaú e Jacó pareciam reviver nos filhos do senador.

"Ad maiora natus sum"
A vida em Viena foi repleta de graças e cruzes. O carisma dos filhos de Santo Inácio tocou a fundo o jovem Estanislau. Admirava os jesuítas de toda alma, encantava-se com a pureza de sua doutrina e a completa adesão aos conselhos evangélicos daqueles sacerdotes flexíveis ao sopro do Espírito Santo. Não demorou em desejar ser como eles, pois a seus olhos, era na Companhia de Jesus que estava o mais alto ideal que pudesse abraçar. Foi da forte convicção de que havia nascido para coisas maiores que surgiu sua divisa: "Ad maiora natus sum".

De outro lado, como foi preciso recorrer à proteção do Céu para perseverar na prática das virtudes! Várias vezes Paulo, movido pelo ódio à sua integridade, desferia-lhe golpes brutais deixando-o desfalecido e ensanguentado. Assim se expressou Bilinski no depoimento do processo de beatificação: "Paulo jamais disse uma palavra amável a seu santo irmão. Todavia, tanto ele quanto eu tínhamos completa consciência da santidade de todos os atos de Estanislau".


Nossa Senhora veio curá-lo
No terceiro ano da estadia em Viena a saúde de Estanislau sucumbiu ao peso da vida sacrificada que levava, e ele adoeceu gravemente. Espalhou-se o rumor de que corria risco de morte, e Paulo desesperou- se ao pensar em voltar para casa com o irmão morto. O santo doente implorou, então, a presença de um sacerdote e o Viático, pois a cada hora diminuíam-lhe, sensivelmente, as forças físicas. Kimberker, o dono da faustosa pensão onde se hospedavam, negou-lhe taxativamente este supremo consolo, sob pena de expulsá-los de seus aposentos caso um sacerdote católico adentrasse àquele recinto.

A esse duro golpe, a Fé de Estanislau não esmoreceu. Rezou fervorosamente e confiou contra toda esperança. Qual não foi seu estupor ao ver numa manhã aproximarem- se três refulgentes anjos acompanhados de Santa Bárbara, trazendo-lhe a Sagrada Comunhão e cumulando sua alma de consolações e alegrias! Se a maldade dos homens lhe negara o que havia de mais sagrado, não seria a Providência Divina que o deixaria desamparado. Pouco depois ele viu aproximar-se de seu leito a figura soberana da Santíssima Virgem, que trazia nos braços seu Divino Filho e lhe sorria. Num gesto maternal, ela depositou o Infante nos braços do pobre enfermo, e o Menino Jesus o cobriu de afagos. Naquele momento, todas as perseguições esvaeceram-se, os incontáveis sofrimentos pareceram-lhe como pó... Sim, valia a pena sofrer todas as privações para gozar daquele convívio celestial! Sentindo as forças voltarem-lhe repentinamente, ele ouviu a voz suavíssima da Rainha dos Céus:
- "Agora que te curei, entra na Companhia de meu Filho! É Ele que o quer!".

Resta apenas um caminho: o "impossível"
O assombro que sua cura milagrosa provocou não foi pequeno. Revigorado e indescritivelmente feliz, Santo Estanislau pediu admissão ao Padre Provincial da Áustria, que não podia desprezar os sinais inequívocos de sua vocação. Contudo, recebê-lo sem o consentimento paterno seria uma imprudência que acarretaria trágicas consequências. Foi-lhe negado o acesso à congregação em que Nossa Senhora o mandara entrar. Que aflitivo paradoxo...

A chama de entusiasmo e fervor que a visita celestial acendeu-lhe na alma foi tão grande que não se apagaria diante dessa primeira negativa. Ele estava disposto a bater em quantas casas dos jesuítas houvesse no mundo, certo de que alguma delas haveria de recebê-lo. Se o pai não o autorizava a seguir o chamado celestial, só lhe restava uma saída para levar ao perfeito cumprimento o mandato de Maria Santíssima: fugir.

Numa madrugada soturna, disfarçado de peregrino e sem ter levantado qualquer tipo de suspeita, Estanislau partiu para a Alemanha. Foi a pé de Viena a Dillengen. Lá, finalmente pôde ser compreendido por São Pedro Canísio, que o admitiu na Companhia de Jesus, julgando, porém, que a permanência na Alemanha não o deixa seguro da tirania de seu pai. O local mais indicado era Roma, onde São Francisco de Borja, o Superior Geral, haveria de protegê-lo. Foi assim que ele partiu para atravessar os Alpes, os Apeninos, e chegar à Cidade Eterna, após dois meses de caminhada heroica e incansável. Transpôs, sem titubear, praticamente metade da Europa!


Atingiu a perfeição de uma longa existência
Aos dias de incomparável alegria passados no noviciado, seguiram-se as ameaças vindas da Polônia. O pai, sem conter o ódio, exigiu seu retorno a qualquer custo, pois ter um filho sacerdote seria "uma desonra para a família".

Entretanto, bem diversos eram os desígnios de Deus. Nossa Senhora aparecera-lhe em Roma, e viera chamá-lo, dizendo que lhe restava pouco tempo de vida. Sua alma já estava pronta para o Céu!

Assim, numa festa da Santíssima Virgem, ele comentou que muito em breve haveria de morrer. Ninguém acreditou. Subitamente, de um leve mal-estar, desencadeou-se no noviço uma forte febre e ele expirou santamente na festa da Assunção de Maria Santíssima, 15 de agosto de 1568.

Como estava equivocado o nobre senador da Polônia! Deus havia reservado ao jovem Estanislau uma glória insuperável e eterna. Se hoje no mundo inteiro sua família é conhecida, e se tem a honra de figurar de forma indelével na memória da Santa Igreja, não é senão porque ali fulgurou o brilho da santidade de seu filho. Santo Estanislau Kostka provou para os jovens de todos os tempos que um homem vale na medida em que corresponde generosamente ao chamado de Deus e deseja as coisas do Alto.




(Revista Arautos do Evangelho, Ag/2008, n. 80, p. 34 a 37).

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