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domingo, 22 de novembro de 2015

JESUS, REI DO UNIVERSO.




Mais uma vez o ano termina... Para nós, católicos, o Ano Litúrgico não se encerra no dia 31 de dezembro, mas, no próximo domingo, dia 22 de novembro, com uma linda solenidade: “Jesus Cristo, Rei do universo”.
Parece “contraditório” que um humilde carpinteiro de Nazaré, Filho de José e de Maria de Nazaré, que depois se tornou um “rabi” (mestre) itinerante, seja um “rei”. Aos olhos do mundo, aquele homem humilde jamais poderia ser rei... Cadê suas roupas suntuosas? Cadê seus palácios? Quem eram seus súditos? Alguns homens da Galileia e da Judeia, entre eles alguns pescadores? Realmente, apesar de sua presença sempre “marcante” (talvez devido a seu porte, ou ao seu modo de ser, talvez, quem sabe, à sua voz sonora ou ao seu olhar penetrante...), Jesus aparentemente não tinha nada de rei...
Quando um dia esse homem foi levado ao governador Pôncio Pilatos, este se espantou quando seus acusadores disseram: “este homem se diz rei”... Imagino que aquele ímpio mandatário romano deve ter olhado a Jesus de “cima a baixo”... Pilatos deve ter visto em sua vida a muitos senadores, governadores, príncipes e até alguns reis... Realmente, aquele pobre homem não se parecia nada com um deles...
Mas, vejam, que até mesmo ele percebeu “algo diferente” em Jesus. Quando lemos e relemos a narrativa dos santos Evangelistas, em nenhum momento percebemos Pilatos “destratando” Jesus. Sinto até certo “respeito” por ele. Pilatos não era acostumado a ser assim. Tinha fama de cruel, mandava executar os criminosos e inimigos do império num “estalar de dedos”, sem o menor remorso... Não era do seu feitio conversar com um prisioneiro como o fez com aquele judeu “diferente” que lhe apresentavam os fariseus...





Jesus, em resposta à pergunta: “Então, tu és rei”? Simplesmente respondeu: “Tu o dizes, sou rei. Porém, meu reino não é daqui... Se meu reino fosse daqui, certamente meus guardas lutariam por me libertar, porém, meu Reino não é deste mundo”... Que resposta corajosa! O que Pilatos terá pensado? Quem era aquele homem? Um louco? Um sábio? Só sei que a resposta de Jesus foi serena, segura e incisiva...
Realmente, aos olhos do mundo, aquele homem jamais poderia ser rei. Jamais! Mais o era. Jesus verdadeiramente não era um homem comum. Apesar de “humilde carpinteiro” e de “rabi itinerante”, Jesus também era da descendência direta de Davi. Mesmo humanamente falando, era de “sangue real”. Davi era “seu pai”. Sábios do oriente, atentos aos sinais das estrelas, conheciam bem a profecia que dizia: “E tu, Belém de , não és de forma alguma a menor das cidades da Judéia”. Eles, movidos pelos “sinais da natureza”, saíram de suas longínquas terras para encontrar esse menino-rei... Era um rei “diferente”, pois, até mesmo o cosmos se rendia à sua majestade e uma nova estrela surgia no céu para marcar sua vinda ao mundo... “Vimos sua estrela no céu”... Sua estrela! Já pensou? Um astro novo surgia no céu para marcar e honrar aquele “pobre menino” de Belém. Homens sábios e ricos do oriente deixaram tudo e todos, viajaram durante muitos dias para conhece-lo.
“Viemos para adorá-lo”, disseram os magos... Como assim “adorá-lo”? Não se adora somente a Deus? “Eu e o Pai somos um” uma vez disse Jesus... Sim.. Aquele pobre carpinteiro, rabi itinerante, que “não tinha onde reclinar a cabeça” se declarava “Deus”. Se era Deus, portanto, tudo era seu: todas as coisas criadas, as visíveis e as invisíveis. A Judeia, a Galileia, o mundo, o universo e o Céu, eram seus... “Jesus Nazareno, rei dos judeus”, estava escrito na placa colocada em sua cruz... Até mesmo o ímpio Pilatos, movido por uma “força estranha”, o declarava...
Mas, Jesus disse que seu reino “não é daqui”... Que significa? Esse “novo rei”, da descendência e estirpe de Davi, a cuja presença até o céu parecia reverenciar, não seria também rei do mundo? Jesus, com essas palavras, se contradizia?
Ah! Corações! Almas! Como são importantes para Deus! Mil sóis, milhões de galáxias, estrelas, cometas e mundos, não valem uma única alma. Como Deus as ama! Como são preciosas para esse Deus as almas! O que Ele não fez, faz e faria por elas? Que coisa “absurda” não chegou a fazer? Mandou à morte seu Único Filho, apenas no intuito de salvá-las! Que valor, portanto não tem para Ele?
Almas, corações e amor: são as únicas riquezas que Deus quer e deseja! São seus tesouros preciosos. Seu verdadeiro Reino... Normalmente, um rei da terra se deleita com seus exércitos, seu ouro, diamantes, rubis, esmeraldas, com seus castelos, com suas terras... Mas, esse “rei diferente”, Deus, se compraz apenas com as almas...





“Onde está seu tesouro, ali estará também seu coração”, disse um dia o Senhor. Era nas almas que Jesus, assim como o Pai, punha seu bem querer. Naquele momento, no palácio de Pilatos, Jesus não estava cercado apenas por homens. O inferno também estava ali. Milhões de demônios, de anjos decaídos, que negaram a Deus, que viraram “as costas” para Ele, estavam ali, espreitando, observando aquele “manso cordeiro”, que se entregava à morte sem a menor reação. Também aqueles homens, romanos e fariseus, movidos por uma crueldade desmedida, estavam muito afastados do Reino e da realeza de Deus... Quando Jesus disse: “meu Reino não é daqui”, não estava equivocado. Nada ali lhe pertencia. Aquele mundo que o cercava não fazia parte de seu Reino. Com essas palavras Jesus sentenciava-lhes também uma iminente condenação, caso um dia não se convertessem...
“Sim, sou rei”! Jesus exclama agora a cada um de nós. Mas, também nos pergunta: “e vós, sois do meu Reino? A que reino pertenceis? Quem é vosso rei? A quem seguis? Qual ou quais são seus tesouros”? Que resposta lhe daremos hoje em sua solene festa? Ele é realmente nosso Rei? É importante para nós? Obedecemos-Lhe as ordens? Deixamos que Ele nos governe? Seus domínios atingem nossas almas e nossas vidas ou Ele não passa de um “intruso incômodo”? Como isso é duro, irmãos e irmãs... Como isso é duro... Que resposta Lhe daremos?
Jesus, Rei do universo, quer, antes de tudo, ser o Rei de nossas almas, de minha alma. Quer participar intimamente da minha vida, da sua vida. Interessante que é um Rei que nos quer fazer felizes. Só isso. Nada mais. A grande maioria dos reis quer ser servida. Esse “rei diferente”, quer servir. Esse “rei diferente” quer ser meu amigo: “já não vos chamo ‘servos’, mas, ‘amigos’”.






Quem de nós não ficaria todo feliz e orgulhoso se a rainha da Inglaterra ou o rei da Espanha fossem nossos amigos? Já pensaram? Que honra, não é? Pois bem, o Rei do universo quer ser meu amigo, seu amigo. Quantos sequestrados, felizes, aliviados e emocionados, não abraçam calorosamente quem os liberta após dias de sequestro... Pois é: esse “rei diferente” deu sua vida por mim. Pagou meu resgate. Libertou-me do cativeiro onde eu estava sequestrado. Um cativeiro que me levaria à morte. Sou livre graças a Ele. Emociono-me da mesma forma?

Jesus, Rei do universo, perdão. Perdão por não Vos amar como mereceis, meu amigo. Perdão por meu coração ainda não ser o reino que quereis que ele seja. Perdão por minha ingratidão, por minha tibieza, pelos muitos “reis” que eu coloquei nele e que, ocupam espaços que deveriam ser somente seus.  Ó Jesus-Rei, reinai em mim... 

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