São Caetano,
fundador da Ordem dos Teatinos (Clérigos Regulares da Providência Divina),
nasceu em 1480, em Vicenza, de pais ilustres e virtuosos: o Conde Gaspar de
Thiéne e Dona Maria do Porto. Logo após o batismo, foi a criança pela mãe
oferecida e consagrada à Santíssima Virgem. Não ficou sem efeito a oração de
sua mãe.
Desde pequeno, Caetano
mostrava grande amor à oração a obras de caridade. Exemplar em tudo, era entre os companheiros
de infância chamado "o Santo".
Mais tarde fez
os estudos, doutorou-se em direito civil e eclesiástico e do Papa Júlio II
recebeu a ordenação sacerdotal. Tinha trinta e seis anos de idade quando
celebrou sua primeira missa na basílica de Santa Maria Maior. Nesta ocasião,
ele mesmo relatou depois, Nossa Senhora apareceu-lhe e colocou-lhe nos braços o
Menino Jesus. Morto este Papa, Caetano
voltou à sua terra e dedicou-se quase exclusivamente ao serviço hospitalar. Colaborou
na fundação do hospital dos incuráveis. Sua única ambição era salvar almas. O
povo dizia: "Caetano no altar é Anjo, no púlpito Apóstolo". Não
perdia ocasião de conduzir almas a Deus Nosso Senhor, o que lhe importou o
apelido: "Caçador de almas" .
Na segunda
viagem a Roma, fundou, com três companheiros, uma nova Ordem, cujo plano era: A
santificação própria, combater a tibieza e ignorância entre o clero, regenerar os
costumes da sociedade, observar escrupulosamente as cerimônias litúrgicas,
restabelecer o respeito e reverência na casa de Deus, exterminar as heresias e
assistir aos doentes moribundos; numa palavra: - praticar a verdadeira ação
apostólica.
Os companheiros cofundadores
da Ordem, foram: 1. Bonifácio de Colli, sacerdote do Oratório, reunia qualidades
semelhantes a do seu amigo Caetano. Amabilidade, serenidade e doçura, faziam de
si homem repleto do amor de Deus. 2. Paulo Consiglieri, pertencia à família
Chislieri, da qual sairia mais tarde o Papa São Pio V (Antônio Chislieri). 3. João
Pedro Carafa, bispo da Igreja, dotado de habilidades diplomáticas e
prestígio incomparável.
Os Papas lhe
confiaram diversas missões, dentre as quais, planos de reforma empreendidos
pela cúria romana. A urgência de levar a Igreja a uma transformação radical e
necessária foi que o levou a conhecer o belo projeto de São Caetano, a quem
humildemente pediu admissão como companheiro na Ordem. Trinta anos depois, veio
a assumir o trono pontifício com o nome de Paulo IV, em cujo pontificado
permaneceu de 1555 a 1559.
Aos religiosos
deu uma regra, que os obrigava à perfeita pobreza, proibindo-lhes não só
aceitar a mínima recompensa pelos trabalhos, mas vedando-lhes até pedir
esmola. Por mais rigoroso que isto o
parecesse, houve muitos que pediram ser aceitos como membros da nova Ordem. A
primeira casa foi fundada em Roma. Um ano depois a invasão do Exército Imperial
fê-los sair da Cidade Eterna. Uma segunda casa foi fundada em Nápoles. Devido à
intervenção enérgica de Caetano, a heresia luterana não conseguiu tomar pé
naquela cidade.
Apóstolo do bem,
era Caetano de extremo rigor contra si mesmo. A vida era-lhe o jejum contínuo,
uma penitência sem fim. Verdade é que, nisto não lhe consistindo a santidade,
Deus o distinguiu com privilégios e dons extraordinários. Muitas vezes teve aparições
de Nossa Senhora, das quais a memorável foi a da noite de Natal, em que Maria
Santíssima se dignou apresentar-lhe o Divino Infante. Contam-se às centenas as curas maravilhosas feitas
pela oração do santo servo de Deus. Em muitas ocasiões predisse o futuro, com
uma certeza tal, que não deixou dúvida de tê-la recebido diretamente de Deus.
A série de obras
de caridade para com o próximo quis Caetano rematá-lo com uma, que lhe mereceu
a gratidão do povo de Nápoles. As autoridades civis e eclesiásticas de Nápoles tinham
resolvido estabelecer o tribunal da Inquisição, para ter uma arma forte contra
a heresia que vinha da Alemanha. O povo se opôs a esta ideia e a tal ponto
chegou sua excitação, que era para se recear um levantamento geral. Os homens mais
influentes em vão se esforçavam para tranquilizar a população. São Caetano,
prevendo o enorme prejuízo que daí resultaria para as almas, ofereceu sua vida
a Deus, pedindo-lhe que a aceitasse, para que fosse conservada a paz e concórdia
entre o povo e as autoridades. Deus aceitou o sacrifício. Caetano adoeceu
gravemente e morreu. Imediatamente amainou a tempestade e os espíritos se
acalmaram, fato que todos atribuíram à intervenção do Santo. As últimas palavras que disse foram: “Não há
outro caminho para o céu, a não ser o da inocência e o da penitência. Quem
abandonou o primeiro, tem de trilhar o segundo". Caetano morreu em 1547.
Reflexões:
A vida de São Caetano, vivida através da pureza e
penitência, apresenta ainda outras coisas à nossa consideração, por exemplo, o
desapego dos bens terrestres e a confiança ilimitada na Divina Providência. O
mal de muita gente é uma preocupação exagerada com as coisas do mundo. Com
receio de experimentar prejuízo, não se dão à pena de rezar de manhã e de
noite, de ouvir a santa Missa. A atenção está concentrada num ponto só: ganhar
dinheiro. Que sem a bênção de Deus nada
conseguem, é uma circunstância de que não se lembram. Não devemos pertencer a essa
classe de gente. A nossa confiança deve estar em Deus, que veste os lírios do
campo e dá alimento às aves do céu. Procuremos primeiro o reino dos céus e tudo
o mais nos será dado por acréscimo.
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