Nasceu em Ortopesa, Toledo
(Espanha). Era o ano de 1500 e seus pais, católicos fervorosos,
puseram-lhe o nome de Afonso ou Alonso em honra de Santo Ildefonso,
que tinha sido defensor da virgindade de Maria. Estudou em Talavera
de la Reina e serviu como menino de coro na Catedral de Toledo. Teve
a música como grande paixão ao longo da sua vida. Enviado a
Salamanca para continuar os seus estudos, sentiu-se atraído pelo
ambiente de santidade do convento dos Agostinianos, tendo entrado na
Ordem, onde fez os primeiros votos em 1523, sendo prior do convento
São Tomás de Vilanova.
Depois de ordenado sacerdote,
foi nomeado pregador da Ordem, ocupando ainda vários cargos como os
de prior e definidor da Província de Castela, a que pertencia. Era
duro consigo mesmo, mas cheio de compreensão para com os outros.
Pretendeu ser missionário no México, mas o seu estado de saúde não
lho permitiu, apesar de ter começado a viagem, em 1547.
Quando era superior do convento
de Valladolid, foi nomeado pregador real do imperador Carlos V,
depois também de Filipe II, tendo, por esse motivo, transferido a
sua residência de Valladolid para Madrid, pois a sede da corte
também fora transferida para esta Cidade. Estava-se em 1560. Passou
a viver no convento agostiniano, conhecido com o nome de São Filipe,
o Real.
Dotado de uma extraordinária
popularidade mesmo nos ambientes mais diversos, conseguia
aproximar-se de todos, sem distinção. Mereceu a estima do Rei, dos
nobres e de grandes personagens da época. A Infanta Isabel Clara
Eugênia deixou o seu testemunho favorável no processo de
canonização; os escritores Francisco de Quevedo e Lope de Vega
fizeram o mesmo.
O conjunto das cartas que
escreveu e recebeu mostra a amplitude das suas relações sociais;
mas também o povo simples e humilde o estimava e admirava o seu
estilo de vida; ele a todos ajudava nas suas dificuldades materiais e
morais; gostava ainda de visitar os doentes nos hospitais, bem como
os encarcerados.
Apesar de ter fama de uma vida
de santidade, pelo que o chamavam "o santo de São Filipe",
ele não se sentia confirmado na graça, nem experimentou a vida como
um mar de rosas. Com os escrúpulos a atormentarem-lhe o espírito,
sentiu fortemente a tentação de abandonar a vida religiosa no
período da sua formação; sentiu os atrativos do amor natural, da
liberdade, a dificuldade da solidão e o temor das asperezas da vida
religiosa.
Escreveu várias obras em língua
latina e na castelhana, distinguido-se: Vergel de Oración e Monte
de Contemplación, (1544), Desposorio espiritual (1551),
Las siete palabras de la Virgen (1556), Bonum certamen
(1562), Arte de amar a Dios e al próximo (1568), La
corona de Nuestra Señora (1588). Os seus escritos de carácter
ascético-místico ressentem-se da sensibilidade da contra-reforma,
própria da época, e neles são abundantes as expressões afetivas.
Grande devoto de Maria, sentia-se impelido por Ela a escrever.
Dedicou-se, de modo particular,
a espalhar o seu amor pela Ordem em que professara, interessou-se
pela sua história e espiritualidade, compondo várias obras sobre
esses temas: "Instruções para os religiosos", um
"Comentário à Regra" e a "Crônica do
Glorioso padre e doutor Santo Agostinho, dos santos e beatos e dos
doutores da Ordem" são exemplos disso. Renunciou a todos os
privilégios que podia auferir da sua posição de pregador régio,
participando assiduamente nos atos da comunidade e tendo o
comportamento de um simples frade. Fundou ainda dois conventos de
agostinianos e três de monjas agostinianas de clausura, transmitindo
a todos um testemunho de amor pela vida contemplativa.
Morreu em Madrid a 19 de
Setembro de 1591, no Colégio de D. Maria de Aragão, que ele próprio
fundara. Foi beatificado por Leão XIII em 1882. Os seus restos
mortais conservam-se incorruptos no Mosteiro das Agostinianas em Madrid, chamado
do Beato Afonso de Orozco. Foi canonizado por São João Paulo II em
2003.
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