Guilherme
José Chaminade nasceu em 8 de abril de 1761, em Perigueux, na França
meridional, décimo quarto filho de pequenos comerciantes de
estofados, profundamente cristãos, que tiveram a alegria de ver
quatro filhos se tornarem sacerdotes . Em 1771, ingressou no
seminário onde, aos catorze anos, emitiu os votos primados de
castidade, obediência e pobreza. Dois anos depois, com o irmão Luiz
Xavier, vestiu o hábito e continuou o estudo de teologia.
Aos
vinte e quatro anos, em 1785, recebeu a ordenação sacerdotal. Em
1791, começou o período de terror da Revolução Francesa. Padre
Chaminade foi perseguido, por se negar a jurar a chamada Constituição
Civil do Clero, onde se devia obediência ao Estado e não à Igreja.
Decidiu ir para a cidade de Bordeaux, onde exerceu o sacerdócio
clandestinamente, pondo a sua vida em constante perigo. Nesse
período conheceu a venerável Marie-Thérèse Charlotte de Lamourous
(1754-1836), que se tornou uma das suas mais estreitas colaboradoras
e que ele ajudou a fundar a Obra de Misericórdia de Bordeux para a
proteção das jovens.
Corajoso
e atuante, em 1795, se dedicava a acolher na paróquia os sacerdotes
que, por medo, tinham feito o juramento constitucional, mas desejavam
se reconciliar com a Igreja. Atendeu neste
ministério cerca de cinquenta sacerdotes.
Em
1797, não teve saída, precisou fugir para Saragoça, Espanha, onde
permaneceu exilado por três anos, perto do santuário de Nossa
Senhora de Pilar. Alí, fortaleceu suas convicções
mariano-apostólicas e recebeu a inspiração de fundar uma família
de leigos e religiosos dedicados a Maria.
Retornou
em 1800 para Bordeaux, onde organizou as novas bases da Congregação Mariana, para ser uma instituição de leigos, que, depois de dez
anos, se tornou o primeiro Instituto Secular do mundo. Esforçou-se por dar aos seus membros uma sólida formação religiosa e orientou-os para objetivos apostólicos bem precisos, exortando-os a oferecer à sociedade indiferente e descristianizada o exemplo de um povo de santos, como fizeram os cristãos da Igreja primitiva.
Esta
Congregação foi a motivação da sua incansável atividade
evangelizadora, orientada para a cristianização da França. Por
isto, padre Chaminade foi considerado um precursor da participação
ativa dos leigos na vida da Igreja. Em 1801, foi nomeado, pela Santa
Sé, missionário apostólico, que para ele constituiu a confirmação
oficial das suas intuições sobre a Igreja desse novo tempo.
Nestes anos cuidou também da reorganização da diocese de Bazas, da qual foi nomeado Administrador Apostólico.
Em
1816, juntamente com a Adèle de Batz de Trenquelléon (1789-1828), fundou o Instituto
das Filhas de Maria Imaculada e, no ano seguinte, em Bordeaux, fundou
a Companhia de Maria. Os seus primeiros membros eram congregados
marianos, mulheres e homens, que queriam servir ao Senhor com uma
entrega mais radical, como extensão do compromisso do batismo e da
sua consagração à Virgem Maria. Com o tempo o nome mudou para
Marianistas.
Os dois Institutos desenvolveram-se rapidamente na França e, em 1839, receberam o "decretum laudis" do Papa Gregório XVI. Dado que o ensino era uma necessidade prioritária nessa época, os dois ramos de Marianistas dedicaram-se a escolas primárias, secundárias e de artes e ofícios, unindo à educação moral a formação na fé. Nasceram assim algumas escolas, mas a Revolução de 1830 fez com que não prosperassem.
Padre
Chaminade se dedicou especialmente a redigir as Constituições das
Congregações, do Instituto e importantes circulares sobre a
consagração-aliança com Maria e a vida religiosa marianista.
As comunidades e as obras continuavam a crescer na França, depois na Suíça (1839) e nos Estados Unidos da América (1849). A partir de 1836 as Filhas de Maria Imaculada, pondo em prática o desejo da sua fundadora, falecida em 1828, criaram escolas rurais no sudeste da França, assegurando assim a instrução e educação cristã das jovens e a promoção da mulher.
Os últimos dez anos da sua vida constituíram para ele um período de dura prova: dificuldades de saúde, problemas financeiros, defecção de alguns discípulos, incompreensões e desconfianças, obstáculos no exercício da sua missão de fundador. Mas enfrentou tudo com
confiança em Maria, fiel à sua consciência e à Igreja. Morreu em
paz, em Bordeaux, rodeado de muitos de seus filhos espirituais, no dia 22 de janeiro de 1850. Beatificado em 2000,
pelo papa São João Paulo II, Guilherme José Chaminade teve seu culto
autorizado para o dia de sua morte.
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