No mês de
setembro de 1843, partindo de Alençon, na Normandia, atravessa a França, em
direção à Suíça, Luís Martin, jovem de 20 anos, de estatura elevada, fisionomia
simpática, olhar límpido, filho de um capitão do Exército. O caráter suave e
meditativo leva-o ao Mosteiro do grande São Bernardo, nos Alpes Suíço s, a 2472
metros de altitude, para entre a brancura da neve e a pureza do céu, viver em
contemplação e na penitência.
Pergunta-lhe o
superior se sabe latim. Perante resposta negativa, é aconselhado a voltar para
casa, a fim de aprender a língua, em que estão se desenrolava toda a liturgia
monacal.
Luís põe em
prática este conselho, mas, devido a uma doença, junta com um cansaço cerebral,
e pelo dever de amparar a família, vai protelando a realização de seu sonho.
Uma menina
dotada de grande piedade, inteligência e energia, chamada Zélia Guerín,
acompanhada por sua mãe, bate à porta do hospital de Alençon. Quer imitar as
religiosas que ali trabalham, dedicando a sua vida à caridade para com os
pobres e doentes. A superiora fixa-a demoradamente e, como que inspirada pelo
alto, responde-lhe sem hesitação: “não é essa a vontade de Deus a seu
respeito”.
Zélia retirou-se
tristemente e começou a repetir esta pequenina e simples oração: “meu Deus, já que não sou digna de ser vossa
esposa, como é minha irmã (religiosa da Visitação), para cumprir a vossa santa
vontade, abraçarei o estado do matrimônio. Dai-me, então, eu vo-lo peço, muitos
filhos e fazei que Vos sejam todos consagrados”.
Certo dia, em
que atravessava a ponte de São Leonardo, cruzou com um jovem, cuja bondade e
fisionomia a impressionaram. Neste instante, parece que uma voz interior lhe
segredava: “foi este que Eu preparei para ti”. Informou-se discretamente a
respeito de Luís e manifestou-lhe o seu interesse. Os dois jovens, que não
conseguiram realizar o projeto de vida religiosa, depressa se apreciaram e
amaram. O mesmo ideal, o mesmo caráter, a mesma fé e a mesma confiança na
Providência os unia.
O acordo
estabeleceu tão depressa que, passados três meses, no dia 13 de junho de 1858,
celebraram o seu casamento na Igreja de Nossa Senhora de Alençon. Ele contava
35 anos e ela 27.
O modo como
viviam, estes esposos modelares, descreve-o assim a sua penúltima filha Celina:
“a compreensão era perfeita entre meus pais, mesmo que sucedesse que, num ponto
determinado, à primeira vista, as suas opiniões fossem diferentes. Minha mãe
tinha por meu pai tanta admiração como afeição, e deixava-lhe exercer
plenamente uma autoridade, na verdade, patriarcal. As minhas irmãs afirmaram
várias vezes que a sua união foi feliz e a correspondência epistolar da minha
mãe testemunha-o. Por ela se vê que não podia viver longe do marido, nem sequer
por alguns dias. As cartas que lhe dirige terminam como esta, eco fiel dos seus
sentimentos: ‘tua esposa, que te ama mais do que a própria vida’. Numa carta
para Paulina, escreverá a nossa piedosa mãe: ‘os nossos sentimentos estavam
sempre de acordo. Ele serviu-me constantemente de amparo e consolação’”.
A filha mais
nova, a futura Santa Teresinha, declara: “Nosso Senhor deu-me um pai e uma mãe
mais dignos do Céu que da terra... Ah, que mistério de amor de Jesus sobre a
nossa família! Não tenho palavras para exprimir o amor que dedicava ao meu
querido pai; tudo nele me causava admiração”. E a Santa conclui: “estou
plenamente convencida que, se não fosse educada por uns pais tão virtuosos,
teria sido muito má, com o risco talvez da minha condenação eterna”.
O encanto desses
pais eram os filhos. Zélia Guerín afirma numa carta: “só vivíamos para os
filhos, que constituíam a nossa felicidade e nunca tivemos outra. Nada nos
custava já; a vida não nos parecia difícil. Para mim, eram eles a maior das
compensações, e por isso desejava ter muitos, a fim de os criar para o Céu”.
O Senhor
satisfez-lhe estes desejos, concedendo-lhe nove filhos, quatro dos quais (duas
meninas e dois meninos) morreram em tenra idade. A cada novo nascimento fazia a
mãe esta oração: “Senhor, concedei-me a
graça de que esta criança vos seja consagrada e que nada manche a pureza da sua
alma. Se ela a há de perder, prefiro que a leveis imediatamente”.
As cinco filhas
que sobreviveram tinham os nomes seguintes: Maria Luísa, Maria Paulina, Maria
Leônia, Maria Celina e Maria Francisca Teresa, conhecida universalmente com o
nome de Santa Teresinha ou Santa Teresa do Menino Jesus.
Estes santos
esposos foram solenemente canonizados na Praça de São Pedro no dia 17 de
outubro de 2015 pelo Papa Francisco.
Leônia, que se
tornou monja Visitandina, também está em processo de beatificação.
Um comentário:
QUE linda história. Um exemplo de família á ser seguindo. Que santidade!!!!!!
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